quarta-feira, 12 de março de 2014

Itália iniciou o maior julgamento internacional dos crimes cometidos pelos regimes militares da América do Sul

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, a Itália iniciou o maior  julgamento internacional sobre os crimes cometidos durante os anos 70 e 80 na América do Sul, pela chamada Operação Condor. A Operação foi criada em 1975 para estabelecer a cooperação entre os governos militares da Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia, e contou com o apoio da agência de espionagem estadunidense (CIA, na sigla em inglês) no combate às guerrilhas e movimentos de resistência.  Segundo O Estado, o julgamento tem como foco a morte de 23 pessoas com cidadania italiana e acusa 35 militares e políticos sul-americanos, sendo que esses podem ser condenados até mesmo à prisão perpétua. Apesar de duas vítimas terem sido sequestradas no Brasil, nenhum militar brasileiro será julgado. Inicialmente, em 2005, as investigações do Ministério Público italiano resultaram em uma lista de 140 indiciados, sendo doze brasileiros, porém, a Justiça italiana estabeleceu que, em uma primeira etapa, só serão julgados os casos de países onde será possível contar com a colaboração do governo, nos quais se configurou responsabilidade direta pelos crimes do período. O julgamento durará dois anos e ao final, em caso de condenação, o juiz poderá pedir a extradição do militar para que a pena seja cumprida na Itália. Para o deputado italiano Fabio Porta, o julgamento é "um acontecimento histórico” e uma oportunidade para fazer justiça às vítimas. O Estado relembrou ainda dois casos ocorridos no Brasil, os sequestros de Lorenzo Viñas e Horácio Campiglia, ambos ligados a organização político-militar argentina de guerrilha urbana Montoneros.  Vinãs foi detido pela polícia brasileira na cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, em um ônibus com destino ao Rio de Janeiro, onde ele planejava embarcar para a Itália e fugir da repressão do regime militar argentino. Campiglia foi sequestrado no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por militares argentinos que foram autorizados pelo governo brasileiro a agir assim que o avião do militante pousasse. O governo argentino acreditava que Campiglia estaria voltando ao país para coordenar ações de guerrilha. (O Estado de S. Paulo – Política – 03/03/14)


Nenhum comentário:

Postar um comentário