segunda-feira, 7 de abril de 2014

Periódicos analisam o cenário político pré e pós-regime militar

De acordo com os periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, na madrugada do dia 31/03/1964, o comandante da 4ª Região Militar e da 4ª Divisão de Infantaria, Mourão Filho, movimentou suas tropas em direção à cidade do Rio de Janeiro, onde não encontrou resistência do então ministro da Guerra, general Assis Brasil. Na manhã do dia 01/04/1964, Filho anunciou o início da insurreição militar, surpreendendo alguns militares que conspiravam para a deposição do governo. O “dispositivo militar” do então presidente João Goulart foi deposto no dia seguinte ao anúncio da insurreição. Segundo os periódicos, os militares sempre tiveram uma participação ativa na história do Brasil, pois as Forças Armadas protagonizaram todas as tentativas de tomada do poder e rupturas institucionais no país. Assim, a tomada do poder de 1964 não foi um episódio isolado de intervenção das Forças Armadas na política. Segundo a Folha, a tomada de poder de 1964 foi uma retomada dos acontecimentos de 1961, quando os militares relutaram quanto à posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. O jornais ressaltaram que a atmosfera criada pela Guerra Fria legitimou o radicalismo político da época, porém, o peso atribuído a sua influência nos acontecimentos de 1964 é “exagerado”. Em coluna opinativa ao Correio, o professor de história latino-americana da Universidade de Denver, nos Estados Unidos da América, Rafael Ioris, afirmou que é de suma importância a compreensão de como o entusiasmo e otimismo da década de 1950 transformaram-se na crescente polarização ideológica do país, desprezo pelas instituições democráticas e radicalização política.  O modo de desenvolvimento desse período e o processo de tomada de decisões podem fornecer parte das respostas a tal questionamento. De acordo com Ioris, a não realização das promessas desenvolvimentistas dos anos 1950 garantiu uma base para o surgimento de ideias alternativas para o desenvolvimento, que não estavam embasadas no sistema de representação política vigente.  Ioris afirmou que o “otimismo ingênuo” dos anos 1950 pode ajudar no entendimento de como parte da população que apoio o movimento de 1964 pensou que “estaríamos melhor se regidos por um regime de exceção”. Segundo a Folha, os responsáveis pelas decisões que levaram à tomada de poder agiram “como lhes pareceu melhor ou inevitável naquelas circunstâncias”. Em coluna opinativa para a Folha, o professor emérito de economia, teoria política e teoria social da Fundação Getúlio Vargas, Luiz Carlos Bresser-Pereira, alegou que a tomada de poder de 1964 se diferenciou das outras tentativas na história brasileira porque contou com o apoio dos Estados Unidos da América e da burguesia nacional. Segundo Bresser-Pereira, a Revolução Cubana de 1959 influenciou diretamente na radicalização da esquerda, deixando a direita alarmada. O Brasil experimentou, durante o regime militar, duas fases de crescimento econômico, a primeira baseada na substituição de importações e a segundo na exportação de manufaturados. De acordo com Bresser-Pereira, apesar da luta armada não ter alcançado resultado algum, a demanda por democracia e direitos humanos se tornou maior diante do Pacote de Abril de 1977 culminando no início da transição para democracia. Para Bresser o capitalismo brasileiro consolidado criou uma classe média e trabalhadora grande o que contribuiu para a demanda por um regime democrático no país. De acordo com o Correio a transição para democracia foi baseada em negociações que impediram mais confrontos violentos no país. O acordo firmado para a transição resultou na Lei da Anistia (1979) e na derrota eleitoral do ex-governador Paulo Maluf, desagradando os setores radicais dos dois lados da negociação, oposição e militares. Jânio de Freitas, em coluna opinativa para a Folha, afirmou que para que se faça valer o lema “ditadura nunca mais” são necessárias duas condições ao país. A primeira delas é a reformulação do ensino nas escolas militares, responsável por “forjar mentalidades” e por não prepararem os militares para a democracia. A segunda condição é que se fortaleça a ideia de soberania nacional. (Correio Braziliense – Política – 31/03/14; Correio Braziliense – Opinião - 01/04/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 30/03/14; Folha de S. Paulo – Opinião- 31/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 01/04/14) 

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