sábado, 16 de julho de 2011

Documentos ultrassecretos II: colunistas opinam sobre acesso a documentos públicos

Em coluna opinativa ao jornal Folha de S. Paulo, o colunista Ruy Castro afirmou que a insistência de alguns políticos na manutenção do sigilo eterno de documentos ultrassecretos, principalmente os senadores e ex-presidentes da República José Sarney e Fernando Collor de Mello, levanta a desconfiança de que o país têm “podres horríveis” em seu passado e que ambos os senadores querem poupar a sociedade destes fatos. Castro afirmou que o sigilo eterno já não tem razão para existir, pois os hackers por meio de um clique podem dar vida e dispará-los ao mundo, o que foi demonstrado durante a semana com os ataques aos sites da Presidência da República, Petrobras, Receita Federal e Portal Brasil. Para Castro, “os hoje, Sarney e Collor, aliados do governo PT, estão unidos entre si e em torno de um objetivo comum: trancafiar o passado. Mas se esqueceram de combinar com os hackers”. Nelson Sá, articulista da Folha, afirmou que alguns hackers atacaram o site do Senado Federal com o objetivo de protestar contra o sigilo eterno de documentos. Fernando Gabeira também se manifestou a respeito do tema, em coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo. Gabeira afirmou estranhar o recuo da presidente da República, Dilma Rousseff, uma vez que ela sempre apoiou o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados que estabelece um prazo de 25 anos para a abertura dos documentos ultrassecretos, com uma única renovação deste prazo. Gabeira classificou que o acesso aos documentos públicos é fundamental para historiadores e para a afirmação da maturidade democrática brasileira. De acordo com Dennis Lerrer Rosenfield, professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em coluna ao Estado, a abertura de arquivos deveria estar acima de conflitos político-partidários, pois a manutenção do sigilo comprometeria o conhecimento, a memória e a História do país. Segundo Rosenfield, no que tange aos documentos relativos ao período militar, nenhuma informação pode ser omitida, caso contrário, corre-se o risco da prevista Comissão da Verdade tornar-se “Comissão da Mentira”. Para ele, a alegação por parte do governo de que a divulgação de alguns documentos poderia comprometer a relação do Brasil com seus vizinhos não se sustenta à medida que as questões do passado, inclusive fronteiriças, foram solucionadas por meio de guerras, acordos e tratados, havendo, portanto, a coresponsabilidade dos países na resolução desses conflitos. Em coluna opinativa para Folha, Carlos Heitor Cony asseverou que abertura dos arquivos poderia desatar o “nó da questão” referente aos possíveis crimes cometidos no regime militar (1964-1985). (Folha de S. Paulo – Opinião – 21/06/11; Folha de S. Paulo – Opinião – 24/06/11; Folha de S. Paulo – Poder – 24/06/11; O Estado de S. Paulo – Opinião – 20/06/11; O Estado de S. Paulo – Sociedade Aberta – 24/06/11)

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