quarta-feira, 13 de março de 2013

Regime Militar V: Documentos revelam que Brasil se aproximou do Irã para vender armamentos


De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, documentos oficiais do Comando da Marinha revelaram que o governo brasileiro, durante o regime militar (1964-1985), se aproximou da República Islâmica do Irã à época da Guerra Irã-Iraque, iniciada em 1980. Segundo os documentos, esta aproximação teria se pautado no fornecimento de armamentos por parte do Brasil, em troca de petróleo iraniano. O governo brasileiro recebeu emissários do primeiro escalão do governo do Irã para uma visita a 40 fábricas, sendo quase todas de material bélico. Em contrapartida, o governo iraniano venderia ao Brasil petróleo sem a garantia bancária atualmente exigida, além de seus valores depositados em outros países serem transferidos para uma conta do Banco do Brasil no exterior. Em um documento assinado por cinco ministros de Estado, ressalta-se ao então presidente da República, João Figueiredo, que essa negociação seria uma oportunidade para o Brasil, uma vez que “nenhuma outra nação amiga” estaria disposta a oferecer tais benefícios ao Irã. Porém, outros documentos secretos revelaram que a troca de armamentos por petróleo entre os dois países não foi concretizada, porque o Brasil já vendia equipamentos militares ao Iraque, inimigo do Irã na guerra que havia eclodido. Apesar de ter se declarado neutro no conflito, o Brasil vendia material bélico ao Iraque sob a justificativa de que estava cumprindo contratos anteriores à guerra. Segundo a Folha, os documentos agora revelados indicam, no entanto, que o Brasil relevou as vendas indiretas, nas quais, conforme registrado em uma carta então considerada “secreta e urgentíssima”, assinada pelo ministro das Relações Exteriores da época, Ramiro Saraiva Guerreiro, o país vendia armamentos a empresas no exterior que agiam como intermediárias, repassando-os ao Irã. Na carta, afirma-se que "não chegou a ser excluída inteiramente, contudo, a possibilidade de algum tipo de entendimento comercial com o Irã no caso de material militar pouco sensível" e que, então, os negócios "se efetivariam através de terceiros, conforme sugeriram os próprios iranianos". Até o momento, a Embaixada do Irã, na cidade de Brasília, não se manifestou a respeito dos documentos. (Folha de S. Paulo – Poder – 04/03/13)

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