segunda-feira, 7 de abril de 2014

Governo estadunidense guarda documentos importantes sobre a história recente do Brasil

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, duas bibliotecas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos da América, guardam relatos importantes da história recente do Brasil. A biblioteca Lyndon Johnson possui o relatório da Operação Brother Sam que apoiou o golpe contra o ex-presidente da república João Goulart e a Nettir Lee Benson, que é inteiramente dedicada à história da América Latina, guarda os arquivos do historiador John W. Foster Dulles onde se encontram uma série de documentos, cartas e entrevistas com importantes personagens do regime militar (1964-1985). Em coluna opinativa à Folha, o diretor do projeto de documentação referente ao Brasil do centro de pesquisa do Arquivo de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América, Peter Kornbluh, afirmou que, no dia 31/03/14, o filho do ex-presidente João Goulart, João Vicente Goulart, pediu ao Senado brasileiro que solicite ao governo estadunidense a liberação de documentos sigilosos referentes à tomada do poder em 1964. Através do processo de reclassificação de confidencialidade, o governo estadunidense vem, há 40 anos, liberando esses documentos. Entretanto, as ações clandestinas da Agência Central de Inteligência no Brasil continuam sigilosas. Segundo Kornbluh, tais documentos são inestimáveis à Comissão Nacional da Verdade, assim como aos cidadãos brasileiros e estadunidenses. A Folha localizou, nos arquivos de Dulles, uma entrevista inédita com Goulart, realizada no dia 15/11/1967, no Canadá. Na entrevista, o ex-presidente revela que entendia sua deposição como consequência de uma campanha de “envenenamento” da opinião pública contra seu governo, uma desorientação entre “justiça social e comunismo”. Goulart alegou entender, pelo clima de sua deposição, que tanto o excesso quanto a falta de oposição são prejudiciais ao governo. Na entrevista, o ex-presidente atribuiu a deposição de outros governos na América Latina à influência dos Estados Unidos da América e defendeu que um país que discursa a favor da democracia deveria permitir que a mesma aconteça. Para o ex-presidente, a deposição do regime democrático impediu o Brasil de dar “um grande impulso para o processo democrático na América Latina”. De acordo com o que Dulles registrou, Goulart não gostaria que essas declarações lhe fossem atribuídas, pois se tratavam apenas de “sentimentos pessoais” para ajudar o historiador a entender o Brasil. (Folha de S. Paulo – Opinião – 01/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 02/04/14)

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