terça-feira, 24 de junho de 2014

Forças Armadas apresentam relatórios sobre o funcionamento de suas instalações durante o regime militar

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica enviaram, no dia 17/06/14, seus relatórios de sindicância à Comissão Nacional da Verdade (CNV) a respeito do funcionamento de instalações militares durante o regime militar (1964-1985). Segundo os jornais, os relatórios, entregues pelo Ministério da Defesa, foram feitos após pedido da CNV para que as Forças Armadas investigassem o “desvio de finalidade” de sete unidades onde, de acordo com investigações do colegiado, teriam ocorrido pelo menos quinze casos de tortura e nove assassinatos pelos militares. Com seus relatórios em consonância, as três Forças alegaram, com citações de documentos e leis vigentes na época, que as instalações não foram utilizadas para fins que não fossem de sua atribuição, negando qualquer irregularidade. Além disso, os documentos não fazem qualquer menção a casos de presos políticos detidos, torturados ou assassinados e, por vezes, negam enfaticamente a ocorrência de violações dos direitos humanos nas instalações. As instalações investigadas foram: três unidades do Destacamento de Operações de Informações (DOI) nas cidades de Recife, no estado de Pernambuco, de São Paulo e do Rio de Janeiro; o quartel do 12º Regimento de Infantaria do Exército, na cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais e; o quartel da 1ª Companhia da Polícia do Exército da Vila Militar, a Base Naval da Ilha das Flores e a Base Aérea do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro.  Segundo O Estado, a Aeronáutica, em um relatório de 145 páginas, citou leis e decretos militares objetivando esclarecer que uma base aérea é o local adequado para manter a custódia de presos, reiterando, porém, que se trata de presos militares, sem se referir a civis. A Marinha relatou na maior parte de seu relatório de 268 páginas a história da imigração oriental no Brasil durante o século 19 mormente na Base Naval da Ilha das Flores e não abordou denúncias de torturas. Já o Exército, através de um relatório de 48 páginas, afirmou que os documentos necessários ao trabalho da CNV foram destruídos sem fornecer maiores detalhes. De acordo o Correio, o Exército relatou ainda que as unidades do DOI foram criadas para “combater a subversão e o terrorismo”, não existindo desvio de finalidade. Diante dos documentos apresentados pelas Forças Armadas, a CNV estuda a possibilidade de ingressar na Justiça, com base no artigo 5º da Lei 12.528/2011 que autoriza a comissão a recorrer ao Poder Judiciário para ter acesso a todo tipo de informação necessária a suas atividades. E assim, com uma decisão judicial requisitar acesso aos documentos sigilosos pertencentes aos centros de inteligência militares, localizados em Brasília e aos departamentos de pessoal das Forças Armadas. Entretanto, o colegiado está dividido, uma parte entende que somente com a ajuda da Justiça conseguirá as informações de que necessita, já a outra prefere a cautela para não gerar uma situação desagradável a Presidência da República. Segundo André Saboia Martins, secretário executivo da CNV, “a comissão vai cumprir seu compromisso de investigar na integralidade”, pois “o direito e a lei estão a nosso favor”. (Correio Braziliense – Política – 19/06/14; Folha de S. Paulo – Poder – 19/06/14; O Estado de S. Paulo – Política – 19/06/14)

Estados Unidos compartilharam documentos referentes ao regime militar do Brasil

De acordo com os periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, o vice-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, anunciou, no dia 17/06/14, um projeto especial de cooperação entre o governo estadunidense e a Comissão Nacional da Verdade (CNV), que apura violações de direitos humanos pelo Estado brasileiro durante o regime militar (1964-1985). O projeto consiste no compartilhamento de documentos oficiais estadunidenses sobre o período que serão retirados da categoria de “sigilosos”. Biden afirmou que os arquivos “jogam luz” sobre o regime militar no Brasil e ressaltou que o governo do presidente dos EUA, Barack Obama, espera que, ao tratar com o passado, o Brasil possa manter o foco numa grande promessa do futuro. Esse gesto de cooperação anunciado pelo EUA coincide com as tentativas de Biden em reaproximar as relações entre os dois países, abaladas após a divulgação de casos em que Agência de Segurança Nacional estadunidense espionou autoridades do governo brasileiro. (Correio Braziliense – Mundo – 18/06/14; Folha de S. Paulo – Mundo – 18/06/14)

Arnaldo Jabor expôs memórias do regime militar

Em coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista Arnaldo Jabor escreveu sobre suas memórias do regime militar (1964-1985). Jabor afirmou ter se encontrado três vezes com Stuart Edgar Angel Jones, militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) e filho da estilista Zuzu Angel. No primeiro encontro, Jabor afirmou que dirigia um carro no qual transportava um casal ferido e o próprio Jones, que pediu para que parassem o carro para que ele pudesse dirigir, conduzindo-os à casa de um médico que, após ter a filha assassinada pela repressão, cuidava de guerrilheiros feridos. Jabor afirmou ter sido procurado por Mário Alves para entrar na luta armada, porém nunca “entrou de cabeça” no MR-8, por “falta de coragem e de fé”. Alguns meses após o convite, soube que Alves fora preso e torturado. Jabor relatou ter visto Jones pela segunda vez na casa de uma amiga que o abrigou e, pela terceira e última vez, quando levou uma mala de aparelhos cirúrgicos e munição em frente ao antigo Jardim Zoológico em Vila Isabel, na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, o jornalista perguntou a Jones se ele não tinha medo de ser preso, ao que o guerrilheiro respondeu: “se eu for preso, não digo nem meu nome”. Jabor declarou ter lido em um jornal que Stuart Angel fora enterrado na pista de um aeroporto e que o Brigadeiro Burnier fora o oficial encarregado do caso. Ao escrever sobre Burnier, Jabor retratou-o, segundo a descrição do brigadeiro Eduardo Gomes e de seu próprio pai, também brigadeiro, como “um doente mental inspirado por instintos perversos e sanguinários, sob o pretexto de proteger o Brasil do perigo comunista”. De acordo com Jabor, Burnier ficou famoso por planejar explodir o gasômetro do Rio, em São Cristóvão. Caso não fosse impedido pelo capitão-aviador Sérgio Miranda de Carvalho, que se recusou a cumprir a ordem, a explosão teria resultado em mais de 100 mil mortes. O jornalista lembrou que Carlos Marighella ressaltou a superioridade moral como o fator de sustentação do guerrilheiro urbano e Jabor destacou como “a mais proveitosa ação contra a ditadura” o sequestro do embaixador estadunidense, que teve ampla repercussão e desmoralizou a repressão. Por fim, o jornalista concluiu que a luta armada foi muito influenciada pela ideia de sacrifício heroico, e que a certeza de estar defendendo o “bem” levou  a uma liberdade cercada de morte. Ao final, o colunista ressaltou a importância de analisar também os crimes e mentiras atuais, e não somente os do passado. (O Estado de S. Paulo – Caderno 2 – 17/06/14)

Segurança de estádio foi reforçada para receber vice-presidente estadunidense

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a segurança do estádio de futebol Arena das Dunas, em Natal, no Rio Grande do Norte, foi reforçada para receber o vice-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, durante jogo da Copa do Mundo entre EUA e Gana. Oficiais da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar do Rio Grande do Norte vigiaram passagens e entradas no caminho do estádio, enquanto militares do Exército e da Marinha reforçaram o contingente na cidade. Os voluntários que trabalhavam nas máquinas de raio-x foram orientados a reforçar a vigilância e um agente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) abordou jornalistas para garantir que não houvessem equipamentos de transmissão sem fio além dos de uso costumeiro. Uma fragata e uma lancha da Marinha patrulharam o litoral e aviões da Força Aérea Brasileira sobrevoaram a cidade. Biden chegou acompanhado de uma comitiva de mais de 200 pessoas, a maioria das quais estavam ligadas à segurança, para assistir ao jogo e, em seguida, partiu para encontrar-se com a presidenta da República, Dilma Rousseff, na capital federal Brasília. (O Estado de S. Paulo – Copa 2014 – 17/06/14)

Pela primeira vez o Superior Tribunal Militar tem uma mulher como presidente

De acordo com os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha é a primeira mulher a assumir a presidência do Superior Tribunal Militar (STM), corte destinada a julgar e punir crimes cometidos por militares existente há 206 anos. Rocha completará o mandato do ministro Raymundo Cerqueira, que se aposentou, e permanecerá  no cargo até março de 2015. O tribunal terá como vice-presidente o ministro Fernando Sérgio Galvão. Segundo a Folha, Rocha defendeu a igualdade de direitos para homossexuais das Forças Armadas e afirmou que o “Estado não pode promover o discurso do ódio”. Rocha admitiu a condenação de civis pelo STM durante o regime militar (1964-1985), porém defendeu a corte ressaltando que o tribunal lutou pela liberdade de imprensa, pelo direito de greve e foi responsável pelo primeiro habeas corpus do regime. A ministra ainda falou sobre o caso da presidenta da República, Dilma Rousseff, que foi presa e torturada durante o regime: segundo Rocha, a corte impediu que Rousseff fosse julgada duas vezes pelo mesmo crime.  A ministra declarou  que pretende digitalizar os arquivos do tribunal e defendeu a inclusão de um representante da Justiça Militar no Conselho Nacional de Justiça. (Folha de S. Paulo – Poder – 17/06/14; O Estado de S. Paulo – Política – 17/06/14)

terça-feira, 17 de junho de 2014

Militares são atacados no Complexo da Maré

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, no dia 09/06/14 militares da Força de Pacificação no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, foram atacados por moradores e supostos traficantes de uma das 15 favelas do complexo. Um grupo de pessoas atirou pedaços de pau, tijolos, pedras e um explosivo caseiro contra os soldados que patrulhavam a região perto de uma festa. Suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas teriam disparado contra os militares que, segundo a assessoria da Força de Pacificação, atiraram para o alto a fim de evitar um tiroteio. O jornal destacou que não houve feridos ou presos.  (Folha de S. Paulo – Cotidiano – 10/06/14)

Brasil e Chile assinaram acordo para intercâmbio de informações sobre os regimes militares

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, no dia 12/06/14, a presidenta da República, Dilma Rousseff, recebeu no Palácio do Planalto sua homóloga chilena, Michelle Bachelet, para a assinatura de um acordo sobre intercâmbio de dados relativos aos governos militares dos dois países. De acordo com a Folha, “a colaboração pode ajudar no esclarecimento da chamada Operação Condor, a aliança entre as ditaduras do Cone Sul (Brasil, Chile, Argentina e Uruguai)”. Ademais, o Itamaraty afirmou que o acordo pode contribuir para as investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV). (Folha de S. Paulo – Poder – 13/06/14)

Depoimento de capitão reformado da Aeronáutica indica que corpo de Stuart Angel estaria enterrado em base da Aeronáutica

De acordo com os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o corpo de Stuart Angel, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), desaparecido durante o regime militar (1964-1985), estaria enterrado na Base Aérea de Santa Cruz, na cidade do Rio de Janeiro. A informação foi obtida em depoimentos do capitão reformado da Aeronáutica Álvaro Moreira de Oliveira Filho à Comissão Nacional da Verdade (CNV). Segundo a Folha, embora os depoimentos tenham ocorrido em setembro de 2013 e em fevereiro e junho de 2014, as informações foram divulgadas apenas no dia 09/06/14. De acordo com Moreira, o sargento da Aeronáutica José do Nascimento Cabral, falecido em 2000, teria revelado a localização do corpo, pois afirmou estar de plantão na torre de controle de voo na Base Aérea de Santa Cruz quando recebeu ordens do coronel João Paulo Burnier, então comandante da base, para que fosse interditada a pista número 10. Da torre, Nascimento pôde ver um grupo de oficiais enterrando um corpo, que mais tarde soube ser o de Angel, considerado pelo regime como subversivo. De acordo com Pedro Dallari, coordenador da CNV, o depoimento é bastante verossímil, porém, por se tratar de testemunho indireto, o colegiado teve o cuidado de verificar em registros do Ministério da Defesa que Nascimento estava, de fato, de plantão no dia e que o procedimento descrito condiz com o padrão da época de utilizar locais onde não seria possível fazer a checagem para ocultação de corpos. De acordo com O Estado, André Saboia, secretário executivo da CNV, afirmou que a comissão ouviu o depoimento de um militar, cuja identidade não foi divulgada, que confirmou o uso da Base de Santa Cruz como centro clandestino de tortura e ocultação de corpos. Integrantes da CNV ouviram ainda o depoimento do capitão Lucio Valle Barroso, chefe de operações do Terceiro Comando Aéreo Regional (3.º Comar) em 1971, que negou ter visto Stuart Angel na unidade de carceragem. Segundo a Folha, integrantes da CNV afirmaram que os comandantes da Aeronáutica e da Base Aérea de Santa Cruz ainda vivos serão chamados para depor. A comissão ressaltou que a Base Aérea de Santa Cruz passou por reformas que incluem a ampliação da pista de pouso, dificultando a realização de buscas na área. O Comando da Aeronáutica afirmou não ter sido informado oficialmente sobre o assunto. Os jornais destacaram que Stuart Angel, de nacionalidade brasileira e estadunidense, era filho da estilista Zuzu Angel, cujos esforços para denunciar o desaparecimento do filho repercutiram internacionalmente ao organizar um desfile-protesto no consulado brasileiro em Nova York e levar o caso ao então secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger. Zuzu morreu em 1976 em um acidente de carro, o qual se suspeita que tenha sido provocado por agentes da repressão. (Correio Braziliense – Brasil – 10/06/14; Folha de S. Paulo – Poder – 10/06/14; O Estado de S. Paulo – Política – 10/06/14)

General criticou atuação das Forças Armadas em missões subsidiárias

Em coluna opinativa para O Estado de S. Paulo, o general de Exército e ex-chefe do Estado-Maior de Defesa, Rômulo Bini Pereira, escreveu sobre as Forças Armadas e seu papel no Brasil. De acordo com o general, a Constituição Federal de 1988 estabelece, nos artigos 142 e 144, o papel das Forças Armadas e de seus órgãos policiais responsáveis pela segurança pública, sendo a missão essencial das Forças Armadas a defesa do território e da soberania nacionais, enquanto a segurança pública deve ser exercida pelas Polícias Federal, Rodoviária e Ferroviária Federais, Polícias Civil e Militar. Para ele, o emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO), no entanto, vem se tornando prática significativa e preocupante, sendo este um tema muito sensível e sujeito a inúmeras análises e interpretações, até mesmo de sua inconstitucionalidade. Segundo Pereira, o Ministério da Defesa poderia ser um possível limitador desse empenho geral, porém se mostra pouco eficaz em selecionar e priorizar o emprego das Forças Armadas, uma vez que ações como, por exemplo, o emprego de efetivos militares em favelas, afetam negativamente o lado operacional de sua principal missão constitucional, que é a defesa da Pátria e de sua soberania. O general criticou a vulnerabilidade externa do Brasil, e destacou que, com longas fronteiras terrestres e marítimas, cobiças internacionais permanentes, efetivos e orçamentos reduzidos e um cenário mundial incerto, as Forças Armadas necessitam de meios de combate eficazes e modernos para a proteção, ao invés de sprays de pimenta, cassetetes, jatos d’água ou balas de borracha que são materiais específicos para os órgãos de segurança pública. Pereira questionou a finalidade dessas transformações e a atuação na GLO e ressaltou que ter um “braço armado” é um desejo histórico das esquerdas totalitárias. Segundo o general, a presidenta da República, Dilma Rousseff, atribui às Forças Armadas incumbências que acabam em ações que não se coadunam com suas missões específicas. Por fim, Pereira concluiu que as Forças Armadas são uma instituição de Estado, e não de governo, não podendo, assim, ser “braço armado” de governos ou de quaisquer facções políticas. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 11/06/14)

Segurança na Copa do Mundo V: Exército compra 70 milhões de reais em armamento não letal

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o Exército gastou 70 milhões de reais para comprar armamento não letal com a finalidade de conter distúrbios civis durante a Copa do Mundo. O objetivo é que o armamento seja usado pela Polícia do Exército na Força de Contingência, a única do Exército autorizada a atuar na segurança pública das 12 cidades-sede. Os militares cuidarão de equipamentos considerados estratégicos para o evento, como torres de transmissão, subestações de energia e estádios. De acordo com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, o emprego das Forças Armadas em outras áreas só ocorrerá se os governadores pedirem ajuda ao governo federal. Dentre os equipamentos comprados, encontram-se balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, cassetetes e escudos. (Folha de S. Paulo – Poder – 11/06/14)

Segurança na Copa do Mundo IV: presença de militares incomoda delegações e civis

De acordo com o jornal Correio Braziliense, as delegações da Colômbia e da Alemanha se mostraram incomodadas com a forte presença de militares nos locais utilizados pelos atletas. A seleção da Colômbia exigiu a retirada de militares que faziam a segurança no Centro de Treinamento do São Paulo, na cidade de Cotia, em São Paulo. Os militares deixaram o local no mesmo dia.  A seleção da Alemanha, por sua vez, se mostrou incomodada com a presença dos militares no resort projetado para hospedá-los. Segundo o jornal, as delegações receiam que os homens das Forças Armadas representem um elemento de pressão para os jogadores ou mesmo que os militares possam analisar a tática dos treinamentos e passar informações a respeito das seleções. A resistência à presença dos militares não agradou as Forças Armadas, sendo que em um dos casos o comando chegou a instruir os militares a fazerem a segurança mesmo após as reclamações dos estrangeiros. Os militares ainda atuaram fora dos locais onde as equipes devem treinar, fazendo varreduras para verificar a presença de agentes químicos, biológicos, radioativos e nucleares. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a presença de militares armados reforçando a proteção no quarteirão do hotel que abriga a seleção de futebol dos Estados Unidos incomodou civis que frequentam a região. De acordo com depoimento de moradores, uma rua foi bloqueada e havia um caminhão do Exército na área. O jornal destacou ainda que as mochilas de todos os jornalistas foram revistadas no Centro de Treinamento do São Paulo, enquanto cerca de 25 policiais e dez homens do Exército vigiavam o local.  De acordo com o Correio, o Ministério da Defesa escalou 57 mil militares, sendo 40% destes do plano de contingência específico para atuar em situações de crise. Os militares devem atuar em conjunto com as polícias nos centros de treinamento, em hotéis e nas rotas de acesso aos estádios, sendo responsáveis pela proteção de chefes de Estado, do espaço aeroespacial, da defesa cibernética, do contraterrorismo e de estruturas estratégicas. (Correio Braziliense – Política – 10/06/14; Folha de S. Paulo – Esporte – 10/06/14)

Segurança na Copa do Mundo III: militares preparam-se para atuar na capital federal

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, desde o dia 08/06/14 ocorreram na capital federal, Brasília, os últimos preparativos para a segurança da Copa do Mundo. Cerca de 3,7 mil militares concentrados na capital realizaram um treinamento de segurança no Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU). A segurança feita pelas tropas na capital começará efetivamente no dia 13/06/14, data do primeiro jogo que acontecerá em Brasília. As atividades de segurança terão início 48 horas antes do jogo e serão mantidas 24 horas após o encerramento. De acordo com o Correio, o Exército preparou palestra antiterrorismo para orientar a população civil sobre como agir em caso de emergência. As orientações abrangem ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares. O coronel Gilberto da Silva Breviliere, porta-voz do Comando Militar do Planalto, explicou que as Forças Armadas trabalharão com o objetivo de prevenção, a fim de evitar que ações mais intensas sejam necessárias. Breviliere ressaltou que, para entrar em ação, as Forças Armadas precisam de autorização presidencial e afirmou que “um triunvirato, formado pelo superintendente da Polícia Federal, por um representante do Ministério da Defesa e pelo secretário de Segurança Pública, é que avaliará a necessidade de empregar nosso pessoal e aconselhar o governador e a presidente”. O capitão Rogério de Oliveira, responsável por orientações, afirmou que as ruas largas da capital federal favorecem a dispersão de multidões. De acordo com O Estado, cerca de 250 homens do Exército, Defesa Civil, Bombeiros, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) realizaram no dia 09/06/14 um exercício frente a ataques terroristas com armas químicas, biológicas e radioativas no estádio Mané Garrincha, em Brasília. O capitão do Exército, André Bifano, afirmou que as Forças Armadas estão preparadas para cobrir qualquer tipo de ação dessa natureza e ressaltou que foi montada uma estrutura para descontaminação em caso de ataque, capaz de atender até 500 pessoas. (Correio Braziliense – Cidades – 09/06/14; Correio Braziliense – Cidades – 10/06/14; Folha de S. Paulo – Poder – 09/06/14; O Estado de S. Paulo – Copa 2014 – 10/06/14)

Segurança na Copa do Mundo II: Marinha utilizará edifício do Rio de Janeiro como base

Segundo o periódico O Estado de S. Paulo, a cobertura de um edifício de 15 andares na cidade do Rio de Janeiro, a 600 metros do estádio do Maracanã, sede de jogos durante a Copa do Mundo de 2014, será utilizada como base da Marinha durante o evento. O jornal afirmou que a Marinha iniciou os procedimentos de “posicionamento de posto de vigilância do espaço aéreo e de material de defesa antiaéreo” no local. Segundo o periódico, no dia 29/05/14, o comandante do Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea, o capitão de fragata Aurélio da Silva, enviou à síndica do edifício um ofício solicitando licença para utilizar a cobertura do prédio durante a Copa como base de defesa antiaérea do Maracanã. De acordo com comunicado do dia 06/06/14, a solicitação foi aprovada, mas moradores do local afirmaram não terem sido consultados, sendo que o morador da cobertura, Almir Gomes Cardoso, relatou que os militares afirmaram que será instalado um míssil no local. O major Marco Ferreira, membro do Centro de Coordenação de Defesa de Área do Rio de Janeiro, afirmou que a eventual instalação de mísseis que operam com radar representa um ponto essencial do controle do espaço aéreo. Segundo o Ministério da Defesa, mísseis de baixo alcance foram usados para garantir a segurança durante eventos como a conferência Rio+20, a Copa das Confederações e a visita do papa Francisco ao Brasil. De acordo com O Estado, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) recusou o pedido de posicionamento de mísseis de defesa antiaérea, feito pela Marinha, no prédio da instituição, localizado próximo ao estádio do Maracanã. O Ministério da Defesa informou que “foram feitas sondagens em diversos pontos no entorno do estádio, mas ainda não há definição sobre os locais em que serão colocados os equipamentos de defesa do espaço aéreo”. Segundo O Estado e a Folha de S. Paulo, a Aeronáutica ampliou de 13 para 18,5 quilômetros, a partir dos estádios que sediarão os jogos da Copa, a área de exclusão aérea que proíbe a circulação de aeronaves e helicópteros no local. Tal procedimento é vigente nas três horas que precedem e antecedem os jogos e é válida para todas as cidades que serão sedes. O Estado afirmou que o aumento da zona de exclusão atendeu aos pedidos das Secretarias de Segurança Pública dos estados devido ao agravamento das tensões sociais às vésperas do campeonato. (Folha de S. Paulo – Poder – 08/06/14; O Estado de S. Paulo – Esportes – 07/06/14; O Estado de S. Paulo – Copa 2014 – 10/06/14)

Segurança na Copa do Mundo I: militares poderão atuar em conjunto com Polícia Militar

Segundo o periódico Correio Braziliense, o secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, relatou que as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo são os locais mais preocupantes em relação aos protestos durante a Copa do Mundo, considerando possíveis manifestações violentas que impeçam o direito de outras pessoas de celebrar o evento. O periódico destacou que o plano de segurança apresentado pela Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos do Ministério da Justiça prevê mais de 100 mil homens nas ruas, e que Forças Armadas poderão fazer a segurança ao redor dos estádios se houver pedido formal do governo do estado, ajudando, dessa forma, a Polícia Militar na manutenção da ordem. Além de homens das Forças Armadas e das polícias militares dos estados, atuarão na Copa do Mundo policiais federais, policiais civis e a Força Nacional de Segurança Pública. (Correio Braziliense – Política – 11/06/14)

terça-feira, 10 de junho de 2014

Comissão Municipal da Verdade de São Paulo contesta morte do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a Comissão Municipal da Verdade de São Paulo – Vladimir Herzog impetrará um mandado de segurança para impedir que a Comissão Nacional da Verdade (CNV) oficialize a versão de que a morte do ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek, ocorreu em decorrência de um acidente de trânsito. A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo defende que o ex-presidente foi vítima de um atentado organizado pelo regime militar (1964-1985). O vereador da cidade de São Paulo e presidente da Comissão Municipal, Gilberto Natalini alegou que os testemunhos recolhidos pelo colegiado não foram considerados pela CNV. De acordo com Folha, Natalini relatou que o motorista do ex-presidente, Geraldo Ribeiro, levou um tiro na cabeça antes de perder o controle do carro e se chocar com uma carreta. A Folha afirmou que um motorista de caminhão teria visto Ribeiro desacordado logo antes da colisão. Segundo a versão oficial, o veículo teria colidido com uma carreta após ser atingido por um ônibus. (Folha de S. Paulo - Poder - 04/05/14)

Colunista relata sobre a Lei da Anistia no Brasil

Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, Gilberto Saboia, ex-secretário de Estado para Direitos Humanos, entre 2000 e 2001 do governo do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e membro da Comissão de Direito Internacional da Organização das Nações Unidas, descreve que a Lei da Anistia (1979) foi um passo politicamente importante, mas insuficiente frente às demandas de justiça das vítimas e da sociedade. Leis posteriores, como a que reconhece a responsabilidade do Estado pelos desaparecimentos forçados e a que determina o pagamento de indenizações, por exemplo, complementaram a Lei da Anistia. Saboia declarou que tortura é crime perante o Direito Internacional e que as anistias promulgadas ao fim de períodos de exceção vêm sendo intensamente discutidas. As anistias são vistas como etapa necessária muitas vezes à reconciliação nacional, mas sua legitimidade é contestada quando servem para cobrir a impunidade, sem prever o direito à verdade, e quando encobrem graves crimes. Saboia conclui que a responsabilidade internacional do Brasil por atos ilícitos sob o Direito Internacional deve ser considerada seriamente, pois afeta a credibilidade do país frente as obrigações que voluntariamente assumiu após sua entrada na Convenção Internacional contra os Desaparecidos Forçados, em 2010. Segundo esse instrumento, se o Estado adota regime de prescrição para o crime de desaparecimento forçado, o prazo passa, obrigatoriamente, a ser contado a partir da data em que o crime foi solucionado, portanto, os autores desse tipo penal não estão cobertos pela Lei de Anistia. (Folha de S. Paulo - Opinião - 04/06/14)

Ex-sargento do Exército argumentou contra o preconceito nas Forças Armadas

Superior Tribunal Militar. O Estado de S. Paulo, São Paulo. 3 de jun 2014. 

Em artigo opinativo para o jornal Correio Braziliense, o ex-sargento do Exército, Fernando Alcântara de Figueiredo, discorreu sobre o preconceito contra homossexuais nas Forças Armadas. Segundo o artigo 235 do Código Penal Militar, o crime de pederastia é definido como “ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito à administração militar”, com pena de detenção de seis meses a um ano. A previsão legal do crime é questionada por entidades de direitos humanos e organizações ligadas ao movimento gay, que a encaram como perseguição a militares em função de sua orientação sexual. O debate sobre a presença de homossexuais nas Forças Armadas, porém, deve ganhar uma nova perspectiva a partir da posse da primeira mulher escolhida para presidir o Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Teixeira Rocha, defende que as Forças Armadas avancem na aceitação de homossexuais. Figueiredo, que considera positiva a presença de Rocha na mais alta corte militar do país, declarou ter sido protagonista de uma história conhecida internacionalmente ao assumir um relacionamento de 11 anos com o sargento reformado do Exército, Laci Araújo. Araújo foi denunciado por deserção e o casal sofreu diversas acusações, embora sem ligação direta com sua orientação sexual. Ambos alegaram, contudo, que foram perseguidos por serem homossexuais e obtiveram vitória ao levar o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), que pediu esclarecimentos ao governo brasileiro. Figueiredo defendeu a extinção do crime de pederastia e argumentou que “em qualquer parte do serviço público, inclusive o civil, fazer sexo nas dependências do trabalho gera um procedimento administrativo disciplinar que pode culminar em demissão (...) criminalizando, o Exército tenta convencer as pessoas de que o homossexual é tão promíscuo a ponto de praticar sexo em qualquer lugar”. Para Toni Reis, secretário de educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), é necessário extinguir o artigo do Código Penal Militar que prevê a pederastia como crime, e a posse da nova presidente do STM poderá estimular o tratamento igualitário. Figueiredo destacou que “ato libidinoso é algo muito vago, especialmente nessas instituições, que fazem perseguições veladas” e relembrou que em setembro de 2013 a Procuradoria-Geral da República ingressou com uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental pedindo que fosse invalidado o artigo 235 do Código Penal Militar. No entanto, a ação, proposta pela procuradora Helenita de Acioli, foi contrariada pelo atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que alegou em parecer ao Supremo Tribunal Federal, não haver desrespeito aos direitos constitucionais na previsão do delito. (Correio Braziliense - Brasil - 03/06/14)

STM/Divulgação - 22/8/12. A ministra Maria Elizabeth assume a presidência do STM no dia 16. Correio Braziliense, Brasília, 03 de jun. 14.

Bruno Peres/CB/D.A Press - 29/7/08. O casal Fernando e Laci sofreu repressão no Exército: apelação a instância internacional após julgamento no STM. Correio Braziliense, Brasília, 03 de jun. 14.


Exército atuará na segurança da Copa do Mundo

De acordo com os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o Exército auxiliará no policiamento durante a Copa do Mundo. A presidenta da República, Dilma Rousseff, ofereceu o auxílio do Exército aos governadores dos 14 estados que sediarão o mundial. Já responderam positivamente ao contingente adicional os governadores dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Os governos dos estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco ainda não responderam sobre o auxílio, mas tendem a aceitar, enquanto os estados de Minas Gerais, Amazonas e Ceará declararam não necessitar do auxílio adicional das Forças Armadas. De acordo com a Folha, as Forças Armadas creem que outros estados também aceitarão ajuda a fim de não correrem o risco de serem responsabilizados por eventuais problemas. No dia da abertura dos jogos as forças de operações especiais do Exército também auxiliarão na segurança. Segundo os jornais, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo foi destacado, juntamente com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general José Carlos De Nardi, para apresentar a proposta de que os militares atuem no policiamento de pontos estratégicos, aumentando a sensação de segurança. De Nardi destacou que o Exército não terá atuação operacional, apenas estará presente nas ruas para apoiar as atividades da Polícia Militar.  De acordo com O Estado, Cardozo confirmou que a atividade de policiamento e repressão de ilícitos é função da Segurança Pública, sendo a atuação das Forças Armadas considerada suplementar. Os militares não atuarão em manifestações e agirão somente em caso de pedido do governador do Estado. Segundo o jornal, o governo do estado de São Paulo solicitará ainda o apoio do Exército em estações de trem e metrô, não estando prevista a presença de tanques de guerra nas cidades. Os homens do Exército agirão somente no caso das manifestações saírem do controle, desempenhando um papel “dissuasório”, mediante autorização da presidenta da República. Segundo a Folha, os estados em que houver cidades-sede podem solicitar ou dispensar a ajuda federal a qualquer momento. Segundo o Correio, no dia 05/06/14, o Exército Brasileiro realizou um treinamento de segurança em Brasília como preparação para a Copa do Mundo. Dos 3,7 mil militares “destacados para o contingente da Copa, 100 participaram da ação”. De acordo com o periódico o equipamento utilizado pelos militares, como metralhadoras, fuzis e carros blindados,  chamou a atenção da população. (Correio Braziliense - Política - 05/06/14; Correio Braziliense - Cidades - 06/06/14; Folha de S. Paulo - Poder - 03/06/14; Folha de S. Paulo - Poder - 05/06/14; O Estado de S. Paulo - Metrópole - 02/06/14; O Estado de S. Paulo - Metrópole - 03/06/14) 

Empresários atuaram a favor do regime militar

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, empresários ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) atuaram intensamente para a tomada de poder pelos militares de 1964. Documentos recém-descobertos no arquivo da Escola Superior de Guerra (ESG) demonstraram palestras e conferências apresentadas na instituição por industriais ligados à entidade patronal paulista. De acordo com o jornal, empresários trabalharam para desestabilizar o então presidente da República, João Goulart, desde sua posse, financiando as campanhas de seus adversários no Congresso Nacional e organizando entidades como o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes). Durante o regime militar (1964-1985), alguns empresários ajudaram a financiar a Operação Bandeirante (Oban), organização criada pelos militares para coordenar a repressão aos opositores do regime. Ainda segundo a Folha,  as palestras proferidas por empresários da Fiesp e a doação de material aos militares, possibilitam duas interpretações. A primeira seria que as doações realizadas pelos empresários ao invés de ser uma conspiração política seria um meio de aproximação institucional, pois ninguém sabia que o general Amaury Kruel, ex-chefe do Gabinete Militar de Goulart, se juntaria aos militares golpista horas antes da tomada de poder. A última hipótese seria que as doações realizadas aos adversários de Goulart fossem para fomentar um ambiente hostil ao presidente. Para Marcelo Rideni, cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) as duas interpretações são válidas, pois "os empresários podem ter exagerado ao falar da própria colaboração. Mas eles não inventaram essas histórias do nada. Onde há fumaça, há fogo". Para Marcos Napolitano, historiador e professor da Universidade de São Paulo (USP), os documentos encontrados na ESG demonstram que é fraca a tese de que o golpe foi reativo. Além disso, o jornal descobriu que a Fiesp criou um órgão subordinado a sua presidência, denominado Grupo Permanente de Mobilização Industrial (GPMI), cujo propósito era “converter a industria paulista em fornecedora de material  bélico, caso grupos de esquerda reagissem contra o golpe e deflagrassem uma guerra civil”. Como não houve resistência ao golpe, o órgão passou a gerenciar a participação da indústria paulista nas concorrências das Forças Armadas. O órgão era composto por 10 empresários e 11 militares.  (Folha de S. Paulo - Poder - 01/06/14; Folha de S. Paulo - Poder - 02/06/14; Folha de S. Paulo - Folha Corrida - 02/06/14)

Brasil e Honduras negociam fornecimento e revitalização de aeronaves

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, os governos do Brasil e de Honduras estão discutindo um contrato de revitalização de nove aeronaves T-27 Tucano, fornecidas pela Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A (Embraer), e de um esquadrão completo de cinco caças F-5E, da companhia estadunidense Northrop Grumman Corporation, ambos adquiridos na década de 1980, além do fornecimento de ao menos quatro aeronaves militares A-29 Super Tucano. Segundo o embaixador brasileiro em Honduras, Zenik Krawctschuk, o acordo “depende da análise da linha de crédito e da definição quanto ao tipo de financiamento”. Os valores não foram divulgados, mas especialistas afirmaram que a modernização dos 14 aviões custaria em torno de US$ 35 milhões a RS$ 63 milhões, dependendo da configuração almejada. Segundo O Estado, Honduras tem o objetivo de expandir suas ações de controle do espaço aéreo nas fronteiras, o que justifica o possível acordo. (O Estado de S. Paulo - Economia - 31/05/14)

Colunista afirmou que busca por punição de militares é tardia

De acordo com coluna opinativa do jornal Folha de S. Paulo, o colunista Hélio Schwartsman afirmou que, em um primeiro momento, a decisão da Justiça de aceitar a denúncia contra cinco militares do regime militar (1964-1985), acusados do assassinato e ocultação do cadáver do ex-deputado federal Rubens Paiva em 1971, pode ser vista como uma ação positiva. Contudo, em um segundo momento, Schwartsman defendeu que tal visão abre espaço a “decepção”, pois durante décadas o Brasil desperdiçou a oportunidade de promover um “acerto de contas com a história”. Segundo o colunista, um julgamento 40 anos depois dos fatos será “no máximo um arremedo de justiça”, pois eventuais prisões não estarão de acordo com os objetivos racionais da sanção penal. Schwastsman afirmou que a prisão de criminosos busca impedir fisicamente que esses cometam novamente os crimes praticados e como forma de dissuadir outras pessoas que almejam fazê-los. Devido à demora em se aceitar a denúncia, esses objetivos não podem mais ser alcançados, pois com as mudanças do cenário político do país “não há mais nem regime a defender nem opositores a ameaçá-lo”, fazendo com que os crimes não possam ocorrer novamente. De acordo com o colunista, mesmo uma concepção mais metafísica da justiça apresenta entraves a tais punições, pois ao punir uma pessoa depois de 40 anos de seus atos deve-se levar em consideração que essa não é mais a mesma que era quando cometeu tais crimes. (O Estado de S. Paulo - Opinião - 31/05/14)

Comissão Nacional da Verdade busca esclarecer morte de Stuart Angel Jones

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, no dia 30/05/14, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) realizou perícia na Base Aérea do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro, com objetivo de esclarecer as circunstâncias da morte do militante de esquerda Stuart Angel Jones, filho da estilista Zuzu Angel, desaparecido após ter sido torturado durante o regime militar (1964-1985). De acordo com a Folha, a CNV divulgará nos próximos dias um novo relatório a respeito da morte de Jones. O presidente da Comissão, Pedro Dallari, afirmou que espera que o novo documento sirva como uma referência para abertura de inquérito criminal pelo Ministério Público. Dallari relatou que a Base Aérea do Galeão foi um centro de tortura, e provavelmente, de morte, e que a Comissão crê que foi nesse local que Jones morreu. De acordo com o periódico, Dallari esteve no local com objetivo de identificar quatro locais de tortura e prisão ilegal. O ex-cabo da Aeronáutica, José Bezerra da Silva, que afirmou ser testemunha das torturas cometidas contra o militante, foi convidado a participar da perícia. Bezerra da Silva contou ter visto Jones entrar vivo em uma ambulância após ser torturado e apontou aos peritos o local exato onde a ação ocorreu. (Folha de S. Paulo - Poder - 31/05/14)

Depoimento de Malhães à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro foi divulgado

Segundo os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia 30/05/14, a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro divulgou o depoimento transcrito do coronel reformado Paulo Malhães. O depoimento revelou que a chamada Casa da Morte, mantida clandestinamente durante o regime militar (1964-1985) na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, funcionava como um local de formação de agentes para atuarem de maneira infiltrada nas organizações de esquerda durante o período. Segundo Malhães, do local “saíam militantes partidários que, após dias de torturas, era ‘transformados’ em informantes’”. O coronel afirmou ter atuado na “formação” de cerca de 30 a 40 informantes para atuarem infiltrados, incluindo membros dos partidos: Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), contrários ao regime. De acordo com O Estado, Malhães declarou que não citaria nomes dos supostos infiltrados por ser esse seu compromisso com eles, mas que a prisão do ex-oficial do Exército e membro do PCdoB, Lincoln Cordeiro Oest, ocorreu com a ajuda desses agentes. Wadih Damous, presidente da comissão do Rio de Janeiro, afirmou que a referida transformação de presos políticos em infiltrados é considerada um meio de desqualificar os presos do regime militar. De acordo com o depoimento, com o aumento das tensões durante o regime militar os métodos de tortura praticados no local se alteraram, demonstrando que o que causava mais pavor era o desaparecimento, não a morte, pois esse leva a um impacto muito mais violento no grupo ao qual o desaparecido pertencia. Em trechos do documento publicado pela Folha, Malhães relatou que a morte do ex-deputado federal Rubens Paiva possivelmente foi um erro, levando à necessidade de sumir com o corpo, o que resultou na afirmação oficial de que o militante havia sido sequestrado por partidários de esquerda. Apesar disso, o coronel se negou dizer o que ocorreu com o corpo do militante. De acordo com os depoimentos, Malhães afirmou que a organização mais perigosa e única com capacidade de combate durante o período era a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), comandada por Carlos Lamarca, sendo que as outras não causavam grande preocupação. Malhães relatou que foi devido a Guerrilha do Araguaia (1979) que ocorreu a transformação de tropa fardada em tropa à paisana, pois era necessário implementar uma nova forma de combate para lutar contra os guerrilheiros, pois um soldado fardado correndo no mato seria um alvo fácil. De acordo com O Estado, Malhães afirmou ter atuado no sequestro de um guerrilheiro argentino, do grupo Montoneros, que se encontrava na cidade do Rio de Janeiro e era procurado em seu país durante o período. Segundo o depoimento, o militante foi dopado e engessado com a ajuda de um médico e colocado em um avião rumo à Argentina. A Comissão Estadual defendeu que a ação foi parte da chamada Operação Condor, que estabeleceu uma cooperação entre os regimes militares da Argentina, Brasil e Chile, e que tal relato é importante para esclarecer as ações da operação. Segundo O Estado, o relatório da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos apontou que ao menos três argentinos desapareceram no Brasil durante a década de 1980. (Correio Braziliense - Política - 31/05/14; Folha de S. Paulo - Poder - 31/05/14; O Estado de S. Paulo - Política - 31/05/14) 

Suspeito do roubo a casa de Malhães foi preso no Rio de Janeiro

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, Anderson Pires Teles, irmão de Rogério Pires, caseiro do coronel reformado Paulo Malhães, foi preso no dia 30/05/14 pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Ambos são acusados de participação no roubo à casa do coronel, juntamente de um terceiro irmão, Rodrigo Pires, que se encontra foragido. A polícia acusa o caseiro de ter repassado informações sobre a rotina da família e de ter facilitado o ingresso de seus irmãos e uma terceira pessoa na casa do coronel. A Folha afirmou que parte das armas roubadas foram recuperadas, sendo que sete delas estavam no bairro de Santa Cruz, na cidade do Rio de Janeiro, local onde Teles foi preso. O periódico lembrou que a Justiça negou o pedido de habeas corpus feito pela defensora pública Raquel Ayres para libertar o caseiro, pois a polícia afirma que sua libertação pode prejudicar as investigações. Segundo a Folha, Wadih Damous, presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, afirmou que pedirá quebra de sigilo judicial e a divulgação do inquérito sobre a morte de Malhães, pois não haveria fundamentação jurídica para o sigilo. Damous relatou que a Polícia Civil vem atuando no sentido de confirmar a tese de latrocínio e que a Comissão almeja que as investigações sejam ampliadas “para saber se houve queima de arquivo por causa dos depoimentos que o coronel prestou”. De acordo com O Estado, Teles declarou à polícia que o caseiro não sabia sobre o esquema e que só teria descoberto sobre o envolvimento dos irmãos no momento do crime. (Correio Braziliense - Política - 31/05/14; Folha de S. Paulo - Poder - 31/05/14; O Estado de S. Paulo - Política - 31/05/14) 

terça-feira, 3 de junho de 2014

Partido dos Trabalhadores pretende pressionar Dilma Rousseff a defender a revisão da Lei da Anistia

De acordo com O Estado de S. Paulo, o Partido dos Trabalhadores (PT) incluiu no documento que apresentou as diretrizes de seu programa de governo, aprovado dia 26/05/14 pela Executiva Nacional, a defesa da revisão da Lei da Anistia (1979). O jornal avaliou que o ato pretende pressionar a presidenta da República, Dilma Rousseff, a rever a lei num eventual segundo mandato, além de fazer com que o tema seja debatido durante sua campanha eleitoral. O partido declarou que a punição dos crimes praticados por agentes do Estado durante o regime militar (1964-1985) ajudaria a impedir a continuidade de práticas semelhantes “nas Forças Armadas e de segurança, na justiça e no sistema prisional, na criminalização dos movimentos sociais e na discriminação contra camadas populares”. Segundo o jornal, o PT começou a defender mais fortemente o tema após a instalação da Comissão Nacional da Verdade. No entanto, essa orientação é contrária às declarações da própria presidenta em um evento no começo de 2014, no qual afirmou reconhecer e valorizar os pactos políticos que levaram o país à redemocratização. De acordo com o jornal, o Supremo Tribunal Federal analisou a Lei da Anistia em 2010 e optou por mantê-la original. No dia 30/05/14, o periódico Folha de S. Paulo noticiou que o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, declarou não ter incluído a revisão da Lei da Anistia (1979) “na versão inicial das diretrizes do partido como contribuição à elaboração do programa de governo em um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff”, pois a temática não é consensual entre os membros do partido.   (Folha de S. Paulo – Poder – 30/05/14; O Estado de S. Paulo – Política – 28/05/14)

Professor analisa Lei da Anistia frente a crimes previstos no Código Penal

Segundo artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, o professor emérito de Ciência  Política da Universidade de Brasília (UnB), David Fleicher, analisou a decisão da Justiça Federal de aceitar a denúncia contra cinco militares por crimes cometidos durante o regime militar (1964-1985). De acordo com o professor, tal decisão representa um reforço à tese, defendida pelo Ministério Público Federal, de que a Lei da Anistia (1979) não se refere a crimes previstos pelo Código Penal e que deve ser interpretada de maneira restrita quando envolve crimes contrários à proteção dos “direitos fundamentais”. Segundo Fleicher, apesar de constantemente rejeitada, a tese avança por meio de casos específicos, como o referente à morte do ex-deputado Rubens Paiva, no qual pode ser aplicada a tese de crime continuado (quando o corpo não foi encontrado). O Supremo Tribunal Federal (STF) aplicou a tese de crime continuado quando decidiu pela extradição de militares argentinos e uruguaios residentes no Brasil e que eram acusados de envolvimento em desaparecimentos de opositores ao regime militar de seus países. Entretanto, no que se refere à Lei da Anistia, o STF determinou, em 2010, que a lei é válida e não pode ser revogada. De acordo com Fleicher, o caminho mais viável para a resolução de questões referentes à lei é submetê-la ao STF novamente. O professor destacou que desde 2010 o órgão alterou-se, levando analistas a levantar a possibilidade de uma decisão diferente, pois mesmo que não revogada, a lei poderia ser modificada. (O Estado de S. Paulo – Política – 27/05/14) 

Justiça Federal aceita denúncia contra militares envolvidos na morte de Rubens Paiva

REPRODUÇÃO. Sumiço. Rubens Paiva foi preso em casa, no Rio, em 1971. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 28 maio 2014, P. 6.

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a Justiça Federal do Rio de Janeiro aceitou, no dia 26/05/14, a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra cinco militares envolvidos na morte do ex-deputado Rubens Paiva durante o regime militar (1964-1985). Paiva foi eleito deputado federal em 1962 e teve seu mandato cassado após a tomada de poder pelos militares em 1964, buscando exílio na Europa. Segundo a Folha, Paiva voltou ao Brasil em 1965, foi preso pelo regime em 1971 e morreu após ser brutalmente torturado no Departamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro. O Correio informou que o general reformado e ex-comandante do DOI-Codi na época, José Antônio Nogueira Belham, e o coronel reformado Rubens Paim Sampaio foram denunciados por homicídio triplamente qualificado e podem receber pena de até 37 anos de prisão. O coronel reformado Raymundo Ronaldo Campos e os sargentos da reserva Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza irão responder por crimes de ocultação de cadáver, associação criminosa e fraude processual, com pena de até 10 anos de prisão. De acordo com a Folha, o juiz federal Caio Márcio Gutterres Taranto, que aceitou a denúncia, afirmou que os crimes contra a humanidade não prescrevem e por se tratar de crimes previstos no Código Penal, não são protegidos pela Lei da Anistia (1979), pois a lei protege apenas crimes políticos ou conexos a esses e não aquelas previstos na legislação comum. O periódico lembrou que esse foi o primeiro caso em que a morte de vítima do regime militar é reconhecida como crime de lesa-humanidade pela Justiça Federal. O advogado Rodrigo Roca, que representa a defesa dos acusados Belham, Sampaio e Campos, afirmou que os crimes prescreveram e que os réus são protegidos pela Lei da Anistia e, portanto, a denúncia contrariou o Supremo Tribunal Federal, que defendeu a validade da lei. Segundo O Estado, os militares representados por Roca negam participação no crime e o advogado pretende solicitar ao Tribunal Regional Federal da 2º Região a concessão de habeas corpus em favor dos militares, interrompendo a ação penal. O periódico afirmou que os sargentos Jurandyr e Jacy Ochsendorf não possuem advogado e que declararam ao MPF que irão se pronunciar apenas em juízo. De acordo com O Estado, documentos apreendidos na casa do ex-coronel reformado Paulo Malhães são parte das provas apresentadas na denúncia contra os réus. A revelação de Campos acerca da “farsa” montada pelo Exército na época, com objetivo de simular um suposto resgate de Paiva por parte de opositores ao regime militar, também será utilizada. Segundo O Estado, o MPF pede que, além da prisão, os militares envolvidos tenham suas aposentadorias cassadas e suas medalhas e condecorações retiradas pelos órgãos militares. De acordo com O Estado, para a psicóloga e filha do ex-deputado, Vera Paiva, a decisão de Taranto marca o início do processo de esclarecimento do que aconteceu com Paiva, representando uma mudança da sociedade sobre a cultura de violência que começou no regime militar e persiste até hoje. Entretanto, O Estado recordou a existência de casos anteriores que, mesmo após a aceitação das denúncias contra agentes do regime militar, foram arquivados antes de levar a uma possível condenação, a exemplo da extinção do processo no qual o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra foi denunciado por ocultação de cadáver. Neste caso, o juiz federal Fernando Américo de Figueiredo Porto considerou que o crime havia prescrito. (Correio Braziliense – Política – 27/05/14; Folha de S. Paulo – Poder – 27/05/14; O Estado de S. Paulo – Política – 27/05/14; O Estado de S. Paulo – Política – 28/05)

Aluno da Escola Naval falece em treinamento

De acordo com os periódicos Correio Braziliense e O Estado de S. Paulo, o aluno da Escola Naval do Rio de Janeiro, Jean Caleb Marotos Souza, faleceu em decorrência da inalação de gás durante um treinamento na Base de Fuzileiros Navais. Segundo o Correio, o treinamento consistia em atravessar um túnel com fumaça, repetindo o exercício diversas vezes. Souza foi internado no dia 04/05/14 na UTI do Hospital Naval Marcílio Dias e seu corpo foi sepultado no dia 25/05/14. Durante o enterro, a família do aluno se manifestou contra o rigor do treinamento. (Correio Braziliense – Brasil – 26/05/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole - 26/05/14)

Agente do regime militar admite a prática de tortura

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, o coronel reformado da Policia Militar Riscala Corbaje afirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal, ter participado da tortura de mais de 500 presos durante o regime militar (1964-1985). O coronel foi chefe da equipe de interrogatório do Destacamento de Operações de Informações do 1° Exército, no Rio de Janeiro, entre 1970 e 1972, sob o codinome “Nagib”, e submeteu presos a torturas utilizando o pau de arara e sessões de eletrochoque. Em seu depoimento, Corbaje reclamou da atuação do médico Amílcar Lobo, afirmando que o médico era incapaz de avaliar a saúde dos presos para que pudessem dar continuidade às sessões de tortura. Corbaje afirmou que não se arrepende de seus atos. (Folha de S. Paulo – Política- 26/04/14)

General reformado afirmou não ter conhecimento sobre tortura nas instalações do DOI-Codi do Rio de Janeiro

O jornal Folha de S. Paulo teve acesso ao depoimento do general reformado José Antônio Nogueira Belham, tomado no dia 14/01/14 e entregue pelo Ministério Público Federal à Justiça do estado do Rio de Janeiro, no qual Belham negou ter conhecimento sobre a morte do ex-deputado Rubens Paiva ou sobre tortura nas instalações do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, chefiado por ele entre 1970 e 1971. Segundo o jornal, Paiva foi preso no dia 20 de janeiro de 1971 e levado ao DOI-Codi do Rio de Janeiro, onde teria sido torturado e morto. Além de Belham, outros quatro militares foram denunciados, no dia 19/05/14, por envolvimento no caso. A denúncia contra o general reformado baseia-se no depoimento de outros dois militares que afirmaram tê-lo informado de que um homem estava sendo torturado nas dependências do DOI-Codi pouco depois da detenção de Paiva. Belham, porém, argumentou que estava de férias naquele período e que havia recebido ordens do então general Sylvio Frota para que não houvesse tortura nas instalações. O jornal apontou contradições no depoimento de Belham, revelando que no documento apresentado pelo próprio militar à Comissão da Verdade constava a suspensão de suas férias, em janeiro de 1971, por motivos sigilosos. Belham alegou erro administrativo no documento e afirmou não poder garantir que não havia tortura no DOI-Codi, pois “não ficava lá 24 horas”. Ele ainda negou que houvesse animais, com os quais ex-presos políticos afirmaram ter sido torturados, nas instalações do DOI-Codi. Ainda em depoimento, Belham relatou episódios envolvendo ex-presos políticos como o jornalista Cid Benjamin e a cineasta Lúcia Murat, ambos militantes do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Segundo Belham, Murat teria recebido visita dos então generais Sylvio Frota e Rodrigo Otávio, os quais ficaram comovidos com a cena da cineasta chorando, levando Frota a ordenar sua soltura. Belham, após ouvir a presa gargalhando e dizendo que não abandonaria sua convicção, a convenceu a repetir suas intenções enquanto Frota ouvia escondido. Posteriormente, Murat afirmou jamais ter conhecido o general Otávio e afirmou que Frota apenas percorreu a carceragem, sem conversar com ela. Quanto à Benjamin, Belham afirmou que era um homem forte, tendo sido necessárias três equipes para prendê-lo. O general reformado afirmou que Benjamin chegou ao DOI-Codi com ferimentos que precisariam ser suturados. Na falta de anestesia nas instalações, Belham disse ter oferecido a possibilidade de esperar para receber tratamento no hospital ou suturar de imediato, sem anestesia. Benjamin teria pedido um cigarro antes de declarar estar pronto para o procedimento mesmo sem anestesia. (Folha de S. Paulo – Poder – 24/05/14)

Coluna opinativa analisa o sucateamento das Forças Armadas

Em coluna opinativa para o jornal Correio Braziliense, o jornalista Ari Cunha criticou o sucateamento das Forças Armadas no Brasil. Citando o artigo 142 da Constituição Federal, o qual estabelece que “as Forças Armadas (...) destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”, Cunha salientou a importância das Forças Armadas na garantia do Estado Democrático de Direito e destacou que “as maiores democracias do planeta são, justamente, aquelas que possuem maiores forças de combate”. Cunha ressaltou que os militares recebem baixos salários, são obrigados a mudar-se a cada três anos, têm uma carga de trabalho maior do que grande parte dos civis e não são beneficiados com os direitos trabalhistas previstos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O jornalista argumentou que o sucateamento e a falta de investimentos para as Forças Armadas são sérios problemas, o que levou grande parte do contingente de recrutas a ser dispensado por falta de condições materiais para fornecimento de alimentação, uniforme, equipamento e treinamento. (Correio Braziliense – Opinião – 24/05/14)

Militares atuarão na segurança durante a Copa do Mundo

Estadão. Infografico - Defesa da Copa. O Estado de S. Paulo, São Paulo. 27 maio 2014

De acordo com os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que 57 mil militares auxiliarão na segurança da Copa do Mundo de 2014, que ocorrerá no Brasil de 12/06 a 13/07/14. Serão mobilizados 35 mil integrantes do Exército, 13 mil da Marinha e 9 mil da Aeronáutica, gerando um custo de R$ 709 milhões para o Ministério da Defesa. Segundo a Folha, os militares atuarão principalmente na proteção de fronteiras e do espaço aéreo, sendo um grupo com 13 mil militares encarregado de tratar da defesa, terrorismo, defesa cibernética e fiscalização de explosivos. De acordo com o Correio, as Forças Armadas estarão preparadas para atuar na defesa de estruturas estratégicas como subestações de energia e reservatórios de água. Foram investidos R$ 4 milhões em reformas de veículos e aquisição de equipamentos a serem utilizados em caso de ataques químicos ou biológicos. Segundo O Estado, Amorim negou que a imagem do Brasil esteja desgastada por causa dos problemas de segurança e das manifestações sociais às vésperas da Copa; e afirmou que os militares estão preparados para garantir a segurança durante os jogos, sendo que 21 mil homens estarão em “estado de alerta” para lidar com situações que exijam resposta imediata. O Estado afirmou que a maior preocupação refere-se aos protestos que “certamente” irão ocorrer nas cidades que sediarão os jogos e que além dessas, os militares também estarão presentes nas cidades que serão locais de treinamentos das seleções de futebol. De acordo com a Folha de S. Paulo, no dia 27/05/14, em carta enviada ao estado do Rio de Janeiro, a presidenta da República, Dilma Rousseff, sugeriu que os estados reforcem a participação dos militares em “áreas sensíveis nas quais as delegações e autoridades passarão durante o Mundial”. (Correio Braziliense – Cidades – 24/05/14; Correio Braziliense – Política – 24/05/14; Folha de S. Paulo – Poder – 24/05/14; Folha de S. Paulo – Poder – 30/05/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 24/05/14; O Estado de S. Paulo – Esportes – 27/05/14)