Segundo
o periódico Folha de S. Paulo, um grupo de ativistas utilizou as redes sociais
para divulgar uma reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade,
programada para ocorrer no dia 22/03/14 em mais de 200 cidades do Brasil, entre
elas São Paulo e Rio de Janeiro. A primeira edição, realizada em 19/03/1964,
contou com mais de 200 mil pessoas reunidas em São Paulo e exigiu a deposição
do então presidente da República João Goulart. Na edição atual, organizadores
reivindicam nova intervenção militar e combate à corrupção, com a premissa de
uma nova “ameaça comunista”. Em coluna opinativa para o jornal Correio
Braziliense, a jornalista Tereza Cruvinel lamentou que a reedição da marcha
tenha se inspirado na Marcha da Família com Deus pela Liberdade para protestar
contra a corrupção. Cruvinel ressaltou o apoio do então governador de São
Paulo, Ademar de Barros, do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes) e da
agência de inteligência estadunidense (CIA, na sigla em inglês) à marcha de
1964 e afirmou que, segundo o adido militar americano da época, general Vernon
Walters, o evento “deu novo ânimo” aos militares que preparavam a tomada de
poder. Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, o filósofo Vladimir
Safatle criticou a nova edição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade e
afirmou que a ausência de uma política baseada na justiça de transição e no
dever de memória fez com que emergissem análises que procuram atenuar crimes
ocorridos durante o regime militar (1964-1985). Para Safatle, tais análises são
frutos do “negacionismo”, e podem contribuir para a repetição da história. Em
opinião à Folha, o jornalista Ruy Castro discordou da chamada dos militares ao
poder, pois “sob eles, a família se esgarçou, a liberdade acabou, e, em pouco
tempo, o próprio Deus saiu de fininho para não se comprometer”. (Correio Braziliense – Política – 18/03/14;
Folha de S. Paulo – Poder – 16/03/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 18/03/14;
Folha de S. Paulo – Opinião – 19/03/14)
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