Segundo
o periódico O Estado de S. Paulo, os recentes depoimentos recolhidos pela
Comissão Nacional da Verdade (CNV) e pelas comissões estaduais não
acrescentaram informação alguma aos casos investigados e, agora, a CNV
direcionou seu foco para a produção do relatório final. O atual coordenador da
CNV, Pedro Dallari, alegou que as investigações já realizadas obtiveram um bom
resultado e que a CNV não irá “esgotar todas as investigações" e,
portanto, os esforços serão direcionados à organização do material reunido e da
redação do relatório. O coordenador espera entregar o relatório 6 dias antes do
prazo final previsto pela presidenta da República, Dilma Rousseff, fazendo com
que a entrega coincida com o Dia
Internacional dos Direitos Humanos, celebrado no dia 10 de Dezembro. No
entanto, de acordo com O Estado, as divergências internas e a pressão exercida
por familiares para que continuem a apurar as mortes e os desaparecimentos
preocupa tanto a CNV quanto o Palácio do Planalto em relação ao cumprimento do
prazo de entrega. Devido às expectativas políticas em relação ao relatório, que
é esperado como um marco na área de Direitos Humanos do governo de Rousseff, o
prazo não deverá ser adiado novamente. O governo pretende ainda utilizar o
documento diante da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que
condenou o Brasil, em 2010, por violações de direitos humanos durante a
Guerrilha do Araguaia (1979). Na opinião de alguns militantes, a preocupação do
governo com a CIDH é grande e foi a principal motivação na criação da CNV. Nos
últimos meses de trabalho a comissão tem lidado com opiniões divergentes sobre
o que fazer: enquanto alguns integrantes pedem por mais esclarecimentos nos
casos de mortos e desaparecidos, outros acreditam que esse tempo final deveria
ser dedicado aos depoimentos das vítimas. O atual coordenador afirmou que foi
escolhido focar nos casos de desaparecidos e que, apesar das divergências, já
possui o segundo esboço do relatório, base definitiva para o documento final.
Esse esboço se juntará aos relatórios parciais de cada integrante até julho e
então será encaminhado ao sociólogo José Almino Arraes, responsável pela
redação do texto final. Estima-se que o documento terá por volta de 500
páginas. A conclusão do relatório afirmará que as prisões políticas e a tortura
foram parte da política do Estado a partir do golpe militar de 1964. (O Estado
de S. Paulo – Política – 05/03/14)
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