segunda-feira, 31 de março de 2014

Resquícios de 1964 em 2014

Em coluna para o periódico Folha de S. Paulo, Elio Gaspari afirmou que o golpe de 1964 mantem-se como fator de divisão na história política do Brasil e que alguns pontos da agenda daquele período permanecem no cenário político contemporâneo. Em sua opinião, a análise dos atos derivados de pensamentos autoritários cometidos no período anterior pode permitir “que se descubra, em 2014, o código genético do golpismo de 1964”. O primeiro desses atos consiste no desrespeito à vontade popular. O regime militar (1964-1985) instituiu a escolha do presidente da República de maneira indireta, sem participação do voto popular. O general Emílio Garrastazu Médici foi eleito presidente da República sem que se soubesse como tal escolha foi feita. Tais fatos ocorreram há 50 anos, porém, para Gaspari, em 2014 “a desqualificação do voto alheio” continua presente. O segundo ato consiste no fato de que em 1964 era saliente no Brasil o descontentamento com o Congresso Nacional e os políticos brasileiros. Era comum a ideia de que a população não escolhesse seus candidatos nas votações, existindo ainda quem apoiasse a instituição de uma Assembleia Constituinte para realizar reformas no país, ou até mesmo para permitir que o ex-presidente da República João Goulart fosse candidato a presidente novamente. Segundo Gaspari, tais características permanecem presentes em 2014 no cenário nacional e o que antes era chamado de “infiltração comunista no governo” hoje se refere ao mecanismo de governo do Partido dos Trabalhadores (PT). (Folha de S. Paulo – Poder – 26/03/14) 

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