terça-feira, 29 de abril de 2014

Trinta anos da emenda Diretas Já

No dia 25/04/13, os periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, noticiaram que há exatos trinta anos a emenda que pedia a volta das eleições diretas para presidente da República havia sido rejeitada pelo Congresso Nacional. Segundo os jornais, houve 298 votos a favor do projeto, apenas 22 a menos que o necessário para aprová-lo. Em declaração para o Correio, o senador Pedro Simon afirmou que o texto “estava adormecido nas gavetas do Congresso”, e continuaria assim se não fosse pelo movimento Diretas Já. O secretário-geral da Mesa e servidor da Casa na época, Mozart Vianna, relatou ao Correio o clima de tensão que foi estabelecido na ocasião. Segundo Vianna, as entradas da cidade estavam vigiadas e o Congresso cercado por tropas militares, devido ao “estado de emergência” instituído pelo governo dias antes da votação. (Correio Braziliense - Política - 25/04/14; Folha de S. Paulo - Poder - 25/04/14)

Força Aérea Brasileira encontra aeronave civil desaparecida há mais de um mês no estado Pará

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, a Força Aérea Brasileira (FAB) localizou, na tarde do dia 22/04/14, a aeronave bimotor que havia desaparecido no dia 18/03/14 no estado do Pará. Segundo o jornal, a aeronave, que levava cinco pessoas, foi encontrada em um local de difícil acesso, acerca de 20 quilômetros a noroeste da cidade de Jacareacanga, não havendo informações sobre as vítimas. (Folha de S. Paulo - Cotidiano - 24/04/14)

Suboficial da Marinha é absolvido pelo incêndio da Estação Antártica Comandante Ferraz

Conforme publicado nos jornais Correio Braziliense e O Estado de S. Paulo, a Justiça Militar absolveu, em primeira instância, o suboficial da Marinha Luciano Gomes Medeiros, acusado de ter provocado o incêndio que causou a morte de dois militares e destruiu grande parte da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), em fevereiro de 2012. O suboficial foi absolvido do crime de incêndio culposo - sem caráter intencional - por quatro votos a um. Segundo os jornais, o Ministério Público Militar (MPM) acusou Medeiros de ter sido imprudente enquanto reabastecia dois tanques de óleo diesel que alimentavam os geradores de energia da EACF, pois durante a operação, que dura cerca de 30 minutos, o suboficial teria se ausentado por um período de 10 a 15 minutos para participar de uma confraternização na base. De acordo com as perícias realizadas no local, a operação de transferência de combustível não se concluiu em tempo hábil, o que ocasionou o transbordamento de tanques menores, resultando no incêndio provocado pelo contato do óleo com o gerador aquecido. Durante o acidente, dois militares que tentavam apagar as chamas morreram. Segundo o Correio, o MPM considerou que Medeiros agiu com negligência e o acusou de homicídio culposo, mas a Justiça Militar entendeu não haver provas suficientes para incriminá-lo. De acordo com O Estado, o juiz auditor Frederico Veras, no entanto, leu um laudo da Polícia Federal em que apontava que uma válvula de um dos tanques de combustão não estava totalmente fechada, mas isso não causaria uma vazão suficiente para provocar o incêndio. A promotora do MPM, Ione de Souza Cruz, avaliou a absolvição como equivocada, pois "nos autos do processo há 4 laudos que demonstram um descuido muito grande por parte dele (Medeiros)". Além disso, Cruz destacou que a conduta culposa de Medeiros resultou na morte de duas pessoas e declarou que recorrerá da decisão ao Superior Tribunal Militar. (Correio Braziliense - Brasil - 24/04/14; O Estado de S. Paulo - Metrópole -24/04/14)

Comissão Nacional da Verdade concluiu que a morte do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek foi acidental

Segundo os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia 22/04/14, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou um relatório afirmando que o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek e seu motorista, Geraldo Ribeiro, faleceram em decorrência de um acidente de trânsito ocorrido no dia 22/08/1976, na Rodovia Presidente Dutra, na cidade de Resende, estado do Rio de Janeiro. Esse relatório foi baseado em provas materiais e laudos feitos por 15 peritos dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais nos anos de 1970 e 1980 que contrariam o relatório feito pela Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo que alegava ter encontrado 103 “indícios” de que Kubitschek e seu motorista foram vítimas de homicídio doloso, com intenção de matar, por militares. Segundo a Folha, a conclusão do relatório mostra que o acidente ocorreu em “circunstancias que não se pode materialmente precisar”, e que o material metálico encontrado no crânio de Geraldo Ribeiro era um cravo utilizado para fixar o revestimento de caixões e não um projétil de arma de fogo como suspeitava a comissão da paulistana. O presidente da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo demonstrou surpresa com a conclusão do grupo nacional,  ressaltou que houve falhas no relatório e declarou que convocará uma reunião para “confrontar item por item de cada relatório”. Além disso, o presidente ressaltou que a comissão paulistana não foi consultada sobre o caso. Já o coordenador da CNV, Pedro Dallari, afirmou que, para a organização, o episódio da morte de Kubitschek está encerrado. (Correio Braziliense - Política - 23/04/14; Folha de S. Paulo - Poder - 23/04/14; O Estado de S. Paulo - Política - 23/04/14)

Comissão da Verdade da Universidade de São Paulo planeja memorial para suas vítimas

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a Comissão da Verdade da Universidade de São Paulo (USP) pretende fazer um memorial na Cidade Universitária em homenagem aos alunos, professores e funcionários mortos, desaparecidos ou perseguidos durante o regime militar (1964-1985). A coordenadora da comissão, Janice Theodoro da Silva, criará uma lista com todas as vítimas. (Folha de S. Paulo – Política – 23/04/14)

Consórcio Libra e Triunfo adquiriu a concessão do Arsenal de Guerra do Exército

De acordo com a colunista Sonia Racy do jornal O Estado de S. Paulo, o consórcio Libra e Triunfo adquiriu a concessão do Arsenal de Guerra do Exército, composto de 60 mil m² na zona portuária do Rio de Janeiro, pertencente ao Comando Militar do Leste. O preço será R$ 500 mil por mês durante 20 anos. (O Estado de S. Paulo - Caderno 2 - 22/04/14)

General analisa ocupação do Complexo de Favelas da Maré e a compara com à atuação no Haiti

Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, o general Roberto Escoto declarou que a missão de ocupar o complexo de 15 favelas da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, é mais complicada do que coordenar as operações da Força de Paz no território do Haiti. Segundo Escoto, é natural que haja resistência a partir da redução do movimento do tráfico: em 12 dias a tropa já sofreu 20 ataques de traficantes. O general ressaltou que as patrulhas têm orientação de buscar o contato com a população, e não o confronto. Ao comparar as missões no Rio de Janeiro e no Haiti, Escoto destacou que as facções criminosas da Maré são mais numerosas e melhor equipadas do que as gangues que atuaram no Haiti. Ao ser questionado se o Exército deveria atuar na segurança pública, respondeu que as Forças Armadas estão preparadas para esse tipo de operação. (Folha de S. Paulo - Cotidiano - 22/04/14)

Professor defende a manutenção da Lei da Anistia

Em coluna opinativa ao periódico O Estado de S. Paulo, Denis Rosenfield, professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, defendeu que as notícias publicadas em ocasião dos 50 anos da tomada de poder pelos militares em 1964 possuem como objetivo político a revogação da Lei da Anistia (1979). Segundo o docente, a transição democrática no Brasil ocorreu de forma pacífica devido à Lei da Anistia, que constituiu um “grande acordo nacional”. Rosenfield alegou que a Anistia não impede que os crimes cometidos sejam apurados, desde que abarquem tanto os cometidos pelos militares quanto por aqueles que participaram da resistência ao regime militar (1964-1985). Para o professor, os crimes cometidos pela esquerda “revolucionária” estão à margem das investigações realizadas atualmente sobre o período. Rosenfield concluiu que a revisão da Lei da Anistia seria a quebra de um contrato que está na “raiz” da democracia brasileira. (O Estado de S. Paulo - Opinião - 21/04/14)

Comissão Nacional da Verdade apura cooperação entre regimes militares brasileiro e chileno

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, a Comissão Nacional da Verdade chegou à cidade de Santiago, no Chile, no dia 19/04/14, com o objetivo de analisar a cooperação entre os regimes militares chileno e brasileiro. A equipe, comandada pelo cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, pretende conhecer o trabalho das duas comissões feitas pelo Chile e levantar documentos que comprovem a cooperação iniciada logo depois do golpe que derrubou o então presidente chileno Salvador Allende, em 1973. Como exemplo do embrião de uma cooperação entre os dois regimes, um documento mostra que o ministério das Relações Exteriores do Brasil tinha uma lista de brasileiros presos no país desde 1973. Tal documento, segundo o advogado e um dos prisioneiros Vitório Sorotink, “é uma prova de que a embaixada do Brasil tinha conhecimento do que estava acontecendo com os brasileiros. Mas a ação deles não foi de proteger o cidadão brasileiro, foi de passar informações para o governo militar". (O Estado de S. Paulo - Política - 20/04/14)

Militares atuam no Complexo de Favelas da Maré

JOÃO LAET/AGÊNCIA O DIA. Chefe do tráfico. Piná (à dir.) é levado pela polícia para o Rio. O Estado de S. Paulo, São Paulo 22 abr. 2014 P.A16

Segundo o jornal Correio Braziliense, tropas e blindados dos estados do Rio Grande do Sul e do Paraná reforçarão  a segurança do Complexo de Favelas da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, a partir do dia 31/05/14. O general de brigada Mauro Sinott Lopes, comandante da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, localizada em Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul, assumirá o comando da Força de Pacificação. As tropas permanecerão na cidade até o fim de julho, sob responsabilidade do Comando Militar do Sul, e terão a estrutura de uma Brigada, com 2.100 homens. O jornal relembrou a utilização de tropas do Sul do país para conter distúrbios, como por exemplo, na quarta campanha da Guerra de Canudos, sob comando do general Carlos Machado Bittencourt. Segundo o Correio, a Força de Pacificação que atua no Complexo da Maré foi alvo de quatro ações criminosas entre os dias 20 e 21/04/14. Em uma das ações, um motociclista disparou contra homens do Exército na Vila dos Pinheiros. Os militares não revidaram, pois o atirador teria usado crianças como escudo. (Correio Braziliense - Política - 20/04/14; Correio Braziliense - Brasil - 22/04/14)

Exército foi enviado para policiar cidades da Bahia

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, 6 mil homens da Força Nacional de Segurança e do Exército foram enviados  à Bahia para policiar as principais cidades do estado. Tal medida se deveu à greve dos Policiais Militares (PM) pelo período de dois dias. Segundo o jornal, houve uma onda de saques e violência: dados da Secretaria de Segurança Pública apontaram que  ocorreram seis vezes mais homicídios no período de greve, além de aumento no número de veículos roubados. Apesar do fim da greve, o governador Jaques Wagner anunciou que as tropas permaneceriam na Bahia até o dia 21/04/14. O deputado estadual e capitão da PM Tadeu Fernandes afirmou que a permanência das tropas nas ruas após o fim da greve é proposital, pois tudo leva a crer que o governador considerava a possibilidade de haver uma nova greve após a prisão do vereador Marco Prisco, líder da greve. (O Estado de S. Paulo - Metrópole - 19/04/14)

Ives Gandra expôs sua visão a respeito do regime militar em artigo opinativo

Em coluna  opinativa  para o jornal O Estado de S. Paulo, o jurista e escritor  Ives Gandra da Silva Martins criticou a falta de atuação da Comissão Nacional da Verdade em relação aos “crimes dos que pegaram em armas” e enumerou “algumas ‘mentiras verdades’ dos adeptos de Fidel Castro recém-convertidos à democracia”. De acordo com Gandra , a primeira verdade seria que os militares apenas atenderam ao clamor popular ao tomar o poder em 1964. A segunda seria o fato de que 429 opositores do regime morreram enquanto os guerrilheiros mataram cerca de 119 pessoas. Em terceiro lugar foi ressaltado que, apesar da ideia de que o regime militar (1964-1985) prejudicou idealistas que queriam o bem do Brasil, mais de 40 mil  pessoas foram indenizadas com a importância de R$ 3,4 bilhões. Em quarto lugar, Gandra  afirmou que a visita da presidenta da República, Dilma Rousseff, a Fidel Castro, o apoio a Nicolás Maduro e a contratação de médicos cubanos para o programa Mais Médicos indicam uma “atração inequívoca por regimes que ferem os ideais democráticos”. Por fim, Gandra defendeu que o Brasil avançou durante o regime militar, estando entre as dez maiores economias do mundo, tendo, no entanto, regredido nos últimos anos. (O Estado de S. Paulo - Espaço Aberto - 19/04/14)

Oscar Vilhena Vieira criticou o emprego de Forças Armadas em problemas internos do país

Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, Oscar Vilhena Vieira, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV),  ressaltou a importância da adoção da lei para a democracia, ou seja, o Estado Democrático de Direito e criticou o emprego das Forças Armadas em problemas internos. Tendo em vista que o Brasil teve o maior número de homicídios entre os países pesquisados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2012, Vieira criticou o fato de, nos últimos 30 anos, todos os presidentes democraticamente eleitos terem evitado maiores responsabilidades em relação à segurança dos cidadãos. Segundo Vieira, “convocar as Forças Armadas é mais uma confissão da omissão em responder democraticamente ao problema da segurança do que a responsabilidade em enfrentá-lo”. (Folha de S. Paulo - Cotidiano - 19/04/14)

Demétrio Magnoli criticou Mino Carta por ter apoiado o regime militar

Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, o jornalista e geógrafo Demétrio Magnoli criticou o jornalista Mino Carta por ter apoiado o regime militar (1964-1985) em publicações da revista Veja em 1970. Magnoli afirmou  que está respondendo aos editoriais da revista Carta Capital nos quais Carta nega ter apoiado o regime e apontou a contradição de Carta, que afirmou ter usado ironia nas publicações. Magnoli indicou diversas edições da revista Veja que consagraram o apoio ao regime militar e ressaltou que, apesar de Carta não ter escrito diretamente nenhuma das reportagens, era encarregado da direção da revista. (Folha de S. Paulo - Poder - 19/04/14)

terça-feira, 22 de abril de 2014

Presidenta da República afirma que haverá ‘segurança pesada’ na Copa do Mundo

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a presidenta da República, Dilma Rousseff, declarou em discurso para integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, na capital federal Brasília, que a Copa do Mundo no Brasil contará com “segurança pesada”. De acordo com Rousseff, as Forças Armadas serão empregadas “em caráter dissuasório, e em toda retaguarda”, justificando que o governo federal não pactuará, em hipótese alguma, com qualquer tipo de violência, em referência a possíveis manifestações sociais durante o evento. (O Estado de S. Paulo – Metrópole – 17/04/14)

Forças Armadas atuam na segurança pública durante greve da Polícia Militar na Bahia

Conforme publicado nos periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança foram acionadas para atuar na segurança pública do estado da Bahia, por ocasião da greve da Polícia Militar iniciada no dia 16/04/14. No mesmo dia, segundo O Estado, a presidenta da República, Dilma Rousseff, assinou, a pedido do governador do estado da Bahia, Jaques Wagner, decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), autorizando o deslocamento de 8,5 mil militares para o estado, sob o comando do general Racine Bezerra Lima, comandante da 6ª Região Militar. De acordo com os jornais, a Justiça do estado de Bahia considerou ilegal a greve e determinou a volta imediata dos policiais às atividades. Com a ausência de policiamento, a criminalidade cresceu substancialmente, principalmente com registros de saques a estabelecimentos comerciais. (Folha de S. Paulo – Cotidiano – 17/04/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 17/04/14)

Universidade de São Paulo discute caso de demissão da professora Ana Rosa Kucinski

ARQUIVO ESTADO. No controle. Para Armando Falcão, ela era uma ‘terrorista’. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 16 abril 2014, p.9

REPRODUÇÃO. Na memória. Ana Kucinski foi vista pela última vez em 1974. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 16 abril 2014, p.9


Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a Congregação do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) havia agendado para o dia 17/04/14 a análise do pedido da Comissão da Verdade da USP para que a demissão da professora Ana Rosa Kucinski fosse revertida. De acordo com a Folha, a professora foi demitida em outubro de 1975 sob a alegação de abandono de emprego, pouco mais de um ano após seu desaparecimento, na época do regime militar (1964-1985). O pedido de revisão justifica que a demissão não levou em conta observações que já indicavam, na época, que a professora não teria abandonado o emprego, mas sido sequestrada por agentes do aparato repressivo do regime, na cidade de São Paulo, e por isso estava desaparecida. De acordo com O Estado, militares e policiais civis relataram que Kucinski e seu marido, o físico Wilson Silva, eram militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) e foram presos no dia 22/04/1974, na cidade de São Paulo, e levados à chamada Casa da Morte na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. O casal nunca foi encontrado, mas seus nomes surgem em mais de um relato de agentes do Estado que atuaram naquele local, como o delegado Claudio Guerra, que relata em seu livro “Memórias de uma Guerra Suja” que os restos mortais de Ana Rosa e Wilson foram incinerados e que o corpo da professora apresentava sinais de tortura e violência sexual. Houve denúncias feitas no país e no exterior e várias organizações se mobilizaram para obter informações sobre o caso. O arcebispo do estado de São Paulo, cardeal Paulo Evaristo Arns, levou na época o caso ao conhecimento do ministro da Casa Civil, general Golbery do Couto e Silva, o qual articulava o processo que levaria à distensão política. O governo do ex-presidente da República Ernesto Geisel, pressionado pela repercussão do caso, declarou, por meio de uma nota oficial, assinada pelo ex-ministro da Justiça, Armando Falcão, que tratava-se de um casal “terroristas” e que estes estavam “foragidos”. Como consequência, à época, a Congregação do Instituto de Química, mediante votação, aprovou a proposta da Reitoria da USP pedindo a dispensa da docente por abandono de função. No ano de 1995, o jornalista e irmão da professora, Bernardo Kucinski, encaminhou à Reitoria da USP um pedido para a retificação da causa da demissão. A USP reconheceu a injustiça, através de um relatório extenso, mas justificou a posição anterior, o que desagradou a família de Ana Rosa. Segundo os jornais, era quase certo que a Congregação do Instituto de Química cancelaria a demissão no dia 22/04/14, data na qual estava programada uma homenagem à docente, sendo inaugurado em sua memória uma escultura nos jardins do Instituto de Química. Ainda estava previsto que um representante da diretoria da instituição apresente na ocasião um pedido formal de desculpas à família de Ana Rosa. (Folha de S. Paulo – Poder – 17/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 16/04/14)

Jornalista critica a Lei Antiterrorismo

Em coluna opinativa para o periódico Correio Braziliense, o jornalista Ari Cunha analisou que o projeto que cria a chamada lei “antiterrorismo” (PSL nº499/2013) evidencia as mudanças propostas pelo governo e pelo Poder Legislativo no Código Penal. Tal proposta, segundo Cunha, “é ainda mais dura do que a Lei de Segurança Nacional (LSN)”, aprovada pelos militares com objetivo de acabar com o vandalismo e atos dos movimentos armados que agiam na clandestinidade contra o regime militar (1964-1985). Se aprovada, a lei intensificará as penas já previstas no código penal para os manifestantes mascarados envolvidos em confusão. De acordo com o jornalista, o governo trabalha para que esse projeto de lei seja considerado em regime de urgência no Senado, enquanto adota medidas para afastar os “efeitos crescentes das manifestações” contra os eventos esportivos da Copa do Mundo, a ser realizada no Brasil em 2014. (Correio Braziliense – Opinião – 16/04/14)


Documentário traz depoimentos de mulheres que lutaram contra o regime militar

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, um documentário sobre mulheres que lutaram contra o regime militar (1964-1985) está sendo exibido no canal GNT, da Rede Globo, e traz como convidada a esposa do ex-deputado federal José Genoíno, Rioco Kayano, que entrou para o Partido Comunista do Brasil (PC do B) em 1968 e acabou presa no estado do Pará em seu esforço de integrar à Guerrilha do Araguaia. A professora e ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), Jessie Jane, também foi entrevistada a respeito da tentativa frustrada de sequestrar um avião na cidade do Rio de Janeiro para trocar passageiros por presos políticos. Jane foi pega e ficou nove anos presa. (Folha de S. Paulo – Ilustrada – 16/04/14)


Exército atuará no combate à dengue

 Denny Cesare/Código 19. Militares vão remover entulhos e focos. O Estado de S. Paulo, São Paulo 15 abr. 2014

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o Exército atuará no combate à dengue na cidade de Campinas, no estado de São Paulo. Cinquenta e oito homens do 11° Batalhão de Infantaria Blindada foram treinados e saíram às ruas para remover entulhos e eliminar possíveis focos do mosquito. A medida se deve ao aumento de 82,3% dos casos de dengue na região no período de um mês. (O Estado de S. Paulo – Metrópole – 15/04/14)

Coluna opinativa compara regime militar e atuais ameaças à democracia

Em coluna opinativa para o jornal Correio Braziliense, o procurador do estado de Goiás e presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, Marcello Terto, afirmou ser necessário um esforço de reflexão por parte dos brasileiros acerca da distinção entre os instrumentos de dominação das ditaduras e os atuais inimigos da democracia. Estes, segundo Terto, seriam mais perigosos que o levante militar de 1964, pois se aproveitam das falhas de prevenção e mecanismos de controle e da ineficiência do sistema repressivo para manipular a maioria e dominar o poder em proveito próprio. Neste contexto, o procurador criticou as frustradas discussões sobre reformas para reduzir a corrupção e exaltou o Movimento Nacional pela Advocacia Pública lançado em abril de 2014 com o objetivo de destacar a importância do reforço das instituições constitucionais de Justiça e garantir a defesa dos valores democráticos. Por fim, Terto ressaltou que o processo democrático e deliberativo deve ser respeitado, pois legitima as políticas públicas e representa o inverso da ditadura. (Correio Braziliense – Opinião – 15/04/14)

Ocupação das Forças Armadas no Complexo da Maré no Rio de Janeiro

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, Jefferson Rodrigues da Silva, de 18 anos, morreu após ser baleado por um fuzileiro naval que integra as forças militares que ocupam as favelas do Complexo da Maré, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo o Comando da Força de Pacificação, o homem foi atingido após resistir à prisão e trocar tiros com fuzileiros na favela Vila dos Pinheiros.  Moradores afirmaram que o jovem era trabalhador e, em protesto, fecharam importantes vias da região. O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, se recusou a falar sobre o caso e afirmou, durante uma visita à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, que só irá se pronunciar após a conclusão do relatório técnico da Polícia Civil. Segundo os jornais, as versões sobre o caso dadas pelo Exército e pelos moradores da comunidade são conflitantes. Enquanto o Exército afirma que Rodrigues disparou contra os militares, moradores alegam que o rapaz não estava envolvido em nenhum tipo de atividade ilícita. Devido ao acontecimento, o governador do Rio de Janeiro desistiu da possibilidade de reforçar o efetivo de policiais e militares na região. Na mesma ocasião, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou um investimento de R$ 7,3 milhões na construção de dois prédios e reforma de oito imóveis que servem de sede para as UPPs. O comandante-geral da Força de Pacificação do Complexo da Maré, general Roberto Escoto, anunciou, no dia 13/04/14, que as Forças Armadas lançarão o Disque-Pacificação, canal pelo qual os moradores das comunidades pacificadas poderão fazer denúncias anônimas às autoridades. Segundo o general, o Disque-Pacificação permitirá que os traficantes que ainda circulam pela comunidade sejam presos em flagrante. Além dessa iniciativa para auxiliar os militares, uma central de inteligência foi montada no complexo de favelas. (Correio Braziliense – Brasil – 14/04/2014; Folha de S. Paulo – Poder – 13/04/14; Folha de S. Paulo – Cotidiano – 16/04/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 13/04/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 16/04/14)


Maioria da cúpula atual das Forças Armadas ingressou durante o regime militar

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, 97% dos atuais oficiais-generais das Forças Armadas brasileiras ingressaram na carreira durante o regime militar (1964-1985). Os dados foram obtidos pela Folha através da Lei de Acesso à Informação. A ascensão ao posto de general exige bom desempenho acadêmico, a ocupação de cargos de relevo e a aprovação unânime dos integrantes do Alto Comando, segundo a lei 5.821, de 1972. De acordo com o jornal, a profissionalização da carreira militar levou à perpetuação da linha ideológica dos generais que promoveram a tomada de poder em 1964. Para o cientista político do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, Eurico de Lima Figueiredo, “a formação doutrinária, o corporativismo e a transição relativamente tranquila para a democracia” justificam a perspectiva complacente dos militares sobre o regime que lideraram. (Folha de S. Paulo – Poder – 13/04/14)


Colunas opinativas analisam golpes na história do Brasil

Em coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, Roberto Romano, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), discorreu sobre as tomadas de poder na história brasileira e afirmou que golpes bem sucedidos mudam uma instituição sem tropas nas ruas, mas os que usam violência geram desconfiança dos governados. Romano listou golpes como o dos militares que derrubaram a monarquia em 1889 e o de Getúlio Vargas que instalou uma ditadura em 1937. Segundo o professor, o Ato Institucional nº1 (AI-1), decretado no primeiro ano do regime militar (1964), aposentou as noções de legitimidade vigentes ao invocar exceção, enquanto os golpes seguintes foram impostos sob a égide de lideranças civis, corporações jurídicas e oligarquias regionais. O autor criticou a transformação do Congresso Nacional e a nova Constituição (1988), que apesar de prever mecanismos contra golpe de Estado, não impede o exercício reiterado da usurpação política. Por fim, Romano apontou que as medidas provisórias se transformaram em golpes na medida em que seu caráter de exceção se transformou em regra para o Executivo legislar. Também em coluna opinativa para O Estado, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Oliveiros S. Ferreira afirmou que os artigos escritos em ocasião dos 50 anos da tomada de poder de 1964 ignoram a ideia de que as Forças Armadas desempenharam no período do regime (1964-1985) o papel representado pelo Poder Moderador no Império. De acordo com o professor, uma revisão baseada nessa tese poderia afirmar se os militares prolongaram, durante a República, a instituição imperial. (O Estado de S. Paulo – Opinião – 12/04/14; O Estado de S. Paulo – Opinião - 14/04/14)

Jornal relembrou uso indevido de avião da Força Aérea Brasileira

O jornal Correio Braziliense relembrou que, em 21/12/13, o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir até a cidade de Recife, em Pernambuco, onde fez uma cirurgia de implante capilar. Após o uso indevido da aeronave ter se tornado público, Calheiros devolveu R$27,4 mil aos cofres públicos. (Correio Braziliense – Política – 12/04/14)

Colunista defendeu respeito pelas instituições democráticas

Em coluna opinativa para o jornal Correio Braziliense, o jornalista Ari Cunha defendeu que um dos pilares da democracia é o respeito pelas instituições. Segundo Cunha, às vésperas da tomada do poder pelos militares (1964), as manobras feitas para impedir a posse do então vice-presidente da República, João Goulart, assim como a renúncia do presidente Jânio Quadros, criaram um processo de enfraquecimento da estrutura do Estado e fragilizaram a cadeia de comando de modo a dar abertura a qualquer tentativa de golpe. Cunha comparou tal situação à atual onda de ataques à autoridades e instituições políticas, citando como exemplo o grupo blackblocks. (Correio Braziliense – Opinião – 12/04/14)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Procurador-Geral da República diz que pederastia é crime militar


DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-27/2/2014. Procurador-geral afirma que serviço militar exige disciplina. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 09 abril 2014, p.16.

Segundo os periódicos Correio Braziliense e O Estado de S. Paulo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contrariou, através de parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, apresentado por sua antecessora Helenita Acioli. Tal ação solicitava que as práticas de “pederastia ou ato de libidinagem”, mesmo que consensual, “homossexual ou não”, deixassem de ser consideradas crime pelo Código Penal Militar, de 1969. Janot alegou que o artigo 235 da legislação, que prevê detenção de seis meses a um ano para quem pratica tais atos não viola a Constituição Federal de 1988, por estar sujeito à competência militar. De acordo com O Estado, o procurador-geral declarou que a regra é resultado das “peculiaridades do serviço militar e da organização das Forças Armadas”, nos quais a ordem interna e a disciplina são diferentes do serviço civil e das relações trabalhistas privadas, mas que a menção à pederastia e ao ato homossexual no corpo do artigo é “dispensável”. Segundo o Correio, o Superior Tribunal Militar (STM) já manifestou o interesse na aprovação do Projeto de Lei nº 2.773/2000, que tem por objetivo modificar a norma para a retirada do termo “pederastia” e da expressão “homossexuais ou não”. (Correio Braziliense - Brasil - 09/04/14; O Estado de S. Paulo - Metrópole - 09/04/14)

Celebração do aniversário de Brasília contará com debates sobre o regime militar

De acordo com o jornal Correio Braziliense, a celebração dos 54 anos de Brasília, capital federal, unirá literatura, música, dança, teatro e cinema aos debates sobre o cinquentenário da tomada de poder pelos militares, ocorrida em 01/04/1964. Além da 2ª edição da Bienal Brasil do Livro e da Leitura, estão previstos shows com cantores e compositores que participaram da oposição ao regime militar (1964-1985). Segundo Hamilton Pereira, secretário de Cultura do Distrito Federal, é necessário refletir sobre o golpe civil-militar. Para Pereira, não haveria melhor lugar para dialogar do que a bienal, para a qual foram convidados testemunhas e artistas que conversarão com a juventude. (Correio Braziliense - Cidades - 08/04/14)

Jornalista relatou sua percepção sobre o regime militar

Em coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, o filósofo e jornalista Fernão Lara Mesquita afirmou que a tomada de poder de 1964 foi a forma encontrada pelos militares de barrarem o avanço comunista que acontecia na época pela polarização da Guerra Fria (1945-1991). Segundo Mesquita, a intenção do primeiro governo militar era “limpar a área” da corrupção e devolver o governo aos civis, entretanto essa intenção mudou com o Ato Institucional n° 2, que extinguiu partidos políticos, interferiu no Poder Judiciário e tornou indireta a eleição para presidente da República. Mesquita defendeu que a repressão só surgiu a partir  do “19º assassinato cometido pela esquerda armada”, o que levou o governo militar a instaurar o Ato Institucional n° 5, que endureceu o regime nos anos seguintes. Para Mesquita o Brasil vivia em uma guerra, o que segundo ele é “a suspensão completa da racionalidade e do respeito à dignidade humana”.  (O Estado de S. Paulo - Opinião - 07/04/14)

Sete instalações militares serão investigadas

Em coluna de opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, Kenneth Serbin, diretor do Departamento de História da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos da América, afirmou que as Forças Armadas brasileiras investigarão as torturas e mortes ocorridas em sete instalações militares usadas para prender e interrogar presos políticos durante o regime militar (1964-1985). Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, o processo levará 30 dias. (O Estado de S. Paulo - Aliás - 06/04/14)

Comissão Nacional de Verdade mapeia centros clandestinos utilizados durante o regime militar

Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia 07/04/14, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou um relatório parcial com o mapeamento dos centros clandestinos usados pelas Forças Armadas durante o regime militar (1964-1985). O levantamento realizado pela historiadora e assistente da CNV Heloísa Starling, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), demonstrou que era comum durante o regime militar a manutenção de estruturas clandestinas, fora de quartéis ou delegacias, para levar presos políticos. A Folha ressaltou que a CNV apontou 17 centros clandestinos, dentre eles casas, apartamentos, sítios e fazendas emprestados, em sua maioria, por empresários amigos do regime. De acordo com relatório apresentado pela comissão, tais centros eram de conhecimento dos comandantes do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e, segundo Starling, faziam parte da estrutura de inteligência e repressão do regime. Dentre os principais centros, o jornal ressaltou a Casa da Morte, em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro; a Fazenda 31 de Março, na zona sul de São Paulo e a Casa Azul, no Pará. Segundo a Folha, pelo menos 14 militantes morreram na Casa da Morte, que operou entre 1971 e 1974, enquanto ao menos 24 guerrilheiros participantes da Guerrilha do Araguaia (1967-1974) foram executados na Casa Azul. Já na Fazenda 31 de Março, o jornal apontou que Joaquim Câmara Ferreira, importante nome da esquerda armada, morreu sob tortura. Além disso, informantes da esquerda, denominados “cachorros” frequentavam esse centros clandestinos para receberem e passarem instruções, assim como para serem remunerados pelos serviços prestados. No mesmo dia o sargento do Exército Roberto Artoni depôs à comissão, sobre os centros de tortura na área do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 2º Exército. O sargento trabalhou com o capitão Ênio Pimentel da Silveira, comandante da seção de investigação do DOI, como informante. Segundo o agente Marival Chaves, Artoni poderia revelar o destino de militantes do Partido Comunista Brasileiro, da Aliança Libertadora Nacional e do Movimento de Libertação Popular, que foram presos pelo DOI. (Folha de S. Paulo - Poder - 06/04/14; Folha de S. Paulo - Cotidiano - 07/04/14; Folha de S. Paulo - Poder - 08/04/14; O Estado de S. Paulo - Política - 07/04/14)

Autópsia de João Goulart será realizada por universidades estrangeiras

De acordo com o periódico Correio Braziliense, os restos mortais do ex-presidente da República João Goulart serão analisados por dois laboratórios estrangeiros. O laboratório da Universidade de Coimbra, em Portugal, receberá os tecidos moles, enquanto o da Universidade de Múrcia, na Espanha, receberá os ossos. As perícias buscam afastar a suspeita de que Goulart tenha sido assassinado durante o regime militar (1964-1985),  pela Operação Condor, que tinha como objetivo neutralizar os grupos de oposição aos regimes militares na América Latina. De acordo com a Comissão Nacional da Verdade (CNV), os laboratórios estrangeiros realizarão o exames toxicológicos, pois suspeita-se que Goulart tenha sido envenenado, com a troca de sua medicação de uso diário. A escolha desses laboratórios, foi realizada pela polícia federal, devido a impossibilidade de seu Instituto de Criminalística em poder testar algumas substâncias. O ex-presidente morreu, em 1976, na cidade de Mercedes, na Argentina, durante o exílio. A expectativa de duração do processo de análise dos restos mortais é de seis meses a um ano, quando será divulgado o resultado final. (Correio Brasiliense - Política - 06/04/14)

Iniciou-se no dia 05/04/14 a Ocupação do Complexo de Favelas da Maré


WILTON JUNIOR/ESTADÃO. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 09 abril 2014, p17.

Segundo os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, iniciou-se no dia 05/04/14 a ocupação do Complexo de Favelas da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, pelas Forças Armadas. A operação se iniciou com 2500 fuzileiros da Marinha e membros da brigada paraquedista do Exército que tiveram como primeira missão percorrer a região e realizar o seu mapeamento. Posteriormente, o efetivo foi reduzido para 1600 homens, os quais se revezam em turnos de seis horas, para manutenção do trabalho. Nesse primeiro momento da ocupação, as buscas se concentram em casas que eram anteriormente utilizadas por traficantes. A Folha afirmou que os militares já conhecem os locais que eram utilizados pelo traficante Marcelo dos Santos, ex-paraquedista do Exército, que garantia treinamento militar aos membros da facção, preso recentemente pela Polícia Federal. Desde o dia 30/03/14, 300 policiais militares também atuam na região. Segundo O Estado, a base da Força de Pacificação da Maré está montada no quartel do Centro de Preparação de Oficiais de Reserva. O Estado afirmou que a Marinha é responsável por cinco favelas do complexo, localizadas ao sul da Linha Amarela, e o Exército responsável por outras dez unidades. De acordo com o ministro da Defesa, Celso Amorim, a atuação das Forças Armadas ocorrerá até julho e está ligada ao esquema de segurança para Copa do Mundo de futebol. Segundo a Folha, a ocupação militar antecipa a implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e contribui com o governo do estado do Rio de Janeiro em sua política de segurança. Ainda, de acordo com a Folha, o sucesso da ocupação pelas Forças Armadas passa pela aprovação da comunidade e, por isso, as tropas começaram um processo de conscientização dos moradores através do diálogo. Os militares pretendem receber ajuda da comunidade para manter o patrulhamento, pois é preciso montar postos de observação nas lajes das casas para evitar surpresas por parte dos traficantes. O Estado divulgou que, apesar da ocupação, no dia 07/04/14, uma equipe do jornal foi abordada por traficantes enquanto trabalhava no local, acerca de 200 metros da praça da Vila dos Pinheiros, onde se concentravam militares da Marinha e policiais militares. O general de Brigada e comandante da Força de Pacificação da Maré, Roberto Escoto, admitiu que as favelas ainda abrigam traficantes. Segundo O Estado, um balanço divulgado, no dia 07/04/14, pela Força de Pacificação apontou que os militares já apreenderam equipamentos usados para triturar cocaína, 242 cartuchos de pistola calibre 45, uma arma branca com inscrições de uma facção criminosa, três equipamentos de rádio, R$ 970 em espécie e dois veículos roubados, além de pequenas quantidades de diversas drogas. Ainda, de acordo com os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a Força de Pacificação da Maré sofreu cinco ataques entre os dias 07 e 08/04/14. Esses ataques ocorreram em localidades do Complexo de Favelas da Maré, como na favela Vila dos Pinheiros, onde um grupo de militares acompanhava uma manifestação e foram recebidos por tiros, e na favela Vila do João, onde tiros foram direcionados contra dois locais em que militares faziam plantões. Segundo a Folha, alguns moradores manifestaram-se contrários à presença dos militares. O governador do estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, relatou que serão necessários investimentos de longo prazo para que se resolva os problemas de segurança do Complexo de Favelas da Maré. (Correio Braziliense - Brasil - 09/04/14; Folha de S. Paulo - Cotidiano - 05/04/14; Folha de S. Paulo - Poder - 06/04/14; Folha de S. Paulo - Cotidiano - 07/04/14; Folha de S. Paulo - Cotidiano - 09/04/14; O Estado de S. Paulo - Metrópole - 05/04/14; O Estado de S. Paulo - Metrópole - 06/04/14; O Estado de S. Paulo - Metrópole - 08/04/14; O Estado de S. Paulo - Metrópole - 09/04/14) 

João Goulart agiu de acordo com a lei

Em coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista Marcelo Rubens Paiva relembrou a tomada de poder pelos militares (1964) e afirmou que o então presidente da República, João Goulart, seguiu a lei durante todo período, apesar das afirmações recorrentes de que o golpe foi resultado da instabilidade e desordem provocadas por ele. Segundo Paiva, na época o país estava ideologicamente polarizado e a conspiração era generalizada. Muitos países passavam por momentos semelhantes, entretanto, no Brasil, a situação levou ao regime militar (1964-1985). Com a renúncia do presidente da República Jânio Quadros, em 1961, o então vice Goulart, que se encontrava na República Popular da China, foi impedido de voltar ao país e o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, foi empossado presidente da República. A “campanha da legalidade” pediu que fosse cumprida a Constituição, mas na recusa dos militares em aceitarem Goulart, a decisão foi mudar o regime político do Brasil para o parlamentarismo e tornar Tancredo Neves primeiro-ministro. Em 1963, uma decisão tomada em plebiscito definiu a volta do presidencialismo ao país. Paiva afirmou que pesquisas encontradas recentemente apontam que, na época, 59% da população era a favor das medidas anunciadas por Goulart no Comício da Central do Brasil e 49,8% votariam nele caso pudesse ser candidato à reeleição. Segundo Paiva, no dia 01/04/1964 o Congresso Nacional declarou vago o cargo de presidente da República e novamente empossou Mazzilli. Posteriormente, uma junta militar tomou o poder, dando início ao regime militar. (O Estado de S. Paulo - Cultura - 05/04/14) 

Importantes obras literárias e cinematográfica do Brasil desenvolveram-se dentro da prisão durante o regime militar

Segundo o colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Sérgio Augusto três das obras mais importantes do início do regime militar (1964-1985) “nasceram ou tomaram forma” da prisão de oito intelectuais que protestavam em frente ao hotel Glória, na cidade do Rio de Janeiro, durante a abertura da conferência da Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1965. Esses intelectuais foram presos no quartel do 1º Exército, na Rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro, e ficaram conhecidos como "os oito do Glória”. O grupo era composto, entre outros, pelos jornalistas Carlos Heitor Cony, que escreveu “Pessach: A Travessia”, Glauber Rocha, que finalizou “Terra em Transe”  e Antônio Callado, de “Quarup”. O romance de Cony criticava setores radicais da esquerda e o Partido Comunista, tendo atraído inimigos durante o regime. Já o filme de Rocha foi proibido pela censura e dividiu as esquerdas, agradou a alguns, enquanto outros o consideraram muito confuso e alegórico para ser compreendido pelas massas. (O Estado de S. Paulo - Cultura - 05/04/14) 

Delfim Netto afirmou que Geisel foi responsável pela falência econômica do Brasil na década de 1970

Em entrevista concedida ao periódico Folha de S. Paulo, o economista e ex-ministro da Fazendo, Delfim Netto, afirmou que durante o regime militar (1964-1985) a decisão do ex-presidente da República Ernesto Geisel, então presidente da Petrobras S/A, no governo do general Emílio Garrastazu Médici, de não abrir a exploração de petróleo às empresas privadas acabou por levar a economia do Brasil à falência no final dos anos 1970. No período, o país era dependente da importação de petróleo e foi fortemente afetado pelas altas dos preços, derivadas da crise do petróleo. Netto afirmou que em 1972 comunicou ao governo brasileiro que os países árabes estavam elaborando a formação de um cartel e que os preços do petróleo seriam elevados. A proposta era abrir a exploração de petróleo da Petrobras com o objetivo de aumentar a produção nacional, mas Geisel se opôs à decisão. Durante a entrevista, o ex-ministro afirmou também que a decisão de romper com a autonomia do Banco Central ocorreu devido à insistência do órgão em estabelecer uma política restritiva em um momento no qual o país passava por uma recessão profunda e um alto nível de desemprego. (Folha de S. Paulo - Poder - 05/04/14)


Mino Carta esconde seu papel com jornalista durante regime militar

Em coluna opinativa para o  jornal Folha de S. Paulo, o geógrafo Demétrio Magnoli criticou a postura do jornalista Mino Carta que, em um ensaio histórico publicado, no dia 02/04/14, na revista Carta Capital, escreveu sobre a relação entre o regime militar (1964-1985) e a imprensa brasileira. Magnoli criticou Carta por omitir em seu ensaio que era diretor de redação da revista Veja durante o governo militar e em 01/04/1970, escreveu que "os militares surgiram como o único antídoto de seguro efeito contra a subversão e a corrupção". Segundo Magnoli, na época, a imprensa tinha conhecimento das torturas ocorridas e que a censura proibia textos, “mas nunca obrigaram a escrever algo”. Para Magnoli, Carta escondeu que assinou inúmeros artigos e editoriais em favor dos militares, enquanto muitas revistas e jornais criticados por ele pediram desculpas por seu apoio ao regime. (Folha de S. Paulo - Poder - 05/04/14) 

Razões que invalidam a Lei da Anistia

Em coluna opinativa publicada no jornal Folha de S. Paulo, o advogado e colunista Oscar Vilhena Vieira lembrou que o ex-ministro da Justiça, José Carlos Dias, afirmou recentemente aos alunos de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que a questão referente à revisão da Lei da Anistia (1979) lhe causa “profundo tormento”. Vieira se propôs a “enfrentar publicamente” o ex-ministro por ter clareza de que seus críticos contribuirão em muito para iluminar suas legítimas dúvidas. De acordo com Vieira, a lei possui três razões que a fazem inválida. A primeira se referente à ilegalidade, estabelecida pelo direito internacional, a tortura e aos desaparecimentos forçados e a existência de barreiras à responsabilização de tais atos. A segunda razão é direcionada à incompatibilidade entre a Constituição de 1969, assim como a de 1988, que defende “inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade...” e, portanto, não serviria de validade para uma lei que anistiou os que afrontaram tais valores. Vieira afirmou que caso o Supremo Tribunal Federal (STF) declarasse a lei como inconstitucional, essa não seria revogada, mas sim anulada e portanto, não se aplicaria as questões envolvendo a retroatividade da lei. A terceira razão relaciona-se com a questão da prescrição, pois os crimes contra humanidade não prescrevem e, sendo assim, a Anistia apenas suspenderia seus prazos. Vieira defendeu como essencial o reconhecimento e reprovação das práticas contra os direitos humanos durante o regime militar (1964-1985), processo que se iniciará pelas Forças Armadas em sindicâncias de averiguação de crimes ocorridos em suas dependências, o que possibilitará uma eventual reconciliação entre os militares e a democracia. (Folha de S. Paulo - Cotidiano - 05/04/14)

Exposição sobre Mario Lago relembra sua participação política durante o regime militar

Segundo o periódico Correio Braziliense, a exposição “Eu Lago Sou – Mario Lago, um homem do século 20” que ocorre em Brasília, no Distrito Federal, desde o dia 03/04/14, tem como intuito mostrar, além de outros fatos da vida do artista, sua participação política durante o regime militar (1964-1985). De acordo com o Correio, Lago foi militante de esquerda, mas não filiado ao Partido Comunista e ficou 58 dias preso durante o regime. (Correio Braziliense - Diversão e Arte - 05/04/14) 

segunda-feira, 7 de abril de 2014

CNBB manifestou-se sobre o apoio da Igreja ao regime militar

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, no dia 03/04/14, em nota, a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) declarou que a tomada de poder pelos militares em 1964 foi um “erro histórico” do qual a Igreja participou. A instituição reconheceu o apoio inicial à ação, mas afirmou que “houve mudança de posição após a constatação de atos que vinham sendo adotados”, além de defender que “nem todos os danos causados pelo regime militar foram devidamente reparados”. Segundo o consultor da Comissão Nacional da Verdade Jorge Atílio Iulianelli, a nota da instituição não representou avanço, visto que “a igreja não reconhece a responsabilidade institucional”. (Folha de S. Paulo – Poder – 04/04/14)

Comissão Nacional da Verdade ouvirá militares que combateram a guerrilha do Araguaia

Conforme publicado no periódico O Estado de S. Paulo, nos dias 13/05/14 e 27/05/14, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) deve ouvir militares que combateram o movimento armado de resistência ao governo durante a guerrilha do Araguaia (1972-1975). As sessões serão públicas e ocorrerão na cidade do Rio de Janeiro e na capital federal, Brasília. Os convites para os depoimentos devem ser encaminhados aos militares nas próximas semanas. Segundo o jornal, 41 pessoas que integraram o movimento de resistência armada contra o governo foram presas e executadas por ordem da cúpula do regime militar. Na versão das Forças Armadas, os guerrilheiros, que estavam armados, teriam sido mortos durante os confrontos com os agentes do governo. De acordo com O Estado, o oficial da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura será convidado e já confirmou que comparecerá à sessão pública. O militar é o único que revelou documentos que confirmam o fuzilamento de presos políticos, constando seus nomes. (O Estado de S. Paulo – Política – 03/04/14)

Principais acontecimentos dos governos do regime militar

De acordo com o periódico Correio Braziliense, o modo mais simples, para efeitos didáticos, de se compreender o regime militar (1964-1985) consiste em uma revisão dos governos de cada general e seus mais importantes feitos. O governo de Castello Branco (1964-1967) deu início à repressão das manifestações e fechou entidades como o Comando Geral dos Trabalhadores e a União Nacional dos Estudantes (UNE). Através do Ato Institucional 2, realizou a substituição dos 13 partidos existentes por apenas dois, Arena e Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que representavam respectivamente os aliados do governo e a oposição. O Ato Institucional 3 tornou indiretas as eleições para governador e posteriormente a Constituição de 1967 fez o mesmo com as eleições para presidente da República. Instituiu-se a Lei de Imprensa e a Lei de Segurança Nacional e criou-se Serviço Nacional de Informações. O general Costa e Silva (1967-1969) aprofundou a repressão do governo e com o Ato Institucional 5 (AI-5), garantindo plenos poderes ao presidente para fechar o parlamento e caçar políticos, formalizando a repressão. Naquele período, os protestos estudantis multiplicaram-se e as organizações de esquerda deram início à luta armada. Após a morte de Costa e Silva, uma Junta Militar assumiu a presidência. O governo de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) foi marcado pela intensificação da repressão com a utilização do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e da Polícia Federal. Médici criou centros de repressão e foi responsável pela Operação Bandeirantes, pela destruição da guerrilha do Araguaia e pelo chamado “milagre brasileiro”. Posteriormente, o general Ernesto Geisel (1974-1979) anunciou o início dee “uma abertura lenta, gradual e segura” do regime militar. Entretanto, a Lei Falcão e o Pacote de Abril representaram um retrocesso dessa política. O último general na presidência, João Baptista Figueiredo (1979-1985), afirmou que levaria o país à democracia e aprovou a Lei da Anistia em 1979. Durante seu governo ocorreram os movimentos das Diretas Já. Na análise sobre regime militar, o Correio destacou a edição do AI-5, a oposição da população, a luta armada e o período de transição como pontos cruciais. Segundo o jornal, o AI-5 é considerado por alguns historiadores como o início “da verdadeira ditadura”, quando a linha dura dos militares passou a ser hegemônica no regime e teve início a “guerra suja” contra a oposição. O partido de oposição, MDB, foi sempre presente na resistência, embora variando entre momentos mais moderados e mais incisivos. O Correio ressaltou que as organizações de esquerda migraram para luta armada após o aumento de repressão em 1968, e a maior parte dos guerrilheiros que a compunham foi perseguida, torturada e morta. A transição teve início com a revogação do AI-5 e aprovação da Lei da Anistia, período em que a imagem do Brasil no exterior se deteriorava devido às constantes denúncias de tortura; e o movimento das Diretas Já acelerou o processo de transição. (Correio Braziliense – Política – 01/04/14)
  

Colunista relembra dia da tomada de poder pelos militares

No periódico O Estado de S. Paulo, o colunista Arnaldo Jabour publicou um texto sobre a tomada de poder de 1964 escrito em 2010. No artigo, Jabour relembrou que no dia em que os militares chegaram ao poder no Brasil, ele se encontrava nas dependências da União Nacional dos Estudantes (UNE), na cidade do Rio de Janeiro, que foi atacada e incendiada pelos estudantes de direita da Pontifícia Universidade Católica. Segundo Jabour, no momento anterior ao golpe, o sentimento era de felicidade, pois se esperava que o socialismo fosse implantado no Brasil sem luta armada, com a ajuda do então presidente João Goulart, e que a classe média estivesse “ao lado do povo”. O colunista afirmou que naquele dia, ao caminhar pelas ruas e observar os tanques do Exército e as velas acesas nas janelas da cidade de “luto contra Jango”, concluiu que a direita estava no poder. (O Estado de S. Paulo – Caderno 2 – 01/04/14) 

Sessão solene na Câmara dos Deputados termina em confusão

Segundo os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o ato solene sobre o 50 anos de regime militar (1964-1985) na Câmara dos Deputados terminou em tumulto. Como não havia chegado nenhum integrante da Mesa Diretora, o deputado Jair Bolsonaro, por ser o deputado com mais mandatos naquele momento da Casa, demandou comandar os trabalhos. Após uma hora de atraso, o presidente da Casa, Henrique Alves, chegou e abriu a sessão. Alves se retirou e deixou no comando o deputado Amir Lando. A sessão foi marcada por duas confusões e fechada antecipadamente. A primeira foi a agressão entre duas mulheres, uma ligada à Associação das Mulheres de Militares que teve seu cartaz com agradecimentos aos militares arrancado das mãos por uma assessora parlamentar; e a outra quando Bolsonaro foi impedido de fazer seu discurso favorável ao regime militar, pois deputados e manifestantes viraram de costas para a Mesa, ato que é proibido. O pedido de Lando para que os presentes se virassem em direção à Mesa não foi atendido, portanto, o deputado deu por encerrada a sessão. (Correio Braziliense – Política – 02/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 02/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 02/04/14)


ANDRE DUSEK/ESTADÃO. Sessão da Câmara e ato no Rio sobre 1964 acabam em tumulto Brasília. Deputados com cartazes, de costas para Bolsonaro. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 02 abril, 2014, p9.

Atos e manifestações marcam os 50 anos da tomada de poder de 1964

Segundo os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o dia 31/03/14 foi marcado por diversos atos em referência aos 50 anos da tomada de poder pelos militares. A Subcomissão da Verdade do Senado afirmou que vai apoiar a campanha da Anistia Internacional que pede a revisão da Lei da Anistia (1979). O jornalista e exilado político José Maria Rabelo pediu que o nome do Estádio Punera Bley, na cidade de Vitória, seja alterado. O nome refere-se ao general responsável pela destruição da redação do jornal Binômio durante o regime militar (1964-1985). A Ordem dos Advogados do Brasil, por sua vez, reuniu advogados que foram atuantes na defesa de perseguidos políticos do regime e realizou o ato “Para não repetir”, durante o qual o ex-militante das Ligas Camponesas, Joel Câmera, surpreendeu a plateia ao declarar que “não houve golpe, mas uma revolução”. Na cidade de São Paulo, manifestantes se reuniram em frente ao prédio que abrigou o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), onde exibiram fotos de presos e desaparecidos políticos e encenaram um interrogatório semelhante aos que ocorriam durante o regime. Além disso, os manifestantes pediram a revisão da Lei da Anistia (1979) e entoaram o hino da Internacional Socialista para recordar os comunistas mortos pelo regime. Segundo o Correio, no dia 31/03/14 manifestantes do grupo Levante picharam a residência o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra no distrito federal, Brasília. Faixas e fotos de desaparecidos políticos foram expostas em frente à casa de Ustra e os ativistas encenaram cenas de torturas e entoaram slogans contra o regime militar. Outros manifestantes realizaram o mesmo ato na rua em que vive o delegado Aparecido Laertes Calandra, conhecido como Capitão Ubirajara. No mesmo dia, o ato se repetiu em frente ao Congresso Nacional. Manifestações também foram realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra em memória aos camponeses mortos durante o regime. Os ativistas marcharam até o Supremo Tribunal Federal e cobraram do presidente da Corte, Joaquim Barbosa, o julgamento dos torturadores.  De acordo com Folha, na cidade de São Paulo houve um protesto de movimentos sociais e sindicais em repúdio à violência policial e ao projeto de lei antiterrorismo. Manifestantes também saíram às ruas na cidade do Rio de Janeiro, organizados por centrais sindicais, movimentos estudantis e partidos de esquerda em uma “descomemoração” aos 50 anos da tomada de poder de 1964. Militares da reserva também se reuniram na cidade do Rio de Janeiro para comemorar os 50 anos do que chamam de “revolução” e manifestaram repúdio ao trabalho das comissões da verdade e à cobertura da impressa relacionada ao cinquentenário. A reunião ocorreu no Clube da Aeronáutica, um local distante do centro da cidade por causa do “medo de hostilidade”, segundo os militares. (Correio Braziliense – Política – 01/04/14; Correio Braziliense – Política – 02/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 02/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 01/04/14)


Carlos Moura. CB. D.A. Press. Manifestantes estenderam faixas na casa do general acusado de tortura. Correio Braziliense, Brasília, 01 de abril, 2014.


Alunos da Universidade de São Paulo manifestam-se contra professor que lia texto de apologia ao regime militar

Segundo os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) interromperam com protestos a aula do professor Eduardo Gualazzi, no momento em que o docente lia um texto de apologia ao regime militar (1964-1985). Os estudantes que estavam do lado de fora da sala de aula simularam sons de tortura e entraram na sala vestindo capuzes sobre a cabeça e cantando a música “Opinião”, de Zé Keti, hino da resistência ao regime. O professor se exaltou e além de tirar o capuz de uma estudante, tentou segurar o braço de outro aluno. Procurado pela Folha, Gualazzi alegou que se tratava de uma questão interna da universidade. A aluna Erica Meireles, que participou da manifestação, declarou que Gualazzi tem direito a sua opinião, porém, não pode utilizar sua cadeira de professor como instrumento para disseminá-la. (Correio Braziliense – Política – 02/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 02/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 02/04/14)

Dilma Rousseff aborda os 50 anos da tomada de poder pelos militares em discursos

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia 31/03/14 a presidenta da República, Dilma Rousseff, falou sobre os 50 anos da tomada de poder pelos militares, em 1964, durante um discurso no Palácio do Planalto. Rousseff afirmou que o país aprendeu lições com o sofrimento vivido durante o regime militar (1964-1985) e que relembrar o ano de 1964 é uma forma de ajudar a consolidar a democracia nacional. Declarou ainda que a democracia permite que as dores do regime sejam superadas e suportadas, pois “podemos contar nossa história”. O Estado lembrou que Rousseff não apoia a revisão da Lei da Anistia (1979), o que foi reafirmado em seu discurso ao declarar que a Anistia foi um passo para a redemocratização e deve ser respeitada. Segundo o jornal, tal posicionamento contraria grande parte da esquerda brasileira e membros do próprio Partido dos Trabalhadores, ao qual a presidenta pertence. Rousseff completou seu discurso afirmando que “quem dá voz à história somos cada um de nós, que no nosso cotidiano afirma, protege, respeita e amplia a democracia no nosso país”. Segundo os jornais Folha e O Estado, Rousseff, ao discursar na cerimônia de assinatura de contrato de concessão à iniciativa privada do Aeroporto do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 02/04/14, lembrou em tom emocionado que o aeroporto era o local de entrada de exilados políticos do regime militar que retornaram ao país após a promulgação da Lei da Anistia. (Correio Braziliense – Política – 01/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 03/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 03/04/14) 



Correio Braziliense. Dilma foi presa e torturada pelos militares: Nossos sonhos foram calados. Correio Braziliense, Brasília, 01 de abril, 2014.

Ordem do Dia transmitia os rumos do governo durante o regime militar

De acordo com o jornal Correio Braziliense, durante o regime militar (1964-1985), e mesmo após seu término, todo ano no dia 31 de março era publicada a Ordem do Dia, através da qual se tomava conhecimento sobre os rumos do regime e o direcionamento para a distensão ou o endurecimento. A Ordem do Dia deixou de ser divulgada há pouco tempo.  O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que por ordem da presidenta da República, Dilma Rousseff, celebrações por parte dos militares da ativa referentes aos 50 anos da tomada de poder pelos militares não seriam permitidas, retirando assim a possibilidade de divulgação de uma Ordem do Dia especial. Segundo o Correio o papel do ex-presidente da República, João Goulart, continua deslocado na história do país. Os conservadores o colocam como culpado pelo golpe, do qual foi vítima, e a esquerda lamenta que Goulart não tenha comandado uma resistência em 1964. O Correio afirmou que Goulart deixou o país em 1964 por ter conhecimento das consequências de uma intervenção militar estadunidense. O escritor Juremir Machado, em seu livro “Jango”, afirmou que o resgate do real significado do governo de Goulart, da defesa da população para as reformas de base e da radicalização democrática, que despertou reações entre os setores conservadores, é essencial para garantir a Goulart seu devido lugar na história. (Correio Braziliense – Política – 01/04/14)

Ex-motorista da presidência da República contou experiências da época do regime militar


Bruno Peres, CB, D.A. Press. Miguel conduz o Rolls-Royce presidencial para FIgueiredo, em 1981. Correio Braziliense, Brasília, 01 de abril, 2014.

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o ex-motorista Miguel Soares de Oliveira relatou experiências vividas durante o período em que foi condutor do carro oficial da presidência da República, servindo a João Goulart e aos cinco militares que ocuparam o cargo durante o regime militar (1964-1985). Em 1964, Oliveira levou Goulart à base aérea no distrito federal, de onde o ex-presidente partiu para o exílio, e buscou o primeiro presidente do regime militar, general Castello Branco. Oliveira recordou que a tensão existente no país durante o regime militar fez com que se desfizesse de um retrato autografado de Goulart, assim como outros presentes que tinham relação com a oposição. O ex-motorista declarou que em sua função tinha de ser “cego, surdo e mudo” e foi assim que exerceu a profissão até 1985. Oliveira referiu-se a Arthur da Costa e Silva como alguém de grande curiosidade, “ele queria saber de tudo”; e não escondeu um carinho especial pelo último presidente militar, João Baptista Figueiredo, referindo-se a ele como alguém que “gostava muito de conversar, era muito simpático”.  De Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, Oliveira afirmou ter poucas recordações. Entretanto, recordou que ao deixar a presidência, Geisel lhe deu um “forte abraço”, imagem que foi estampada na imprensa da época. (Correio Braziliense – Política – 01/04/14)


Análise do “milagre econômico” durante o regime militar

Em coluna opinativa ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-ministro do Planejamento dos governos de Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, João Paulo dos Reis Velloso, afirmou que entre os anos 1964 e 1979 o Brasil passou por um significativo processo de modernização e reformas. Primeiramente houve a reconstrução da economia e preparação das bases essenciais para o crescimento através da correção monetária e da fórmula salarial, além da criação de instituições como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a reestruturação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um novo modelo institucional de infraestrutura foi aprovado e passou a ser realizado por meio de conglomerados estatais, com financiamento por meio de impostos únicos. No segundo momento veio o crescimento acelerado, chamado de “milagre brasileiro”.  Velloso afirmou que o “segredo” de tal crescimento foi a ênfase dada aos setores de bens de consumo duráveis e matérias-primas. O terceiro momento refere-se à crise do petróleo, produto do qual o Brasil era grande importador, que desmontou o modelo que permitiu o “milagre” econômico.  De acordo com Velloso, o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-1979) foi marcado pela desaceleração econômica gradual, assim como por um programa de investimentos destinado a energia, matérias primas e determinados segmentos de bens de capital. Segundo a Folha, o crescimento acelerado da economia brasileira durante parte do regime militar (1964-1985) foi baseado em um “método de desenvolvimento econômico injusto”, a partir da exploração dos trabalhadores, da garantia de inúmeros subsídios às empresas privadas e da “socialização” da dívida externa, com seu endividamento “suicida” que persistiu no Brasil até o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos 20 anos que sucederam o regime militar o Brasil cresceu pouco. De acordo com a Folha, tal baixa no crescimento é fruto da maneira como os brasileiros foram tratados durante o regime anterior, que perpetuou a ignorância e a desigualdade no país. (Folha de S. Paulo – Mercado – 01/04/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 01/04/14)


Governo estadunidense guarda documentos importantes sobre a história recente do Brasil

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, duas bibliotecas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos da América, guardam relatos importantes da história recente do Brasil. A biblioteca Lyndon Johnson possui o relatório da Operação Brother Sam que apoiou o golpe contra o ex-presidente da república João Goulart e a Nettir Lee Benson, que é inteiramente dedicada à história da América Latina, guarda os arquivos do historiador John W. Foster Dulles onde se encontram uma série de documentos, cartas e entrevistas com importantes personagens do regime militar (1964-1985). Em coluna opinativa à Folha, o diretor do projeto de documentação referente ao Brasil do centro de pesquisa do Arquivo de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América, Peter Kornbluh, afirmou que, no dia 31/03/14, o filho do ex-presidente João Goulart, João Vicente Goulart, pediu ao Senado brasileiro que solicite ao governo estadunidense a liberação de documentos sigilosos referentes à tomada do poder em 1964. Através do processo de reclassificação de confidencialidade, o governo estadunidense vem, há 40 anos, liberando esses documentos. Entretanto, as ações clandestinas da Agência Central de Inteligência no Brasil continuam sigilosas. Segundo Kornbluh, tais documentos são inestimáveis à Comissão Nacional da Verdade, assim como aos cidadãos brasileiros e estadunidenses. A Folha localizou, nos arquivos de Dulles, uma entrevista inédita com Goulart, realizada no dia 15/11/1967, no Canadá. Na entrevista, o ex-presidente revela que entendia sua deposição como consequência de uma campanha de “envenenamento” da opinião pública contra seu governo, uma desorientação entre “justiça social e comunismo”. Goulart alegou entender, pelo clima de sua deposição, que tanto o excesso quanto a falta de oposição são prejudiciais ao governo. Na entrevista, o ex-presidente atribuiu a deposição de outros governos na América Latina à influência dos Estados Unidos da América e defendeu que um país que discursa a favor da democracia deveria permitir que a mesma aconteça. Para o ex-presidente, a deposição do regime democrático impediu o Brasil de dar “um grande impulso para o processo democrático na América Latina”. De acordo com o que Dulles registrou, Goulart não gostaria que essas declarações lhe fossem atribuídas, pois se tratavam apenas de “sentimentos pessoais” para ajudar o historiador a entender o Brasil. (Folha de S. Paulo – Opinião – 01/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 02/04/14)

Revisão da Lei da Anistia

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a organização não-governamental (ONG) Anistia Internacional começou, no dia 01/04/14, uma campanha pedindo a revisão da Lei da Anistia brasileira (1979), a qual permitiu a libertação de presos políticos e garantiu o perdão àqueles que praticaram crimes políticos como assassinato, tortura e estupro durante o regime militar (1964-1985). A ONG argumenta que tais crimes constituem crimes contra a humanidade e, portanto, não podem ser anistiados. A campanha "50 dias contra a impunidade" recolhe assinaturas em uma petição on-line que será encaminhada para a presidenta da República, Dilma Rousseff, e para o Congresso Nacional. Foram divulgadas peças digitais que comparam acontecimentos atuais aos que ocorreram durante o regime militar com o slogan "Qualquer semelhança não é mera coincidência". A campanha colocou lado a lado crimes cometidos pela Policia Militar durante o regime e atualmente, defendendo que a impunidade favorece a reincidência. Em ato realizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, escudos militares foram exibidos simbolizando momentos de ultraje aos direitos humanos. A ONG pretende organizar outros atos semelhantes com a finalidade de obter signatários para a petição. De acordo com o diretor da Anistia Internacional, Átila Roque, a impunidade favorece a perpetuação de “uma estrutura de segurança altamente militarizada, organizada para combater o inimigo interno” que segue com as violações de direitos humanos. A campanha pretende ainda resgatar a história da própria ONG, criada em 1961, cujo primeiro relatório internacional sobre tortura, publicado em 1972, tratava de casos ocorridos no Brasil. Em coluna opinativa à Folha, o mestre em políticas públicas pela Universidade Estadual do Ceará e senador pelo estado do Amapá Randolfe Rodrigues afirmou que ao contrário de outros países sul-americanos que tiveram regimes militares, o Brasil não encerrou o seu passado recente com o devido “ajuste de contas”. O senador argumentou que para que a justiça seja feita, mesmo que tardiamente, é necessária a revisão da Lei da Anistia e a garantia de punição de crimes de agentes públicos. Para que a revisão aconteça, Rodrigues propôs o projeto de lei nº 237/2013, sob relatoria do senador João Capiberibe na Comissão dos Direitos Humanos. Segundo a Folha, uma pesquisa inédita feita pelo Datafolha revelou que 46% dos brasileiros são a favor da anulação da Lei da Anistia, o mesmo número defende que os torturadores devem ser punidos pelos seus crimes. Em 2010, 40% se declararam a favor das punições. Segundo a pesquisa, 54% acreditam que os casos de atentados contra o Estado por parte de ex-militantes devem ser reexaminados. Quando perguntado se todos deveriam ser julgados, ex-militantes e torturadores, o número de brasileiros a favor da punição para os crimes cometidos durante o regime militar subiu para 80%. A pesquisa levou em consideração a opinião de 2.614 brasileiros e foi realizada antes da publicação reportagens sobre os 50 anos da tomada de poder pelos militares e o depoimento do coronel reformado Paulo Malhães à Comissão Nacional da Verdade, quando ele admitiu e descreveu os crimes cometidos. (Correio Braziliense – Política – 02/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 31/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 01/04/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 02/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 31/03/14) 

Nova pista sobre o desaparecimento de Honestino Guimarães


Arquivo, CB, D.A. Press. Honestino detido na Universidade de Brasília- ele presidiu a UNE em 1971, ano em que a entidade era clandestina. Correio Braziliense, Brasília, 01 de abril, 2014

De acordo com o periódico Correio Braziliense, uma série de documentos encontrados pela Comissão da Verdade de Pernambuco (CV-PE) e examinados pela Comissão da Verdade do Rio de Janeiro (CV-RJ) revelaram uma pista, a primeira encontrada em 40 anos, para desvendar o desaparecimento do ex-presidente União Nacional dos Estudantes (UNE) Honestino Monteiro Guimarães. Os documentos continham os dados fornecidos pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) ao Ministério da Aeronáutica sobre as prisões de opositores do regime militar (1964-1985). Há quarenta anos, familiares de Guimarães alegam que o líder estudantil foi sequestrado e levado ao Centro de Informações da Marinha (Cenimar) no dia 10/10/1973. No documento encontrado, o enunciado “Preso em 10 Out 73 no Rio de Janeiro” confirma a data. Além da data de prisão, os relatórios enviados pelo SNI à Aeronáutica continham o codinome do militante, “Alexandre”, o histórico policial e o tempo de condenação, 19 anos. Nos mesmos documentos foram encontradas informações sobre o desaparecimento do militante Fernando Santa Cruz, um dos casos investigados pela CV-PE. Segundo o SNI, Cruz foi preso no dia 22/02/1974. Assim como no caso de Guimarães, essa é a primeira pista desde o desaparecimento de Cruz. Enquanto o presidente da Comissão da Verdade da Universidade de Brasília, Cristiano Paixão, e a atual presidente da UNE, Virgínia Barros, acreditam que essas evidências possam levar a novas informações sobre o desaparecimento de Guimarães, o presidente da CV-RJ, Wadih Damous, alega que somente os indícios de prisão não bastam para saber o que aconteceu e que o Estado democrático deve se pronunciar para que a verdade sobre os desaparecimentos seja conhecida. O sobrinho do militante, Mateus Guimarães, declarou que os documentos confirmaram aquilo que a família sabia. Desiludido com o progresso das comissões da verdade, o sobrinho do militante criou um projeto on-line chamado “Trilhas de Honestino” que tenta traçar a história do ex-presidente da UNE de forma colaborativa. Segundo o Correio, diversas entidades relacionadas à vida do militante comemoraram a descoberta dos documentos.  (Correio Braziliense – Política- 31/03/14; Correio Braziliense – Política – 01/04/14)

Periódicos analisam o cenário político pré e pós-regime militar

De acordo com os periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, na madrugada do dia 31/03/1964, o comandante da 4ª Região Militar e da 4ª Divisão de Infantaria, Mourão Filho, movimentou suas tropas em direção à cidade do Rio de Janeiro, onde não encontrou resistência do então ministro da Guerra, general Assis Brasil. Na manhã do dia 01/04/1964, Filho anunciou o início da insurreição militar, surpreendendo alguns militares que conspiravam para a deposição do governo. O “dispositivo militar” do então presidente João Goulart foi deposto no dia seguinte ao anúncio da insurreição. Segundo os periódicos, os militares sempre tiveram uma participação ativa na história do Brasil, pois as Forças Armadas protagonizaram todas as tentativas de tomada do poder e rupturas institucionais no país. Assim, a tomada do poder de 1964 não foi um episódio isolado de intervenção das Forças Armadas na política. Segundo a Folha, a tomada de poder de 1964 foi uma retomada dos acontecimentos de 1961, quando os militares relutaram quanto à posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. O jornais ressaltaram que a atmosfera criada pela Guerra Fria legitimou o radicalismo político da época, porém, o peso atribuído a sua influência nos acontecimentos de 1964 é “exagerado”. Em coluna opinativa ao Correio, o professor de história latino-americana da Universidade de Denver, nos Estados Unidos da América, Rafael Ioris, afirmou que é de suma importância a compreensão de como o entusiasmo e otimismo da década de 1950 transformaram-se na crescente polarização ideológica do país, desprezo pelas instituições democráticas e radicalização política.  O modo de desenvolvimento desse período e o processo de tomada de decisões podem fornecer parte das respostas a tal questionamento. De acordo com Ioris, a não realização das promessas desenvolvimentistas dos anos 1950 garantiu uma base para o surgimento de ideias alternativas para o desenvolvimento, que não estavam embasadas no sistema de representação política vigente.  Ioris afirmou que o “otimismo ingênuo” dos anos 1950 pode ajudar no entendimento de como parte da população que apoio o movimento de 1964 pensou que “estaríamos melhor se regidos por um regime de exceção”. Segundo a Folha, os responsáveis pelas decisões que levaram à tomada de poder agiram “como lhes pareceu melhor ou inevitável naquelas circunstâncias”. Em coluna opinativa para a Folha, o professor emérito de economia, teoria política e teoria social da Fundação Getúlio Vargas, Luiz Carlos Bresser-Pereira, alegou que a tomada de poder de 1964 se diferenciou das outras tentativas na história brasileira porque contou com o apoio dos Estados Unidos da América e da burguesia nacional. Segundo Bresser-Pereira, a Revolução Cubana de 1959 influenciou diretamente na radicalização da esquerda, deixando a direita alarmada. O Brasil experimentou, durante o regime militar, duas fases de crescimento econômico, a primeira baseada na substituição de importações e a segundo na exportação de manufaturados. De acordo com Bresser-Pereira, apesar da luta armada não ter alcançado resultado algum, a demanda por democracia e direitos humanos se tornou maior diante do Pacote de Abril de 1977 culminando no início da transição para democracia. Para Bresser o capitalismo brasileiro consolidado criou uma classe média e trabalhadora grande o que contribuiu para a demanda por um regime democrático no país. De acordo com o Correio a transição para democracia foi baseada em negociações que impediram mais confrontos violentos no país. O acordo firmado para a transição resultou na Lei da Anistia (1979) e na derrota eleitoral do ex-governador Paulo Maluf, desagradando os setores radicais dos dois lados da negociação, oposição e militares. Jânio de Freitas, em coluna opinativa para a Folha, afirmou que para que se faça valer o lema “ditadura nunca mais” são necessárias duas condições ao país. A primeira delas é a reformulação do ensino nas escolas militares, responsável por “forjar mentalidades” e por não prepararem os militares para a democracia. A segunda condição é que se fortaleça a ideia de soberania nacional. (Correio Braziliense – Política – 31/03/14; Correio Braziliense – Opinião - 01/04/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 30/03/14; Folha de S. Paulo – Opinião- 31/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 01/04/14)