sexta-feira, 15 de julho de 2011

Guerrilha do Araguaia II: desembargadora comenta dificuldades para esclarecer o período

O jornal O Estado de S. Paulo publicou no dia 06/05/11 uma entrevista com a desembargadora federal Solange Salgado, que há oito anos batalha para abrir os arquivos oficiais sobre a Guerrilha do Araguaia (1967-1974) e localizar os restos mortais dos guerrilheiros. Durante este período a Advocacia Geral da União (AGU) recorreu três vezes da sentença e os presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff confirmaram a versão do Ministério da Defesa de que os arquivos do Centro de Informações da Marinha (Cenimar), do Centro de Informações do Exército (CIE atual Ciex) e do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) foram incinerados. Segundo a desembargadora as dificuldades para encontrar os restos mortais dos guerrilheiros estão ligadas à dificuldade de abertura dos documentos e à resistência das pessoas que participaram da guerrilha em falar sobre os fatos. Ela afirmou que “é pacífico nas cortes constitucionais que o desaparecimento forçado de pessoas é um crime continuado”. Além disso, considera que o esclarecimento dos fatos é extremamente importante para processo democrático constitucional, pois “apesar de estar num processo democrático, a sociedade brasileira ainda vive um ato de autoritarismo praticado pelo governo brasileiro”. Para Salgado, “os atos de autoritarismo” iniciados na guerrilha ainda se mantêm até hoje, pois o governo não entregou os presos ou os corpos destes. De acordo com a desembargadora, o Brasil continua a viver um período autoritário, cujo terrorismo está presente na figura do desaparecido; porém ela acredita que o país vem avançando com relação à abertura dos documentos e às questões que envolvem o período do regime militar (1964- 1985). (O Estado de S. Paulo – Nacional – 06/05/11)

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