quinta-feira, 14 de julho de 2011

Arquivos militares I: Arquivo Nacional disponibiliza documentos que apontam que a Aeronáutica monitorou políticos e organizações após o regime militar

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o Arquivo Nacional disponibilizou documentos históricos que revelam que a Aeronáutica monitorou políticos, partidos e organizações de esquerda mesmo após o fim do regime militar (1964-1985), nos governos civis de José Sarney (1985-1990), Fernando Collor (1990-1992) e Itamar Franco (1992-1994). A Ordem dos Advogados do Brasil havia pedido, em março de 2008, providências da Procuradoria-Geral de Justiça Militar para que fosse averiguada a eventual destruição de documentos históricos, incluindo os relacionados à guerrilha do Araguaia, ocorrida nos anos 1970, e a procuradora-geral de Justiça Militar, Claudia Márcia Luz, solicitou informações aos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, pedindo a liberação desses documentos históricos. Cerca de 50 mil documentos foram entregues em 2010 por ordem do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, os quais foram resgatados após investigações da Aeronáutica produzidas pelo Centro de Informações e Segurança (Cisa), que mantinha escritórios nos sete comandos aéreos do país. Cerca de 1.190 documentos foram produzidos durante o governo Sarney, 111 no governo Collor e 23 no governo Itamar Franco. O restante dos documentos foi produzido durante o período militar. O serviço de inteligência da Aeronáutica também entregou ao Arquivo Nacional um relatório de 12/01/94 o qual revela que durante o governo do presidente Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso (FHC), então Ministro da Fazenda, foi investigado pela Secretaria de Inteligência da Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o jornal, o documento pondera sobre o perfil de FHC, e alude ao Diálogo Interamericano, grupo de estudos do qual fazia parte, como filial à Comissão Trilateral das Américas (associação, que sob o ponto de vista de algumas teorias, almejava a dominação mundial). Quando questionado, Cardoso asseverou que não sabia que fora alvo da FAB e garantiu que o Diálogo Interamericano não estava vinculado à Trilateral. No dia 12/04/11 a FAB afirmou que não discorreria sobre documentos que não pôde conferir. No que tange à entrega dos documentos, apenas a Aeronáutica disponibilizou-os ao Arquivo Nacional, e segundo a assessoria do Ministério Público Militar, a Marinha e o Exército responderam em 2008 ter seguido a legislação que tratava da destruição de documentos, mas não esclareceram se possuíam arquivos semelhantes aos da Aeronáutica. Segundo a Folha, de 15/04/10, o expresidente e atual senador Itamar Franco, em pronunciamento no Senado, negou que tenha determinado a elaboração de relatórios sobre políticos, partidos ou organizações de esquerda pela Aeronáutica durante o período em que foi presidente da República. Ainda de acordo com o senador, o então ministro da Aeronáutica na época, o brigadeiro Lélio Lôbo, lhe havia assegurado desconhecer tais investigações. Itamar ainda criticou a Folha, pela manchete de sua reportagem a respeito dos fatos e afirmou que não monitorou nenhuma autoridade durante sua gestão. (Folha de S. Paulo - Poder - 13/04/11; Folha de S. Paulo - Poder - 14/04/11; Folha de S. Paulo – Poder – 15/04/11; O Estado de S. Paulo - Nacional -14/04/11)

Nenhum comentário:

Postar um comentário