De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, a Itália iniciou o maior julgamento internacional sobre os crimes
cometidos durante os anos 70 e 80 na América do Sul, pela chamada Operação
Condor. A Operação foi criada em 1975 para estabelecer a cooperação entre os
governos militares da Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia, e
contou com o apoio da agência de espionagem estadunidense (CIA, na sigla em
inglês) no combate às guerrilhas e movimentos de resistência. Segundo O Estado, o julgamento tem como foco
a morte de 23 pessoas com cidadania italiana e acusa 35 militares e políticos
sul-americanos, sendo que esses podem ser condenados até mesmo à prisão
perpétua. Apesar de duas vítimas terem sido sequestradas no Brasil, nenhum
militar brasileiro será julgado. Inicialmente, em 2005, as investigações do
Ministério Público italiano resultaram em uma lista de 140 indiciados, sendo
doze brasileiros, porém, a Justiça italiana estabeleceu que, em uma primeira
etapa, só serão julgados os casos de países onde será possível contar com a
colaboração do governo, nos quais se configurou responsabilidade direta pelos
crimes do período. O julgamento durará dois anos e ao final, em caso de
condenação, o juiz poderá pedir a extradição do militar para que a pena seja
cumprida na Itália. Para o deputado italiano Fabio Porta, o julgamento é
"um acontecimento histórico” e uma oportunidade para fazer justiça às
vítimas. O Estado relembrou ainda dois casos ocorridos no Brasil, os sequestros
de Lorenzo Viñas e Horácio Campiglia, ambos ligados a organização
político-militar argentina de guerrilha urbana Montoneros. Vinãs foi detido pela polícia brasileira na
cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, em um ônibus com destino ao Rio de
Janeiro, onde ele planejava embarcar para a Itália e fugir da repressão do
regime militar argentino. Campiglia foi sequestrado no aeroporto do Galeão, no
Rio de Janeiro, por militares argentinos que foram autorizados pelo governo
brasileiro a agir assim que o avião do militante pousasse. O governo argentino
acreditava que Campiglia estaria voltando ao país para coordenar ações de
guerrilha. (O Estado de S. Paulo – Política – 03/03/14)
Nenhum comentário:
Postar um comentário