terça-feira, 31 de julho de 2012

Documentos do Regime Militar I: Anistia Internacional solicitava informações a instituições brasileiras

De acordo com o jornal Correio Braziliense, documentos do Serviço Nacional de Informações (SNI) produzidos no período do regime militar (1964-1985) mostram que a Anistia Internacional solicitou a muitas instituições brasileiras, como, por exemplo, à Universidade de Brasília (UnB), diversas vezes, informações sobre estudantes que estariam desaparecidos, ou teriam sido presos e torturados por agentes do regime. Segundo o jornal, na cidade de Brasília, Distrito Federal, os movimentos de oposição ao regime eram mais escassos do que aqueles presentes nas principais capitais estaduais do país, como Rio de Janeiro e São Paulo. Isso porque, na época, Brasília era habitada majoritariamente por militares e funcionários públicos, o que dificultava a articulação dos grupos de resistência e facilitava a repressão. Mesmo assim, o Correio informou que a UnB irá reunir um grupo de professores e historiadores para realizar a busca de documentos “engavetados”, que possam apresentar dados sobre repressão sofrida pela comunidade acadêmica durante o regime militar. Tal projeto, denominado de Comissão da Verdade da UnB, terá duas abordagens: a primeira será de investigar o desaparecimento de líderes estudantis durante o regime militar e também casos de tortura contra servidores; e a segunda será a de resgatar a história da instituição. De acordo com o professor Cristiano Paixão, alguns estudantes da universidade “se tornaram símbolos de luta” e a história deixada por eles poderá auxiliar os jovens de hoje a conhecerem a fundo o que ocorreu durante o regime. Um dos focos da Comissão da UnB é esclarecer o que aconteceu com Honestino Guimarães, “aluno do curso de geologia e um dos principais opositores do regime”, declarado morto em 1994, mesmo sem a presença do corpo. Guimarães foi visto, pela última vez, em outubro de 1973, após ser descoberto, no Rio de Janeiro, pelo Centro de Informação da Marinha, e foi acusado de "promover e orientar a ação subversiva na UnB e ser o responsável por todas as crises por que tem passado a UnB". Nos próximos dias deverão ser definidos os membros da comissão, sendo que o Diretório Central dos Estudantes será convidado a participar. O Correio ainda publicou uma retrospectiva dos fatos importantes que ocorreram na UnB, dentre eles, a primeira invasão a universidade, em 9 de abril de 1964, nove dias após  a instauração do regime militar. Em 4 de março de 1968 ocorreu o episódio considerado mais violento, quando alunos protestaram contra a morte do estudante Edson Luis de Lima Souto, assassinado por policiais, sendo esse o estopim para o decreto da prisão de 60 universitários, dentre eles Honestino Guimarães. De acordo com o Correio, espera-se que as conclusões dos trabalhos da comissão da Unb auxiliem a Comissão Nacional da Verdade. (Correio Braziliense – 07/07/12; Correio Braziliense – Cidades – 10/07/12; Correio Braziliense – 10/07/12)

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