terça-feira, 24 de julho de 2012

Mário César Flores opina sobre a necessidade de revisão da importância da Defesa Nacional

Em coluna opinativa publicada no jornal O Estado de S. Paulo, o almirante de esquadra reformado Mário César Flores questionou a situação da defesa nacional e das próprias Forças Armadas (FFAA) diante da sociedade e da política brasileira no mundo contemporâneo, pós Guerra Fria. Segundo Flores, haveria um descompasso entre o aspecto político/econômico e o sistema militar do país, causador de uma “fissura nacional incubadora de insegurança”. De acordo com Flores, a ausência de ameaças tradicionais ao país há mais de um século não justificaria a atuação das FFAA apenas em tarefas subsidiárias internas ao Estado. A falta de atenção do Congresso Nacional  à defesa nacional foi destacada pelo almirante como sinal de desapreço pelo assunto por parte dos políticos e da sociedade (pois o tema não favorece o ganho de votos) e da necessidade de repensar o tema a longo prazo. Flores ainda criticou a questão orçamentária relativa às Forças, ressaltando que o desfavorecimento à defesa pode afetar as capacidades do país, enfatizando, nesse sentido, a falta de repercussão e efetividade da Estratégia Nacional de Defesa (END). Ademais, destacou a fraca capacidade militar do Brasil que minaria o objetivo do país em obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Em suas palavras: “Em paralelo com a construção de um país socialmente feliz e economicamente forte, é preciso construir uma afirmação político-estratégica apoiada em capacidade militar comedida, mas convincente e credível; coerente com o Brasil no contexto regional; dissuasória, por sinalizar risco e alto custo para qualquer agressor, hoje improvável, mas não impossível no correr do tempo; além de útil à cooperação em missões internacionais legitimadas por organização adequada”. Para isso, Flores afirmou que é preciso “identificar e hierarquizar nossas vulnerabilidades e preocupações, formular concepções estratégicas com a definição de prioridades realistas e a configuração e organização das Forças que lhes correspondam”, concluindo que esse processo exige visão política e competência estratégica coerentes com a realidade brasileira e mundial, a fim de respaldar uma inserção correta do país. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 30/06/12)

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