quarta-feira, 14 de março de 2012

Clubes militares criam mal estar com o governo federal

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a presidente da República, Dilma Rousseff, recebeu críticas de militares da reserva por ter se calado perante declarações da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e de Eleonora Menicucci, da Secretaria das Mulheres. Em nota publicada, assinada pelos presidentes dos clubes Militar, Naval e da Marinha, os militares alegaram que Maria do Rosário estaria questionando a Lei da Anistia (1979) ao defender a que a Comissão da Verdade deve também abranger a punição daqueles que violaram os direitos humanos na época do regime militar (1964–1985); e que Eleonora Menicucci criticou o regime em tom revanchista durante seu discurso de posse. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, os militares acreditam que a presidente da República, por ser comandante em chefe das Forças Armadas, deveria ter reprimido tais alegações. Em 24/02/12 os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo informaram que os presidentes dos Clubes Militares foram obrigados a publicar, no dia 23/02/12, uma nota desautorizando o texto que criticava a presidente Dilma Rousseff. Segundo assessores do Palácio do Planalto, a presidente não gostou da nota e também não a aceitou qualquer tipo de desaprovação de sua postura como comandante suprema das Forças Armadas. Isso a fez convocar o ministro da Defesa, Celso Amorim, para pedir explicações. Amorim se reuniu com os comandantes das três Forças, que negociaram com os presidentes dos clubes militares a “desautorização” do texto publicado no site do Clube Militar. Contudo, tanto a nota de “desautorização” quanto texto original foram retirados do site pouco tempo depois da publicação daquele. Na avaliação dos jornais, mesmo sendo obrigados a recuar, os presidentes dos clubes não se conformam com as críticas que vem recebendo, além de temerem que a Comissão da Verdade atue somente para um dos lados. De acordo com o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista e o almirante Ricardo da Veiga Cabral, presidentes dos clubes da Aeronáutica e da Marinha, a intenção nunca foi criticar a presidente Dilma Rousseff. Ainda segundo o Estado, o almirante Cabral afirmou que mesmo sujeitos ao Estatuto dos Militares, “os clubes não estão subordinados ao Poder Executivo”. Em coluna opinativa para a Folha, Eliane Cantanhêde avaliou que “os militares da reserva muitas vezes verbalizam o que os da ativa pensam, mas não podem falar”. De acordo com o Estado, a polêmica envolvendo os clubes militares pode acelerar o processo de instituição da Comissão da Verdade. (Correio de Braziliense – Política – 24/02/12; Folha de S. Paulo – Poder – 22/02/12; Folha de S. Paulo – Poder - 24/02/12; Folha de S. Paulo – Opinião - 24/02/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 21/02/12; O Estado de São Paulo – Nacional - 24/02/12)

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