quarta-feira, 14 de março de 2012

Incêndio destrói grande parte da Estação Antártica Comandante Ferraz

Segundo os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a base militar de pesquisa brasileira na Antártida, Estação Antártica Comandante Ferraz, passou por um incêndio no dia 25/02/12 que resultou na morte de dois militares: o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos; e o ferimento do primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros. O incêndio, que teria começado na praça de máquinas da base, deve ser investigado por um inquérito policial militar, sendo que cerca de 70% das instalações foram destruídas. Os sobreviventes, que haviam se abrigado temporariamente na base chilena na Antártida, foram levados por aviões da Força Aérea Argentina a Punta Arenas, no Chile, onde foram atendidos. Dentre eles havia um total de 12 membros da Marinha, 30 pesquisadores, um alpinista e um representante do Ministério do Meio Ambiente, todos posteriormente trazidos ao Brasil pela Força Aérea Brasileira (FAB). O ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, declarou consternação diante do ocorrido e contatou o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, para discutirem as providências a serem tomadas, sendo que a presidente da República, Dilma Rousseff, afirmou que a base será reconstruída. Segundo O Estado, Raupp alegou que o governo manterá o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) e utilizará o navio polar Almirante Maximiano como base provisória para garantir a continuidade das pesquisas. Segundo o Correio, será necessário ao menos dois anos para restaurar a estação, sendo que Amorim iniciou rapidamente as discussões sobre como reerguer a base de pesquisas, em funcionamento desde 1984. Segundo a Folha uma medida provisória do governo disponibilizará cerca de R$ 40 milhões, acompanhados de R$ 65 milhões vindos de emendas parlamentares, que serão destinados para o PROANTAR. De acordo com O Estado, em reunião entre dez pesquisadores associados ao projeto e o ministro Raupp, ficou decidido que a futura base será projetada por civis para que não seja construída nos padrões de uma instalação militar, além disso, o grupo definirá as especificações técnicas do novo projeto. Ficou estabelecido ainda que as novas instalações serão construídas no mesmo local da anterior e que, mesmo ficando sob a órbita militar devido a questões logísticas, seu foco principal será a realização de pesquisas. O acidente gerou críticas por parte de cientistas, sendo que, em coluna da Folha, no dia 26/02/12, o cientista glaciologista Jeffersdon Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), destacou a falta de recursos das pesquisas brasileiras do PROANTAR, citando como exemplo o fato de que no período de 1982, ano de início do projeto, a 2005, o Brasil investiu apenas R$ 25 milhões em pesquisas, sendo que a China, apenas no ano de 2008, disponibilizou US$ 11 milhões para pesquisa e US$ 110 milhões para construção de uma nova estação. Tal situação, segundo Simões, começou a alterar-se apenas a partir de 2008, quando o Congresso Nacional formou uma frente parlamentar da Antártida, garantindo verbas anuais através de emendas parlamentares. Entretanto, o cientista afirmou que, embora os recursos para a pesquisa tenham aumentado, o mesmo não aconteceu com a Marinha, que possui falta e defasagem de equipamentos, o que pode provocar acontecimentos como o incêndio. Ainda sobre o acidente, o pesquisador Heitor Evangelista da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou em coluna do jornal O Estado de S. Paulo, no dia 26/02/12, que a disposição arquitetônica da estação era inadequada, pois trazia a praça de máquinas e as demais instalações num mesmo módulo, facilitando a propagação do fogo. Entretanto, ainda segundo Evangelista, é preciso reconhecer o bom histórico de segurança da base brasileira, que nunca tinha sofrido incêndios até então, diferentemente de bases de países como Chile e Argentina, além do fato do pessoal da Marinha ser bem treinado e seguir com rigor os protocolos de segurança. O Correio destacou que as más condições da estação já haviam sido publicadas em um artigo do oficial de reserva da Marinha, Antonio Sepulveda, em 2006. Nele o militar já citava que a falta de manutenção e os cortes no orçamento prejudicavam funções vitais da base, tais como “rede de esgoto, proteção contra incêndios e transferência de energia elétrica”. Além disso, Sepulveda chamou a atenção para a necessidade de reformulação dos laboratórios e equipamentos de pesquisa que se encontravam desgastados e não eram totalmente seguros. (Correio Braziliense – Brasil – 26/02/12; Correio Braziliense – Brasil – 27/02/12; Correio Braziliense – Brasil – 28/02/12; Folha de S. Paulo – Poder – 26/02/12; Folha de S. Paulo – Poder – 01/03/12; O Estado de S. Paulo – Vida – 26/02/12; O Estado de S. Paulo – Vida – 27/02/12; O Estado de S. Paulo – Vida – 02/03/12)

Nenhum comentário:

Postar um comentário