Em
entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, o general reformado Newton
Cruz afirmou que não pode ser punido pelo atentado do Riocentro, ocorrido em
1981. O general foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) no
processo de reabertura das investigações, por ter se omitido e não agido de
forma a evitar o atentado. Na época o atentado não se efetivou, pois uma das
bombas explodiu dentro de um carro no estacionamento, no qual estavam dois
militares, sendo que um morreu no local. Um inquérito foi aberto na Justiça
Militar à época, na tentativa de responsabilizar organizações de esquerda do
país, mas a farsa foi descoberta e não houve punidos até então. Cruz afirmou
que se considera protegido pela Lei da Anistia (1979), mas os procuradores
afirmam que como o caso ocorreu dois anos após sua promulgação, essa
alternativa não é possível. O general confirmou que no dia do atentado foi
comunicado duas horas antes da saída dos militares do Destacamento de Operações
de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na cidade do
Rio de Janeiro, com bombas que seriam detonadas no centro de eventos onde
jovens assistiam a um show em comemoração ao Dia do Trabalho. O general afirmou
não ter tomado nenhuma atitude por entender que a explosão seria apenas para
marcar presença, “estava no mesmo nível das bombas que jogavam nas bancas de
jornal na época. Toda hora era bomba em banca de jornal. Não era? Eles não
estavam saindo do DOI para prejudicar ninguém”. Além disso, alegou que estava
em Brasília na ocasião, onde chefiava o órgão central do Serviço Nacional de
Inteligência (SNI). A defesa do general afirmou que passados 33 anos dos
acontecimentos, o suposto crime já prescreveu. Entretanto, os procuradores
afirmam que se trata de crime de lesa-humanidade e portanto não prescreve.
Atualmente, o MPF pede a condenação de Cruz por, no mínimo, 36 anos e seis
meses de prisão por “tentativa de homicídio doloso, associação criminosa
armada, transporte de explosivos e favorecimento pessoal”. (Folha de S. Paulo –
Poder – 15/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 17/03/14)
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