Em coluna de opinião
do jornal de Folha de S. Paulo, o
diplomata e conselheiro da Comissão da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, relembrou
os vinte anos da morte de Severo Gomes, ministro no governo de Ernesto Geisel
(1974-1979) que perdeu o cargo porque realizou denúncias de tortura. Na
avaliação de Pinheiro, Gomes foi um dos poucos empresários paulistas que não
participou do financiamento das equipes de torturadores. Como defensor dos
direitos humanos, apoiou a realização, na Universidade de Brasília, de uma
reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em 1976, que
representou uma enorme assembleia pela democracia. Gomes foi responsável pelo
convênio com a Unicamp, para uma pesquisa sobre a história da industrialização
em São Paulo, mas na época foi questionado pelo general Geisel. O convênio
serviu para consolidar o Arquivo de História Social Edgard Leuenroth como o
maior do continente até os dias atuais, além disso, possibilitou a criação do
filme “Os Libertários”, de Lauro Escorel. Pinheiro ainda recordou que Gomes
questionava a situação das prisões no Brasil e a partir de 1983, já na
oposição, e juntamente com seus amigos Fernando Millan, Hélio Bicudo, José
Gregori, Antônio Candido e outros realizavam visitas ao manicômio de Franco da
Rocha, onde policiais militares massacravam pacientes; este grupo viria se
tornar a Comissão Teotônio Vilela de direitos humanos. Gomes também se dedicou à
transição política e do Estado de Direito, enquanto estava no Senado, além de
defender os direitos dos afrodescendentes, dos povos indígenas, denunciando a
falta de recursos para enfrentar os problemas sociais. Além disso, durante a
Constituinte de 1988, foi um dos relatores do artigo 5º que trata dos direitos
individuais. Severo Gomes morreu em 12/10/92, juntamente com sua esposa Maria
Henriqueta, o deputado federal Ulysses Guimarães e sua esposa Mora, na queda do
helicóptero, em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. (Folha de S. Paulo
– Opinião – 12/10/12)
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Comissão da Verdade abordará casos de professores e funcionários universitários vítimas do regime militar
De
acordo com o periódico Correio
Braziliense, a Comissão Nacional da Verdade irá analisar os casos de
perseguição a professores e funcionários de universidades brasileiras,
ocorridos durante o período do regime militar (1864-1985). Segundo o jornal, 80
instituições foram contatadas e possuem o tempo de dois meses para informar à
Comissão sobre “servidores que tenham sido cassados, aposentados compulsoriamente,
mortos ou desaparecidos”. (Correio Braziliense – 11/10/12)
Assessor especial do Ministério da Defesa é réu por corrupção no caso Mensalão
De
acordo com o periódico Correio
Braziliense, a condenação do ex-presidente do Partido dos Trabalhadores
(PT), José Genoino, acusado de corrupção no caso Mensalão, tem sido um motivo
de “constrangimento extra para o governo”. Isso se daria pelo fato de Genoino
ser o único réu que ainda ocupa um cargo público, o de assessor especial do
Ministério da Defesa. Segundo o jornal, os militares esperavam que Genoino
pedisse exoneração do cargo, caso contrário o Ministério deveria realizar um
estudo jurídico sobre o servidor, que poderia ser demitido. Genoino, que foi
contratado pela Defesa em 2011, já foi motivo de protesto por parte de
militares que, à época, julgaram a presença dele como uma ofensa aos seus
“brios de soldados”. Isso porque Genoino já era acusado de corrupção, e tinha
um histórico de militância na Guerrilha do Araguaia (1972-1975). O advogado de
Genoino, Luiz Fernando Pacheco, por sua vez, afirmou não sabia se o seu cliente
deixaria o cargo, fato que se consumou pouco tempo depois. (Correio Braziliense
– 10/10/12)
Militares combaterão desmatamento na Amazônia
De
acordo com os jornais Correio Braziliense
e O Estado de S. Paulo, o governo
anunciou que usará contingentes militares no combate ao desmatamento na
Amazônia. Segundo os jornais, a Amazônia Legal sofreu no mês de agosto de 2012
o maior desmatamento desde julho de 2009, totalizando a destruição de 522
quilômetros quadrados de floresta. De acordo com o Estado, o desmatamento se deve à seca, à produção de soja, ao
garimpo e à pecuária. Para combater o desmatamento, o governo deverá adotar uma
série de ações, sendo a mais importante delas a fiscalização permanente da
região. De acordo com o Correio, a presidenta da República Dilma
Rousseff deverá publicar no Diário Oficial da União um decreto intitulado Proteger
Ambiental, que delegará ao Exército a função de combater o desmatamento.
(Correio Braziliense – 10/10/12; O Estado de S. Paulo – Vida – 10/10/12)
Operação Ágata 6 é iniciada na fronteira com a Bolívia e o Peru
Segundo
o periódico Correio Braziliense, no
dia 09/10/12, a Operação Ágata 6 iniciou suas atividades, que contarão com 7,5
mil militares no patrulhamento de 4 mil quilômetros de fronteiras do Brasil com
a Bolívia e o Peru. O objeto dessa operação é combater os crimes que ocorrem na
região. A mobilização atuará nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
Rondônia e Acre, e contará com aviões de caça, navio-patrulha, veículos
blindados, e helicópteros de combate. (Correio Braziliense – 10/10/12)
Comissão de Anistia aceita três novos pedidos de indenização
Segundo
o periódico Folha de S. Paulo, no dia 08/10/12, três perseguidos
políticos obtiveram seus pedidos de indenização aceitos em reunião da Comissão
de Anistia do Ministério da Justiça, durante a 62ª edição das Caravanas da
Anistia. São eles: Daniel Carvalho de Souza, filho do sociólogo Herbert de
Souza, o Betinho; Maria Celia Lunderg, militante da Aliança Libertadora
Nacional, presa e torturada em 1971; e Maria Cristina da Costa Lyra, ligada ao
movimento estudantil e presa em 1970. Esta é uma iniciativa do Ministério da
Justiça que percorre o país para julgar os pedidos de reparação aos perseguidos
políticos durante o regime militar (1964-1985). Segundo o presidente da
Comissão da Anistia, Paulo Abrão, o objetivo é diminuir as injustiças
históricas do Brasil, porém ressaltou que violações aos direitos humanos,
torturas e perseguições políticas ainda ocorrem. De forma unânime, foi decidido
o pagamento retroativo de uma indenização no valor de R$ 335.331,00 para cada
um dos requerentes, além de vencimentos mensais entre R$1 e 3 mil para cada um.
(Folha de S. Paulo – Poder – 09/10/12)
Exército reconhece violação de direitos humanos em curso de formação militar
De
acordo com o jornal Correio Braziliense, após vinte e dois anos da morte de Márcio Lapoente da
Silveira, que faleceu em treinamento de selva na Academia Militar das Agulhas
Negras, na cidade de Resende, no estado do Rio de Janeiro, a mãe do cadete,
Carmen Lúcia, recebeu um pedido de desculpas do Exército. A ação é parte de um
acordo firmado entre o governo do Brasil e a família do cadete, por intermédio
a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). No acordo, o Estado
brasileiro admitiu a responsabilidade pela “violação dos direitos à vida e à
segurança” de Silveira. Tal caso refere-se aos maus tratos e tortura em cursos
de formação militar, problema frequentemente denunciado. Segundo o Exército, 31
homens já morreram devido a “acidentes em instrução”, dos anos de 1944 a 2011.
Investigações militares condenaram o oficial Pessoa, responsável pelo
treinamento de Silveira, a três meses de prisão, com suspensão condicional da
pena de dois anos devido ao crime de “violência contra o subordinado”. Um
processo ainda corre na 16ª vara Federal do Rio de Janeiro com pedido de
reparação pecuniária com ressarcimento material à mãe do cadete, por parte do
Estado, segundo acordado pela CIDH. Um mandado de segurança impetrado no Supremo
Tribunal Federal (STF), por um militar na condição de cidadão, requisitou a
extinção do acordo, visto ser uma “afronta à soberania nacional” e “uma mácula
na honra e na dignidade do Exército, declarando-o torturador e assassino”.
Contudo, o ministro do STF, Celso de Mello, arquivou o mandado de segurança, no
dia 03/10/12. (Correio
Braziliense – Economia – 09/10/12)
Secretário de Defesa dos EUA critica utilização das Forças Armadas como contingente policial
Segundo
o jornal Correio Braziliense, o secretário da Defesa dos Estados Unidos
da América (EUA), Leon Panetta, afirmou,
em discurso na 10ª Conferência de Ministros de Defesa das Américas, preocupação
no que concerne à utilização das “Forças Armadas como contingente policial”, em
Estados da América Latina. Panetta ressaltou que o uso de militares com o
objetivo de aplicação da lei civil não pode ser um recurso a longo prazo. O
secretário também afirmou a existência de ameaças no Cone Sul, como o
terrorismo e o tráfico de drogas, além da necessidade do fortificar a
autoridades civis para a aplicação da lei. De acordo com o jornal, desde o
início de 2012, os EUA buscam elevar sua atuação na região. O ministro da
Defesa brasileiro, Celso
Amorim, que também estava
presente na Conferência, discursou uma sucinta análise dos assuntos do encontro:
desastres naturais, proteção do meio ambiente e biodiversidade, missões de paz
e segurança internacional no presente. Amorim também ressaltou que a utilização
das Forças Armadas tem “papel subsidiário aos órgãos de defesa civil”, sendo
contraditória a tentativa de militarizar a defesa civil. (Correio Braziliense –
Internacional – 09/10/12)
Comissão da Verdade pedirá alteração no currículo de ensino das Forças Armadas
Segundo
noticiado pelo jornal O Estado de S.
Paulo, o sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, integrante da Comissão Nacional
da Verdade (CNV), afirmou em entrevista para o programa “Roda Viva” da rede de
televisão Cultura, que a CNV enviará recomendação para as Forças Armadas acerca
do ensino nas academias militares, sobretudo quanto à insistência destas
instituições em sustentar “o mito de que o golpe de 1964 foi uma revolução
democrática para impedir o comunismo.” Segundo o sociólogo, as Forças têm
insistido em tratar de outra maneira em seu ensino o que é encarado pela
sociedade brasileira como uma situação de interrupção democrática, não podendo
ser sustentada essa “esquizofrenia” e, embora a CNV não possua o poder de
intervir no currículo das academias militares, certamente fará recomendações
acerca deste assunto. De acordo com o jornal, esse posicionamento dos militares
com relação ao golpe de 31 de março de 1964 é um ponto que gera críticas de
diversos setores da sociedade; os militares, porém, têm sido enfáticos ao
resistir às mudanças. Segundo o general da reserva Durval de Andrade Néri,
ex-diretor do Clube Militar do Rio de Janeiro e conselheiro da Associação dos
Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), o que ocorreu na ocasião foi
“um contragolpe em defesa da democracia, uma ação dos militares para evitar o
golpe de esquerda que levaria à comunização do Brasil". O general ainda
argumentou que o ato foi necessário, pois o governo do presidente João Goulart
visava a realização de um golpe para alinhar o Brasil ao
bloco da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviética, o que não ocorreu porque
“o povo exigiu uma atitude das Forças Armadas para impedir esse golpe
comunista.” Néri ainda afirmou seu descontentamento com a condução da
redemocratização, uma vez que “os criminosos estão aí. Foram anistiados e, com
essa Comissão da Verdade, querem mais dinheiro.". Durante sua fala no
programa “Roda Viva”, Pinheiro ainda tratou dos documentos produzidos durante o
período do regime militar (1964-1985), afirmando que não acredita que toda a
documentação do período tenha sido queimada e que a CNV tem realizado um
diálogo importante com o Ministério da Defesa acerca destes documentos.
Defendeu ainda durante a entrevista a missão da CNV em trazer esclarecimento
sobre o período do regime militar, sendo esta a principal contribuição da
Comissão para a sociedade brasileira. (O Estado de S. Paulo – Nacional –
08/10/12)
Exército e Marinha auxiliaram na segurança do estado do Rio de Janeiro durante eleições
Conforme
noticiado pelo periódico O Estado de S.
Paulo, tropas das Forças Armadas foram mobilizadas para garantir a
segurança no estado do Rio de Janeiro durante as eleições municipais, que
ocorreram no dia 07/10/12. Os militares atuaram em 28 favelas da cidade do Rio
de Janeiro, onde o problema central seria “a dominação do tráfico e da
milícia”, além de sete outros municípios do interior. Destes, o Exército foi
responsável por garantir a segurança em 22 favelas e cinco municípios e a
Marinha se encarregou de seis favelas e dois municípios. A patrulha teve início
na madrugada e somente terminou após a apuração dos votos. Entre os deveres das
Forças também constava garantir a segurança dos funcionários do Tribunal
Regional Eleitoral do estado do Rio de Janeiro, que levaram os disquetes das
urnas até os locais de totalização dos votos. Para a operação, helicópteros,
veículos blindados e caminhões foram usados. (O Estado de S. Paulo – Especial –
07/10/12)
Boeing e Saab reagem ao anúncio da Dassault sobre incorporação de radares nos caças Rafale
De
acordo com o jornal O Estado de S. Paulo,
duas das empresas finalistas do projeto FX-2, Boeing e Saab, reagiram à
confirmação feita no dia 05/10/12 pela empresa francesa Dassault, terceira
finalista do projeto, que incorporará aos seus caças Rafale radares RBE2 AESA.
Segundo a Boeing e a Saab, desde o início suas propostas já incluíam radares
AESA. Em defesa do caça sueco, o diretor da Saab, Bengt Janer, destacou que
"não há qualquer risco da tecnologia do equipamento não ser transferida
integralmente para a indústria local: 100% do conhecimento desse radar é de
domínio da Suécia". O mesmo foi dito por Donna Hrinak, presidente da
Boeing do Brasil, cuja proposta "implica um apoio total, já revelado, do
governo dos Estados Unidos à venda e à transferência de tecnologias - incluindo
as do radar AESA, aprovada antecipadamente pelo Congresso, pelo Departamento de
Estado e diretamente pelo presidente Barack Obama". De acordo com a
agência de armamento da França, a DGA, os radares RBE2 AESA trarão uma grande
melhora operacional ao Rafale, uma vez que são compatíveis com a nova geração
de mísseis, como o Meteor de alcance além do horizonte e raio de ação de 110
quilômetros. Sobre a decisão final da presidente da República, Dilma Rousseff,
sobre o projeto FX-2, o ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que será
tomada até o final do ano, já que esse é o prazo em que expira o congelamento
das ofertas das empresas finalistas. (O Estado de S. Paulo – Negócios –
06/10/12)
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