quinta-feira, 12 de julho de 2012

Depoimentos sobre casos e tortura e Comissão da Verdade V: Trabalhos da Comissão da Verdade

Segundo o jornal Correio Braziliense, a Comissão da Verdade criará duas subcomissões de pesquisa, documentação e sistematização, além de uma outra para auxiliar a promover audiências públicas. De acordo com o coordenador da Comissão e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gilson Dipp, o grupo estaria com foco na análise de documentos e correspondências, porém ainda não haveria um cronograma definido sobre os próximos depoimentos que deverão ser realizados. Segundo Dipp, há uma grande quantidade de pessoas que poderão ser ouvidas, mas ainda não foram definidos os próximos nomes. Entretanto, estaria sendo redigida uma previa do relatório final, para que nenhuma informação seja perdida. De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, a Comissão, no dia 25/06/12, ouviu o delegado e ex-agente do Departamento de Ordem Político e Social (Dops), Cláudio Guerra, que afirmou ter participado de mortes e desaparecimentos de vítimas do regime militar (1964-1985). Segundo Dipp, Guerra confirmou as informações publicadas no livro "Memórias de uma Guerra Suja", dos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, como as de ter participado das mortes do delegado Sérgio Fleury e do jornalista Alexandre Von Baumgarten. Ainda confirmou que “levou dez corpos para serem queimados no forno de uma usina de açúcar em Campos (RJ)”. Guerra ainda é acusado de outros crimes, como o de ter assassinado sua própria mulher, e declarou ter decidido realizar as confissões depois de se tornar pastor evangélico. Dipp revelou que as pessoas citadas por Guerra deverão ser chamadas para depor na Comissão, como também o tenente-coronel reformado Paulo Malhães, por sua entrevista ao jornal O Globo, no qual detalhou a rotina de uma casa de detenção clandestina em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. Alguns “trechos de seu relato foram considerados fantasiosos por historiadores”, que consideram que existem casos contados de forma diferente por outros agentes do período. Após o lançamento do livro, de acordo com o Correio, o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar as informações, concomitante ao trabalho da Comissão da Verdade. No entanto, Dipp afirmou que os dados recolhidos pelo grupo não serão disponibilizados ao MPF: "A comissão não tem papel de julgar e nem é perseguitiva", reiterou. (Correio Braziliense – Política – 26/06/12; Folha de S. Paulo – Poder – 26/06/12)

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