quarta-feira, 16 de abril de 2014

Comissão Nacional de Verdade mapeia centros clandestinos utilizados durante o regime militar

Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia 07/04/14, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou um relatório parcial com o mapeamento dos centros clandestinos usados pelas Forças Armadas durante o regime militar (1964-1985). O levantamento realizado pela historiadora e assistente da CNV Heloísa Starling, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), demonstrou que era comum durante o regime militar a manutenção de estruturas clandestinas, fora de quartéis ou delegacias, para levar presos políticos. A Folha ressaltou que a CNV apontou 17 centros clandestinos, dentre eles casas, apartamentos, sítios e fazendas emprestados, em sua maioria, por empresários amigos do regime. De acordo com relatório apresentado pela comissão, tais centros eram de conhecimento dos comandantes do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e, segundo Starling, faziam parte da estrutura de inteligência e repressão do regime. Dentre os principais centros, o jornal ressaltou a Casa da Morte, em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro; a Fazenda 31 de Março, na zona sul de São Paulo e a Casa Azul, no Pará. Segundo a Folha, pelo menos 14 militantes morreram na Casa da Morte, que operou entre 1971 e 1974, enquanto ao menos 24 guerrilheiros participantes da Guerrilha do Araguaia (1967-1974) foram executados na Casa Azul. Já na Fazenda 31 de Março, o jornal apontou que Joaquim Câmara Ferreira, importante nome da esquerda armada, morreu sob tortura. Além disso, informantes da esquerda, denominados “cachorros” frequentavam esse centros clandestinos para receberem e passarem instruções, assim como para serem remunerados pelos serviços prestados. No mesmo dia o sargento do Exército Roberto Artoni depôs à comissão, sobre os centros de tortura na área do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 2º Exército. O sargento trabalhou com o capitão Ênio Pimentel da Silveira, comandante da seção de investigação do DOI, como informante. Segundo o agente Marival Chaves, Artoni poderia revelar o destino de militantes do Partido Comunista Brasileiro, da Aliança Libertadora Nacional e do Movimento de Libertação Popular, que foram presos pelo DOI. (Folha de S. Paulo - Poder - 06/04/14; Folha de S. Paulo - Cotidiano - 07/04/14; Folha de S. Paulo - Poder - 08/04/14; O Estado de S. Paulo - Política - 07/04/14)

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