De acordo com os periódicos
Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a organização
não-governamental (ONG) Anistia Internacional começou, no dia 01/04/14, uma
campanha pedindo a revisão da Lei da Anistia brasileira (1979), a qual permitiu
a libertação de presos políticos e garantiu o perdão àqueles que praticaram
crimes políticos como assassinato, tortura e estupro durante o regime militar
(1964-1985). A ONG argumenta que tais crimes constituem crimes contra a
humanidade e, portanto, não podem ser anistiados. A campanha "50 dias
contra a impunidade" recolhe assinaturas em uma petição on-line que será
encaminhada para a presidenta da República, Dilma Rousseff, e para o Congresso
Nacional. Foram divulgadas peças digitais que comparam acontecimentos atuais
aos que ocorreram durante o regime militar com o slogan "Qualquer semelhança
não é mera coincidência". A campanha colocou lado a lado crimes cometidos
pela Policia Militar durante o regime e atualmente, defendendo que a impunidade
favorece a reincidência. Em ato realizado no centro da cidade do Rio de
Janeiro, escudos militares foram exibidos simbolizando momentos de ultraje aos
direitos humanos. A ONG pretende organizar outros atos semelhantes com a
finalidade de obter signatários para a petição. De acordo com o diretor da
Anistia Internacional, Átila Roque, a impunidade favorece a perpetuação de “uma
estrutura de segurança altamente militarizada, organizada para combater o
inimigo interno” que segue com as violações de direitos humanos. A campanha
pretende ainda resgatar a história da própria ONG, criada em 1961, cujo
primeiro relatório internacional sobre tortura, publicado em 1972, tratava de
casos ocorridos no Brasil. Em coluna opinativa à Folha, o mestre em políticas
públicas pela Universidade Estadual do Ceará e senador pelo estado do Amapá
Randolfe Rodrigues afirmou que ao contrário de outros países sul-americanos que
tiveram regimes militares, o Brasil não encerrou o seu passado recente com o
devido “ajuste de contas”. O senador argumentou que para que a justiça seja
feita, mesmo que tardiamente, é necessária a revisão da Lei da Anistia e a
garantia de punição de crimes de agentes públicos. Para que a revisão aconteça,
Rodrigues propôs o projeto de lei nº 237/2013, sob relatoria do senador João
Capiberibe na Comissão dos Direitos Humanos. Segundo a Folha, uma pesquisa
inédita feita pelo Datafolha revelou que 46% dos brasileiros são a favor da
anulação da Lei da Anistia, o mesmo número defende que os torturadores devem
ser punidos pelos seus crimes. Em 2010, 40% se declararam a favor das punições.
Segundo a pesquisa, 54% acreditam que os casos de atentados contra o Estado por
parte de ex-militantes devem ser reexaminados. Quando perguntado se todos
deveriam ser julgados, ex-militantes e torturadores, o número de brasileiros a
favor da punição para os crimes cometidos durante o
regime militar subiu para 80%. A pesquisa levou em consideração a opinião de
2.614 brasileiros e foi realizada antes da publicação reportagens sobre os 50
anos da tomada de poder pelos militares e o depoimento do coronel reformado
Paulo Malhães à Comissão Nacional da Verdade, quando ele admitiu e descreveu os
crimes cometidos. (Correio Braziliense – Política – 02/04/14; Folha de S. Paulo
– Poder – 31/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 01/04/14; Folha de S. Paulo –
Opinião – 02/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 31/03/14)
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