segunda-feira, 31 de março de 2014

Edição especial da Folha analisa regime militar


Boris Kossoy. Um olhar sobre o Brasil. Ed. Objetiva. O Estado de S. Paulo, São Paulo 22 de março. 2014.

Em caderno especial sobre o cinquentenário da tomada de poder em 1964, o jornal Folha de S. Paulo resgatou que a memória do regime militar (1964-1985) ainda “incomoda” o país e os crimes do período são tratados com restrição pelas Forças Armadas. De acordo com o jornal, a transição democrática teve êxito, porém foi incapaz de conciliar as controvérsias decorrentes do golpe. A edição especial analisou a posse do então presidente da República, João Goulart, em 1961, já alvo de conspirações e considerado como um “agitador comunista”. O jornal apontou o apoio estadunidense para desestabilizar Goulart, no contexto da Guerra Fria, e a Marcha da Família com Deus pela Liberdade como propulsora do golpe. A edição contou com uma abordagem histórica do regime, com ênfase na ascensão econômica brasileira e posterior estagnação. Também foram mencionados os crimes e torturas ocorridos no período, em particular as mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, ambos sob tortura. Em relação à imprensa brasileira, o jornal relatou que, no primeiro momento, houve apoio ao golpe, porém tal setor tornou-se crítico do regime e adquiriu papel relevante na redemocratização. Na década de 1980, com a proposta de uma “lenta, gradativa e segura distensão", o impulso de movimentos populares, como as Diretas Já, e a articulação da oposição culminaram com o fim do regime e a eleição do primeiro presidente civil desde a tomada de poder pelos militares. Por fim, o jornal analisou a Lei da Anistia (1979), que “beneficiou militantes presos e torturados e livrou de punição os militares que haviam atuado na repressão”. O jornal finalizou a edição especial citando a Comissão Nacional da Verdade, instalada em 2012, cuja finalidade é esclarecer crimes cometidos durante o regime. Contudo, o periódico apontou que tal comissão tem enfrentado dificuldades, como a reduzida contribuição das Forças Armadas e o fato de que muitos dos responsáveis por crimes e testemunhas já morreram. (Folha de S. Paulo – Especial – 23/03/14)

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