domingo, 21 de dezembro de 2014
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Empresa estadunidense pagou propina a oficiais da FAB
Segundo o periódico Folha de S. Paulo, a
empresa estadunidense Dallas Airmotive, responsável pela manutenção de motores
de avião, admitiu à justiça dos Estados Unidos que pagou propina a oficiais das
Forças Armadas Brasileiras (FAB). O pagamento ocorreu entre os anos de 2008 e
2012, por representantes e funcionários da empresa, e deu-se através de
contratos firmados com empresas de fachada. (Folha de S. Paulo – 12/12/2014 –
Poder).
Faleceu militante comunista perseguida durante o regime militar
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Maria do
Carmo de Aquino, militante perseguida durante o regime militar (1964-1985),
faleceu no dia 30/11/14 aos 92 anos. Entre as décadas de 1950 e 1960, Aquino
organizou sindicatos rurais no estado da Paraíba e, posteriormente, foi
perseguida pelo regime militar, considerada subversiva por defender ideias
comunistas. A militante refugiou-se na cidade de Moscou, na Rússia, onde teve
contato com Luis Carlos Prestes. Ao voltar para o Brasil, colaborou com a
reorganização do Partido Comunista Brasileiro (PCB). (Folha de S. Paulo – Cotidiano – 09/12/14)
Monumento em homenagem a mortos e desaparecidos políticos foi inaugurado em São Paulo
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, foi inaugurado
no dia 08/12/14 um monumento na cidade de São Paulo para homenagear 463 mortos
e desaparecidos durante o regime militar (1964-1985). O monumento, projetado
pelo arquiteto Ricardo Ohtake, foi construído próximo ao Comando Militar do
Sudeste e ao antigo prédio do Destacamento de Operações de Informações - Centro
de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). O prefeito de São Paulo, Fernando
Haddad, afirmou ser um local estratégico, uma vez que o DOI-Codi representou um
dos maiores centros de tortura do regime. (Folha de S. Paulo – Poder –
09/12/14)
Rubens Barbosa defendeu a modernização do sistema de Defesa brasileiro
Em coluna de opinião no periódico O Estado de
S. Paulo, o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex),
Rubens Barbosa, escreveu sobre os desafios que acredita que o governo
enfrentará para apoiar o ministério da Defesa a partir do ano de 2015. Barbosa
defendeu a atualização da Política Nacional de Defesa (PND), da Estratégia
Nacional de Defesa (END) e do Livro Branco, de forma a “refletir as diretrizes
políticas de governo orientadoras de transformações tanto em termos
estratégicos como de avanços tecnológicos, bem como para fazer a introdução
sistemática e sustentável de mecanismos de governança institucional dessas
mesmas diretrizes”. A modernização da defesa nacional, segundo Barbosa,
asseguraria a eficácia operacional e a eficiência na aplicação dos recursos
públicos, e deveria incluir compromissos assumidos com a proteção dos
interesses brasileiros na área amazônica e no Atlântico Sul, a partir da integração
estratégica com países fronteiriços. Barbosa afirmou que a Defesa deveria ser
resgatada como órgão de Estado, concedendo para tanto condições mínimas para a
realização dos objetivos estratégicos e para consolidação das efetivas
capacidades militares para a defesa, fato que tornaria urgente a revisão do
atual Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa, de 2011. De acordo com
Barbosa, deveria manter-se neste a prioridade definida na END, concedendo
atenção aos setores cibernético, aeroespacial e nuclear, com base na inovação
tecnológica e na transferência efetiva de tecnologia, além do desenvolvimento
de competências produtivas industriais de defesa na produção nacional. Barbosa
afirmou que o desenvolvimento da indústria de defesa nacional é objetivo
definido na Política Nacional da Indústria de Defesa, de 2005, que criou um
sistema tributário para a indústria de defesa, dispondo medidas de incentivo à
indústria nacional. No processo de consolidação, segundo Barbosa, deveriam ser
definidos procedimentos especiais de compras públicas que privilegiassem o
fornecedor nacional, além da obrigação da participação governamental na gestão
das empresas estratégicas do setor. Além disso, o autor defendeu o aumento do
volume de investimentos nas Forças Armadas, uma vez que grande parte do
orçamento do Ministério da Defesa atualmente é destinada ao pagamento de
funcionários e pensões dos militares. Barbosa defendeu, a longo prazo, a
construção do submarino nuclear, a aquisição de aviões de caça de combate, a retomada
do programa aeroespacial para utilização do Centro de Lançamento de Alcântara e
o desenvolvimento do veículo lançador de satélites, assim como a ampliação do
Centro de Defesa Cibernética como parte de uma visão estratégica. Por fim, o
autor afirmou que deverá haver uma pressão maior para a participação brasileira
em operações de paz nos próximos anos, e que defesa e política externa deveriam
estar mais articuladas e coordenadas, já que há uma discordância entre a
preocupação mostrada no discurso diplomático com sua segurança e a não
ampliação de seus mecanismos de defesa. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto –
09/12/14)
Livro identificou integrantes do DOI-Codi
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo,
policiais militares veteranos do Destacamento de Operações de Informações (DOI)
abriram o caminho para a pesquisa que deu origem ao livro A Casa da Vovó,
lançado no dia 12/12/14 na Assembleia Legislativa paulista. O livro identifica
139 agentes que trabalharam no Destacamento de Operações de Informações -
Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Desses, 25 estão entre os 97
entrevistados na pesquisa, lista que inclui militantes, políticos, advogados,
além de militares e policiais. O livro relata um momento durante o regime
militar (1964-1985), em 1971, em que a repressão do DOI de São Paulo aos
militantes de grupos de esquerda alterou sua qualidade e o cotidiano de
violência e morte passou a ser disciplinado, com conhecimento do comando. Tal
contexto foi relatado a partir dos próprios agentes que trabalharam no DOI.
Aborda-se também o conflito com organizações armadas, como o Movimento de
Libertação Popular (Molipo) e a Ação Libertadora Nacional (ALN) e grupos que
defendiam a luta democrática, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB). (O
Estado de S. Paulo – Política – 07/12/14)
Jornalista Paulo Markun lança livro sobre regime militar
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo,
o livro Brado Retumbante, do jornalista Paulo Markun, “trata de preencher
lacunas de memória” em relação ao início e fim do regime militar (1964-1985). O
primeiro volume refere-se ao período entre a tomada de poder pelos militares,
no ano de 1964, até o decreto do Ato Institucional nº 5, em 1968. O segundo
volume discorre sobre a “tirania instalada” no ano de 1968 até o movimento das
Diretas Já, que conduziu a sociedade “em prol da democracia”. O Estado lembrou
que Markun iniciou a escrita do livro no momento em que se discutia no Brasil a
Constituição de 1988 e o povo se preparava para eleger um presidente após 21
anos de regime militar. Um ciclo de palestras organizado pelo curso “Brasil
Memória Política”, da Universidade de Campinas (Unicamp), em 1987, estimulou o
autor e sua equipe a levantarem informações, analisarem uma vasta bibliografia
e realizarem entrevistas com o objetivo de construir uma narrativa contínua do
período apresentado na obra. (O Estado de S. Paulo – Literatura – 06/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Ex-presidente Lula foi ouvido pela CNV
Segundo os periódicos Correio Braziliense e
Folha de S. Paulo, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva
prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV) no dia 08/12/14, quando
relatou sobre o período em que esteve preso e afirmou que não foi interrogado
nem sofreu violência física. Além disso, o ex-presidente relembrou a época em
que liderava greves na região do ABC paulista, na década de 1970. Segundo a
Folha, Lula da Silva foi interrogado pela psicanalista Maria Rita Kehl e pelo o
sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, membros da CNV. Segundo o Correio, a prisão do
então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo ocorreu
após contribuir na articulação de uma das maiores greves do país até aquele
momento. De acordo com os periódicos, Lula ficou preso por três anos e meio,
tendo sua sentença anulada em 1982 pelo Superior Tribunal Militar (STM). O
Correio destacou que Lula, responsável por enviar ao Congresso Nacional o
projeto de lei que deu origem à CNV, é o segundo ex-presidente a depor. No fim
de novembro de 2014, o colegiado ouviu o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso. Segundo o periódico, os depoimentos dos ex-presidentes não foram
incluídos no relatório final da comissão, que foi entregue à presidenta da
República Dilma Rousseff no dia 10/12/14. As informações repassadas pelos
ex-presidentes integrarão o acervo criado pela CNV, que ficará disponível no
Arquivo Nacional. (Correio Braziliense – Política – 07/12/14; Correio
Braziliense – Política – 09/12/14; Folha de S. Paulo – Poder – 09/12/14; Folha
de S. Paulo – Poder – 10/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Ministério Público Federal poderá utilizar relatório da CNV para sustentar ações contra ex-agentes do regime militar
De acordo com o periódico Folha de S. Paulo,
o Ministério Público Federal (MPF) deve fazer uso do relatório final da
Comissão Nacional da Verdade (CNV) para analisar a abertura de novos processos
contra militares e ex-agentes que participaram da repressão durante o regime
militar (1964-1985). Segundo o jornal, o relatório possui a mesma linha
argumentativa utilizada pelo grupo de justiça de transição do MPF, segundo a
qual os crimes cometidos pelo durante o regime, considerando o contexto e a
prática sistemática, são imprescritíveis e portanto, não são contemplados pela
Lei da Anistia (1979). Além disso, a tese de crime continuado é também
utilizada para escapar do escopo da lei. De acordo com a Folha, novas
interpretações da legislação foram feitas nos últimos anos por juízes de
primeira e segunda instâncias no sentido de processar ex-agentes da repressão.
Segundo o procurador da República Sérgio Suiama, "uma mudança no quadro
jurídico pode levar a uma mudança da jurisprudência". O MPF pedirá à CNV
que envie aos procuradores que trabalham nas investigações os documentos e
provas reunidas durante os dois anos e sete meses de trabalho da comissão.
(Folha de S. Paulo – Poder – 11/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Empresas públicas e privadas colaboraram com a repressão a operários
De acordo com os jornais Correio Braziliense
e O Estado de S. Paulo, ocorreu no dia 09/12/14 ato público no qual foram anunciadas
as principais conclusões da Comissão Nacional da Verdade (CNV), entre elas a
divulgação do nome de 114 mortos e de listas feitas por empresas públicas e
privadas para denunciar trabalhadores considerados subversivos durante o regime
militar (1964-1985). Segundo o Correio, tais listas foram parte do instrumental
utilizado pelo Estado para reprimir operários, e se somaram a outras
estratégias, como intervenções em sindicatos, nos quais foram admitidos
diretores que compunham uma rede de delação de trabalhadores, e “listas negras”
que impediam a recontratação dos operários ditos subversivos. O periódico
afirmou que as violações de direitos sofridas por membros de sindicatos datam
de antes do regime militar, fato que pode ser observado no chamado “massacre de
Ipatinga” (1963), na cidade de Ipatinga, no estado de Minas Gerais, quando
policiais militares dispararam contra manifestantes em frente às instalações da
Usiminas. O Correio citou ainda a empresa Petrobras como exemplo de
funcionamento do aparelho repressor, a qual serviu de modelo para outras
grandes empresas após a instalação de um sistema de monitoramento realizado
pelo Serviço Nacional de Informação (SNI). Entre os nomes dos mortos divulgados
no ato estavam o comunista ligado ao sindicato dos portuários de Manaus,
Antogildo Pascoal Vianna, o membro do sindicato dos gráficos do Rio de Janeiro,
Milton de Oliveira, e o jornalista Vladimir Herzog, os quais na época tiveram a
causa da morte oficialmente divulgada como suicídio. Segundo O Estado, representantes
das dez centrais sindicais de trabalhadores pediram, durante o ato, a
responsabilização, não necessariamente criminal, das 24 empresas identificadas
pelo grupo como colaboradoras da repressão aos operários durante o regime
militar. (Correio Braziliense – Política – 09/12/14; O Estado de S. Paulo –
Política – 09/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Papel das igrejas no apoio ao golpe de 1964 foi mencionado em relatório final
De acordo com o periódico O Estado de S.
Paulo, o coordenador do grupo de trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV)
encarregado de analisar a questão religiosa durante o regime militar
(1964-1985), o cientista social Anivaldo Padilha, informou que o apoio
oferecido pelas igrejas brasileiras ao golpe militar e à consolidação do regime
foi destacado no relatório final da CNV. Em entrevista ao O Estado, Padilha
afirmou que, enquanto a resistência de religiosos e a perseguições às igrejas
foi objeto de inúmeros estudos, o colaboracionismo das mesmas instituições foi
pouco estudado. Apesar do conhecimento prévio relacionado à participação das
igrejas na disseminação do discurso anticomunista, responsável por criar um
clima político propício para o golpe, as pesquisas da CNV revelaram maiores
detalhes, chegando a casos em que padres e pastores atuaram como informantes e,
portanto, tinham conhecimento das prisões arbitrárias e torturas cometidas por
militares. Padilha, que militou na juventude metodista e na Ação Popular, foi
preso e torturado, e afirmou que mesmo no seu caso, um pastor metodista sabia.
Segundo O Estado, o colaboracionismo “foi quase unânime entre os religiosos em
1964”. Ícones da resistência contra o regime inicialmente foram apoiadores do
golpe, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e os bispos d.
Paulo Evaristo Arns e d. Hélder Câmara. O documento produzido pelo grupo de
trabalho possui quase 200 páginas e apenas uma parte integra o relatório final
da CNV. O restante do material será publicado e distribuído em igrejas para promover
o debate. (O Estado de S. Paulo – 08/12/14 – Política)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Colunas opinativas avaliam trabalho da CNV
Segundo o colunista Jânio de Freitas, do
jornal Folha de S. Paulo, os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV)
deveriam se estender e permanecer institucionalmente no Brasil democrático.
Para ele, no prazo e circunstâncias adversas em que existiu, a CNV justificou
plenamente sua criação, e a comprovação de sua importância foi atestada no
relatório final da comissão, divulgado em 10/12/14. No entanto, Freitas
destacou que a comissão foi condicionada “pela inverdade burocrática de que as
verdades se sujeitam a prazos”. Também em coluna opinativa do periódico Folha
de S. Paulo, no dia 12/12/14, o jornalista Reinaldo Azevedo criticou a atuação
da CNV, ao definir que esta serviu a grupos ideológicos de pressão, intitulando-a
“comissão da mentira oficial”. De acordo com o jornalista, a CNV dedicou-se
apenas aos crimes ocorridos a partir de 1964, sendo que a lei estabelece a
investigação dos crimes perpetrados a partir de 1946. Azevedo afirmou ainda que
as mortes ocorridas em decorrência da ação das esquerdas armadas, chamadas por
Azevedo de “terroristas”, foram negligenciadas. A partir dessas afirmações, o
colunista declarou considerar o relatório final da CNV um “lixo moral”. Azevedo
afirmou que ainda que seja de auto anistia, a Lei 6.683 (1979) teve seu
fundamento incorporado pela Emenda Constitucional nº 26. Ademais, o jornalista
afirmou que a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que
condenou a Lei da Anistia brasileira, é uma “besteira”, diante da decisão do
STF, em 2010, de não revisá-la. (Folha de S. Paulo – Poder – 07/12/14; Folha de
S. Paulo - 12/12/14 - Poder)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Entidades e acadêmicos avaliaram o relatório final da CNV
Segundo os jornais Correio Braziliense e Folha de S.
Paulo, algumas entidades e acadêmicos manifestaram-se sobre a divulgação do
relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). De acordo com o Correio,
a vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, considerou o
documento “superficial” e apontou a não indicação da localização dos corpos de
desaparecidos durante o regime militar (1964-1985) como uma das maiores falhas
do relatório, pois não há interesse das Forças Armadas para que isso aconteça.
O coordenador da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e presidente da
Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, pediu às comissões
estaduais que mantenham os esforços para aprofundar o trabalho feito pela CNV,
pois o relatório deve ser encarado como “obra aberta”, considerando que restam
ainda muitos fatos a serem apurados. Damous criticou o número de exemplares
impressos do relatório, defendendo que deveriam ser distribuídos em escolas e
universidades. O diretor executivo da
Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, declarou que o relatório
representou um ponto de partida, mas o trabalho deve mobilizar a sociedade para
o cumprimento do que foi sentenciado pela Corte Interamericana de Direitos
Humanos. Já o alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para
Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussain, por meio de um comunicado, parabenizou
o trabalho da CNV e declarou que “a convenção da ONU contra a tortura é clara.
Nenhuma exceção deve ser feita. Nem torturadores nem políticos nem funcionários
públicos que definiram a política pública devem ser preservados”. Segundo a
Folha, nos bastidores de cúpula do Executivo avaliou-se que as recomendações do
relatório da CNV “são erráticas ou mesmo irrealizáveis”, além de genéricas,
sendo que boa parte não depende da decisão do governo federal. O historiador
Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou que
considera “importante um órgão oficial incorporar a narrativa de que os crimes
e abusos fizeram parte de uma política sistemática de Estado”. Além disso, Fico
reconheceu que o trabalho da CNV foi positivo, mas “faltou uma recomendação
explícita para o Congresso revisar a Lei da Anistia [1979]”. Já o diretor do
Brazil Institute do King´s College, Anthony Pereira, lamentou a falta de novos
fatos, mas elogiou a sistematização da cadeia de comando apresentada pelo
relatório. A presidente da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos
Políticos, Criméia de Almeida, avaliou o relatório como “contundente”, mas
ponderou que o “conservadorismo” do Judiciário pode tornar mais difícil a
condenação de responsáveis que ainda estão vivos por violações de direitos
humanos. De acordo com Almeida, porém, os parentes das vítimas da repressão
alcançaram, com a conclusão do relatório final do colegiado, uma “nova fase”
para resolução dos casos. Segundo O Estado, a presidente do Grupo Tortura Nunca
Mais do Rio de Janeiro, Victoria Grabois, afirmou que o trabalho não avançou em
relação aos mortos e desaparecidos e cobrou a presidenta da República, Dilma
Rousseff, que determine a abertura dos arquivos militares do período do regime.
Já a diretora do programa para o Brasil do Centro pela Justiça e Direito
Internacional (Cejil), Beatriz Affonso, pediu à CNV o encaminhamento do
relatório às autoridades para que os crimes sejam apurados. (Correio Braziliense – Política – 11/12/14;
Folha de S. Paulo – Poder – 11/12/14; O Estado de S. Paulo – Política –
11/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - General da ativa divulga nota de repúdio
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo,
o general de Exército da ativa, Sérgio Etchegoyen, chefe do Departamento Geral
do Pessoal, divulgou com sua família, no dia 11/12/14, uma nota de repúdio ao
relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Segundo o periódico, a
comissão apontou o pai de Sérgio, o general Leo Guedes Etchegoyen, falecido em
2003, como um dos responsáveis por violações de direitos humanos durante o
regime militar (1964-1985). Na nota, Sérgio afirmou que a menção ao seu pai no
documento divulgado pela CNV não vem com “qualquer vinculação a fatos ou
vítimas” e classificou as investigações da comissão como sendo de “natureza
leviana”. O Estado afirmou que a família estuda formas de acionar a Justiça
contra a CNV. Segundo o jornal, o comandante do Exército, general Enzo Peri, e
o ministro da Defesa, Celso Amorim, foram previamente comunicados pelo general
sobre a decisão da família de responder aos “covardes” ataques contra alguém
que não pode defender-se por já ter falecido. O Exército decidiu que não
enquadraria o general no Regulamento Disciplinar, através do qual militares da
ativa são proibidos de fazerem “manifestação de caráter político”, entendendo
que a manifestação foi “em caráter familiar”. Amorim considerou que a declaração
possuía “forte conotação emocional” e que “o melhor é deixar a poeira baixar”.
O governo considerou que uma eventual punição a Sérgio Etchegoyen poderia gerar
um movimento solidário em cadeia nas Forças Armadas, transformando-o em
“mártir”. Segundo O Estado, o governo chegou a considerar que a inclusão de Leo
Etchegoyen como um dos “autores de graves violações de direitos humanos” era um
“excesso desnecessário” por parte da CNV e considerou a nota de Sérgio
“respeitosa”. Ainda segundo o jornal, após a divulgação da nota de repúdio, a
CNV publicou uma nota destacando os fatos considerados suficientes para a
inclusão de Etchegoyen como “responsável pela gestão de estruturas” do aparelho
repressivo. (O Estado de S. Paulo – Política – 12/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Em resposta a relatório da CNV, Clubes militares divulgaram lista de mortos durante o regime
De acordo com os jornais Folha de S. Paulo e
O Estado de S. Paulo, os clubes Naval, Militar e da Aeronáutica, em resposta ao
relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), divulgaram, no dia
11/12/14, uma lista contendo 126 nomes de militares, policiais e civis que
teriam sido mortos pela ação da luta armada contra o regime militar
(1964-1985). No dia 10/12/14, segundo a Folha, o Clube Militar já havia
anunciado que apresentaria tal material. O presidente do clube, general
Gilberto Pimentel, afirmou na ocasião que "não temos aqui nenhuma intenção
de desrespeito ou desejo de volta ao passado. Agora se querem restabelecer a
verdade é preciso contar toda a história e não apenas olhando por um viés. Não
descarto que houve excessos do nosso lado durante este período. Mas e os
militares que foram mortos em serviço?". Segundo O Estado, o material
divulgado pelos clubes militares contém erros de informação. O policial militar
José Aleixo Nunes, que de acordo com o documento foi morto em uma ação da
Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e da Ação Libertadora Nacional (ALN) em
1970, foi entrevistado pelo O Estado e, aos 67 anos, vive na cidade de Marília,
no estado de São Paulo. Nunes foi ferido na ocasião citada pelo relatório, mas
sobreviveu. Dois outros nomes listados pelos clubes militares foram, de acordo
com O Estado, vítimas de disparos de policiais durante ação contra o líder da
ALN, Carlos Marighella, em 1969. O sargento da Policia Militar, Geraldo
Nogueira, lotado no Destacamento de Operações de Informações do Centro de
Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo, também foi morto, de
acordo com o periódico, em um tiroteio acidental entre policiais em outubro de
1969. “Outros dois PMs, Guido Bone e
Natalino Amaro Teixeira, foram tratados como mortos pela guerrilha, mas a
própria polícia, após investigação, comprovou que eles foram vítimas de
policiais envolvidos em assaltos”. Quando questionado pelo periódico, o
presidente do Clube Naval, vice-almirante fuzileiro naval reformado Paulo
Frederico Soriano Dobbin, negou os casos de fogo-amigo. (Folha de S. Paulo –
Poder – 11/12/14; Folha de S. Paulo – Poder – 12/12/14; O Estado de S. Paulo –
Política - 12/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Militares apresentaram insatisfação com relatório final da CNV
De acordo com os jornais Correio Braziliense, Folha de
S. Paulo e O Estado de S. Paulo, militares criticaram as conclusões do
relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), divulgado no dia
10/12/14, na capital federal Brasília. Segundo O Estado, o sentimento
predominante nas Forças Armadas em relação à divulgação do documento foi de
insatisfação. O periódico afirmou que oficiais generais da ativa sentiram-se
incomodados com a pressão da CNV para que reconheçam as violações de direitos
humanos cometidas durante o regime militar (1964-1985). De acordo com o jornal,
os militares reprovam o trabalho da CNV por afirmarem que o órgão atuou de
maneira unilateral e não considerou o “outro lado da história”, funcionando
como um “tribunal de exceção”, que empurra “goela abaixo dos brasileiros uma
história que não é verdadeira porque só tem um lado”. Segundo o Correio, o
Clube Militar manifestou-se através de uma nota oficial em que classificou a
comissão como espúria e considerou que o relatório divulgado “só poderia ser
uma coleção de meias-verdades, calúnias e mentiras inteiras, embaladas com
pedaços de verdade cuja divulgação confirma a orientação socialista dos
comissários”. Além disso, a nota afirmou que a CNV alterou sua missão, o objeto
da lei e o prazo em que ocorreram os fatos a investigar, através de decisões
tomadas internamente, “legislando em causa própria sem que os poderes
desrespeitados reagissem, perdeu, na origem, a imparcialidade que devia
orientar seus trabalhos e, consequentemente, sua credibilidade”. Ademais, o
Clube Militar criticou o colegiado por não mencionar a “ação dos terroristas,
guerrilheiros, sequestradores e assassinos esquerdistas que tentavam tomar o
poder à força e estabelecer, no país, um governo totalitário comunista de
modelo soviético, chinês ou cubano”.
Segundo O Estado, o presidente do Clube Militar, general da reserva
Gilberto Pimentel, declarou que não se trata de defender aqueles que violaram
os direitos humanos, mas sim da necessidade do colegiado tratar com
imparcialidade dos dois lados, pois também houve mortes de militares e
“direitos humanos são para todo mundo”. Pimentel criticou também a
possibilidade de revisão da Lei da Anistia (1979), afirmando ser “inaceitável”.
Já o primeiro vice-presidente do Clube Militar, general da reserva Sérgio Costa
de Castro, argumentou que a CNV alterou a periodicidade das investigações fixada
em lei. Segundo Castro, a comissão foi criada por uma lei que previa o período
de investigação sobre violações de direitos humanos entre 1946 e 1988, mas a
própria entidade limitou o período para 1964 a 1985. De acordo com o periódico,
generais da ativa e da reserva repudiaram o relatório final da CNV,
considerando-o uma “imensa injustiça”. Os militares declararam que as
conclusões do documento foram duras e desproporcionais, além de serem
“contaminadas pelo viés ideológico”. Segundo o jornal, os militares consideram
que as pessoas já falecidas, que foram responsabilizadas por crimes de violação
dos direitos humanos, foram acusadas injustamente e não podem se defender. O
Estado afirmou ainda que os militares pretendem fazer uma leitura apurada do
relatório para articular ações judiciais de indenização moral. No entanto,
oficiais da ativa são proibidos de fazer manifestações públicas. O ex-ministro
do Exército, general da reserva Leônidas Pires Gonçalves, acusado por ter
sido chefe do Estado-Maior do I Exército entre 1974 e 1976, o qual atribuía-se
a chefia do Centro de Operações de Defesa Interna (Codi), afirmou que a
inclusão de seu nome como um dos responsáveis pelas violações foi “hipocrisia”
e uma “injustiça”. Gonçalves declarou que desafiou e desafia novamente “que
alguém tenha sido torturado nesse período em que o DOI-Codi estava sob minha
responsabilidade. Esse comportamento não é ético”. De acordo com o general, os
que estão no poder criam sua própria verdade, que normalmente não condiz com a
“verdade verdadeira” e se os militares criassem uma Comissão da Verdade “com
certeza a história seria outra”. Ainda segundo O Estado, houve críticas
internas nas Forças Armadas em relação ao comandante do Exército, general Enzo
Peri. Para os militares, Peri deveria ter se posicionado sobre o relatório da
CNV antes de sua publicação, condenando o que já se apresentava, como uma
“resposta para o público interno”, que estaria “aviltado” com as acusações
contidas no documento. De acordo com o jornal, uma manifestação posterior à
publicação do relatório não teria o mesmo efeito. O Estado afirmou que a
relação entre a CNV e as Forças Armadas foi de aparente cordialidade, enquanto
nos bastidores houve grande tensão. Segundo o jornal, os comandantes do
Exército, Marinha e Aeronáutica deixaram claro que não abririam as portas de
seus centros de inteligência para as investigações da CNV, enquanto o colegiado
insistia na obtenção de acesso aos arquivos desses órgãos. (Correio Braziliense
– Política – 11/12/14; Folha de S. Paulo – Poder – 11/12/14; O Estado de S.
Paulo – Política – 06/12/14; O Estado de S. Paulo – Política – 11/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Coordenador da CNV considerou importante que as Forças Armadas reconheçam as violações aos direitos humanos ocorridas durante o regime militar
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o
coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari, afirmou que,
considerando a recente reivindicação de alguns setores da sociedade brasileira
pela volta dos militares ao poder, as Forças Armadas deveriam reconhecer as
violações aos direitos humanos ocorridas durante o regime militar (1964-1985).
Dallari defendeu que o reconhecimento seria a melhor forma de se evitar que
tais violações voltem a ocorrer no país. O coordenador afirmou que esse
processo garantiria que as Forças Armadas solidificassem seu compromisso com a
democracia como algo permanente, embora avaliou que hoje a instituição esteja
comprometida com a democracia. Dallari afirmou que o não reconhecimento das
violações aos direitos humanos durante o regime militar por parte das Forças
Armadas revelam um certo “autismo”. De acordo com ele, a CNV “avançou muito no
sentido de caracterizar que as graves violações não foram ações isoladas, não
foram excessos, como gostam de falar, mas uma política de Estado concebida e
operacionalizada pelas Forças Armadas”. Em coluna opinativa para o periódico
Folha de S. Paulo, o filósofo Vladimir Safatle citou a entrega do relatório
final da CNV, relacionando-a às recentes movimentações a favor de uma nova
intervenção militar, as quais criticou por pedirem algo que destruiria o país,
podendo ser consideradas um “crime por excelência”. (O Estado de S. Paulo –
Política – 06/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Relatório final da CNV não recomendou revisão da Lei da Anistia
Segundo os periódicos Correio Braziliense, Folha de S.
Paulo e O Estado de S. Paulo, o relatório final da Comissão Nacional da Verdade
(CNV), entregue à presidência da República em 10/12/2014, não recomendou a
revisão da Lei da Anistia (1979). Para o coordenador da CNV, Pedro Dallari,
apesar da maioria das Comissões Estaduais da Verdade incluírem o pedido de
revisão da Lei, os integrantes da CNV não chegaram a um consenso sobre o
assunto, e por isso não incluiu no documento uma solicitação para a revisão.
Considerou-se que a atual legislação brasileira não impede a punição de agentes
que tenham cometido crimes durante o regime militar (1964-1985). Segundo O
Estado, o relatório final da CNV afirmou que “crimes contra a humanidade são
imprescritíveis e não passíveis de anistia”. A integrante do colegiado e
advogada criminalista Rosa Cardoso declarou que a Lei da Anistia não tem
validade nos tribunais internacionais. De acordo com o ex-ministro da Justiça e
também integrante da CNV José Carlos Dias, o relatório final não propôs a
revisão da Lei, mas ofereceu a interpretação de que tal lei não deve amparar
agentes do Estado que praticaram violações de direitos humanos. Segundo O
Estado, o único integrante da CNV que posicionou-se contrariamente à revisão da
lei foi José Paulo Cavalcanti Filho, secretário Nacional de Justiça durante o
governo de José Sarney (1985-1990), que declarou estar “absolutamente de acordo
com a decisão do Supremo Tribunal Federal (que negou a revisão da lei)”. O Correio afirmou que o Supremo Tribunal
Federal (STF) voltará ao tema da revisão da Lei da Anistia ao julgar um recurso
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e uma ação do Partido Socialismo e
Liberdade (PSOL), a qual o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se
mostrou favorável. Em entrevista ao Estado, o ministro Marco Aurélio Mello, do
STF, declarou que dificilmente a Lei da Anistia será alterada, uma vez que “não
há, tecnicamente, instrumento jurídico ou caminhos” para tal. Para o ministro
“há uma procura de saídas para contornar a Constituição”, como a alegação de
crime continuado, utilizada nos casos dos desaparecidos. Quando questionado
sobre os tratados de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário, Mello
argumentou que não se pode colocar “um instrumento internacional num patamar
acima da nossa própria Lei Magna”. Segundo o Correio e a Folha, ministros do
STF divergiram sobre o papel que a corte deve desempenhar em relação à revisão
da legislação diante do relatório apresentado pela CNV. O ministro Luís Roberto
Barroso afirmou que a decisão do STF, em abril de 2010, na qual a corte atestou
a validade da Lei da Anistia, reconhecendo a anistia dos “crimes conexos”
cometidos pelos agentes do governo e militantes de esquerda durante o regime
militar, pode ser reexaminada. O argumento de Barroso pautou-se na relevância
da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ter sido tomada
posteriormente à decisão do STF. A CIDH considerou que o crime de tortura é
imprescritível e, por isso, sentenciou o Brasil a investigar os crime cometidos
durante o regime militar e punir os autores. De acordo com Barroso, é preciso
saber se a Lei da Anistia é compatível com a Constituição Federal de 1988 e se
deve prevalecer a decisão do STF ou da CIDH. Já o ministro Marco Aurélio Mello
considerou que a decisão do STF de validar a Lei da Anistia em 2010 deve ser
respeitada, pois, segundo ele, "Precisamos colocar na
cabeça que anistia é esquecimento, virada de página, perdão em seu sentido
maior, e para os dois lados". O presidente do STF, Ricardo Lewandowski,
que foi voto vencido na decisão da validação a Lei, defendeu, em seu discurso
de posse, o cumprimento de sentenças de corte supranacionais pelo Judiciário.
(Correio Braziliense – Política – 06/12/14; Correio Braziliense – Política –
11/12/14; Folha de S. Paulo – Poder – 11/12/14; O Estado de S. Paulo – Política
– 06/12/14; O Estado de S. Paulo – Política – 08/12/14; O Estado de S. Paulo –
Caderno 2 – 08/12/14; O Estado de S. Paulo – Política – 11/12/14; O Estado de
S. Paulo – Política – 11/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - CNV trabalhou na identificação de desaparecidos
De acordo com os periódicos Correio
Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a Comissão Nacional da
Verdade (CNV) informou ter provas de que dois homens, que até então eram dados
como desaparecidos, foram mortos durante o regime militar (1964-1985). Os casos
são do militante do Partido Comunista do Brasil (PC do B) Joel Vasconcelos
Santos e do estudante Paulo Torres Gonçalves. Santos desapareceu em março de
1971 e um laudo recente concluiu que suas digitais são compatíveis com a de um
corpo recebido no Instituto Médico Legal no mesmo dia da prisão de Santos, na
cidade do Rio de Janeiro. No segundo caso, Torres desapareceu antes de ir para
o colégio. Documentos que provavam sua prisão por militares já haviam sido
recolhidos pelo Grupo Tortura Nunca Mais e, recentemente, a CNV identificou as
digitais de Torres na ficha de um homem enterrado como indigente, na Ilha do
Governador, no estado do Rio de Janeiro. A CNV também anunciou possuir novas
pistas sobre o caso de Stuart Angel, que desapareceu após ter sido preso pela
Aeronáutica e supostamente levado para Base Aérea de Santa Cruz, no estado do
Rio de Janeiro, onde teria sido interrogado sobre uma negociação para a entrada
do capitão Carlos Lamarca no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8),
organização da qual Angel fazia parte. No início de 2014 foi encontrada pela
CNV uma foto de um crânio em um canteiro de obras da empresa responsável pela
reforma realizada na Base Aérea de Santa Cruz. A hipótese levantada é de que o
militante havia sido enterrado no local reformado e durante as obras o corpo
foi removido. A imagem foi enviada para uma análise morfológica craniofacial na
Inglaterra que comparou o crânio com fotos de Angel e apontou a correspondência
entre as imagens. (Correio Braziliense –Brasil - 10/12/14; Folha de S. Paulo – Poder –
10/12/14; O Estado de S. Paulo – Política – 10/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Principais resultados do trabalho da CNV
Conforme publicado nos periódicos Correio Braziliense,
Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a CNV apresentou, após dois anos e
sete meses de trabalho, o relatório final com 4.328 páginas, divididas em 3
volumes, apontando e esclarecendo casos de graves violações de direitos humanos
entre 1946 e 1988. O trabalho possui ainda 29 recomendações – que não possuem
valor legal – divididas em três grupos, sendo eles as medidas institucionais,
as reformas constitucionais e legais e as de seguimento das ações da CNV. O
relatório constatou 434 mortos e desaparecidos, sendo que, dentre estes, 210
continuam desaparecidos; 377 agentes do Estado foram considerados responsáveis
pelas violações de direitos humanos no período compreendido entre 1946 e 1988,
sendo 361 agentes no período do regime militar (1964-1985). Entre os
considerados como responsáveis estão os cinco ex-presidentes da República do
período do regime – Humberto Castelo Branco; Artur da Costa e Silva; Emílio
Garrastazu Médici; Ernesto Beckmann Geisel e João Figueiredo –, além de
militares e civis, como médicos e diplomatas, acusados de envolvimento direto
nas violações. Isso implica, segundo os jornais, que o relatório sustenta que
crimes como tortura, detenções ilegais, violência sexual, execuções sumárias,
ocultação de cadáver e desaparecimento forçado de opositores políticos eram
institucionalizados, sendo uma política de Estado, e eram do conhecimento da
totalidade da linha de comando, não sendo uma prática isolada e esporádica. O
documento apontou a tortura como um método de coleta de informações ou de
obtenção de confissões que se tornou “a essência do sistema militar de
repressão política”. A CNV afirmou que chegou a retirar nomes da lista de
acusados de modo a constar apenas aqueles cujos crimes cometidos tiveram provas
consistentes e inquestionáveis. O colegiado recomendou ao Estado brasileiro que
os acusados pelas violações sejam responsabilizados juridicamente, do ponto de
vista civil, criminal e administrativo. Ademais, a questão da Lei de Anistia
(1979) foi abordada no relatório de forma extensa. Embora não demande
explicitamente a revisão da legislação, por não haver unanimidade entre os
membros do colegiado sobre o assunto, a CNV recomendou a sua não aplicação por
não ser condizente com o Estado democrático de direito. Além disso, de acordo com
a Folha, o relatório indica que os acusados pelas violações não podem se
beneficiar da Lei da Anistia, pois torturas, morte e desaparecimentos ocorridos
durante o regime são considerados crimes contra a humanidade, possuem caráter
permanente, e, portanto, são passíveis de serem julgados. Segundo os
periódicos, o relatório fez sugestões acerca da desmilitarização das Polícias
Militares estaduais e da revogação da Lei de Segurança Nacional, datada de
dezembro de 1983, consideradas “resquícios da ditadura”. Segundo a Folha, não
ficou claro se o reconhecimento das vítimas apontadas no relatório ocorrerá
automaticamente ou se o Estado brasileiro precisará referendá-los. No que se
refere a eventuais indenizações, familiares dos mortos e desaparecidos
necessitarão entrar com processo na Comissão de Anistia do Ministério da
Justiça. Ainda de acordo com a Folha, o relatório abordou o papel dos órgãos de
imprensa do Brasil no capítulo sobre apoio civil à tomada de poder pelos
militares em 1964. Neste são citados os jornais O Estado, O Globo e a Folha como
apoiadores do ocorrido e entre os nomes mencionados está o ex-diretor do jornal
O Estado de S. Paulo, Júlio de Mesquita Filho, como um dos articuladores, e do
publisher do jornal Folha de S. Paulo, Octavio Frias de Oliveira. A Folha
publicou um editorial intitulado “O Brasil continua”, do dia 03/04/1964,
interpretado como um “apelo ao golpe”. Além disso, o jornal foi apontado como
um dos financiadores da Operação Bandeirante (Oban) e acusado de ceder veículos
à repressão. A Folha afirmou que apoiou a tomada de poder pelos militares como
quase toda a grande imprensa. Em relação ao editorial, afirmou que defendia “a
eleição de um novo presidente pelo Congresso para concluir o mandato de Jango
[ex-presidente da República João Goulart, deposto em 1964] e assegurar a
preservação da Constituição”. Quanto ao financiamento da Oban, o periódico
negou que tenha participado e declarou não haver documentos ou testemunhos de
que tenha cedido veículos a órgãos de repressão. De acordo com O Estado, o
relatório da CNV mostrou também a dificuldade na busca de restos mortais dos
desaparecidos políticos, pois de uma lista com 211 nomes, apenas um foi
localizado. Nesse sentido, a CNV recomendou a criação de um órgão de governo
que dê continuidade ao trabalho. O coordenador da CNV, Pedro Dallari, afirmou
ser esse um “relatório circunstanciado”, porém “não representa nem o começo nem
o fim da investigação. Só foi possível começarmos por termos as sistematizações
de vítimas, locais, autores, em documentos anteriores. Procuramos fazer o
melhor possível para acrescentar informações”. Dallari declarou ainda que, com
o relatório disponibilizado na internet, passa a existir uma plataforma de
pesquisa para que a sociedade civil, familiares e universidades aprofundem o
material. A CNV pediu que as Forças Armadas reconheçam a responsabilidade
institucional pelos crimes cometidos durante o regime militar. (Correio Braziliense – Política – 11/12/14;
Folha de S. Paulo – Poder – 11/12/14; O Estado de S. Paulo – Política –
11/12/14)
Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Em cerimônia, Rousseff recebeu relatório final da CNV
Segundo os jornais Folha de S. Paulo e O
Estado de S. Paulo, o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi
entregue à presidenta da República, Dilma Rousseff, no dia 10/12/14, na capital
federal. Segundo O Estado, a entrega estava prevista para acontecer em
audiência fechada, onde estariam presentes, além de Rousseff, os integrantes da
CNV José Carlos Dias, José Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo
Sérgio Pinheiro, Pedro Dallari e Rosa Cardoso. De acordo com o periódico, a
decisão, tomada pelo Palácio do Planalto, surpreendeu integrantes da CNV, que
esperavam que a entrega do relatório tivesse maior destaque, visto que o ato de
instalação da comissão, em maio de 2012, deu-se em audiência pública com a
presença de todos os ministros do então governo, dos três comandantes das
Forças Armadas, de ex-presidentes da República e dos presidentes do Congresso e
do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante do constrangimento causado pelas
reclamações, a presidenta recuou na opção de fazer um evento fechado e abriu a
cerimônia para que familiares de mortos e desaparecidos e ex-presos políticos
pudessem estar presentes. No relatório entregue, consta o resultado das
apurações sobre as violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. Segundo os periódicos, no discurso durante a
cerimônia, Rousseff se emocionou e adotou um tom conciliador, afirmando que o
relatório trouxe à tona o tempo ocultado pelo “arbítrio e pela violência”. A
presidenta declarou que a verdade não se traduz em revanchismo e que “não deve
ser motivo para ódio ou acerto de contas. A verdade produz consciência,
aprendizado, conhecimento e respeito”. Além disso, afirmou que valoriza os
“pactos políticos” que propiciaram a redemocratização do Brasil, o que inclui a
Lei da Anistia. Segundo a integrante da CNV, Rosa Cardoso, Rousseff discursou
“de maneira genérica e os pactos devem ser entendidos como os acordos legais
que obrigam o Estado Brasileiro a cumprir decisões de cortes internacionais”.
Ainda no dia 10/12/14, após a entrega do documento, a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) realizou um encontro com vítimas da repressão e representantes de
Comissões Estaduais da Verdade, a fim de dar maior visibilidade à apresentação
do relatório. Em coluna opinativa para Folha, o coordenador da CNV, Pedro
Dallari, e os integrantes Rosa Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiro, José Carlos
Dias, Maria Rita Kehl e José Paul Cavalcanti Filho ressaltaram que a entrega do
relatório não marca o início ou o fim das investigações acerca das violações de
direitos humanos cometidas durante o regime militar (1964-1985). Dallari
argumentou ainda que a comissão não poderia cumprir com o seu dever de
“efetivar o direito à memória” caso o resultado de suas investigações não fosse
revelado e compartilhado. (Folha de S. Paulo – Poder – 10/12/14; O Estado de S.
Paulo – Política – 09/12/14; O Estado de S. Paulo – Política – 10/12/14;
Correio Braziliense – Política – 11/12/14)
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
Militares foram acusados por ocultação de cadáver
De
acordo com o jornal Folha de S. Paulo, no dia 01/12/14 a Justiça Federal de São
Paulo reverteu a decisão da primeira instância e julgará o coronel reformado do
Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, juntamente com o delegado aposentado
Alcides Singillo, acusados pelo crime de ocultação de cadáver do militante
Hirohaki Torigoe, assassinado pela repressão política na cidade de São Paulo
durante o regime militar (1964-1985). De acordo com a Folha, a Procuradoria
declarou que Torigoe foi levado com vida para o Destacamento de Operações de
Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), o qual Ustra
administrava, onde o militante teria sido morto após sessão de tortura. Segundo
o periódico, foi a primeira vez que a segunda instância da Justiça brasileira
reverteu uma decisão desconsiderando os efeitos da Lei da Anistia (1979) para
autorizar o julgamento de um caso de crime durante o regime militar. No começo
de 2014, a primeira instância da Justiça Federal de São Paulo considerou
prescrito o crime de ocultação de cadáver atribuído aos dois acusados, mas o
Ministério Público Federal recorreu da decisão alegando que o crime de
“ocultação de cadáver” era um delito permanente, portanto imprescritível, sendo
julgado no dia 01/12/14 pela 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região
e decidido que os acusados deverão ser julgados pela 5ª Vara Criminal de São
Paulo, com base nos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Os
procuradores afirmaram que o crime é permanente e que os acusados não se
beneficiariam da Lei da Anistia, pois o cadáver de Torigoe ainda não foi
localizado. Já na versão divulgada pelas Forças Armadas, o militante foi morto
durante um tiroteio ao resistir à prisão, e foi enterrado com um nome falso.
(Folha de S. Paulo – Poder – 03/12/14)
Corte Internacional dos Direitos Humanos cobrou o Brasil por cumprimento de sentença da Guerrilha Araguaia
Segundo
os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, foi elaborada uma
resolução pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização
dos Estados Americanos (OEA), listando as determinações a serem cumpridas pelo
Estado brasileiro após o julgamento sobre a Guerrilha do Araguaia (1967-1974).
Além de estabelecer a culpa do Estado pelo desaparecimento de 62 guerrilheiros,
a resolução criticou a forma como a Lei da Anistia (1979) foi interpretada,
impedindo o julgamento e eventuais punições de crimes considerados para a CIDH
como imprescritíveis. De acordo com Folha de S. Paulo, a Corte analisou o que o
país tem feito para cumprir todas as determinações exigidas. A Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República alegou que a Lei da Anistia “não
impede a investigação e a propositura de ações penais, portanto a obrigação
imposta pela Corte está sendo implementada”. Segundo O Estado, há 187
procedimentos penais e 8 ações judiciais, movidas pelo Ministério Público
Federal, envolvendo 6 desaparecidos e, além disso, até o momento foram realizadas
23 expedições para recuperação e identificação dos restos mortais dos
guerrilheiros. Segundo o jornal, a Corte estabeleceu o prazo de março de 2015
para que o Brasil apresente documentos que indiquem as medidas adotadas para o
cumprimento da sentença.A CIDH ainda
citou a Comissão Nacional da Verdade como um importante mecanismo e
condenou o arquivamento de ações judiciais quanto ao desaparecimento de 6
guerrilheiros. (Folha de S. Paulo – Poder – 03/12/14; O Estado de São Paulo –
Política – 02/12/14)
Investigação sobre a causa da morte de João Goulart foi inconclusiva
Segundo
os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o
corpo do ex-presidente da República João Goulart, popularmente conhecido como
Jango, foi exumado a pedido de sua família em novembro de 2013, a fim de
verificar a possibilidade de ele ter sido vítima de um assassinato por
envenenamento. O laudo da perícia, realizada por uma equipe internacional e
coordenada pela Polícia Federal brasileira, foi inconclusivo, não podendo ser
provada a causa da morte de Goulart. O ex-presidente morreu em sua residência
enquanto exilado na Argentina, em 1976. De acordo com o Correio, a causa de
morte divulgada foi infarto, porém familiares de Goulart acreditam na hipótese
de que o ex-presidente tenha sido assassinado, vítima da Operação Condor, rede
de colaboração entre os regimes militares do cone sul. De acordo com os
jornais, foram testadas cerca de 700 mil substâncias, dentre as quais, aquelas
citadas pelo ex-agente do regime militar uruguaio Mario Neira Barreiro, que
delatou uma suposta troca de medicamentos que teria levado ao envenenamento de
Goulart. O resultado da perícia não permitiu afirmar a causa da morte do
ex-presidente. De acordo com os peritos, o resultado pode ter sido inconclusivo
devido ao tempo, que pode ter extinguido sinais de substâncias tóxicas. Segundo
O Estado, este resultado foi divulgado apenas verbalmente, e os membros da
família de Jango vão analisa-los antes de divulgar os relatos oficiais.
(Correio Braziliense – Política – 02/12/14; Folha de S. Paulo – Poder –
02/12/14; O Estado de S. Paulo – Política – 02/12/14)
Militar morreu em confronto no Complexo de Favelas da Maré
Segundo
os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o cabo do Exército
Michel Augusto Mikami morreu, no dia 28/11/14, após ser baleado na cabeça
durante confronto na Vila dos Pinheiros, no Complexo de Favelas da Maré, na
cidade do Rio de Janeiro. Segundo O Estado, o militar foi socorrido e
encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento da Vila do João, na Maré, e
posteriormente ao Hospital Central do Exército, onde faleceu. De acordo com a
Folha, Mikami era membro do 28º Batalhão de Infantaria Leve, na cidade de
Campinas, e atuava na Força de Pacificação da região “há pouco mais de um mês”.
A Folha lembrou que os militares apoiam a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)
do Complexo de Favelas da Maré, onde estão desde abril de 2014, e são
responsáveis por realizar um policiamento ostensivo na região desde os
primeiros meses de instalação da UPP. A Folha relatou que a presença dos
militares na região foi prorrogada duas vezes, sendo que sua previsão inicial
era de terminar em julho de 2014 e, atualmente, foi estendida para dezembro do
mesmo ano. Segundo O Estado, o governador do estado do Rio de Janeiro, Luiz
Fernando Pezão, solicitará à presidenta da República, Dilma Rousseff, a permanência
do Exército no Complexo de Favelas da Maré no ano de 2015. A ação do governador
é criticada por entidades de defesa dos direitos humanos, como a Organização
Não-Governamental Observatório de Favelas, a qual afirmou que a presença dos
militares no local “reforça a opção do governo pela militarização e acirra a
lógica do confronto na comunidade”. De acordo com os jornais, Rousseff divulgou
nota na qual afirmou que Mikami “morreu no cumprimento do dever” e expressou
sua dor e solidariedade à família e amigos do militar. O Estado afirmou que
Pezão também divulgou uma nota, na qual lamentou a morte do militar, prestou
sua solidariedade à família e afirmou que “seguirá firme” na atuação conjunta
com o governo federal na região. Membros das Forças Armadas informaram que, no
mesmo dia da morte de Mikami, os militares participaram de um confronto durante
uma patrulha na região do Conjunto Esperança, favela localizada no Complexo de
Favelas da Maré, no qual um blindado caiu num canal ao colidir em alta velocidade.
O periódico lembrou que o Exército havia atuado anteriormente no Complexo de
Favelas do Alemão e na Vila Cruzeiro, na cidade do Rio de Janeiro, onde apesar
dos confrontos, não houve morte de militares. Segundo os periódicos, Mikami foi
o primeiro militar a morrer durante a ocupação das favelas do Rio de Janeiro
pelas Forças Armadas. O Estado afirmou que, uma semana após a entrada dos
militares no Complexo de Favelas da Maré, um jovem de 18 anos, suspeito de ser
membro do tráfico, foi morto a tiros na comunidade e a partir de então os
confrontos tornaram-se frequentes. O jornal lembrou também que a Avenida
Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, foi interditada por blindados durante
confronto entre fuzileiros navais e traficantes em setembro de 2014 e que no final
de novembro do mesmo ano escolas foram fechadas na região devido a trocas de
tiros. (Folha de S. Paulo – Cotidiano – 29/11/14; O Estado de S. Paulo –
Metrópole – 29/11/14; O Estado de S. Paulo – Poder – 30/11/14)
Aeronave da Força Aérea Brasileira se acidentou na Antártida
De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, uma aeronave de transporte da
Força Aérea Brasileira (FAB), de modelo C-130 Hércules, se acidentou ao pousar
na base chilena Eduardo Frei, na Antártida, no dia 27/11/14, não houve feridos.
Segundo o jornal, o avião estava no local realizando uma missão de
abastecimento para os integrantes do Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
A FAB afirmou que analisará os fatores que podem ter contribuído para o
acidente. (O Estado de S. Paulo – Metrópole – 29/11/14)
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade
Segundo
os periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, no dia 26/11/14, o
ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso prestou depoimento à
Comissão Nacional da Verdade (CNV), quando relatou sua experiência de quatro
anos no exílio, passando por Argentina, Chile e França, na época do regime
militar brasileiro (1964-1985). Cardoso chegou a ser levado ao Destacamento de
Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi)
para prestar esclarecimentos, sendo encapuzado. O ex-presidente relembrou que
ouviu pelo rádio que havia sido cassado e compulsoriamente aposentado,
juntamente com outro professores da Universidade de São Paulo (USP), em
decorrência do Ato Institucional no. 5 (AI-5), no contexto do acirramento da
repressão do regime militar. Ademais, Cardoso afirmou ter denunciado a Golbery
do Couto e Silva, ministro do presidente militar Ernesto Geisel (1974-1979),
que intelectuais estavam sendo torturados na prisão: "Eu não fui
torturado, mas vi gente torturada, disse para ele", afirmou. Quando
questionou o comandante do II Exército a respeito dos relatos de tortura,
Cardoso teve como resposta que as vítimas eram "maus brasileiros". O
ex-presidente finalizou seu depoimento afirmando que, na época do regime, ser
democrata era um “ato de coragem”. (Correio Braziliense – Política – 28/11/14;
Folha de S. Paulo – Poder – 28/11/14)
Ministério Público Federal encontrou documentos que comprovam a operação Condor
Segundo
os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o Ministério Público
Federal recuperou documentos que comprovam a ocorrência da operação Condor, na
qual criou-se um canal de cooperação entre os regimes militares de países da
América do Sul na década de 1970. Os documentos foram encontrados na casa do
coronel reformado do Exército Paulo Malhães, falecido em abril, e foram
produzidos, de acordo com a Folha, entre 1978 e 1979, pelo Centro de
Informações do Exército (CIE). De acordo com os jornais, dentre os documentos
encontrados havia relatórios sobre a Operação Gringo, que tinha como objetivo
acompanhar os movimentos de esquerdistas argentinos no Brasil, descritos como
integrantes de "organização subversiva e terrorista". (Folha de S. Paulo – Poder – 25/11/14; O
Estado de S. Paulo – Política – 25/11/14)
Advogada pediu reabertura da investigação sobre a morte de José Jobim
De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, a advogada Lygia Maria Jobim,
conjuntamente com o Instituto João Goulart, entregou no dia 24/11/14 à
Procuradoria da República um pedido de abertura de inquérito civil, com o
objetivo de averiguar as circunstâncias da morte do ex-embaixador José Jobim,
seu pai, no período do regime militar (1964-1985). José Jobim foi encontrado
morto, preso a uma corda, na cidade do Rio de Janeiro, em 1979. O inquérito
policial divulgado na época afirmou que houve suicídio. Em revisão, em 1983, a
promotora Telma Musse manteve o veredicto, que foi alterado para homicídio por
autor desconhecido em 1985, levando ao arquivamento do processo. Lygia Jobim
afirmou que o ex-embaixador havia anunciado que denunciaria casos de corrupção
na construção da usina de Itaipu, no Paraná, uma semana antes de sua morte, e
que Jobim estava envolvido na compra das turbinas de Itaipu durante o mandato
do presidente João Goulart (1961-1964). Segundo a Folha de S. Paulo, durante a
posse do ex-presidente João Figueiredo, Jobim comentara que escreveria um livro
a partir de documentos que ele reuniu sobre a corrupção na construção da usina.
Ainda de acordo com Folha, com o início do regime militar, em 1964, o projeto
de Itaipu foi alterado, e as turbinas que nos planos de Goulart viriam da União
Soviética, foram compradas de uma empresa da Alemanha, o que fez com que os
custos da obra se multiplicassem. A advogada afirmou que não deseja ser indenizada
pela morte de seu pai, mas busca “reconhecimento de responsabilidade”. (O
Estado de S. Paulo – Política – 25/11/14; Folha de S. Paulo – Política –
26/11/14)
Comissão Nacional da Verdade apontou que Brasil desrespeita tratados internacionais de direitos humanos
De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, um levantamento realizado pela
Comissão Nacional de Verdade (CNV) apontou que o Brasil nem sempre respeita os
tratados internacionais relacionados aos direitos humanos dos quais é
signatário. O Estado afirmou que o relatório final da CNV sugerirá que o
governo se alinhe com as convenções internacionais das quais faz parte e
apontou três exemplos citados pelo coordenador da CNV, o advogado Pedro
Dallari, que exemplificam casos em que o país tem atuado de tal forma. O
primeiro trata-se do desrespeito perante a Convenção Interamericana de Direitos
Humanos no que se refere à apresentação de presos ao poder judiciário. Segundo
a Convenção, o preso deve ser levado o mais brevemente possível até a
autoridade judiciária, evitando assim casos de desaparecimentos, como os que
ocorreram durante o regime militar (1964-1985). Segundo Dallari, a comissão irá
propor que o “assunto seja objeto de atenção do Legislativo”. O segundo exemplo
é a ausência da tipificação do crime de desaparecimento forçado na legislação
penal brasileira, embora esse conceito esteja presente em três convenções
internacionais das quais o país é signatário. O terceiro refere-se à Lei da
Anistia (1979), que garantiu que agentes da repressão do regime militar que
praticaram assassinatos e torturas fossem anistiados, apesar de o país ser
membro de tratados internacionais que afirmam que esses crimes não são
passíveis de anistia e são imprescritíveis. (O Estado de S. Paulo – Política –
22/11/14)
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Almirante Mario Cesar Flores discorreu sobre a ausência dos temas política externa e defesa nacional nos programas eleitorais de 2014
Em
coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, Mario Cesar Flores,
almirante-de-esquadra do Brasil e ex-ministro da Marinha no governo do
presidente Fernando Collor de Mello, discorreu sobre a ausência nos programas
eleitorais de todos os candidatos à presidência da República de temas que
“frequentam o cotidiano da mídia mundial”: as relações internacionais e a
defesa nacional. Flores relatou que nas campanhas dos então candidatos Dilma Rousseff, Aécio
Neves e Marina Silva, o Brasil era apresentado como um país que não afetava ou
era afetado pela conjuntura do mundo na economia, na “(des)ordem política e
social e no meio ambiente”, mostrando ser um país seguro, imune a ameaças e sem
motivos para uma preocupação com a defesa nacional. O almirante relatou que o
Brasil, sendo a 7ª economia global, não poderia ser indiferente aos
“destemperos desumanos”, como os massacres africanos, a atuação do Estado
Islâmico e o sofrimento dos povos “pela desordem político-social” e catástrofes
naturais. Para o almirante, “a pretensão à cadeira permanente no Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pressupõe a aceitação da
responsabilidade correlata”. Flores também descreveu que atualmente não existem
de fato ameaças clássicas ao Brasil, mas que a dinâmica da História não sugere
a “continuidade indefinida” da atual situação e, portanto, Forças Armadas
modernas não podem ser improvisadas quando uma ameaça surgir repentinamente.
Neste sentido, o almirante afirmou que não se deve cultivar perspectivas
radicais para a defesa nacional, mas que isto não significa ignorar sua
responsabilidade do “alto nível político”. Em conclusão, Flores argumentou que
a propaganda eleitoral de 2014 praticamente ignorou a política externa e a
defesa nacional, pois esses temas “não rendem votos, por ignorância,
indiferença mental e porque se trata de temas que – tanto quanto a grande massa
pode entender – não afetam seu cotidiano comumente sofrido”. (O Estado de S.
Paulo – Espaço Aberto – 19/11/14)
Militares aguardam uma mudança nos comandos das Forças Armadas
De
acordo com o periódico Correio Braziliense, há uma grande expectativa entre os
militares sobre a escolha dos comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica para o segundo mandato da presidenta da República, Dilma Rousseff.
Segundo o Correio, a expectativa se deve ao fato de que a manutenção dos atuais
comandantes, no poder desde 2007, estaciona “a fila de promoções nos escalões
subsequentes”. Apesar de não haver algum impedimento explícito sobre o limite
de tempo para permanência de um comandante no cargo, o general Castelo Branco
instituiu, em 1960, um princípio que estabelece o rodízio de militares nos cargos
superiores para evitar o acúmulo de poder e promover a entrada de novas ideias
nos comandos. Sem a rotação dos militares no poder, aqueles que poderiam ocupar
um cargo de comando não conseguem tal posição antes de entrarem na reserva.
Rousseff poderia escolher um militar da reserva, mas essa decisão prolongaria a
estagnação das promoções, uma vez que os militares da reserva não fazem mais
parte do quadro. De acordo com o Correio, Rousseff ainda não se manifestou em
relação à possibilidade de mudanças no Ministério da Defesa e nos comandos das
Forças Armadas. (Correio Braziliense – Política – 17/11/14)
Comissão Nacional da Verdade aponta responsabilidade institucional dos cinco ex-presidentes militares
De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, o relatório final da Comissão
Nacional da Verdade (CNV) apresentará os cinco militares que ocuparam a
Presidência da República durante o regime militar (1964-1985) como responsáveis
institucionais pelas violações de direitos humanos ocorridas no período. Além
dos presidentes, os três comandantes das Forças Armadas integrantes da junta
que governou o país entre agosto e outubro de 1969 também serão
responsabilizados por estas violações, que consistiam em prisões ilegais, torturas, execuções sumárias
e desaparecimentos forçados de opositores políticos. Segundo os advogados José
Carlos Dias e Rosa Maria Cardoso, integrantes da CNV e responsáveis pela
redação do capítulo do relatório final que tratará das responsabilizações, “os
presidentes militares desenvolveram em seus governos políticas baseadas na
Doutrina da Segurança Nacional, que viabilizavam e davam aval às ações
violentas dos órgãos de repressão política”. De acordo com Cardoso, a cúpula
militar, até a Presidência da República, sabia das violações aos direitos
humanos. Em relação ao papel da CNV, a advogada afirmou que “uma das obrigações
da comissão, de acordo com a lei a que a criou, é apontar essas
responsabilidades. O que nós vamos fazer é uma declaração pública de
responsabilidade institucional das pessoas que governaram o país”. No entanto,
o relatório final não possui valor jurídico, uma vez que não significa a
punição aos ex-presidentes do ponto de vista criminal ou cível. Das
recomendações acerca das mudanças políticas, administrativas e institucionais
presentes no relatório final, José Carlos Dias considerou como primordial o
tratamento da anistia aos agentes de Estado acusados de violações dos direitos
humanos: “no nosso entendimento, crimes contra a humanidade, como a tortura,
não são suscetíveis de anistia e não têm prazo para prescrever”. Segundo O
Estado, o relatório final será entregue à presidente da República, Dilma
Rousseff, no dia 10 de dezembro de 2014, data comemorativa do Dia Internacional
dos Direitos Humanos. (O Estado de S. Paulo – Política – 16/11/14)
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Ministro da Defesa deve prestar esclarecimentos sobre a compra dos caças do programa FX-2 na Câmara dos Deputados
Evaristo Sá - AFP. 11/03/2014. Compra negociada por Amorim foi fechada dois dias antes das eleições. Correio Braziliense, Brasília. 13 nov 2014.
Ex-militar que atuou na Casa da Morte de Petrópolis foi detido e interrogado pela Polícia Federal
Segundo
o jornal O Estado de S. Paulo, o ex-agente militar Antonio Wainer Pinheiro Lima
foi identificado por procuradores federais como o homem que atuava como
carcereiro no Centro de Informações do Exército, órgão que centralizava o
combate às guerrilhas urbanas e rurais, localizado na cidade de Petrópolis, no
estado do Rio de Janeiro, conhecido como a Casa da Morte de Petrópolis. Sua
localidade foi revelada pela ativista de direitos humanos e ex-militante da
Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) Inês Etienne Romeu, em depoimento à
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em 1979, no qual relatou que ficou em
cárcere privado e passou por sessões de tortura na residência, em 1971. A
ativista apresentou uma lista de 19 militares que torturaram prisioneiros no
local, sendo um deles, que a estuprou duas vezes, o carcereiro da casa que
atendia pelo codinome “Camarão”. De acordo com o jornal, Pinheiro Lima, o
“Camarão”, foi localizado no interior do estado do Ceará, sendo detido e
interrogado pela Polícia Federal. No interrogatório, Lima admitiu que atuou
como “vigia” da casa de Petrópolis, mas não respondeu sobre o que se passava no
interior da residência. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão
Estadual da Verdade do Rio de Janeiro decidiram fazer uma convocação conjunta
do ex-agente militar, que será ouvido até o final de novembro de 2014. A CNV
não aprofundou as investigações sobre os casos da Casa de Petrópolis, e
entidades de direitos humanos dizem não ter perspectivas em relação ao
relatório final que será apresentado no dia 10/12/14. A CNV ouviu o ex-agente
Marival Dias Chaves do Canto em maio de 2013, e o coronel da reserva Paulo
Malhães em março de 2014. Segundo o periódico, em 1992, Chaves do Canto relatou
à revista “Veja” que presos políticos, como David Capistrano, José Roman, Rosa
Kucinski e Wilson Silva, teriam sido mortos e esquartejados na Casa da Morte de
Petrópolis. Na ocasião, divulgou os nomes dos oficiais Paulo Malhães e Fred
Perdigão que atuaram na residência. (O Estado de S. Paulo – Política –
12/11/14)
Presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos defendeu a criação de uma secretaria nacional para a continuação dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade
Segundo
o jornal O Estado de S. Paulo, um relatório encaminhado à Comissão Nacional da
Verdade (CNV) pela procuradora regional da República e presidente da Comissão
Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugenia Gonzaga, descreveu que a
CNV pode ser apenas o primeiro passo na direção da responsabilidade criminal e
cível dos agentes de Estado indicados como autores de violações dos direitos
humanos. Para Gonzaga, a comissão deve também representar uma primeira parte no
esforço de localização dos corpos de prisioneiros políticos desaparecidos
durante o regime militar (1964-1985). A Comissão Especial de Mortos e
Desaparecidos é vinculada à Secretaria Especial de Direitos Humanos, sendo uma
de suas atividades a coordenação da busca dos restos mortais dos desaparecidos
na Guerrilha do Araguaia (1972-1974). De acordo com o jornal, o relatório final
da CNV, que será entregue à Presidência da República no dia 10/12/14, “dá
início a uma nova fase de trabalho, visando a implementação da justiça de
transição do País.” Gonzaga defendeu a criação de uma secretária nacional
vinculada diretamente à Presidência da República, cujas atribuições seriam o
encaminhamento da fase de transição, discutindo a questão da anistia;
encaminhamento das buscas dos mortos e desaparecidos; a análise do caso do
ex-presidente da República João Goulart, entre outros assuntos. (O Estado de S.
Paulo – Política – 12/11/14)
Comissões estaduais se manifestaram sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade
MARCOS DE PAULA/ESTADÃO. 22/7/2014. Pela revisão. Wadih
Damous, presidente da comissão do Rio. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 12 de novembro 2014, P.9.
Segundo
o jornal O Estado de S. Paulo, as comissões estaduais da verdade, mesmo
apoiando a responsabilização legal dos agentes do Estado que cometeram crimes
durante o regime militar (1964-1985), como indicado pela Comissão Nacional da
Verdade (CNV), defendem que seja mencionada no texto do relatório final a
necessidade de revisão ou a reinterpretação da Lei da Anistia (1979). A
recomendação acerca da revisão da norma está citada de maneira explícita nos
relatórios das comissões estaduais do Rio de Janeiro e de São Paulo. A Comissão Estadual da Verdade do Rio Grande
do Sul, que está em fase de conclusão de seu relatório, também deve propor o
debate da lei. De acordo com o jornal, o coordenador da Comissão Estadual da
Verdade de São Paulo, o deputado estadual Adriano Diogo, considera equivocada a
decisão interna da CNV de não fazer referência direta à Lei da Anistia. (O
Estado de S. Paulo – Política – 12/11/14)
Relatório que investigou violência cometida contra 50 jornalistas no período militar é finalizado
De
acordo com o periódico Folha de S. Paulo, a Comissão de Anistia do Ministério
da Justiça finalizou e entregou à Comissão da Verdade dos Jornalistas
Brasileiros um relatório contendo as investigações a respeito de 50 jornalistas
que sofreram violência e perseguição durante o regime militar (1964-1985). Os
casos analisados indicam a prática de tortura, prisões, cassação de direitos
políticos e monitoramento por parte dos órgãos do Estado na época. (Folha de S.
Paulo – Poder – 10/11/14)
Relatório final da Comissão Nacional da Verdade recomendará responsabilização de agentes do regime militar
Segundo os periódicos
Folha de S. Paulo e Correio Braziliense, o relatório final da Comissão Nacional
da Verdade (CNV), que está em fase de revisão, recomendará a responsabilização
dos agentes públicos que cometeram crimes durante o regime militar (1964-1985).
Entretanto, segundo a Folha, a comissão ainda não decidiu se apresentará uma
recomendação expressa sobre a revisão da Lei da Anistia (1979). Entre os
membros que assinarão o documento, José Paulo Cavalcanti é o único contra a
proposta de revisão da lei, pois afirma que a questão já foi decidida pelo
Supremo Tribunal Federal e que “a pauta do país é outra, não tem mais a ver com
a ditadura”. De acordo com uma das principais defensoras da revisão, Rosa
Cardoso, é preciso que o grupo se posicione sobre o assunto. Segundo o Correio,
o coordenador da CNV, Pedro Dallari, afirmou que a CNV não possui poderes
persecutório e jurisdicional e que “tem que fazer uma apuração muito criteriosa
dos fatos, das circunstâncias, dos locais onde houve tortura, execução e graves
violações dos direitos humanos”. A Folha lembrou que o posicionamento da CNV
acerca do tema não irá apresentar efeito prático imediato na legislação
brasileira, mas que a pressão política da ação pode colaborar para o reexame do
assunto e até abrir espaço para que sejam realizadas punições sem a necessidade
de anulação da Lei da Anistia. Segundo o jornal, outro ponto do relatório final
que pode suscitar polêmicas refere-se ao aumento do número de mortos e
desaparecidos durante o regime militar. O Estado reconheceu 356 casos de mortos
ou desaparecidos, mas a comissão irá apontar 420 casos. Os assessores da CNV
afirmaram que a divergência é resultado de diferentes metodologias de pesquisas
e novas fontes descobertas. O periódico afirmou que as mortes de agricultores e
indígenas não serão contabilizadas, mas que alguns desses casos foram
investigados pela comissão e serão apresentados pelo grupo no segundo volume do
relatório. Segundo a Pastoral da Terra, durante regime militar houve mais de
1100 mortes no campo relacionadas ao governo. De acordo com o Correio e O
Estado de S. Paulo, um dos nomes incluídos pela CNV na lista de desaparecidos
políticos é o do despachante Odair José Brunocilla, que embora não fosse
vinculado a grupo político, ajudava “com a documentação de militantes
contrários ao regime, que desejavam fugir para o Chile e Argentina”. De acordo
com a comissão, Brunocilla foi preso e torturado em 1978. A Folha lembrou que a
maior parte do material de análise da CNV não constará no documento final, mas
que a previsão é de que sejam disponibilizados ao público posteriormente. De
acordo com o periódico, o relatório será dividido em três volumes. O primeiro
detalhará violências praticadas pelo regime militar, locais onde foram presos
opositores e depoimento das vítimas, além de recomendar a responsabilização dos
perpetradores de crimes no período e outras 30 recomendações. No segundo, serão
apresentados textos e investigações dos 14 grupos temáticos da CNV nos últimos
dois anos, além de literatura historiográfica sobre o período. O terceiro irá
apresentar o perfil dos mortos e desaparecidos. De acordo com o Correio, o
relatório final da CNV apresentará os resultados dos grupos de trabalho da
comissão, entre eles a Guerrilha do Araguaia; a Operação Condor; o
funcionamento da estrutura da repressão; o papel da Igreja; as violações contra
camponeses e indígenas e mortos e desaparecidos políticos. (Correio Braziliense
– Política – 09/11/14; Correio
Braziliense – Política – 14/11/14; Folha de S. Paulo – Poder – 08/11/14; O
Estado de S. Paulo – Política – 14/11/14)
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Relatório da Comissão Nacional da Verdade dos jornalistas
Segundo
o periódico O Estado de S. Paulo, a Comissão Nacional da Verdade dos
Jornalistas, criada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), declarou
que apresentará em dezembro de 2014 um relatório contendo o nome de 22
profissionais de comunicação assassinados durante o regime militar (1964-1985),
além de jornalistas que sobreviveram à tortura e meios de comunicação que foram
censurados no período. De acordo com o jornal, dois nomes que estarão presentes
no documento são os de Luiz Eduardo da Rocha Merlino e Jayme Amorim de Miranda.
Segundo a versão oficial divulgada, Merlino, morto aos 22 anos, teria cometido
suicídio, mas o relatório, por outro lado, apontou que o jornalista foi levado
à sede do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de
Defesa Interna (DOI-Codi), na cidade de São Paulo, onde passou por sessões de
tortura com choques elétricos e afogamento. Miranda, preso na cidade do Rio de
Janeiro em 1975, foi assassinado aos 49 anos. O jornalista Elio Gaspari afirmou
em seu livro “A Ditadura Encurralada” que o militante foi visto nas
dependências do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na cidade de
São Paulo. Ademais, o presidente da Comissão, Audálio Dantas, e o secretário
geral, Sérgio Murillo de Andrade,
afirmaram que as informações contidas nos documentos foram obtidas através de
18 sindicatos ligados à Fenaj. Segundo Andrade, a ideia é sistematizar as
informações e disponibilizá-las na internet em forma de livro. Para Dantas a
divulgação do relatório contribuirá para se debater sobre a liberdade de
expressão, principalmente num momento em que pequenos grupos estão indo as ruas
pedindo o retorno dos militares ao poder no Brasil. (O Estado de S. Paulo –
Política – 07/11/14)
Relatório final da Comissão Nacional da Verdade
De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, Pedro Dallari, coordenador da
Comissão Nacional da Verdade (CNV), declarou que o relatório final da CNV, que
será entregue à presidenta da República, Dilma Rousseff, no dia 10/12/14, contará
com uma lista de nomes dos agentes de Estado que violaram os direitos humanos
durante o regime militar brasileiro (1964-1985), e uma recomendação explícita
de que haja a responsabilização penal dos mesmos. Em relação à lista, Dallari
afirmou que consiste no cumprimento da lei que deu origem à Comissão, segundo a
qual além da apuração da verdade sobre os crimes cometidos, deve-se apontar os
responsáveis. A recomendação de responsabilização penal daqueles que
perpetraram violações aos direitos humanos foi votada pelos membros da
Comissão, tendo apenas um voto contrário, o do advogado Paulo Cavalcanti.
Segundo o jornal, a discussão acerca da revisão da Lei da Anistia (1979) não
estará contida no documento. Dallari afirmou que a questão central apresentada pela
Comissão é a necessidade de responsabilização dos agentes que violaram os
direitos humanos, e “se isso envolve mudar ou reinterpretar a Lei da Anistia
trata-se de um debate jurídico que não nos compete”. O coordenador da CNV
afirmou que existem interpretações divergentes em relação às implicações da Lei
de Anistia, como a do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson
Dipp, segundo a qual é possível haver a responsabilização dos violadores dos
direitos humanos sem a revisão da norma. (O Estado de S. Paulo – Política –
07/11/14)
Adolescente morreu em tiroteio contra militares no Complexo de Favelas da Maré
De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, um confronto entre meliantes e
soldados do Exército que atuam na Força de Pacificação do Complexo de Favelas
da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, resultou na morte de um adolescente de 17
anos. Segundo a Força , dois homens dispararam contra os militares que acabaram
por atingir um dos suspeitos na troca de tiros. Segundo o periódico nenhum
soldado foi ferido. (O Estado de S. Paulo – Metrópole – 04/11/14)
Colunista criticou papel das comissões da verdade brasileiras
Em coluna opinativa
para jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Demétrio Magnoli afirmou que a
lista de perseguidos pelo regime militar (1964-1985), realizada pela Comissão
da Verdade da Universidade de São Paulo (USP), revelou os equívocos das
comissões da verdade brasileiras que buscam fabricar “uma verdade estatal sobre
nosso passado recente”. O jornalista relatou que sua foto aparece na lista dos
perseguidos e, portanto, teria recebido o “selo oficial de herói da
resistência”, mas que não foi um desaparecido, preso, torturado ou exilado.
Magnoli questionou qual seria o sentido histórico de uma lista que apresenta de
maneira indiferenciada 664 membros da USP com o mesmo rótulo de “perseguidos”.
Entre as fotos selecionadas pela Folha estão a de Magnoli e do também colunista
Eduardo Giannetti, o que, segundo Magnoli, revela “as armadilhas da recepção
midiática de uma ‘verdade’ não filtrada pelas técnicas historiográficas”. O
jornalista defendeu que as comissões da verdade brasileiras exercem a função
política de emitir a falsa percepção de que o Estado democrático atual estaria
ajustando as contas com o regime militar. Magnoli afirmou que tal atitude
oculta a verdade de que o país desistiu de punir os crimes cometidos no período
contra os direitos humanos e que, ao contrário do que ocorreu em outros países
da América Latina, a Lei da Anistia (1979) foi sedimentada “na forma de um
pacto político sagrado”, que protege as autoridades militares que comandaram a
repressão, assim como seus aliados e financiadores civis. (Folha de S. Paulo – Poder – 01/11/14)
Jornalista publicou livro sobre o regime militar
Segundo
o periódico Folha de S. Paulo, o jornalista Paulo Markun publicou o livro
“Brado Retumbante”, resultado de um projeto lançado há três anos que reuniu
memórias de personagens que viveram durante o regime militar (1964-1985) em um
site homônimo ao livro. De acordo com a Folha, apesar de não contribuírem com
uma nova perspectiva sobre o período, os depoimentos “emprestam frescor à
narrativa”. O periódico afirmou que a maior qualidade da obra foi uma “reunião
criteriosa da melhor produção” sobre o regime militar até o momento, com
diversas reportagens, teses acadêmicas e biografias. Entretanto, o jornal
criticou certos pontos do livro pelo excesso de detalhes com que apresenta
determinados fatos: temas como a luta armada e a campanha pelas eleições
diretas são apresentados em suas minúcias, o que parece excedente “num livro que
pretende captar o todo”. Outro ponto negativo apresentado pelo periódico foi o
fato de o livro ter privilegiado a apresentação factual dos dados em detrimento
da análise, pois apesar da justaposição de fatos indicar uma visão dos
acontecimentos, “ela não chega a substituir a interpretação”. Entretanto, a
Folha afirmou que tais questões não diminuem a importância da obra. Segundo o
jornal, em um dos depoimentos mais reveladores referentes à campanha pelas
eleições diretas, o então deputado federal e militante do Partido Comunista
Brasileiro (PCB), Alberto Goldman, negou a importância do movimento ao afirmar
que as eleições diretas seriam realizadas de qualquer forma. A Folha relatou
que Markun, preso em 1975 junto com Vladmir Herzog – que é tema do capítulo “Meu
Querido Vlado” – apresentou de maneira discreta sua própria participação na
oposição ao regime militar. Segundo o jornal, o fato de o jornalista conhecer
internamente o PCB garante boas páginas sobre o assunto. De acordo com autor, o
partido perdeu influência sobre a juventude de esquerda da época na medida em
que essa passou a preferir a luta armada, ao mesmo tempo em que assumiu uma
atitude conciliadora, acreditando numa solução negociada para por fim ao regime
militar, o que afastou o partido das campanhas pelas eleições diretas. (Folha
de S. Paulo – Ilustrada – 01/11/14)
Força Aérea Brasileira resgatou sobreviventes de acidente aéreo em Roraima
De
acordo com o jornal Folha de S. Paulo, um helicóptero da Força Aérea Brasileira
(FAB) resgatou, no dia 31/10/14, cinco pessoas que estavam desaparecidas depois
da queda da aeronave Cessna PP-FFR no dia 26/10/14. A FAB afirmou que a
aeronave foi encontrada no dia 30/10/14 no estado de Roraima, acerca de 200 km
da capital, Boa Vista. Segundo a FAB, os sobreviventes do acidente foram
encontrados aproximadamente a 3,5 quilômetros da aeronave. O grupo foi
encaminhado para o hospital de Boa Vista e não apresentava ferimentos graves.
Segundo o periódico, as causas do acidente serão investigadas. (Folha de S.
Paulo – Poder – 01/11/14)
domingo, 9 de novembro de 2014
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas: a abordagem da imprensa brasileira sobre o Programa FX-2 (IV Congreso Internacional – XI Simposio – De América Latina Y El Caribe - 24/10/2014)
Bruce
Scheidl Campos
Cristal
de Moraes Siqueira
Giulia
Botossi Gomes
Resumo:
Este
trabalho sintetiza as principais informações publicadas por periódicos
brasileiros a respeito do Programa FX-2, durante o governo da presidente Dilma
Rousseff. Tomando como base o Informe Brasil, produzido pelo Observatório
Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas, foram destacadas as propostas para o
reaparelhamento da Força Aérea Brasileira. O objetivo deste trabalho é expor a
forma como as negociações foram abordadas pela imprensa brasileira.
Palavras-chave:
Defesa, Programa FX-2, Brasil.
Resumen:
Este
artículo resume las principales informaciones publicadas por los diarios brasileños de gran circulación sobre el
programa FX-2, durante el gobierno de la presidenta Dilma Rousseff. Con base en
el Informe Brasil, producido por el Observatorio Sudamericano de Defensa y Fuerzas Armadas, se señalaron las propuestas
para la modernización de la Fuerza Aérea Brasileña. El objetivo es exponer cómo
las negociaciones fueron planteadas por la prensa brasileña
Palabras
clave: Defensa, Programa FX-2, Brasil.
Introdução
O
presente trabalho tem por objetivo expor as principais informações veiculadas
em jornais brasileiros acerca do Programa FX-2 durante o governo da presidente
da República, Dilma Rousseff, utilizando como base o Informe Brasil produzido
pelo Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas .
Primeiramente,
introduziremos o Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas e a
metodologia utilizada na produção do Informe Brasil, a fim de esclarecer a
principal fonte de pesquisa consultada para este trabalho. A seguir
apresentaremos o Programa FX-2, o contexto em que foi estabelecido, os
principais pontos das negociações e as opiniões divulgadas nos periódicos a
respeito do cunho político e técnico da decisão. Por fim, destacaremos a trajetória
das negociações dos modelos concorrentes.
O
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas
O
Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas é um projeto conjunto de
grupos acadêmicos do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai
e Venezuela que se dedicam ao estudo da temática de Defesa e Forças Armadas.
Informes semanais são produzidos a partir da seleção e resumo de notícias
acerca dos temas de interesse em jornais de ampla circulação em cada um dos
países. Estes informes são distribuídos eletronicamente para mais de 3000
assinantes – dentre eles faculdades, professores, pesquisadores, estudantes,
instituições governamentais e políticos – e constituem uma rica fonte de
pesquisa para trabalhos acadêmicos ao redor do mundo.
No
Brasil, o Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças Armadas, desenvolvido
pelo Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (GEDES), iniciou suas
atividades em 2001 e desde então é responsável pela distribuição eletrônica de
todos os informes e pela produção do Informe Brasil. A metodologia utilizada
consiste na formação de uma escala semanal, na qual um membro é responsável
pela coleta e resumo de notícias pertinentes ao tema a cada dia semana. A
coleta de notícias é feita utilizando como fonte os periódicos Correio
Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. As notícias,
posteriormente, são agrupadas em resumos divididos por temas, uma vez que
certos assuntos são recorrentes ao longo da semana. É importante ressaltar que,
em cada resumo, preza-se pela imparcialidade na transmissão dos fatos e das
colunas de opinião, o que garante a linguagem acadêmica, livre de preferências
políticas. Ao final de sete dias, é realizada uma reunião entre os membros para
a discussão das notícias e correção parcial do informe, que passa ainda por
correção final realizada por supervisoras – mestrandas e doutorandas – com
experiência no tema.
O
Programa FX-2
O
programa FX, projeto de reaparelhamento e modernização da Força Aérea
Brasileira (FAB), foi criado pelo governo brasileiro com o objetivo de
encontrar um substituto para os aviões de caça obsoletos Mirage 2000. O projeto
teve início em 1998, no governo de Fernando Henrique Cardoso, quando se
iniciaram as negociações para a compra de novos caças, e foi retomado no
governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com a denominação FX-2 . No âmbito do
projeto, a concorrência deu-se entre a empresa estudunidense Boeing, que
oferecia o caça F/A18 E/F “Super Hornet” (doravante F-18); a sueca SAAB, com o
modelo Gripen NG; e a francesa Dassault, com o Rafale. Em dezembro de 2013, foi
decidido pela aquisição do caça Gripen NG, firmando um contrato de US$ 4,5
bilhões. Teriam sido considerados no processo de tomada da decisão final os
custos de aquisição e manutenção e as condições de transferência de tecnologia
como os requisitos fundamentais. Porém, conforme representantes governamentais
e analistas, a decisão pelas aeronaves suecas teve cunho político relevante.
1.
Antecedentes
Após
o resultado das eleições presidenciais de 2010, no qual vencia a candidata
Dilma Rousseff, o periódico Folha de S. Paulo noticiou a permanência de Nelson
Jobim à frente do Ministério da Defesa, após convite feito no dia 26/11/10, com
apoio do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que considerava
satisfatória a reforma da política de defesa levada a cabo por Jobim enquanto
ministro da Defesa em seu governo. Segundo os jornais Folha e O Estado de S.
Paulo, além da indicação de Lula da Silva, o programa FX-2 foi considerado um
fator determinante para a permanência de Jobim na pasta .
A
jornalista Eliane Cantanhêde declarou, em coluna opinativa à Folha em novembro
de 2010, que um dos motivos de o novo governo manter Jobim como ministro seria
a capacidade de justificar a possível compra do caça Rafale, da empresa
francesa Dassault Aviation, uma vez que o modelo era considerado o último na
preferência da Aeronáutica, devido ao seu custo de manutenção ser o mais alto .
Na primeira semana de dezembro de 2010 os periódicos Folha e O Estado
noticiaram que Lula da Silva não decidiria sobre a compra dos caças, alegando
não poder assumir, no final de seu mandato, uma dívida de mais de US$ 6
bilhões. Com essa declaração, a decisão ficou para Rousseff .
2.
Decisão política versus decisão técnica
Durante
o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, as questões políticas e técnicas no
âmbito do programa FX-2 já estavam em pauta, apesar de prevalecer, à época, o
aspecto político da decisão de compra das aeronaves. Conforme noticiaram os
jornais Folha e O Estado, no dia 09/11/09, o ministro da Defesa, Nelson Jobim,
destacou que o desenvolvimento da tecnologia deveria ser priorizado na decisão
final, acima da questão do preço. Jobim afirmou, naquele momento, que não havia
recebido as avaliações técnicas dos três modelos de caça que disputavam a
licitação, mas ressaltou que, caso não houvesse restrições técnicas, a decisão
seria política .
Conforme
publicado na Folha, a oferta sueca era considerada a melhor por grupos militares
e pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). Contudo, havia o fato da
aeronave ser ainda um projeto e possuir peças advindas dos EUA. De acordo com o
periódico do dia 27/11/09, Jobim pediu à FAB que não indicasse um vencedor ao
final de sua avaliação técnica, afirmando que "o que vale é a avaliação
final feita pelo presidente da República" e por isso o relatório só
deveria constar os prós e contras de cada aeronave, avaliando itens como preço
e transferência tecnológica, o que gerou desconforto junto a alguns militares.
A FAB elaborou relatórios minuciosos de cada aeronave e suas respectivas
propostas, totalizando mais de 25 mil páginas . Porém, a posição adotada pela
Aeronáutica em seu relatório foi a recomendação de que o governo adquirisse o modelo
Gripen NG, da empresa sueca Saab, enquanto o governo havia demonstrado
publicamente preferência pelo modelo francês Rafale .
Em
seguida, já no âmbito da sucessão presidencial no final de 2010, após a
confirmação de Jobim como ministro da Defesa no governo de Rousseff, a Folha e
O Estado noticiaram a preferência de Jobim pelos caças Rafale F3 e afirmaram
que esta decisão era vista mais como uma estratégia política do que técnica,
tendo em vista a intenção de estabelecer uma parceria estratégica, política e
militar com a França. Jobim havia sido até então, o condutor do processo de
licitação do programa FX-2. No entanto, considerando o relatório técnico da
Aeronáutica em que o modelo da fabricante Dassault ficou em último lugar,
Rousseff afirmou que exigiria novas informações técnicas sobre o processo de
escolha e analisaria o parecer de Jobim e, talvez, o da FAB .
Logo
no início de seu governo, no entanto, Rousseff anunciou um corte de R$ 4,38
bilhões no orçamento do Ministério da Defesa para despesas com investimentos e
custeio no ano de 2011 . De acordo com Catanhêde, em coluna opinativa para a
Folha, a situação orçamentária, aliada à instauração da Comissão Nacional da
Verdade, gerou conflitos entre Jobim e Rousseff , levado a seu pedido de
demissão do cargo de ministro. Após acatar o pedido de Jobim, Rousseff nomeou o
embaixador Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula da
Silva, para o cargo de ministro da Defesa .
Segundo
o jornal Correio Braziliense, no processo de licitação do programa FX-2, a
empresa mais incisiva era a Saab, da Suécia, que oferecia transferência
irrestrita de tecnologia ao Brasil, questão primordial para a escolha da
empresa fornecedora dos caças. A proposta da concorrente Dassault era
semelhante, pois pretendia vender os caças Rafale ao Brasil com a transferência
tecnológica integral. Já a Boeing, com o F-18, ressaltou que a parceria
EUA-Brasil, na esfera militar, resultaria em benefícios nas áreas de energias
alternativas e biocombustíveis .
De
acordo com a Folha, no entanto, o governo federal, representado pela
Aeronáutica, enviou uma carta aos EUA, à França e à Suécia, pedindo a extensão
das propostas da venda dos caças ao programa FX-2 até o dia 31/12/12. Conforme
opinião da Folha, a postergação “ocorre por ser inoportuno anunciar um gasto
que pode chegar a ficar entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões em um cenário de
crise internacional e baixo crescimento econômico” .
No dia 12/07/12, o historiador
britânico Kenneth Maxwell evidenciou, em coluna opinativa para a Folha, o
caráter político de decisão, comentando sobre o adiamento da compra das
aeronaves. Maxwell apontou para um favoritismo francês, por conta da eleição do
presidente socialista, François Hollande, uma vez que o assessor de relações
internacionais do governo de Rousseff, Marco Aurélio Garcia, vinha expandindo
suas conexões com os socialistas da França e, ainda, porque Amorim teria
apresentado desconfiança para com os estadunidenses. O historiador previa que o
adiamento da compra dos caças podia ter relação com a espera para saber quem
seria o próximo presidente da República dos EUA .
Por outro lado, em coluna opinativa
para a Folha, no dia 06/06/13, Catanhêde apontou para a predominância técnica
da decisão. O fato da saída definitiva de operação dos antigos caças Mirage
2000, somado ao fato de que o novo prazo que o governo pediu às empresas
expirava no dia 30/09/13, eram fatores que pressionavam para maior rapidez no
anúncio da compra das aeronaves. A jornalista declarou, no entanto, que o
ambiente político naquele momento era diferente em relação ao governo Lula da
Silva, no qual o peso político, que tendia para a escolha dos caças Rafale
franceses, superava a análise do relatório técnico da FAB. Rousseff, segundo
Cantanhêde, tinha preferência para a opção mais técnica e menos política e
estaria inclinada a optar pela aeronave F-18 estadunidense. A jornalista
evidenciou que Rousseff iria realizar uma visita oficial aos EUA no dia
23/10/13, dia próximo ao de vencimento do prazo determinado pelo governo para
tomar a decisão .
Após
a eclosão dos casos de espionagem estadunidense, a posição favorável de
Rousseff em relação à Boeing havia sido abalada. Segundo a Folha, o
vice-presidente estadunidense, Joe Biden, teria tranquilizado Rousseff quanto
ao caso e a decisão era de que o F-18 seria anunciado como o vencedor da
concorrência na visita de Estado de Rousseff em outubro. Porém, a revelação
posterior de que a própria presidente Rousseff fora alvo da espionagem
estadunidense acabou por anular as possibilidades de escolha pelos caças da
Boeing , além de influenciar no cancelamento de Rousseff aos EUA .
De
acordo com o Correio, Rousseff finalizaria seu mandato sem que a decisão de
compra dos caças fosse tomada, pois o Orçamento de 2014 previsto para o
Ministério da Defesa não corresponderia ao valor do negócio, que poderia custar
mais R$ 10 bilhões. Segundo Miguel Corrêa, relator-geral do Orçamento de 2014,
a compra não estava prevista para o próximo ano porque “não é prioridade para o
governo” .
No
dia 18/12/13, porém, o governo brasileiro anunciou a escolha do Gripen NG, da
Saab, encerrando a concorrência do programa FX-2. Segundo a Folha, não haveria
gastos com a compra no mandato de Dilma Rousseff, pois o Comandante da Força
Aérea Brasileira, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, afirmou que o primeiro
desembolso real só ocorreria após a última aeronave ser entregue. Segundo a
Folha, a escolha do caça sueco deveu-se a “tropeços políticos” de seus
concorrentes, além de seu preço mais baixo .
3.
A proposta francesa
As
negociações do governo brasileiro com a empresa francesa Dassault Aviation e o
governo da França foram particularmente intensas no período do governo Lula da
Silva. De acordo com O Estado, o então presidente brasileiro relatou à
imprensa, em novembro de 2009, que enfatizou, durante sua visita ao presidente
francês Nicolas Sarkozy a importância da Parceria Estratégica com a França.
Além disso, Lula da Silva mencionou que os caças Rafale também fizeram parte da
parceria firmada entre os dois países .
Já durante o governo de Rousseff, em
notícia veiculada pelo Jornal do Brasil, no dia 12/04/11, o presidente da
Comissão de Relações Exteriores e Forças Armadas da França, embaixador Josselin
de Rohan, reuniu-se com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do
Senado brasileiro, Fernando Collor de Mello, para discutir sobre a aproximação
dos países no âmbito estratégico, tendo como principal pauta a aquisição dos
Rafale .
Conforme
noticiado pela Folha, o primeiro-ministro francês, François Fillon, visitou o
Brasil para tratar da possível venda de 36 unidades do Rafale. O ministro da
Defesa brasileiro, Celso Amorim, destacou na ocasião que a atmosfera econômica
sinalizava para que não houvesse nenhum tipo de certeza na compra dos caças,
principalmente pelo fato do alto custo da operação, estimado entre US$ 4 a US$
8 bilhões .
Em
coluna opinativa publicada na Folha, no dia 09/02/12, Cantanhêde afirmou
acreditar que o fato de a Índia ter assinado contrato para a compra de 126
Rafale favoreceria a decisão a decisão brasileira pelo modelo francês, visto
que este teria preço e custo de manutenção reduzidos. Amorim, em visita à Índia, afirmou que dos
126 aviões comprados pelo país, 108 iriam ser produzidos em território indiano,
através de um processo de transferência tecnológica . Por sua vez, O Estado
afirmou que a Índia ofereceu uma parceria de projeto conjunto de transferência
tecnológica ao Brasil, caso o país escolhesse a aeronave Rafale, mas o governo
brasileiro não respondeu a proposta e afirmou que não discutiria a compra dos
caças até o mês de maio (o que não ocorreu, pois o governo brasileiro adiaria
novamente a decisão para o dia 31/12/12 .
Durante
o período de congelamento das ofertas, a Dassault buscou adquirir vantagem
técnica em relação aos concorrentes. Segundo O Estado, a empresa francesa
declarou, no dia 05/10/12, que incorporaria aos seus caças Rafale radares RBE2
AESA. De acordo com a agência de armamento da França, a DGA, os radares AESA
trariam uma grande melhora operacional ao Rafale, uma vez que seriam
compatíveis com a nova geração de mísseis, como o Meteor de alcance de 110
quilômetros. À época, em resposta, as empresas Boeing e Saab declararam que
suas propostas já incluíam esse tipo de radar .
A
decisão, porém, não seria tomada em 2012. Conforme noticiado no dia 14/08/13
pelos periódicos Correio, Folha e O Estado, o comandante da Aeronáutica,
brigadeiro Juniti Saito, afirmara que a compra ainda não havia sido realizada
por “questões orçamentárias” .
Os
jornais Correio e Folha afirmaram que a visita de Hollande, acompanhado do
principal executivo da Dassault, Éric Trappier, ao Brasil nos dias 12/12/13 e
13/12/13 teve grande importância nas negociações do FX-2. Apesar de a proposta
de orçamento do governo federal para 2014 não incluir recursos para a compra
dos aviões, a expectativa acerca da finalização das negociações era grande. De
acordo com a Folha, as chances do Rafale ser escolhido aumentariam por fatores
como a boa relação que Hollande mantinha com Rousseff, além da garantia de
transferência de tecnologia e com uma perspectiva de nacionalização de 50%,
através da Embraer. Apesar dos pontos positivos, a Folha afirmou que o Rafale
não era o mais bem visto pelo Comando da Aeronáutica, além de ser 40% mais caro
que o F-18 estadunidense. Segundo o Correio do dia 13/12/13, alguns dos
franceses que acompanhavam o processo consideravam que a decisão da compra dos
caças dificilmente ocorreria antes de 2016. Estavam, porém, otimistas com a
possibilidade do Rafale ganhar força na concorrência diante o esfriamento das
relações entre o Brasil e os EUA .
4.
A proposta estadunidense
O
caça modelo F-18, da empresa estadunidense Boeing era um dos três finalistas na
disputa pela licitação do programa FX-2. O F-18 era preterido por Lula da Silva
e por Rousseff até o início de seu mandato, em que a preferência tendia para o
caça Rafale. Segundo noticiou O Estado, um dos principais objetivos da visita
do presidente estadunidense Barack Obama ao Brasil, em março de 2011, seria o
lobby em favor dos caças F-18 no programa FX-2 .Após a visita de Obama, O
Estado afirmou que o governo estadunidense acreditava na reversibilidade da
preferência do governo brasileiro pelo Rafale. No dia 18/03/11, os principais
representantes dos partidos democrata e republicano dos EUA emitiram ao governo
brasileiro um documento para reforçar o apoio à aquisição dos F-18. No conteúdo
da carta, constava o comprometimento de manter um contrato vantajoso para o
Brasil, com transferência de tecnologia .
Em
entrevista publicada na Folha, a ex-embaixadora dos EUA no Brasil e presidente
da Boeing Brasil, Donna Hrinak, abordou o rompimento do contrato entre a Força
Aérea estadunidense e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para o
fornecimento de aviões Super Tucanos, afirmando não acreditar que tal fato
influenciasse nas negociações entre o governo brasileiro e a Boeing no âmbito
do programa FX-2. Segundo Hrinak, havia a pretensão de que o país participasse
ativamente da produção dos F-18. O processo de compra e transferência
tecnológica envolveria mais de 25 empresas brasileiras. De acordo com O Estado,
Hrinak ressaltou que os planos da Boeing para o Brasil iriam além do âmbito
comercial, pois o país teria condições de atuar como parceiro e centro de tecnologia
e pesquisa .
Segundo
O Estado, a Boeing via a escolha de seu caça F-18 enfraquecida com a incerteza
da transferência de tecnologia ao Brasil. Mesmo assim, de acordo com a Folha,
Rousseff aproveitou a visita aos EUA na semana do dia 09/04/12 para tratar da
ampliação das relações bilaterais entre os dois países com a assinatura de um
memorando pela então secretária de Estado estadunidense, Hillary Clinton, e o
então ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, com a
intenção de “estreitarem laços” na cooperação em aviação .
Conforme
publicado em O Estado, o vice-presidente do Programa Boeing F/A-18, Mike
Gibbons, afirmou que “o Brasil e os EUA precisam um do outro. Os EUA precisam
do Brasil para estar seguros. Por isso, se o Brasil comprar os F-18 e se tornar
um aliado do EUA, a parceria e a confiança mútuas vão se expandir e a
transferência tecnológica será estendida para um potencial adicional”. Em
contrapartida, o jornal avaliou que essa promessa de transferência tecnológica
ampliada não se traduzia na palavra “irrestrita”, presente na oferta da empresa
francesa Dassault. O Estado destacou que, apesar das promessas de transferência
tecnológica anunciadas inclusive pelo secretário da Defesa dos EUA, Leon
Panetta, essa decisão caberia ao Senado estadunidense. Gibbons, por sua vez,
acreditava que o Senado não teria como recuar diante dessas propostas .
Segundo
o Correio, haveria indícios de que a Boeing teria vantagem na disputa, com a
negativa de Rousseff em 2012 para concluir a compra com a Dassault. Além disso,
a Boeing abriu escritórios em 2011 e 2013, contratou Hrinak para a presidência
da empresa no Brasil, estabeleceu parcerias com o Instituto de Tecnologia da
Aeronáutica (ITA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e
universidades brasileiras para desenvolver projetos industriais e promover
intercâmbios, além de ter fechado acordos com a Embraer para o aperfeiçoamento
do caça modelo A-29 Super Tucano e a venda do modelo cargueiro KC-390 .
Porém,
com as denúncias de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em
inglês) estadunidense sobre o governo brasileiro, o que gerou uma situação de
crise entre o Brasil e os EUA , reverteu a ascenção do F-18 na concorrência.
Em
nova entrevista em setembro de 2013 ao Correio, Hrinak, que estava há um ano e
meio no comando das negociações entre a Boeing e o governo brasileiro, na
tentativa de atenuar a crise entre Brasil e EUA, informou que não pretendia
apenas fornecer 36 caças F-18 à FAB, mas também tinha a intenção de
redimensionar a relação entre a empresa e o país, buscando uma parceria para
desenvolver produtos e tecnologias .
Todavia,
o Correio noticiou no mesmo mês a desistência de compra dos aviões de caça
F-18, atribuído à crise gerada pelos casos de espionagem. Contudo, o Centro de
Comunicação Social do Comando da Aeronáutica declarou que a transação de compra
continuava em andamento, uma vez que sua avaliação técnica não permitiu
“preferencias pessoais” .
Sob
essa perspectiva, o assessor especial para assuntos internacionais da
Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, em entrevista à Folha, reforçou
a desistência, afirmando que as ações de espionagem dos EUA afetaram alguns
pontos de análise para a compra de equipamentos militares pelo governo brasileiro
.
5.
A proposta sueca
Durante
o governo Lula da Silva, a Folha noticiou que, no relatório de análises
técnicas realizado pela Aeronáutica, o Gripen foi considerado a melhor
proposta, especialmente em quatro quesitos: técnico, transferência de tecnologia,
geração de empregos e preço. Além disso, seria a proposta que melhor
contemplaria o desenvolvimento da indústria nacional. Desse modo, a Folha
destacou que possivelmente Jobim justificaria a escolha dos franceses Rafale
pelo fato do Gripen NG ser “só um projeto" e possuir componentes
fabricados em diferentes países, o que poderia exigir múltiplas negociações
para revenda internacional .
No
início de 2012, já na gestão de Rousseff, em coluna opinativa para a Folha
(cuja ideia principal era a crença de que os caça franceses Rafale venceriam a
licitação do programa FX-2), Catanhêde chegou a afirmar que o modelo sueco
Gripen teria sido descartado graças ao baixo peso político da Suécia e baixa
confiabilidade na sua efetiva possibilidade de produção .
O
Correio, porém, avaliou que, das três empresas finalistas, a que apresentava
uma ação mais incisiva era a Saab, que oferecia transferência de tecnologia
completa. O projeto sueco era tornar o Brasil responsável por 40% do
desenvolvimento das aeronaves, por 80% da fabricação das estruturas, com a
completa integração dos dados, conforme declaração do presidente da Saab, Hakan
Buskhe . Mas somente em julho de 2013 o Correio publicou um parecer dos suecos
em que o diretor da Saab, Andrew Wilkinson, afirmava que o Gripen NG já estava
em produção e que “estamos bastante confiantes de que fizemos uma proposta de
custo bastante efetiva e, ao mesmo tempo, consistente com a intenção do governo
de proporcionar um salto tecnológico à indústria aeroespacial brasileira” .
Com o anúncio feito no dia 18/12/13
de que o caça escolhido foi o Gripen NG, a Folha noticiou que, apesar da
escolha ter sido definida ainda no mês de novembro, aquele anúncio surpreendeu
membros do governo e os executivos da empresa sueca. O contrato assinado foi de
US$ 4,5 bilhões para a aquisição de 36 aeronaves, sendo 28 monopostos e 8
bipostos a serem entregues entre 2016 e 2023, se o contrato final fosse
assinado ainda em 2014 .
No
mês de janeiro de 2014, o presidente da divisão de Aeronáutica da empresa sueca
Saab, Lennart Sindahl, concedeu entrevista ao jornal O Estado e explicou como
será a produção dos Gripen e o processo de transferência de tecnologia para o
Brasil. No que se refere à transferência tecnológica, uma das possibilidades
seria manter a linha de produção de partes e montagem das aeronaves no Brasil,
em uma instalação disposta na cidade de São Bernardo do Campo, no estado de São
Paulo. De acordo com Sindahl, a expectativa é de que a indústria brasileira
seja parte de uma cadeia mundial de produção da Saab. No entanto, Sindahl
admitiu que a Saab pode estar ajudando o Brasil a se tornar um futuro
concorrente da empresa, mas ressaltou que isso aconteceria com ou sem a
participação da Saab. No que se refere ao pagamento das aeronaves, uma instituição
sueca de apoio a exportadores financiaria primeiro o valor das aeronaves e,
posteriormente, o Brasil efetuaria o pagamento à Saab quando recebesse as
primeiras unidades do Gripen. O Estado noticiou, no dia 31/01/14, que a Saab
confirmou, oficialmente, um investimento de US$ 150 milhões na instalação de
uma fábrica em São Bernardo do Campo, destinada à produção dos 36 Gripen .
Conclusão
Procuramos
demonstrar a capacidade do Observatório de Defesa e Forças Armadas como fonte
de dados para pesquisa. Neste sentido, evidenciamos o caráter expositivo do
presente trabalho, que servirá como base para análises futuras.
Ressaltamos
que as notícias foram expostas de maneira neutra, pois buscamos retirar dos
jornais apenas os fatos e manter claras opiniões, quando expostas. A elaboração
deste trabalho, contemplando a trajetória do programa FX-2, possibilita melhor
compreensão do tema a partir do Informe Brasil e oferece um rico panorama para
análise, além de compor material de apoio para estudiosos do tema.
Periódicos:
Correio
Braziliense
Folha
de S. Paulo
Jornal
do Brasil
O
Estado de S. Paulo
[1] Graduando em
Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP). Redator do Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças
Armadas. Bolsista PIBITI (CNPq).
[2] Graduanda em
Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP). Redatora do Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças
Armadas.
[3] Graduanda em
Relações Internacionais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP). Redatora do Observatório Sul-Americano de Defesa e Forças
Armadas. Bolsista PIBIC (CNPq).
[4] O Informe
Brasil encontra-se disponível para ser acessado no site do GEDES:
<http://www.gedes.org.br/produtos.php>
[6] INFORME BRASIL
405-2010. Novo governo anuncia diretrizes para Ministério da Defesa e
Forças Armadas.
Armadas.
[14] OBSERVATÓRIO BRASILEIRO
DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Permanência de Jobim no comando do
Ministério da Defesa ainda é incerta. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2011/07/permanencia-de-jobim-no-comando-do.html
[15] Idem. Ministério
da Defesa I: declarações do ministro da Defesa Nelson Jobim culminam em seu
pedido de demissão. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2011/08/ministerio-da-defesa-i-declaracoes-do.html
para modernização da FAB, até maio. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/03/governo-brasileiro-pretende-anunciar.html
[17] OBSERVATÓRIO
BRASILEIRO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Governo adia novamente
decisão sobre compra de caças para a
Aeronáutica. Disponível em: http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/07/governo-adia-novamente-decisao-sobre.html
[18] Idem. Coluna
opinativa aponta que adiamento da compra de caças para a FAB deve-se a questões
políticas. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/07/coluna-opinativa-aponta-que-adiamento.html
[19] Idem. Jornalista
acredita em decisão mais “técnica” em relação aos caças do programa FX-2. Disponível
em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/06/jornalista-acredita-em-decisao-mais.html
[21] BRASIL. Nota
Oficial. Adiamento da visita de Estado da presidenta Dilma Rousseff aos
EUA em virtude da falta de explicações do governo norte-americano às denúncias
de espionagem ao governo e a empresas brasileiras. Brasília, DF, 17 set.
2013. Disponível em: http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/notas-oficiais/comunicado-oficial
[22] OBSERVATÓRIO
BRASILEIRO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Dilma Rousseff não
decidiu a compra dos caças do programa FX-2. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/12/dilma-rousseff-nao-decidiu-compra-dos.html
[24] INFORME BRASIL
357-2009. Lula afirma que Parceria Estratégica com a França inclui
caças Rafale.
[25] OBSERVATÓRIO
BRASILEIRO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. França reitera as vantagens dos
caças Rafale e pressiona Brasil para
aquisição das aeronaves. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2011/07/franca-reitera-as-vantagens-dos-cacas.html
[26] Idem. Jornais
abordam a questão do reaparelhamento das Forças Armadas. Disponível
em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/03/jornais-abordam-questao-do.html
[27] Idem. Jornalista
acredita na compra de caças Rafale pela Força Aérea Brasileira. Disponível
em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/03/jornalista-acredita-na-compra-de-cacas.html
[28] Idem. Governo
adia novamente decisão sobre compra de caças para a Aeronáutica. Disponível
em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/07/governo-adia-novamente-decisao-sobre.html
[29] OBSERVATÓRIO
BRASILEIRO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Boeing e Saab reagem ao
anúncio da Dassault sobre incorporação de radares nos caças Rafale. Disponível
em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/10/boeing-e-saab-reagem-ao-anuncio-da.html.
[30] Idem. Novos
caças devem ser comprados ainda em 2013. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/08/novos-cacas-devem-ser-comprados-ainda.html
[31] Idem. Dilma
Rousseff não decidiu a compra dos caças do programa FX-2. Disponível
em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/12/dilma-rousseff-nao-decidiu-compra-dos.html
[32] Idem. Obama
no Brasil II: presidente deve fortalecer lobby em favor dos caças F-18 da
Boeing. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2011/07/obama-no-brasil-ii-presidente-deve.html
[33] OBSERVATÓRIO
BRASILEIRO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Visita de Obama fortalece
lobby para venda de caça norte-americano ao Brasil. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2011/07/visita-de-obama-fortalece-lobby-para.html
[34] Idem. Negociações
sobre escolha do caça previsto no projeto FX-2. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/04/negociacoes-sobre-escolha-do-caca.html
[35] Idem. Relações
entre Brasil e Estados Unidos no setor de aviação. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/04/relacoes-entre-brasil-e-estados-unidos.html
[36] OBSERVATÓRIO BRASILEIRO
DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Transferência tecnológica para a compra dos
caças F-18 Super Hornet pode ser ampliada. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/08/transferencia-tecnologica-para-compra.html
[37] Idem. O
programa FX-2 e a defesa aérea do Brasil. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/07/o-programa-fx-2-e-defesa-aerea-do-brasil.html
[38] Idem. Brasil
não comprará aviões estadunidenses. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/09/brasil-nao-comprara-avioes_26.html
[39] Idem. Negociadora
da Boeing avalia possível parceria com o Brasil. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/09/negociadora-da-boeing-avalia-possivel.html
[40]Idem. Brasil
não comprará aviões estadunidenses. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/09/brasil-nao-comprara-avioes_26.html
[41] OBSERVATÓRIO
BRASILEIRO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Marco Aurélio Garcia
comentou sobre espionagem e o reequipamento das Forças Armadas. Disponível
em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/10/marco-aurelio-garcia-comentou-sobre.html
[43] OBSERVATÓRIO
BRASILEIRO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. Jornalista acredita na compra de
caças Rafale pela Força Aérea Brasileira. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/03/jornalista-acredita-na-compra-de-cacas.html
para modernização da FAB, até maio. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2012/03/governo-brasileiro-pretende-anunciar.html
[45] OBSERVATÓRIO BRASILEIRO
DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS. O programa FX-2 e a defesa aérea do Brasil. Disponível
em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2013/07/o-programa-fx-2-e-defesa-aerea-do-brasil.html
[47] OBSERVATÓRIO
BRASILEIRO DE DEFESA E FORÇAS ARMADAS Questões políticas e
técnicas da compra dos caças Gripen são discutidas. Disponível em:
http://observatoriodedefesa.blogspot.com.br/2014/02/questoes-politicas-e-tecnicas-da-compra.html
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