terça-feira, 18 de março de 2014

Discurso de Goulart em 1964 pode ter acelerado a instauração do regime militar

José Carlos Vieira/O Cruzeiro/EM/D.A Press. Tropas do Exército seguem para o Rio de Janeiro para consolidar o golpe de Estado e a deposição do presidente João Goulart em 1964. Correio Braziliense, Brasília 11 mar. 2014, p.5

Conforme publicado nos periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, o chamado Comício da Central do Brasil, no dia 13/03/1964, na cidade do Rio de Janeiro, no qual o então presidente da República, João Goulart, fizera o discurso em que apresentava suas reformas de base, acelerou a queda de seu governo e a subsequente tomada de poder pelo militares. Segundo o Correio, o pronunciamento de Goulart teve como reação, seis dias depois, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. De acordo com o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriano Codato, “Não existia nem a possibilidade concreta de um golpe (comunista), ou de uma república sindicalista — que eram dois focos da propaganda anticomunista. Isso só fazia sentido na cabeça dos conservadores, militares e setores da imprensa, em função do clima de guerra fria”. Além disso, Codato afirmou que o comício de Goulart, que tratava de temas como a reforma agrária, a estatização de refinarias e o tabelamento de aluguéis, “irritou a sensibilidade social anticomunista”, sendo, porém, o discurso no Clube dos Sargentos, no dia 30/03/1964, o catalisador da revolta militar. Segundo a Folha, o ambiente do Comício da Central do Brasil era tenso, pois não houve apoio da polícia liderada pelo governador oposicionista da Guanabara, Carlos Lacerda, e, por isso, coube ao Exército fazer a segurança do evento com três mil soldados, três tanques e seis metralhadoras estrategicamente posicionados nos arredores da Central do Brasil e do Ministério da Guerra. De acordo com o Correio, a pesquisadora da Revista de História da Biblioteca Nacional, Nashla Dahás, declarou que “o fato de ele (Jango) estar próximo ao ministério pode ser entendido como um enfrentamento político. Ele sabia que estava ao lado daqueles contra quem poderia se confrontar”.  Segundo a Folha, para o historiador da Universidade Federal Fluminense (UFF) Jorge Ferreira, o comício significou a aliança de Goulart com as esquerdas e com o movimento sindical que foi selada, formando um governo exclusivo das esquerdas e "é a partir daí que as direitas partem para o golpe. O comício é a senha para derrubar o governo". (Correio Braziliense – Brasil – 13/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 13/03/14)

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