domingo, 31 de maio de 2015

Homens do Exército ocuparam Sabesp durante exercício militar

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, cem homens do Exército ocuparam, no dia 27/05/15, a sede da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), localizada na cidade de São Paulo. Segundo nota da seção de comunicação social do Comando Militar do Sudeste, os exercícios fazem parte de uma rotina chamada “Exercícios de Adestramento em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)”. As simulações ocorrem uma vez por ano, desde 1989, em locais considerados vitais para a soberania nacional. As ações são programadas e realizadas com autorização dos gestores das instalações a serem “protegidas” durante a simulação. Segundo o jornal, o objetivo da operação foi proteger itens de infraestrutura considerados estratégicos, como antenas de comunicação e subestações de tratamento de água e energia. (O Estado de S. Paulo – Metrópole – 28/05/15)

Espetáculo de artistas durante o regime militar foi lançado na íntegra

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, foi lançada recentemente a gravação na íntegra de um espetáculo ocorrido em 1973 que foi considerado um manifesto contra o regime militar (1964-1985). O evento foi organizado por Jards Macalé, no dia 10/12/1973, no Museu de Arte Moderna, na cidade do Rio de Janeiro, e contou com artistas como Chico Buarque e Gal Costa, intitulado “O Banquete dos Mendigos”. Segundo o jornal, na época, a divulgação dos artistas que estariam presentes “atraiu a atenção dos agentes da repressão”, os quais cercaram o local com tanques no dia da apresentação; mas o show foi gravado clandestinamente, o que permitiu seu lançamento. O Estado afirmou que a intenção era que a gravação fosse lançada naquele momento, mas foi censurada pelo diretor do Departamento de Censura, Rogério Nunes, e autorizada apenas em 1978, chegando às lojas em 1979 na forma de um LP duplo. Devido à preocupação com a segurança das fitas, elas permaneceram guardadas durante anos em um cofre no estúdio Transamérica e retornaram à Macalé apenas em 1990, que tentou desde então divulgar o material. O Estado afirmou que, na apresentação, entre as músicas, artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos foram lidos pelo poeta Ivan Junqueiro. Segundo um dos artistas presentes na apresentação, Jorge Mautner, o evento foi essencial para restabelecer a democracia brasileira, pois “o povo, os estudantes, os militares e os artistas estavam lá. Era uma época em que parte da esquerda via os Direitos Humanos como algo burguês, e depois se entendeu melhor seu significado. Todos saíram dali com novas vontades, que estariam presentes nas Diretas e na Constituição de 1988”. (O Estado de S. Paulo – Caderno 2 – 26/05/15)

Contingenciamento do governo federal prejudica Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras

Breno Fortes/CB/D.A Press. Correio Braziliense, 26/05/15. Militares no centro de comando do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras: testes em andamento.

Segundo o periódico Correio Braziliense, o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), que tem como objetivo monitorar mais de 16 mil quilômetros de fronteiras através da utilização de radares, aviões controlados remotamente e outros equipamentos, desenvolvido pelo Exército desde 2012, está ameaçado em decorrência dos contínuos contingenciamentos do orçamento por parte do governo federal. Em 2012, na fase piloto do projeto, com orçamento de R$ 1,5 bilhão, testou-se a eficiência do sistema, voltando-se ao trecho da fronteira do Brasil com o Paraguai, no estado do Mato Grosso do Sul. A previsão era que o Sisfron fosse concluído até o final de 2015, mas a fase inicial foi atrasada e poderá ser inviabilizada caso os repasses sejam diminuídos. O projeto foi elaborado com um orçamento de R$ 12 bilhões, a serem recebidos durante 10 anos. O general e comandante da 4º Brigada de Cavalaria Mecanizada da cidade de Dourados, no estado do Mato Grosso do Sul, Rui Yytaka Matsuda, afirmou que “de 60% a 70% do sistema foram implantados, mas não há previsão para a conclusão do projeto, pela insegurança orçamentária”. O jornal afirmou que a empresa responsável pelo projeto, Savis Tecnologia e Sistemas S.A., tem arcado com os custos adicionais provocados pelo atraso, mas que o presidente da empresa, Marcus Tollendal, declarou que os problemas orçamentários podem tornar o Sisfron inviável. Tollendal afirmou que o desenvolvimento do sistema de monitoramento necessita de um aporte de cerca de R$ 1 bilhão anualmente, mas o general Matsuda declarou que o valor repassado corresponde a menos de um terço do total. Em 2015, o Congresso aprovou o repasse de R$ 495 milhões, mas um decreto anunciado no dia 22/05/15 previu o repasse de apenas R$ 285 milhões, quantia “longe do necessário” de acordo com Matsuda, que afirmou que “o contingenciamento vai afetar a continuidade do programa”. Segundo o Correio, o Exército tem realocado para o projeto parte de seu próprio orçamento e já gastou cerca de R$ 400 milhões. (Correio Braziliense – Brasil – 26/05/15)

Coluna opinativa analisa participação do Brasil em missão da ONU no Haiti

Em coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, destacou a responsabilidade brasileira pela atual situação no Haiti. Romano lembrou que o país caribenho foi o primeiro a romper o jugo colonial nas Américas e apontou que os golpes de Estado que lá ocorreram “executaram exigências hegemônicas, como a europeia e norte-americana, e os alvos políticos de potências menores, como o Brasil”. Neste sentido, defendeu que trabalhos acadêmicos sejam mais discutidos e apontou como exemplo o livro “Haiti, Dilemas e Fracassos Internacionais” de Ricardo Seitenfus, o qual discute a “gênese da catástrofe” e relata a presença da força internacional que ampliou as incertezas no país ao invés de fortalecer a democracia haitiana. De acordo com Romano, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), que tem as operações militares comandadas pelo Brasil desde sua criação, em 2004, teve alto custo não somente em termos financeiros, mas também em vidas e rompimento com os valores democráticos. Neste contexto, o professor afirmou que a culpa da tragédia haitiana, no Brasil, não está ligada apenas às migrações no Acre ou em São Paulo, mas tem origem na história colonial. Em seguida, citou o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, o qual afirmou que “como exercício militar a Minustah é excelente. No entanto, como operação de paz, ela não tem mais sentido”. Por fim, questionou se a Minustah algum dia teve sentido regenerador e democrático e destacou o anúncio, pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, da retirada das tropas brasileiras do Haiti ao final da missão, em 2016. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 23/05/2015)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Capitão da reserva da Marinha foi intimado a depor à Policia Federal sobre pedido de intervenção militar

Segundo o periódico O Estado de S. Paulo, o capitão da reserva da Marinha Sérgio Luiz Zorowich, que recentemente manifestou-se a favor de uma intervenção militar no Brasil, foi intimado a depor no inquérito 0161/15-4, da Policia Federal. O inquérito tem como objetivo enquadrar os defensores da instauração de um regime militar no artigo 23 da Lei de Segurança Nacional (LSN), que prevê pena de um a quatro anos de detenção para quem incitar “subversão da ordem política ou social” ou “animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituições civis”. Segundo esclareceu o jornal, a LSN foi criada durante o regime militar para dar cobertura legal às ações das forças de repressão que investigavam, prendiam e torturavam integrantes de grupos contrários ao regime. De acordo com O Estado, Zorowich concentra sua atuação nas redes sociais, onde tem milhares de seguidores e publica mensagens nas quais pede a ação imediata das Forças Armadas para depor o governo da presidenta da República, Dilma Rouseff, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT), e a vincula a grupos criminosos como o Primeiro Comando da Capital (PCC) ou o Estado Islâmico. Quando indagado pelo jornal se as postagens se enquadram no incitamento proibido pela lei, Zorowich respondeu que “não deixa de ser, não vou desmentir". (O Estado de S. Paulo – Política – 22/05/2015)

Tropas brasileiras deverão ser retiradas do Haiti em 2016

Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, em audiência no Senado Federal no dia 21/05/15, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, relatou que a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) deve ser encerrada até o fim de 2016. Segundo O Estado, a Organização das Nações Unidas (ONU) pretende fazer a retirada total dos militares em serviço no Haiti. Wagner relatou que o Brasil já gastou R$2,3 bilhões com a missão, mas cerca de R$1 bilhão foi reembolsado pela ONU. O ministro relatou ainda que “na época, atuar nesse tipo de operação era estratégico para o Brasil, que almejava ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas”. De acordo com a Folha, a Minustah tem as operações militares comandadas pelo Brasil desde sua criação, em 2004, quando o presidente haitiano Jean Bertrand Aristide abandonou o país em meio a uma crise política. Atualmente, 1.343 militares brasileiros atuam no Haiti e, segundo Wagner, este número será reduzido para 850 até o fim de 2015, antes da retirada total em 2016. Segundo os periódicos, o ministro declarou que a retirada dos militares será gradativa, e que os soldados de outras nacionalidades serão retirados antes da saída total dos brasileiros. (Folha de S. Paulo – Mundo – 22/05/2015; O Estado de S. Paulo – Política – 22/05/2015)

Força Aérea Brasileira apreendeu 361,7 quilos de cocaína em aeronave

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) interceptaram um avião da empresa de fabricação Cessna e apreenderam 361,7 quilos de cocaína. O avião sobrevoava a região do município de Boa Viagem, a 20 quilômetros da cidade de Fortaleza, no Ceará, quando foi obrigado a aterrissar em Santa Cruz, no interior do estado. Segundo a publicação, ninguém foi preso, pois os tripulantes da aeronave já haviam fugido quando a Polícia Federal chegou ao local. (O Estado de S. Paulo – Metrópole – 18/05/15)

Força de Pacificação do Exército entra em confronto com traficantes no Complexo de Favelas da Maré

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, no dia 17/05/15, militares da Força de Pacificação do Exército trocaram tiros com homens armados na comunidade do Areal no Complexo de Favelas da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, local em que está instalada uma base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Apesar de um morador ter sido ferido na perna por uma bala, não houve prisões. De acordo com o jornal, ocorreram confrontos também no Complexo da Mangueira, na favela da Rocinha e no Complexo do Alemão, nos quais também há UPPs. (Folha de S. Paulo – Cotidiano – 18/05/15)

terça-feira, 19 de maio de 2015

Operação da Polícia Federal prendeu 21 suspeitos de falsificação de documentos

De acordo com o jornal Correio Braziliense, no dia 13/05/15, a Operação Inocentes, organizada pela Polícia Federal, prendeu 21 pessoas acusadas de fraudar documentos emitidos pela Marinha para a regulamentação de aquaviários na Região da Amazônia. Entre os detidos, estão 8 militares da Marinha, que por se tratar de crime comum, serão afastados de suas funções e ficarão a disposição do Poder Judiciário. Segundo o Correio, a quadrilha foi acusada de “falsificação e uso de documento público, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, tráfico de influência e organização criminosa”. A Operação Inocentes foi iniciada no mês de outubro de 2014, devido a denúncias da Marinha a respeito de cadernetas falsas que haviam sido apreendidas. (Correio Braziliense – Brasil – 13/05/15)

Brasileiro assumirá a posição de secretário-geral da Escola Sul-Americana de Defesa

Em entrevista ao periódico Correio Braziliense, Antônio Jorge Ramalho, assessor especial do Ministério da Defesa e professor na Universidade de Brasília (UnB), que assumirá pelos próximos 2 anos o posto de secretário-geral da Escola Sul-Americana de Defesa (Esude), órgão recém-criado pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul), falou sobre os objetivos e os desafios de sua nova função. Segundo Ramalho, o objetivo da Esude é estruturar o trabalho de instituições militares na região e difundir a concordância multilateral nas questões estratégicas, estabelecendo “os interesses da América do Sul” através do diálogo e da pacificidade característica da região. Apesar de afirmar que a criação da Esude não se deu como uma forma de distanciar-se da Escola Militar Americana, assuntos relacionados à segurança cibernética, como a questão da espionagem realizada pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, estão entre as prioridades definidas pelos 12 países que fazem parte da Unasul. Outros pontos que a Esude destacará são “questões de gênero no âmbito militar, relações entre civis e militares, resposta a desastres naturais e operações de paz”. Ramalho afirmou haver um mandato para o estabelecimento de um projeto promovendo uma “cultura de defesa conjunta” com base na confiança, na troca de experiências e no diálogo a respeito de possíveis desafios e dificuldades, incentivando, assim, “o desenvolvimento de tecnologias e o compartilhamento de estruturas produtivas” através de informações que direcionem o processo de tomada de decisão conjunta. Ramalho afirmou também que a finalidade da Esude é de “contribuir para que haja uma compreensão melhor de como cada um dos 12 países enxerga o emprego das Forças Armadas no combate a crimes transfronteiriços” e em assuntos relacionados à segurança nacional. Quanto à participação brasileira, o futuro secretário-geral afirmou ser “natural” a escolha de um brasileiro para desenvolver essa nova operação devido ao fato de o país promover uma “convivência pacífica” e diplomática com os seus vizinhos, o que facilitaria a construção de uma ideologia compartilhada. (Correio Braziliense – Mundo – 11/05/15)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Militares afirmaram que atuação no Complexo da Maré se tornou mais complicada que missão de paz no Haiti

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, os militares que ocupam atualmente o Complexo de favelas da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, declararam que cumprir a missão do Exército no Haiti tem sido menos difícil do que manter a ocupação da Maré. Segundo os militares, as limitações impostas às ações do Exército complicaram a atuação na área. A ação dos militares na Maré foi restringida ao patrulhamento, prisões em flagrante e revistas em carros, impedindo-os de realizar buscas em residências e ocupação de imóveis comprovadamente utilizados por criminosos. No Haiti, assim como na ocupação do Complexo do Alemão, também no Rio de Janeiro, as possibilidades para a atuação dos militares eram maiores: durante a ocupação do Alemão, os militares obtinham mandados de busca e apreensão com base nas informações recolhidas pelo comando de tropa, o que possibilitou a apreensão de 38 armas e 2.879 munições. O coronel Fernando Montenegro declarou que as limitações impostas à ação do Exército na Maré comprometeram a missão, uma vez que drogas são vendidas e consumidas dentro das casas e “menores aliciados atiram pedras na tropa e traficantes passaram a emboscar os militares do alto das lajes”. Segundo o general Azevedo e Silva, a existência de três facções em disputa na Maré torna a missão mais complexa do que a do Haiti. Segundo a Folha, os oficiais do Exército alegaram que “do jeito que a operação é feita, só aumenta os riscos de vítimas fatais, entre militares e a comunidade”, de forma que um grupo de generais enviou um recado ao Ministro de Defesa, Jaques Wagner, afirmando que temem uma "tragédia". Enquanto durante a ocupação do Alemão nenhum militar ou morador foi baleado, na ocupação da Maré até o momento já foram baleados dois civis e quatro soldados, uma vez que os traficantes desafiam os militares, resultando em trocas de tiros frequentes. A gestão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, afirmou que não possui conhecimento a respeito das criticas feitas pelos militares. Em coluna opinativa para Folha, Clóvis Rossi alegou que a situação atual reflete a tolerância do Estado brasileiro com o crime organizado. A retirada da Força de Pacificação do complexo da Maré está prevista para acontecer até o dia 30/06/15. (Folha de S. Paulo – 02/05/15 – Cotidiano; Folha de S. Paulo – 04/05/15 – Opinião)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Exército finalizou trabalhos na cidade de Xanxerê

Segundo o periódico O Estado de S. Paulo, o Exército finalizou seus trabalhos na cidade de Xanxerê, no estado de Santa Catarina, atingida por um tornado. Após uma semana atuando na cidade, o comboio do Exército, com um contingente de cerca de 200 soldados retornou à base militar. (O Estado de S. Paulo – Metrópole – 01/05/15)

Exército auxiliará na retirada de moradores em Salvador

De acordo com o periódico Correio Braziliense, o titular da Integração Nacional, Gilberto Occhi, anunciou no dia 28/04/15 que o Exército cederá equipes para auxiliar a retirada de moradores das áreas afetadas pelas chuvas na cidade de Salvador, na Bahia. Segundo o Correio, a prefeitura constatou a existência de pelo menos dez áreas com o risco de sofrer deslizamentos de terra, existindo a necessidade imediata de remoção das famílias que se encontram nesses locais. (Correio Braziliense – Brasil – 29/04/15)

Ministra do Supremo Tribunal Federal suspende ação contra Ustra

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, Rosa Weber, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu, no dia 23/04/15, uma liminar que suspendeu uma ação penal contra o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra e tem por base um pedido da defesa do coronel “para extinguir a punibilidade do réu com base na Lei da Anistia (1979)”. O coronel foi acusado de ter sequestrado o ex-fuzileiro naval Edgar de Aquino Duarte e o mantido em cárcere privado durante o regime militar (1964-1985). De acordo com o periódico, a ministra afirmou que a questão central da decisão, referente ao entendimento do qual o sequestro está abrangido ou não pela Lei da Anistia, está sendo discutida em dois Embargos de Declaração pendentes de julgamento pelo plenário do STF em duas ações de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). O jornal declarou que a ação suspensa tramita na 9º Vara Criminal da Seção Judiciária de São Paulo e uma audiência que ocorreria no dia 24/04/15 foi cancelada devido à suspensão da ministra. (O Estado de S. Paulo – Política – 28/04/15)

Morreu no dia 27/04/15 a militante Inês Romeu, única sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis

Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, morreu no dia 27/04/15 aos 72 anos, a ex-militante e membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) Inês Eienne Romeu. Os jornais afirmaram que Romeu foi a única sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis, na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, e foi essencial para o conhecimento de que o Exército manteve o local como centro clandestino para matar e torturar militantes durante o regime militar (1964-1985). No dia 05/05/71 Romeu foi presa na cidade de São Paulo pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, responsável na época por comandar o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e posteriormente, levada à delegacia, onde foi torturada antes de ser transferida para Petrópolis. Em 1979, Romeu foi libertada em decorrência da Lei da Anistia (1979) e após uma semana relatou à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a existência do local, narrou as torturas as quais foi submetida e apontou os codinomes utilizados pelos torturadores. Romeu afirmou que foi vítima de espancamentos e choques elétricos, além de ter sido estuprada duas vezes. Segundo a Folha, a militante tentou o suicídio quatro vezes por se encontrar abalada em decorrência de sessões de tortura, mas sobreviveu e foi libertada pela primeira vez ao prometer atuar como infiltrada nos movimentos contrários ao regime e delatar colegas, mas permaneceu foragida e foi novamente presa em 1979 por descumprir suas promessas. A Folha afirmou que pouco antes do final do regime militar Romeu retornou à Petrópolis e identificou o local e dois algozes, sendo que suas revelações foram importantes para impulsionar outras descobertas. O Estado relatou que as informações mais importantes acerca do local foram conhecidas graças ao depoimento de Romeu e posteriormente, confirmadas por documentos produzidos pelo Estado durante o período. Apesar das limitações físicas em relação à fala herdadas daquela época, Romeu colaborou com a Comissão Nacional da Verdade (CNV) ao identificar mais seis torturadores através de fotografias. Dentre os torturadores, cinco ainda estão vivos e o único dos identificados já falecido é Freddie Perdigão Pereira, apontado com um dos mais cruéis torturadores do regime. A Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro pediu para que o Estado homenageasse Romeu transformando a Casa da Morte em um espaço para memória e discussões sobre direitos humanos. O presidente da comissão estadual, Wadih Damous, apresentará à Câmara de Vereadores de Petrópolis um pedido para que a rua onde se localizava a Casa da Morte, seja nomeada com o nome da ex-militante. A Folha relatou que o ex-sargento Marival Chaves afirmou que deixar Romeu viva foi “uma das maiores mancadas” do movimento de repressão e o coronel Paulo Malhães reconheceu que a militante foi quem “derrubou a Casa de Petrópolis”. (Folha de S. Paulo – Opinião – 28/04/15; Folha de S. Paulo – Poder – 28/04/15; O Estado de S. Paulo – Política – 28/04/15)

Tribunal Federal Regional vetou exigências consideradas discriminatórias para o ingresso de candidatos ao Exército

Segundo o jornal Correio Braziliense, no dia 11/03/15, o Tribunal Federal Regional (TFR) da 1º Região vetou exigências consideradas discriminatórias para o ingresso de candidatos ao Exército. Entre as exigências vetadas estão à altura mínima para homens (1,60m) e mulheres (1,55m), 20 dentes naturais e não possuir doenças autoimunes, sexualmente transmissíveis ou imunodepressoras. Essa decisão foi motivada por uma Ação Civil Pública protocolada pelo Ministério Público Federal (MPF) que “questionava a isonomia e a proporcionalidade das exigências”. O desembargador e relator da medida, Souza Prudente, defendeu que as restrições são inconstitucionais, uma vez que a Constituição Federal combate “todo tipo de discriminação” e que não há justificativa para tais exigências, assim como não possuem base legal por terem sido estabelecidas por meio de uma portaria do Exército no ano de 2005. Entretanto, o Correio afirmou que apesar de a medida impedir que o Exército não admita candidatos com doenças sexualmente transmissíveis, a organização continua autorizada a pedir exames médicos, pois de acordo com Prudente, “é uma medida de precaução, feita a todos que pretendem ingressar no serviço público” e que caso o exame seja positivo cabe ao Exército prestar o tratamento adequado. O advogado especialista em concursos públicos, Max Kolbe, afirmou que tal medida é um avanço em relação ao que era um “resquício da ditadura”. Contudo, o Correio lembrou que a altura pode ser limitada em caso de previsão legal. O periódico afirmou que, em caso de descumprimento da determinação, o comandante-geral do Exército pagará uma multa de R$ 5 mil por dia e que a fiscalização do cumprimento é de responsabilidade do MPF. O Exército declarou que “os editais dos concursos são elaborados em consonância com as normas legais vigentes no país” e que uma revisão do veto foi solicitada. O jornal informou que Advocacia-Geral da União foi intimada e recorreu da decisão. (Correio Braziliense – Economia – 28/04/15)

Livro apresenta artigos sobre a tomada de poder pelos militares em 1964

De acordo com o periódico Correio Braziliense, o livro “1964 – O último ato”, lançado no dia 28/04/15, na cidade do Rio de Janeiro, organizado por Vanuza Braga, reuniu artigos escritos pelo jornalista Wilson Figueiredo durante o primeiro semestre do ano de 1964. Segundo o jornal, o livro foi divido em três partes: a primeira relata os acontecimentos que resultaram na tomada de poder pelos militares, e nas duas últimas Figueiredo avalia as razões que levaram os militares ao poder. Alzira Alves de Abreu, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e responsável pelo prefácio do livro, afirmou que a obra é um excelente material de pesquisa sobre o assunto devido “à riqueza de detalhes” com que foi apresentada a posição dos diferentes atores envolvidos no processo, além de um material para repensar os problemas herdados pelo regime militar (1964-1985). Segundo o jornalista, o país cresceu nos últimos anos, o que tornou inviável repetir medidas do passado, levando à necessidade de criar novas soluções. (Correio Braziliense – Diversão e Arte – 28/04/15)

Colunistas demonstraram preocupação em relação a grupos a favor da intervenção militar

Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, Margarida Genevois, Marco Antônio Rodrigues Barbosa e Marcia Jaime, respectivamente ex-presidentes e ex-vice-presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, expressaram apreensão em relação a um grupo minoritário a favor da intervenção militar que aderiu às manifestações contra o governo da presidenta da República, Dilma Rousseff, que vêm difundindo-se pelo país. O motivo dessa preocupação respalda-se nas perseguições que os opositores ao regime militar (1964-1985) sofreram e nas “violações dos direitos individuais” ocorridas na época. Segundo Genevois, Rodrigues e Jaime, os grupos necessitam delimitar claramente os seus objetivos e suas demandas para desassociar as reivindicações a favor da intervenção militar, que constituem “verdadeira afronta ao regime democrático”, das que almejam a “defesa da democracia e da luta contra a corrupção”. Os autores ressaltaram que, apesar de haver motivos para que as manifestações sejam valorizadas, o destaque deve ser dado ao “aperfeiçoamento democrático” e à “necessária responsabilidade política”, que influenciam no julgamento consciente e na capacidade de reflexão e escolhas dos cidadãos. (Folha de S. Paulo – Opinião – 27/04/15)