Segundo o jornal Folha de S. Paulo, documentos inéditos
do serviço de inteligência do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
revelaram que o Brasil desconfiou da existência de atividades terroristas na
região da Tríplice Fronteira com a Argentina e o Paraguai no período,
ressaltando ainda o risco do terrorista Osama bin Laden atacar em território
nacional, três anos antes dos atentados de 11 de setembro de 2001. Os relatórios,
abertos à consulta no Arquivo Nacional, devido a Lei de Acesso à Informação no
dia 02/07/12, contradizem a posição oficial do Brasil, que sempre negou possuir
indícios de atuação terrorista na região. O relatório, criado em 1999 por
agentes da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), vinculada à Presidência,
afirmou também uma suposta reestruturação na atuação do Hizbollah, grupo xiita
libanês. De acordo com o documento, "Brasil e Paraguai assumiram especial
relevância, passaram a servir de base para combatentes que elegeriam alvos,
especialmente na Argentina e no Uruguai", sendo as atividades
centralizadas na Ciudad del Este (Paraguai) e em São Paulo (Brasil), o que
possibilitaria, assim, uma ação entre grupos radicais egípcios presentes na
fronteira. Em 1998, a inteligência argentina informou à brasileira que estaria
investigando, em conjunto com os norte-americanos, a possibilidade de
planejamento (a partir de uma base no Brasil) do atentado contra a Associação
Mutual Israelita Argentina, em 1994, que matou 85 pessoas e foi estimado o pior
do gênero no Cone Sul. Promotores argentinos acusaram o Irã de ter planejado
tal atentado, empregando o Hizbollah como o executor. Porém, o governo do Irá e
o grupo negam as alegações. Em 1998, um documento referiu-se a Bin Laden e à
atuação de integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia no
Brasil, onde realizariam tráfico de drogas. Os documentos, segundo o jornal,
apontariam a um cenário propício a ocorrência de ataques terroristas em
território nacional e pela América no Sul. (Folha de S. Paulo – Poder –
03/07/12)
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