terça-feira, 25 de março de 2014

Nova Marcha da Família com Deus pela Liberdade é organizada

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, um grupo de ativistas utilizou as redes sociais para divulgar uma reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, programada para ocorrer no dia 22/03/14 em mais de 200 cidades do Brasil, entre elas São Paulo e Rio de Janeiro. A primeira edição, realizada em 19/03/1964, contou com mais de 200 mil pessoas reunidas em São Paulo e exigiu a deposição do então presidente da República João Goulart. Na edição atual, organizadores reivindicam nova intervenção militar e combate à corrupção, com a premissa de uma nova “ameaça comunista”. Em coluna opinativa para o jornal Correio Braziliense, a jornalista Tereza Cruvinel lamentou que a reedição da marcha tenha se inspirado na Marcha da Família com Deus pela Liberdade para protestar contra a corrupção. Cruvinel ressaltou o apoio do então governador de São Paulo, Ademar de Barros, do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes) e da agência de inteligência estadunidense (CIA, na sigla em inglês) à marcha de 1964 e afirmou que, segundo o adido militar americano da época, general Vernon Walters, o evento “deu novo ânimo” aos militares que preparavam a tomada de poder. Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, o filósofo Vladimir Safatle criticou a nova edição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade e afirmou que a ausência de uma política baseada na justiça de transição e no dever de memória fez com que emergissem análises que procuram atenuar crimes ocorridos durante o regime militar (1964-1985). Para Safatle, tais análises são frutos do “negacionismo”, e podem contribuir para a repetição da história. Em opinião à Folha, o jornalista Ruy Castro discordou da chamada dos militares ao poder, pois “sob eles, a família se esgarçou, a liberdade acabou, e, em pouco tempo, o próprio Deus saiu de fininho para não se comprometer”.  (Correio Braziliense – Política – 18/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 16/03/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 18/03/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 19/03/14)

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