quarta-feira, 4 de julho de 2012

General nega existência de tortura em Juiz de Fora durante regime militar

De acordo com o jornal Correio Braziliense, o responsável pela redação do manifesto “Alerta à Nação”, assinado por quase 300 militares da reserva, que contém críticas à Comissão da Verdade e ao ministro da Defesa, Celso Amorim, o general Marco Antônio Felício da Silva, negou a existência de qualquer tipo de tortura nas dependências da 4ª Região do Exército em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, durante o regime militar (1964-1985). Em oposição aos relatos de diversos presos políticos, entre eles o da presidenta da República, Dilma Rousseff, o general assegurou que todos que estiveram naquele local tiveram um bom tratamento e acrescentou que "esse povo mente muito.” Segundo Felício da Silva, que serviu em Juiz de Fora até meados de 1971 como oficial de informação, no local havia muitos presos políticos, mas não ocorreram torturas, e inclusive os presos “foram muito bem tratados". Sobre Rousseff, o general declarou não se lembrar da militante, conhecida por Estela, mas se lembra de seu companheiro de atuação, Ângelo Pezzuti. Nas palavras do general, “Ângelo Pezzuti esteve diretamente comigo e foi muitíssimo bem tratado lá (em Juiz de Fora). Jamais alguém fez qualquer coisa contra ele nem fisicamente nem psicologicamente (...) eu garanto", alegando ainda que inclusive ajudou muitos dos presos. Para Felício da Silva, esses fatos voltaram a ser discutidos com a tentativa de “dar fôlego” à Comissão da Verdade, fomentando alegações de tortura infundadas. “Houve tortura do outro lado. Não estou dizendo que houve tortura do nosso lado, mas do outro lado eu sei que houve", afirmou o militar. Em publicação no dia 20/06/12, o Correio destacou que o advogado Fahid Tahan Sab, integrante da Comissão da Verdade da Seção Mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), afirmou que os presos políticos sofreram tortura física ou psicológica, e que não se pode negar a existência da tortura em Juiz de Fora durante o regime militar, por este ter se tornado um “instrumento institucionalizado”. Carlos Augusto Cateb, também integrante da Comissão da Verdade da OAB-MG, e atuante na defesa de Ângelo Pezzuti, mencionou que “houve tortura em Juiz de Fora. Eu mesmo [Cateb] portei vários bilhetes que narravam as atrocidades cometidas”. O jornal evidenciou que um aspecto que refletia a tortura em Juiz de Fora eram as greves de fome que os presos faziam, e que, analisando o conteúdo do trabalho de conclusão de curso da historiadora Isabel Cristina Leite, “as torturas mais cruéis aconteciam fora da prisão”. (Correio Braziliense – Política - 19/06/12; Correio Braziliense – 20/06/12)

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