terça-feira, 24 de julho de 2012

Os documentos do regime militar II: o receio dos militares perante Kubitschek

Segundo notícia publicada pelo Correio Braziliense, documentos produzidos pelos serviços de informação brasileiros apontam que, mesmo oito anos após ter deixado a presidência da República, Juscelino Kubitschek era motivo de preocupação para os militares durante o regime militar (1964-1985). Estes receavam a volta do ex-presidente à esfera política no estado de Minas Gerais (MG). Um dos relatórios, denominado “Situação político-social de Minas Gerais”, afirmou a necessidade de dissolver a corrente de Kubitschek no estado, por uma questão de “sobrevivência para a revolução de 64”, além de sugerir que pessoas ligadas ao ex-presidente, como o político e também ex-presidente da República, eleito por voto indireto em 1985, Tancredo Neves, e o também político e responsável pela construção da cidade de Brasília, no Distrito Federal, Israel Pinhedo, tivessem seus direitos cassados. Tal documento, escrito em 1969 na cidade de Juiz de Fora (MG), pelo general e chefe do Quartel-General regional, Itiberê Gouvêa do Amaral, teve difusão restrita e, segundo o Correio, teria sido apresentado pelo Comando do Exército somente ao Serviço Nacional de Informações (SNI), ao Centro de Informações do Exército (CIE) e à Comissão Geral de Investigações (CGI). Além de apontar a necessidade de erradicar a corrente política fortalecida de Kubitschek, o documento de 11 páginas sugeriu a tomada de providências como a intervenção federal em Minas Gerais, recesso na Assembleia Legislativa e o controle sobre Secretarias, principalmente sobre as de Seguranças e Finanças. Outro relatório, feito pela Segunda Seção, serviço reservado do Exército, ainda afirmou que as ações contra a corrente de Kubitschek não deveriam ser pontuais: “ou se destrói o grupo de possibilidade germinadora ou ele crescerá". O jornal ainda elucidou que, após deixar a presidência da República, Kubitschek tentou o mandato de senador pelo estado de Goiás, em 1965, porém, teve seus direitos cassados e se exilou nos Estados Unidos da América e na Europa. Ao voltar ao Brasil, no ano de 1967, articulou juntamente com o ex-presidente da República, João Goulart e do ex-governador da cidade de Guanabara, hoje Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, a Frente Ampla, grupo político que tentou restaurar a democracia no país, o que levou os militares a cassarem os direitos políticos de todos. O Correio ainda apontou que as três personalidades tiveram mortes polêmicas num espaço curto de 9 meses, “Juscelino em acidente automobilístico em agosto de 1976; João Goulart, de supostos problemas cardíacos, em dezembro do mesmo ano; Carlos Lacerda, por último, de infarto, em maio de 1977”. (Correio Braziliense – 01/07/12)

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