De acordo com o periódico O Estado
de S. Paulo, foram localizadas, no Arquivo Nacional, fotos do guerrilheiro
Ruy Carlos Vieira Berbert morto, que puderam ser divulgadas com a recente Lei
de Acesso à Informação. Berbert foi considerado desaparecido entre 1972 e 1992,
quando foi liberada uma informação oficial de que ele havia se suicidado na
cadeia da cidade de Natividade, no atual estado do Tocantins. A suspeita é de
que ele tenha sido morto por agentes do regime militar (1964-1985), entretanto
seus restos mortais nunca foram encontrados. De acordo com o jornal, as fotos
encontradas no Arquivo Nacional também colocam em dúvida a versão oficial sobre
a morte do guerrilheiro. Há ainda um documento de 10 páginas em que fica
explícito que o médico da cidade de Natividade teria se negado a fazer a
autópsia do corpo, que acabou sendo realizada por um farmacêutico, de forma
improvisada. Berbert fazia parte do Movimento de Libertação Popular (Malipo),
que era formado por dissidentes da Ação Libertadora Nacional (ALN), e teria
recebido treinamento para guerrilha em Cuba, onde, de acordo com depoimento de
sua irmã, Regina Berbert, ao Estado,
teria conhecido o ex-ministro e ex-deputado federal, José Dirceu, que também
fazia parte do Malipo. Segundo Regina, seu irmão era muito engajado no
movimento, o qual não abandou mesmo diante do pedido de familiares, e foi em
julho de 1969 que ela teria visto o irmão pela última vez, na cidade de São
Paulo. A família já havia descoberto uma ficha do
Departamento de Ordem Política e Social do Estado de São Paulo (DOPS-SP), que
relataria que Berbert havia sido enterrado em um cemitério de Natividade, sob o
nome de João Silvério Lopes. Na época, o Ministério da Justiça realizou uma
busca para tentar encontrar os restos mortais do guerrilheiro, mas esta foi
interrompida. No dia 09/07/12, de acordo com o Estado, a Comissão da Verdade decidiu reabrir o caso da morte de
Berbert, sendo esse o primeiro caso reaberto pelo grupo. A Comissão
voltou a se reunir no dia 10/07/12 para tratar como será realizada a nova busca
dos restos mortais de Berbert no cemitério de Natividade. O ministro do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) e membro da Comissão da Verdade, Gilson
Dipp, afirmou que o grupo desconhecia o fato do Arquivo Nacional guardar
imagens, que podem auxiliar a esclarecer “a morte de um prisioneiro do Estado”.
O presidente da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e assessor da
Comissão, Marco Antonio Rodrigues Barbosa, deseja pedir a coleta de material
genético de familiares de Berbert. Ainda foi analisado pela Comissão o
relatório secreto da Polícia Federal, sobre a recusa do médico Colemar
Cerqueira de realizar a autópsia de Berbert. De acordo com o Estado e o Correio
Braziliense, foi divulgada também a foto de uma guerrilheira da Guerrilha
do Araguaia (1972-1975) morta, que pode ser Maria Lúcia Petit. Seu corpo nunca
foi encontrado. As fotos também retratam casas e barracos onde possivelmente
escondiam-se os guerrilheiros. Segundo Laura Petit, irmã de Maria Lúcia, “o importante é localizar os corpos. Queremos aqueles arquivos que
indicam onde os corpos estão, para os devolvermos às famílias”. (Correio Braziliense – 07/07/12; O Estado de
S. Paulo – Nacional – 07/07/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 09/07/12; O
Estado de S. Paulo – Nacional – 10/07/12)
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