quinta-feira, 12 de julho de 2012

Depoimentos sobre casos e tortura e Comissão da Verdade IV: Jornais comentam depoimento da presidente da República

Conforme noticiado pelo Correio Braziliense, a secretária encarregada de digitar, no ano de 2001, depoimentos pessoais de torturados no estado de Minas Gerais durante o regime militar (1964-1985), Caroline Bastos Dantas, afirmou que, em depoimento, a presidente da República, Dilma Rousseff, revelou detalhes sobre a tortura que sofreu por obrigatoriedade do Conselho de Defesa de Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG). O Conselho visava distinguir os perseguidos políticos dos torturados, sendo que a indenização só ocorreria no segundo caso. Dantas afirmou que, apesar da postura firme e decidida da então secretária de Minas e Energia do estado do Rio Grande do Sul, a presidente se emocionou ao comentar sobre os métodos de tortura aos quais foi submetida. Além disso, o então presidente da Comissão Especial de Indenização às Vítimas de Tortura de Minas Gerais (Ceivit-MG), Róbson Sávio, apontou que Rousseff teve que ser submetida a tratamento hospitalar por conta de hemorragias no útero, decorrentes das agressões que sofrera. O Correio apontou a decisão de Rousseff de evitar expor sua vida pessoal, sabendo separar o privado do público. A editora-chefe do Correio, Ana Dubeux, em coluna opinativa, afirmou que não se pode acusar a presidente de adotar a postura de “não fazer de seu calvário no passado plataforma midiática”. Debeux destacou a importância da Comissão da Verdade como restituidora de parte da história e da dignidade daqueles que sofreram com repressões durante o regime, de forma a “anistiar o passado”. Desta maneira, a editora-chefe apontou para a necessidade de não esquecer o esforço de conseguir uma Constituição cidadã baseada em eleições diretas e afirmou que “resgatar a verdade dos anos de chumbo é dignificar nossa caminhada”, enfatizando a importância da liberdade conquistada. Em editorial do jornal Folha de S. Paulo no dia 26/06/12, houve ênfase ao fato de ser o depoimento da atual presidente do país e de tornar-se público somente agora, além dos detalhes de tortura que o relato contém. Conforme o editorial, em um ambiente em que o termo "revanchismo" é invocado, faz-se importante ressaltar a reserva com que foi tratada, nos últimos anos, a experiência passada por Rousseff. A Lei da Anistia (1979) encerrou as discussões sobre responsabilidades criminais dos envolvidos, “não apagou, entretanto a memória de ninguém”, segundo a publicação. O editorial da Folha ainda elogiou a força psicológica de Dilma para continuar sua vida, tanto no âmbito pessoal como na atuação política: “Rousseff provou ser capaz de avançar na área política, convivendo com adversários, eliminando ressentimentos e dedicando-se à negociação”. Além disso, ressaltou também sua atuação como presidente não pautada em “rancor ou ânimo retaliatório”, que refletiria o amadurecimento da democracia no Brasil. (Correio Braziliense – 24/06/12; Folha de S. Paulo – Opinião – 26/06/12)

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