Segundo
o periódico Folha de S. Paulo, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) avaliou no
dia 26/09/14 o caso de nove chineses presos e torturados durante o regime
militar brasileiro (1964-1985), acusados de “envolvimento num plano para
disseminar o comunismo no Brasil”. Condenados a dez anos de prisão, foram
expulsos do país após um ano de cadeia. De acordo com a Folha, Ju Qingdong, um
dos chineses presos, gravou um depoimento em vídeo para a sessão da CNV, e em
entrevista ao jornal “lamentou que o Brasil ainda não tenha admitido o erro,
embora as acusações jamais tenham sido provadas”. Segundo o periódico, os
chineses esperam a devolução, por parte do Estado brasileiro, de cerca de R$
865 mil confiscados pelos agentes do governo à época. (Folha de S. Paulo –
Poder – 26/09/14)
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Coronel reformado foi denunciado por morte de jornalista
De
acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o Ministério Público Federal (MPF)
denunciou, no dia 22/09/14, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto
Brilhante Ustra e dois policiais apontados como “ex-agentes da repressão”,
Dirceu Gravina e Aparecido Laertes Calandra, pela morte do jornalista Luiz
Eduardo da Rocha Merlino. O legista Abeylard de Queiroz, responsável pelo
laudo, também foi denunciado, por falsidade ideológica. Segundo o jornal,
Merlino, que era militante no Partido Operário Comunista (POC) durante o regime
militar (1964-1985), foi torturado por 24 horas nas dependências do
Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI-Codi), na cidade de São Paulo, sob o comando de Ustra na época, em
julho de 1971. O jornalista foi levado a um hospital militar, porém não
sobreviveu. (Folha de S. Paulo – Poder – 24/09/14)
Índios Aikewara receberam pedido de desculpas do Estado brasileiro
De
acordo com os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, através da
Comissão da Anistia, o Estado brasileiro pediu, em uma decisão inédita,
desculpas formais a um grupo de indígenas da etnia Aikewara pela violência a
qual foram submetidos por militares durante a Guerrilha do Araguaia
(1972-1974). Os 13 indígenas receberão ainda uma indenização de 120 salários
mínimos cada um. De acordo com O Estado, os índios Aikewara ficaram conhecidos
como colaboracionistas dos militares em sua caça aos militantes da Guerrilha do
Araguaia, porém, em depoimento à Comissão, os mesmos alegaram que foram vítimas
de “maus tratos, humilhações e privações” sendo assim forçados a auxiliá-los.
Segundo os relatos dos “suruis”, como são chamados os indígenas da etnia
Aikewara, eles foram mantidos como prisioneiros de guerra, em situação análoga
à escravidão. O presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abrão, afirmou que o
pedido de desculpas aliado à folha indenização representa um “novo complemento” na
história do regime militar brasileiro (1964-1985). A Folha acrescentou que,
segundo os indígenas, “o Exército também os obrigava a carregar corpos de
guerrilheiros mortos ou segurá-los para serem decapitados”. (Folha de S. Paulo
– Opinião – 22/09/14; Folha de S. Paulo – Poder – 23/09/14; O Estado de S.
Paulo – Política – 22/09/14)
Forças Armadas afirmaram não poder negar violações aos direitos humanos durante o regime militar
De
acordo com os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia
19/09/14, o ministro da Defesa, Celso Amorim, encaminhou à Comissão Nacional da
Verdade (CNV) ofícios através dos quais as três Armas que compõem as Forças
Armadas brasileiras afirmaram que “não têm condições de negar a ocorrência de
graves violações aos direitos humanos em instalações militares” ocorridas
durante o regime militar (1964-1985). Segundo a Folha, os ofícios foram feitos
por ordem de Amorim, em resposta a um pedido da CNV, do dia 13/08/14, que
questionava se o Ministério da Defesa e as Forças Armadas confirmavam ou
negavam as informações apresentadas e comprovadas pela Comissão. No documento,
a CNV listou 24 vítimas do governo militar, as respectivas violações das quais
foram alvo, o local onde ocorreram e seus processos na Justiça, além de
documentos do Ministério Público ou inquérito policial como provas das
violações cometidas. No dia 15/08/14, Amorim repassou aos comandantes de cada
uma das Forças o pedido da Comissão e explanou sua posição, afirmando que “o
Estado brasileiro é unitário e só caberia à Defesa e às Forças Armadas, a ela
vinculadas, corroborar o reconhecimento já feito antes por outras instâncias do
mesmo governo”. Segundo a Folha, o Comando da Aeronáutica afirmou não possuir
elementos para contestar a ocorrência de violações aos direitos humanos e nem a
“responsabilidade do Estado” perante tais atos e a Marinha afirmou não ter
provas para negar nem para confirmar as violações apontadas pela CNV. O periódico
informou que o Exército não contradisse os dados das violações apresentadas
pela Comissão e alegou que “não seria pertinente contestar decisões já tomadas
pelo Estado brasileiro (que já reconheceu a existência de torturas e mortes no
período) nem as circunstâncias configuradas em lei nesse sentido”, referindo-se
a lei que forneceu indenização às vítimas do regime militar e as famílias de
mortos e desaparecidos e que criou a Comissão da Anistia. O periódico afirmou
que, para o governo, o Ministério da Defesa exerceu papel fundamental na
criação da CNV e mantém um diálogo direto com seus membros, facilitando o
acesso a informações acerca das organizações militares onde ocorreram violações
aos direitos humanos durante o regime militar, além de responder constantemente
às solicitações de informações. Segundo o Ministério da Defesa, tais ofícios
representaram um passo importante no processo de reconhecimento público das
Forças Armadas de que houve torturas e mortes durante o regime militar e que o
governo teve responsabilidade sobre tais atos. Segundo a Folha, os membros da
CNV declararam, no dia 22/09/14, que consideram a resposta dos militares
“insuficiente”, apesar de reconhecê-la como um “gesto positivo”. De acordo com
Paulo Sérgio Pinheiro, membro da Comissão, “ficar na não negação é insuficiente
e não convence diante de tudo que já foi apurado”. Segundo o jornal, a CNV
enviou no dia 23/09/14, ofício ao Ministério da Defesa solicitando uma reunião
com Amorim e com os comandantes militares a fim de dialogar sobre a finalização
dos trabalhos da Comissão. (Folha de S. Paulo – Poder – 20/09/14; Folha de S.
Paulo – Poder – 23/09/14; O Estado de S. Paulo – Política – 22/09/14)
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Militares devem atuar durante as eleições
De
acordo com o periódico Folha de S. Paulo, o Ministério da Defesa está treinando
30 mil militares para atuar durante as eleições de 2014, quando requisitados
pela Justiça Eleitoral. Até o momento, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
aprovou a atuação dos militares em 95 localidades, baseando-se na Garantia da
Lei e da Ordem (GLO). A expectativa do Ministério da Defesa é de que 250
cidades brasileiras recebam este auxilio. As funções desempenhadas pelos
militares consistem em garantir a segurança de fiscais da Justiça Eleitoral e
dar apoio logístico, transportando urnas e funcionários a locais de difícil
acesso. (Folha de S. Paulo – Poder – 19/09/14).
USP promove seminário sobre o regime militar e a Cultura Brasileira
De
acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH - USP) realizou um
seminário denominado “O Golpe de 1964 e a Cultura Brasileira”, nos dias
17/09/14 a 19/09/14. Durante o evento, o professor e organizador do seminário
Augusto Massi declarou que, se houve uma derrota política com o regime militar
(1964-1985), houve certamente uma vitória cultural. Segundo Massi, “o impacto
nas artes foi muito grande e se reflete ainda hoje no modo como se pensa a
ideia da pobreza, como se faz a crítica da modernidade na cultura”. O
historiador e crítico literário Alfredo Bosi relatou que ainda faltam, nas
recordações dos 50 anos do início do regime militar, mais informações das
comissões da verdade e a sistematização de um quadro mais completo sobre os
desaparecimentos e torturas ocorridos no período. (Folha de S. Paulo –
Ilustrada – 17/09/14).
Militar reformado defendeu opiniões polêmicas em campanha eleitoral
De
acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o militar da reserva e deputado
federal Jair Bolsonaro defendeu opiniões polêmicas em sua campanha eleitoral
para o sétimo mandato na Câmara dos Deputados. Segundo o jornal, Bolsonaro
“ataca o Bolsa Família, a Lei da Palmada, a Comissão Nacional da Verdade, o
Decreto 8243 (que cria conselhos populares), os direitos humanos, a demarcação
de terras indígenas e o governo Dilma Rousseff”. O Estado ressaltou que a
carreira política de Bolsonaro começou em 1988, quando era capitão do Exército,
como vereador do Rio de Janeiro, sendo posteriormente eleito deputado federal
em 1990. Inicialmente, o militar da reserva representou o movimento corporativo
das Forças Armadas por salários e logo incorporou agenda conservadora
alinhando-se à direita. Dentre as declarações polêmicas feitas por Bolsonaro, o
jornal destacou a afirmação de que a Comissão de Direitos Humanos seria
“voltada para defender a vagabundagem”. O jornal destacou que, ao se defender
de acusações de racismo, Bolsonaro lembrou o caso em que salvou o recruta negro
Celso Moraes Luiz de morrer afogado durante um exercício militar, em 1978. Por
tal ato, o deputado requereu a Medalha do Pacificador com Palma, concedida “a
militares que se expuseram a risco de vida”. Bolsonaro afirmou que “adoraria
tê-la recebido por causa do Araguaia”. (O Estado de S. Paulo – Política –
16/09/14)
Militares foram convocados para conter incêndio que ameaçou área do Exército
De
acordo com o jornal Correio Braziliense, 150 homens das brigadas do Corpo de
Bombeiros, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do
Exército foram convocados para controlar um incêndio próximo ao Parque Nacional
de Brasília, na capital federal. Segundo o jornal, o incêndio teria começado em
uma área externa ao parque, em terreno próximo ao 1º Regimento de Cavalaria do
Exército, e teria se propagado rapidamente por causa do vento e das condições
climáticas. As chamas atingiram uma área do Exército e ameaçaram alcançar um
paiol no qual estavam guardados munição e explosivos. Para conter as chamas
foram utilizados três carros de combate a incêndio florestal, três viaturas de
transporte de tropa, três carros-pipas, duas aeronaves e um helicóptero.
(Correio Braziliense – 16/09/14)
Busto de Rubens Paiva foi inaugurado
Marcos de Paula, Estadão. Busto foi colocado em praça diante de quartel onde Rubens Paiva foi torturado. O Estado de S. Paulo, 13 set 2014.
Historiador lança livro sobre Sobral Pinto
De
acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o historiador Márcio Scalercio lançou,
no dia 16/09/14, no Centro Cultural Justiça Federal, na cidade do Rio de
Janeiro, um livro sobre a história do jurista Heráclito Fontoura Sobral Pinto.
Segundo o periódico, Sobral Pinto foi preso em 1968, mas devido ao “acúmulo de
quatro décadas de sua destacada trajetória como advogado”, recebeu grande apoio
e sua soltura foi ordenada pelo então presidente da República, Artur da Costa e
Silva, três dias depois. A Folha relembrou que, embora favorável à tomada de
poder pelos militares em 1964, Sobral Pinto rompeu com o governo militar quando
foi decretado o Ato Institucional nº1 (AI-1).
O jurista escreveu ao então presidente da República, Humberto de Alencar
Castelo Branco, afirmando que o AI-1 varria “do seio da nossa pátria não apenas
o regime democrático mas também a própria dignidade do cidadão brasileiro”.
Entre as pessoas defendidas por Sobral Pinto durante sua carreira destacam-se
diversos presos políticos durante o regime militar (1964-1985) e também nomes
importantes no cenário nacional, como o ex-presidente da República Juscelino
Kubitchek e o jornalista Carlos Lacerda. Segundo Scalercio, talvez Sobral Pinto
“tenha sido uma das primeiras pessoas do campo político conservador a perceber
a natureza do golpe em curso e do que viria depois”. O jornal lembrou que o jurista fez sua última
atuação como advogado aos 96 anos, quando defendeu um primeiro-tenente punido
por passar cheque sem fundo. (Folha de S. Paulo – Poder – 13/09/14)
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Tribunal Regional Federal decidiu retomar o caso Rubens Paiva
De
acordo com os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a 2ª Turma
Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF- 2), na cidade do
Rio de Janeiro, decidiu por unanimidade restabelecer, no dia 10/09/14, a ação
penal contra os militares acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de
homicídio, ocultação de cadáver, associação criminosa e fraude processual do
caso do desaparecimento do ex-deputado federal Rubens Paiva, em 1971, durante o
regime militar (1964-1985). A decisão descartou a alegação dos militares de que
o crime prescreveu e de que era protegido pela Lei da Anistia (1979) e negou o
habeas corpus aos cinco militares acusados pela morte e desaparecimento de
Paiva. Segundo O Estado, com a decisão do TRF-2, o processo, que havia sido suspenso
por liminar concedida pelo desembargador Messod Azulay Neto no final do mês de
agosto, foi retomado por reconhecer que os crimes cometidos durante o regime
militar são crimes contra a humanidade. O advogado de defesa dos acusados,
Rodrigo Roca, afirmou que respeita a decisão, mas recorrerá a uma corte
superior. Segundo a procuradora Silvana Batini, a primeira tese do MPF é de que
a Lei da Anistia “não pode ter efeito para o futuro, não pode pretender
alcançar e extinguir a punibilidade de crimes que não estivessem
suficientemente exauridos na data de sua entrada em vigor”. Através de nota
divulgada pelo MPF, Batini considerou a decisão histórica, uma vez que “foi a
primeira vez que a Justiça brasileira reconheceu que determinados crimes
cometidos durante o período da ditadura militar configuram crimes contra a
humanidade”. (Folha de S. Paulo – Poder – 11/09/14; O Estado de S. Paulo –
Política – 11/09/14)
Ministério Público Federal recebeu documentos sobre líder estudantil da Universidade de Brasília
Segundo
o periódico Correio Braziliense, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça
entregou, no dia 09/09/14, os documentos relativos ao ex-aluno de geologia da
Universidade de Brasília (UnB) e ex-presidente da União Nacional dos Estudantes
(UNE), Honestino Guimarães ao Ministério Público Federal (MPF). A análise do
material possibilitará ao MPF tomar providências, como a investigação das
circunstâncias do desaparecimento de Guimarães durante o regime militar
(1964-1985) e a instauração de um inquérito criminal. Em 2013, de acordo com o
Correio, Guimarães foi anistiado e, no mesmo julgamento, determinou-se como a
causa de sua morte “atos de violência praticados pelo Estado brasileiro por
motivação exclusivamente política”. Segundo o presidente da Comissão de Anistia
e secretário Nacional de Justiça, Paulo Abraão, não foi a primeira vez que a
comissão entregou documentos à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas esta
é a primeira vez em que o fizeram espontaneamente, marcando uma nova política
de cooperação entre os dois órgãos. Abraão afirmou que, a partir de agora,
sempre que a comissão receber documentações que comprovem o cometimento de
crimes contra a humanidade, os encaminhará à PGR. Essa mudança de postura
ocorreu duas semanas após o envio, ao Supremo Tribunal Federal, pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de um parecer contrário à Lei de
Anistia (1979), o qual defendeu que crimes contra a humanidade são
imprescritíveis e não podem ser anistiados. O procurador da República e
coordenador do Grupo de Trabalho Justiça de Transição do MPF, Ivan Cláudio Marx
relatou que existem, atualmente, 200 investigações em andamento, e nove ações
penais ajuizadas sobre crimes cometidos por agentes de Estado durante o regime
militar. (Correio Braziliense – 10/09/14)
Praça em frente ao antigo Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna recebeu o busto de Rubens Paiva
WILTON
JUNIOR/ESTADÃO.
Obra.
Escultor Edgar Duvivier em seu ateliê com o busto do ex-deputado Rubens Paiva.
O
Estado de S. Paulo, São Paulo, 10 set 2014, P11.
Militares depõem na Comissão Nacional da Verdade
VALTER
CAMPANATO/ AGÊNCIA BRASIL.
Revelação.
Coronel Moézia de Lima fala à Comissão da Verdade em Brasília.
O
Estado de S. Paulo, São Paulo, 10 set 2014, P11
Prefeito de Petrópolis foi cassado pelo regime militar
De
acordo o jornal Folha de S. Paulo, Paulo Gratacós, arquiteto e ex-prefeito da
cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, faleceu no dia 03/09/14. O
jornal lembrou que Gratacós teve seu cargo cassado após o endurecimento do
regime militar (1964-1985) com a instauração
do Ato Institucional Nº 5 (AI-5)
no país. De acordo com o jornal, após recusar-se a ajudar um almirante
da Marinha com problemas em sua rua, Gratacós teve seu nome anunciado no rádio
junto com uma série de deputados e prefeitos que também foram cassados pela
junta militar que governava o país em outubro de 1969. Segundo o jornal, não se
sabe se a recusa ao pedido do almirante foi o estopim de sua perseguição, porém
a esposa do ex-prefeito afirmou que Gratácos foi cassado por ser contra o regime.
(Folha de S. Paulo – Cotidiano – 09/09/14)
Militares evitaram depor à Comissão Nacional da Verdade
Segundo
o periódico Folha de S. Paulo, o tenente da reserva José Conegundes do Nascimento
se negou a comparecer para depor à Comissão Nacional da Verdade (CNV) sobre sua
participação na Guerrilha do Araguaia (1972-1974). O tenente afirmou, em
resposta escrita, que não compareceu por não colaborar “com o inimigo” e
declarou à CNV que “se virem”. A Comissão optou por não acionar a Polícia
Federal contra Nascimento, devido a dúvidas levantadas sobre sua sanidade. Além
de Nascimento, outros quatro militares deporiam no dia 08/09/14, dos quais três
apresentaram atestados médicos, incluindo o coronel da reserva Sebastião
Rodrigues de Moura, conhecido como Curió, um dos chefes da repressão aos
guerrilheiros do Guerrilha do Araguaia. O jornal ressaltou que Moura já havia
alegado problemas de saúde em outra ocasião, evitando depor à CNV. Somente o general
de brigada Ricardo Agnese Fayad compareceu, porém permaneceu em silêncio. De
acordo com a Folha, militares acusados de cometer crimes durante o regime
militar (1964-1985) acordaram em manter
silêncio durante os depoimentos à CNV. Pedro Dallari, coordenador da Comissão,
afirmou que o silêncio é estimulado pela recusa das Forças Armadas em
reconhecer a prática de tortura e morte durante o regime. (Folha de S. Paulo –
Poder – 09/09/14)
Jornal afirmou que candidatos à presidência da República possuem propostas “genéricas” para defesa nacional
De
acordo com o periódico Correio Braziliense, os três principais candidatos a
presidência da República possuem propostas “genéricas” para a defesa nacional,
como modernização da frota e valorização dos militares. Segundo o jornal, a
defesa é uma área que envolve projetos bilionários e não deve ser desconsiderada
pelo futuro presidente. O Brasil gasta cerca de 1,5% do Produto Interno Bruto
(PIB) com defesa, o que representa, aproximadamente, R$ 72 bilhões, sendo 70%
desse valor destinado ao pagamento de
pessoal. De acordo com o coordenador do curso de Relações Internacionais das
Faculdades Rio Branco, Gunther Rudzit, existe no Brasil a concepção de que as
áreas militar e de segurança não dão votos. Gunther também comentou que, a
ausência de ameaças externas concretas para o Brasil explica o fato de a área
militar não levantar tanta preocupação de presidenciáveis e dos próprios
eleitores. (Correio Braziliense – 07/09/14)
Marina Silva se contradiz ao se declarar contrária à revisão da Lei da Anistia
Segundo
o periódico O Estado de S. Paulo, a candidata à presidência da República,
Marina Silva afirmou na sabatina realizada pelo portal G1, no dia 03/09/14, que
é contra a revisão da Lei da Anistia (1979). Segundo O Estado, Silva se
contradisse ao dar tal afirmação, pois em um artigo publicado pelo jornal Folha
de S. Paulo, no dia 03/11/08, a então senadora afirmou que “é importante levar
adiante o debate ora travado em torno da ação do Ministério Público Federal
que, em última análise, quer a responsabilização de torturadores já
identificados”. (O Estado de S. Paulo – Política – 06/09/14)
Clube Militar se posiciona quanta às eleições presidenciais
Segundo
o periódico O Estado de S. Paulo, um texto publicado no site do Clube Militar
do Rio de Janeiro, com o título “Um fio de esperança” e assinado pelo general
da reserva Clovis Purper Bandeira, com permissão do presidente da entidade, o
general da reserva Gilberto Pimentel, defendeu que o país “como está não pode
continuar”. Nele Bandeira elogiou e criticou à candidata à presidência da
República, Marina Silva, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), como forma de
indicar apoio a sua candidatura. O artigo definiu que a candidata é um “fio de
esperança” contra a “malfadada corruptocracia instalada (...) pelo
lulopetismo”. O militar afirmou que a candidata não é o ideal, pois o mais
preparado seria o também candidato Aécio Neves, do Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), mas que “a candidatura do Aécio está morta e enterrada”. Entretanto,
alguns dias após a publicação desse artigo, o presidente da entidade, o general
Pimentel, publicou um novo texto esclarecendo, que apoiará Neves á presidência
da República. Segundo Pimentel, o Clube Militar o considera “menos pior” dentre
os candidatos à presidência e foi o único candidato convidado pela entidade
para apresentar sua proposta de governo. Além disso, o general alegou que
“seria total incoerência” apoiar Silva e que o título “provocativo” do texto
“Um fio de esperança”, através do qual indicava apoio à candidata, tinha como
objetivo “recolocar o clube na mídia”. (O Estado de S. Paulo – Política –
06/09/14; O Estado de S. Paulo – Política – 11/09/14)
Comissão Nacional da Verdade apontou envolvimento de empresas com o regime militar
De
acordo com os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia 08/09/14
a Comissão Nacional da Verdade (CNV), apresentou o resultado parcial da
investigação a cerca da colaboração de empresas nacionais e estrangeiras,
estatais e privadas, com o regime militar (1964-1985). Segundo a Folha empresa
como Monark, Embraer, Rhodia, Ford, General Motors, Petrobras, Philips e
Volkswagen, ajudaram os órgãos do governo, denunciando trabalhadores engajados
na resistência e repassando informações sobre suas atuações, principalmente
dentro dos sindicatos entre o final da década de 1970 e início dos anos 1980.
Segundo a Folha, documentos reunidos pela CNV apontam que Volkswagen repassava
aos órgãos governamentais informações sobre seus funcionários e reuniões de
sindicalistas, um de seus alvos foi o ex-presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, que no início dos anos 1980 começou a se destacar nacionalmente
como líder sindical na região do ABC Paulista. Conforme os documentos
apresentados Lula era crítico do governo militar e responsável por incentivar
os trabalhadores a suspenderem o pagamento das prestações ao Banco Nacional da
Habitação (BNH) como forma de protesto. Procurada para dar mais informações a
Volkswagen afirmou que investigará os fatos apontados pela Comissão. Ainda
durante a apresentação desses dados, a CNV afirmou que pretende ouvir as
empresas acusadas de colaborar com o regime militar e segundo Rosa Maria
Cardoso da Cunha, membro da comissão, uma audiência será realizada no mês de outubro,
cujo um dos focos é a assistência prestada por tais empresas aos órgãos de
repressão. Segundo Sebastião Neto, um dos responsáveis pela pesquisa, “tudo
indica que as estatais foram usadas como laboratórios para pensar a repressão
dentro das empresas”. De acordo com O Estado, Cunha ressaltou a
responsabilidade conjunta entre civis e militares por violações de direitos
humanos ocorridas durante o regime militar e afirmou que um conjunto de provas
sobre a colaboração de empresas com o regime será estudado para que se possa
transformar os casos mencionados em denúncia. Entretanto, ainda não houve
consenso dentro da CNV sobre o como estas empresas serão responsabilizadas,
porém, isso constará no relatório final, previsto para dezembro de 2014. (Folha
de S. Paulo – Poder – 06/09/14; Folha de S. Paulo – Poder – 09/09/14; O Estado
de S. Paulo – Política – 09/09/14)
Irmão de Eduardo Campos afirmou que pedirá indenização às vítimas do acidente
De
acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o advogado Antônio Campos, irmão do
ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou querer que a União e a
empresa estadunidense Cessna, fabricante da aeronave na qual Campos viajava
quando ocorreu o acidente, paguem as indenizações às vítimas do voo e aos
moradores afetados. A Folha afirmou que o pedido será apresentado ao Ministério
Público Federal. Segundo o periódico, a ação tem como alvo a União, pois a base
aérea de Santos, é de responsabilidade da Força Aérea Brasileira (FAB), que não
deveria ter autorizado o pouso da aeronave durante o mau tempo. Em nota, a FAB
afirmou que não comentará as falhas que Antônio Campos apontou, pois “à Força
Aérea cabe apenas investigar o acidente para identificar os fatores
contribuintes”. (Folha de S. Paulo – Poder – 06/09/14)
Comemorações do Dia da Independência em Brasília
Segundo
os periódicos Correio Braziliense, as comemorações do Dia da Independência do
Brasil na capital federal, Brasília, movimentou o centro da cidade e contou com
a participação de 30 mil expectadores. De acordo com o Correio um dos momentos
mais aguardados pelo público, as acrobacias realizada pela Esquadrilha da
Fumaça, não ocorreu este ano devido à troca de aeronaves pela Força Aérea
Brasileira (FAB). Segundo o periódico, a FAB está em processo de adaptação,
após a troca das aeronaves Tucano T-27 pelo modelo A-29 Super Tucano em 2013.
Apesar da falta das acrobacias, houve a passagem nivelada dos pilotos no
desfile, com fumaça e movimentos no céu. O jornal afirmou que 2 mil militares
do Exército, Marinha e da FAB desfilaram no evento e que antes do desfile houve uma apresentação da
tropa de guarda militar. Outras atrações se apresentaram, como a pirâmide
humana do Batalhão de Polícia do Exército e os alunos de colégios militares,
além da exposição de veículos lançadores de foguete Astros 2020 e o blindado
Guarani. O chefe da seção de Comunicação Social do Comando Militar do Planalto,
coronel Gilberto Breviliere, afirmou que a preparação do desfile contou com
trabalho integrado das forças de defesa e de segurança pública. (Correio
Braziliense – 06/09/14; Correio Braziliense – 07/09/14)
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Lançado o primeiro foguete brasileiro movido a combustível líquido
De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, o primeiro foguete brasileiro com
combustível líquido, VS-30, foi lançado às 23 horas do dia 01/09/14, no Centro
de Lançamento de Alcântara (CLA), no estado do Maranhão. Coordenada pelo
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o principal objetivo da missão era
testar o motor L5, que foi totalmente desenvolvido no Brasil e que utiliza
etanol e oxigênio líquido para a propulsão. O foguete de sondagem é suborbital,
ou seja, não sai da atmosfera. O voo teve duração de 3 minutos e 34 segundos,
no qual o VS-30 descreveu uma parábola até cair no mar, conforme o previsto. A
Marinha atuou no isolamento do tráfego marítimo e na comunicação com navegantes.
Segundo o coordenador-geral da operação, coronel Avandelino Santana Junior, o
combustível líquido, que é utilizado na maior parte dos programas espaciais do
mundo, substituirá com diversas vantagens, no futuro, os propulsores sólidos
utilizados até hoje no Veículo Lançador de Satélites (VLS-1) do Programa
Espacial Brasileiro. Santana relatou que o desenvolvimento do motor L5 foi
resultado de estudo no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial
(DCTA), ligado ao comando da Aeronáutica. (O Estado de S. Paulo – Metrópole –
03/09/14)
Ação penal do caso de Rubens Paiva foi suspensa
De
acordo com os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o desembargador
do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Messod Azulay Neto, suspendeu, no
dia 02/09/14, a ação penal contra cinco militares reformados do Exército
acusados de participar do homicídio e da ocultação do cadáver do ex-deputado
Rubens Paiva, durante o regime militar (1964-1985). Os acusados acusados eram
José Antonio Nogueira Belham, Rubens Paim Sampaio, Jurandyr Ochsendorf e Souza,
Jacy Ochsendorf e Souza e Raymundo Ronaldo Campos. Em maio de 2014, a ação
havia sido apresentada pelos procuradores do Grupo de Trabalho Justiça de Transição,
do Ministério Público Federal (MPF), e aceita em primeira instância pela
Justiça Federal. Na ocasião foram apresentadas novas provas sobre o caso,
algumas delas recolhidas na casa do tenente-coronel Paulo Malhães, encontrado
morto após prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade. Audiências para
ouvir testemunhas já estavam marcadas para ocorrer a partir da semana do dia
08/09/14. Porém, estas foram suspensas com a decisão de Azulay, que atendeu a
um pedido de habeas corpus feito pela defesa dos militares. Os advogados de
defesa alegaram também a incompetência da Justiça Federal para julgar o caso, a
prescrição dos crimes, e pleitearam a aplicação da Lei da Anistia (1979). Em
sua decisão, Azulay afirmou que o pedido para julgamento de mérito será levado
à Segunda Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. O juiz
Márcio Gutterres Taranto, ao aceitar a denúncia apresentada pelo MPF em maio,
ressaltou que a Lei da Anistia não trata dos crimes previstos na legislação
comum, mas sim, de crimes políticos ou conexos a estes. Segundo Taranto, uma
vez que o MPF trata de crimes previstos no Código Penal, o homicídio e
ocultação de cadáver de Paiva não estão protegidos pelas disposições da Lei da
Anistia. Os procuradores pediram a prisão dos denunciados, a cassação das
aposentadorias e a anulação de medalhas e condecorações obtidas por eles ao
longo de suas carreiras. O MPF não comentou sobre a decisão de Azulay. (Folha
de S. Paulo – Poder – 04/09/14; O Estado de S. Paulo – Política – 03/09/14)
Viaturas Astros 2020 devem ser exibidas pela primeira vez no desfile de 7 de Setembro
De
acordo com o periódico Correio Braziliense, o desfile de 7 de Setembro, que
marca a data da Independência do Brasil, tradicionalmente realizado na
Esplanada dos Ministérios na capital federal, Brasília, contará com a primeira
exibição pública de um novo equipamento das Forças Armadas, o sistema de
lançamento múltiplo de foguetes Astros 2020. As unidades possuem capacidade de
lançar até 190 foguetes em 16 segundos, a uma distância de 300 km. O Exército contará
com 50 unidades do equipamento até o final de 2018. (Correio Braziliense –
03/09/14)
Descoberta de restos mortais de militante desaparecido durante o regime militar foi confirmada
De
acordo com os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a Comissão
Nacional da Verdade (CNV) anunciou, no dia 29/08/14, a confirmação da
descoberta dos restos mortais do desaparecido político Epaminondas Gomes de
Oliveira na capital federal, Brasília. A confirmação foi dada por laudo do
Instituto Médico Legal de Brasília, realizado após exumação dos restos mortais,
no dia 24/09/13. Segundo a Folha, a CNV obteve os dados sobre o local de
sepultamento de Oliveira em registros do antigo Serviço Nacional de
Informações, e embora as informações estivessem imprecisas, os registros do
cemitério possibilitaram a localização do ponto exato. A Folha informou que os
restos mortais de Oliveira seguirão para a cidade de Imperatriz, no estado do
Maranhão, onde a família realizará o sepultamento. Segundo o periódico,
Oliveira tinha ligações com o Partido Comunista Brasileiro e com o Partido
Revolucionário dos Trabalhadores, uma dissidência da Ação Popular. O militante
foi preso em um garimpo no estado do Pará, no dia 07/08/1971, durante a
Operação Mesopotâmia, realizada com objetivo de retirar lideranças políticas
contrárias ao regime militar da região do Bico do Papagaio (tríplice divisa
entre os estados do Pará, Tocantins (então Goiás) e Maranhão), como forma de
detectar focos de guerrilha no local. Segundo depoimentos obtidos pela CNV,
Oliveira foi torturado no Departamento Nacional de Estradas e Rodagens, no
estado do Maranhão. Posteriormente foi levado à Brasília, onde permaneceu preso
e foi torturado novamente, no Pelotão de Investigações Criminais. Oliveira
morreu em 20/08/1971 no Hospital Militar de Guarnição de Brasília, no Setor
Militar. O Estado informou que, para recompor a história da morte de Oliveira,
a CNV investigou a Operação Mesopotâmia em Brasília, no Maranhão e no estado de
Tocantins, e ouviu 41 depoimentos sobre o caso. O periódico lembrou que
Oliveira foi o primeiro desaparecido político identificado pela CNV. (Folha de
S. Paulo – Poder – 30/08/14; O Estado de S. Paulo – Política – 30/08/14)
Jornalista chinês preso no Brasil durante o regime militar relatou experiência
Em
depoimento ao periódico Folha de S. Paulo, o jornalista chinês Ju Qingdong
relatou fatos acerca de sua prisão no Brasil durante o regime militar
(1964-1985). Segundo o periódico, no dia 03/05/1964, nove jornalistas chineses,
entre eles Qingdong, foram presos na cidade do Rio de Janeiro, acusados de
planejar uma revolução comunista no país. Qingdong afirmou que a equipe de
jornalistas agiu conforme a lei e nunca estabeleceu contatos com qualquer
partido político durante sua permanência no país. Segundo o jornalista, no dia
em que foram presos, sofreram agressões no apartamento e ao chegarem na prisão
foram torturados. Qingdong afirmou que os policiais não conseguiram provas de
nenhum tipo de crime, porém argumentaram que os remédios chineses para gripe e
as agulhas de acupuntura encontradas no apartamento eram utilizadas para
assassinatos por envenenamento, e que o dinheiro que possuíam, referente a R$
850 mil nos valores atuais, foi confiscado como prova do “crime” e permanece
retido no Brasil até o momento. Na época, após sete audiências, nas quais os
jornalistas foram defendidos pelo jurista Sobral Pinto, cada um dos presos
recebeu uma sentença de dez anos de prisão, embora nenhum crime tenha sido
provado. Qingdong afirmou que o grupo recebeu amplo apoio internacional e da
imprensa brasileira, “pois já estava claro que se tratava de perseguição
política”. De acordo com Qingdong, após cerca de um ano presos, a pressão
internacional fez com que os jornalistas fossem expulsos do país. Em 1974,
quando as relações diplomáticas entre Brasil e China foram restabelecidas,
houve o reconhecimento por parte do governo brasileiro de que a prisão dos
jornalistas foi um erro político e a promessa de que o dinheiro seria devolvido
e a sentença de prisão e expulsão seriam anuladas. O jornalista afirmou ainda
esperar que tais ações sejam realizadas. (Folha de S. Paulo – Poder – 30/08/14)
terça-feira, 2 de setembro de 2014
Procurador-geral da República defendeu revisão da Lei da Anistia
Segundo
o periódico O Estado de S. Paulo, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, emitiu, no dia 28/08/14, parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF),
defendendo a reinterpretação da Lei da Anistia (1979). De acordo com Janot, a
lei não se aplica aos agentes do Estado que, durante o regime militar (1964-1985),
cometeram crimes contra a humanidade, como tortura, sequestro e desaparecimento
forçado. Segundo o Estado, esta foi a primeira vez que um chefe do Ministério
Público Federal manifestou-se formalmente contra a interpretação da lei. O
principal argumento defendido por Janot consiste na obrigação brasileira de
obedecer à sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o caso da
Guerrilha do Araguaia (1972-1974). Nesta ocasião a Corte condenou o Brasil pelo
desaparecimento forçado de opositores ao regime militar, e sentenciou o país a
investigar e punir os responsáveis pelas violações de direitos humanos, além de
enfatizar a imprescritibilidade dos crimes de lesa humanidade. De acordo com o
procurador, uma vez que o Brasil submeteu-se à jurisdição da Corte
Interamericana, de maneira soberana e juridicamente válida, “a lei
internacional deve se sobrepor à decisão do STF”, que beneficia também agentes
públicos apontados como responsáveis por violar os direitos humanos. (Estado de
S. Paulo – Política – 29/08/14)
Colunista defendeu urgência em retomar negociações sobre a Base de Alcântara
Em
coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, Rubens Barbosa, presidente
do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo, defendeu urgência na retomada das negociações acerca da Base de
Alcântara, no estado do Maranhão, e afirmou que “o aproveitamento do Centro de
Lançamento de Alcântara e o desenvolvimento de veículos lançadores de satélites
são prioridade no âmbito do Programa Nacional de Atividades Espaciais do
Ministério da Defesa”. Barbosa relembrou que, em agosto de 2003, uma explosão
acidental na base paralisou o projeto e matou 21 cientistas que conduziam o
programa do veículo lançador de satélite VLS-1. Além disso, ressaltou a
necessidade de apoio dos Estados Unidos da América (EUA) para a negociação de
um acordo de salvaguarda tecnológica que permita o funcionamento de um centro
de lançamento competitivo, garantindo a entrada do Brasil no mercado de
satélites de telecomunicações e de meteorologia. De acordo com Barbosa, a base
somente seria comercialmente viável mediante novo acordo entre Brasil e EUA,
uma vez que o acordo anterior não foi ratificado por motivos ideológicos após a
revelação da espionagem estadunidense. Atualmente, o Brasil tenta desenvolver
um veículo lançador de satélites próprio; outro com apoio da Ucrânia; um
programa de lançamento de satélites com a China e lançou no dia 29/08/14 um
foguete de sondagem que testará, pela primeira vez no país, combustível líquido
embarcado. Segundo Barbosa, sem o acordo com os EUA, nem mesmo o programa em parceria
com a Ucrânia avançaria, uma vez que telegramas da Embaixada estadunidense em
Brasília, de janeiro de 2009, revelaram que o governo ucraniano solicitou que o
governo estadunidense reconsiderasse o apoio à parceria Brasil-Ucrânia para as
atividades na Base de Alcântara, permitindo que firmas estadunidenses de
satélite utilizassem a plataforma de lançamentos. O governo dos EUA , no
entanto, declarou que apenas apoiaria a parceria mediante a entrada em vigor do
acordo de salvaguardas entre Brasil e EUA. Barbosa esclareceu que não haveria
dificuldades internacionais para o estabelecimento, uma vez que o Brasil é
membro do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, portanto, o tratamento
seria idêntico ao recebido por outros países que assinaram acordos de
salvaguarda com os EUA. Além das dificuldades políticas e da falta de apoio, no
entanto, o programa ainda enfrenta a oposição de quilombolas que reclamam
terras adjuntas à região ocupada pela base. Por fim, Barbosa destacou que “é
urgente recuperar o tempo perdido” para superar os problemas enfrentados pelo
programa espacial. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 26/08/14)
Comandante do Exército assinou ofício que proíbe unidades militares de fornecerem informações sobre o regime militar
De
acordo com o periódico Folha de S. Paulo, o procurador do Ministério Público
Federal, Sérgio Suiama, relatou que ao solicitar dados referentes à morte de um
militante contrário ao regime militar (1964-1985) nas dependências do Hospital
Central do Exército, na cidade do Rio de Janeiro, recebeu um ofício avisando
que informações relacionadas ao período seriam respondidas apenas pelo gabinete
do comandante do Exército. O ofício, assinado pelo comandante do Exército,
general Enzo Peri, proíbe que unidades militares deem informações referentes a
crimes ou violências praticados em suas dependências durante o regime militar.
A Folha informou que, por considerar ilegal o ato do general, Suiama solicitará
a Procuradoria-Geral da República que ingresse com uma representação contra
Peri pelo ato de avocar, resultante na sonegação de informações. Segundo
Suiama, "há uma centralização indevida de informações que é contrária à
lei. Não dá para o chefe de um órgão avocar para si a decisão de passar ou não
determinada informação". De acordo com o periódico, o Exército não
comentou o ofício assinado por Peri. (Folha de S. Paulo – Poder – 23/08/14)
Copiloto do voo no qual se encontrava Eduardo Campos não foi avaliado em situações de risco
De
acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Geraldo Magela da Cunha, copiloto do voo
no qual o candidato à presidência da República Eduardo Campos viajava, foi
avaliado e aprovado por um militar sem experiência no modelo de aeronave Cessna
Citation. Segundo a Folha, o militar da Aeronáutica, coronel aviador Luciano
Volpatto, aprovou o copiloto sem testar certas situações de risco que podem
ocorrer durante um voo. O periódico informou que das 78 situações que deveriam
ser avaliadas, 26 não foram realizadas, pois Cunha não foi submetido ao teste
de simulador no qual se reproduzem situações de risco, tais como falha de
motor, recuperação de altitude anormal e despressurização. Essas informações
fazem parte de uma avaliação do dia 25/05/14 a qual a Folha teve acesso. A
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que os inspetores atuam como
avaliadores em aeronaves semelhantes às quais são qualificados, como foi o caso
de Volpatto, e que apenas 6,5% das avaliações são realizadas por militares.
(Folha de S. Paulo – Poder – 23/08/14)
Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro decidiu pela atuação da Força Nacional de Segurança ao invés dos militares nas comunidades cariocas
Segundo
o periódico Folha de S. Paulo, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro
(TRE-RJ) decidiu, no dia 25/08/14, pela convocação da Força Nacional de
Segurança, ao invés das Forças Armadas, para garantir a segurança do processo
eleitoral nas comunidades cariocas dominadas por traficantes ou milicianos. A
decisão ocorreu após a análise do relatório entregue pelo secretário de
Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, ao TRE-RJ e ao
Ministério Público Eleitoral no qual listou 41 áreas no estado do Rio de
Janeiro onde candidatos às eleições estão sendo impedidos de fazer campanha,
porém argumentou que as forças estaduais ainda são capazes de garantir a
segurança do pleito. A Folha afirmou que o TRE-RJ não reconhece oficialmente a
existência de currais eleitorais na região, mas que o número de denúncias que
chegam até o órgão tem gerado preocupação. De acordo com o periódico, o
Procurador Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, Paulo Roberto Berenguer,
defendeu a presença dos militares nessas comunidades. O presidente do TRE-RJ,
Bernardo Garcez, consultou o governador
do estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Souza, antes de tomar a decisão.
De acordo com o periódico, Souza não quis admitir a necessidade de intervenção
das Forças Armadas. “O secretário Beltrame acha que temos condições de garantir
as eleições. Se, perto das eleições, ele sentir que não dá e pedir o reforço,
será como nos outros anos. Por diversas vezes a tropa veio pra cá”, afirmou
Souza. (Folha de S. Paulo – Poder – 23/08/14,
O Estado de S. Paulo – Política – 27/05/14)
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