De acordo com os jornais Correio Braziliense,
Folha de S. Paulo, e O Estado de S. Paulo, o ministro da Defesa, Celso Amorim,
notificou o coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari,
que o resultado das investigações sobre as violações de direitos humanos
durante o regime militar (1964-1985), realizadas pelos comandantes das Forças
Armadas através de sindicâncias, deve sair em até 40 dias. O pedido de abertura
de sindicâncias foi feito em fevereiro de 2014 pela CNV, que pretende
consolidar um mapa da estrutura dos locais em que ocorreram mortes e torturas
de opositores do regime a partir dos dados repassados pelos comandos da
Aeronáutica, do Exército e da Marinha e elaborar um histórico administrativo
dos centros militares localizados nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo,
Recife e Belo Horizonte. Em ofício enviado ao ministro, o comandante da
Aeronáutica, Juniti Saito, prometeu apresentar o resultado de sua parte da
investigação em 30 dias, e informou que o trabalho está a cargo do
major-brigadeiro do ar Raul Botelho. O comandante do Exército, Enzo Peri,
divulgou que irá entregar a conclusão de sua investigação no “mais curto prazo
possível”. O comandante da Marinha, Julio Soares de Moura Neto, informou,
através do chefe de gabinete, o vice-almirante Celso Luiz Nazareth, que “a
sindicância interna na força já foi instaurada”. A CNV entregará seu relatório
final sobre violações de direitos humanos no regime militar no mês de dezembro
de 2014. De acordo com o Estado, o cientista político membro da CNV Paulo
Sérgio Pinheiro informou que a comissão pretende incluir nesse relatório uma
proposta para que atos homofóbicos sejam considerados crimes no Brasil. Segundo
O Estado, a informação de que as Forças Armadas conduzirão tal sindicância foi
recebida com ceticismo. O ex-preso político e militante dos direitos humanos,
jornalista Alípio Freire, afirmou que tal processo corre o risco de ter seus
resultados questionados e defendeu que as sindicâncias deveriam ser feitas por
comissões mistas, contendo, além dos militares, representantes do governo e da
sociedade civil. A presidente do grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro,
Victoria Grabois, questionou a possibilidade de resposta de um assunto tão
amplo em apenas 30 dias, considerando a afirmação anterior dos militares de que
os documentos que dizem respeito a essas violações dos direitos humanos haviam
sido destruídos. Grabois, no entanto, não descartou um eventual ensaio de
“algum sinal de boa vontade” por parte dos militares, admitindo alguns casos de
violações e apontando os responsáveis. Já a ex-presa política e integrante do
grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, Rose Nogueira, declarou que, com essa
iniciativa, os militares estariam sinalizando uma diferença de pensamento em
relação aos militares do passado, restando saber, porém, até que ponto estão
dispostos a revelarem o que possuem. (Correio Braziliense – Política –
02/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 02/04/14; O Estado de S. Paulo –
31/03/14; O Estado de S. Paulo – Política – 02/04/14; O Estado de S. Paulo –
Política – 03/04/14)
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