Segundo os periódicos Correio Braziliense e O
Estado de S. Paulo, a Comissão Nacional da Verdade e a Comissão Estadual da
Verdade do Rio Grande do Sul levaram ao conhecimento público, no dia 18/03/13, informações sobre a
onda de repressão que ocorreu na cidade de Porto Alegre entre os anos de 1970 e
1973, além de um debate sobre a Operação Condor, um sistema de colaboração
entre regimes militares do Cone Sul para prender opositores. Segundo o defensor
público e coordenador da Comissão Estadual, Carlos Frederico Barcellos
Guazzelli, dados levantados desde o final de 2012 apontam que ao menos 300
pessoas foram presas na capital gaúcha entre 1970 e 1973, sendo que 70 eram membros
de grupos de oposição ao regime militar. O painel “Graves Violações de Direitos
Humanos” contou com depoimento de 12 pessoas, entre elas presos ou familiares
de desaparecidos, como o ex-preso político, Paulo de Tarso Carneiro, e a então
militante do Partido Operário Comunista, Ignez Maria Serpa Ramminger. Sobre a
Operação Condor, o presidente do conselho diretivo do Movimento de Justiça e
Direitos Humanos, Jair Kirschke, sustentou que a origem da aliança no Cone Sul
foi o Brasil, baseando suas declarações em documentos e informações obtidas
pelo Movimento. De acordo com o Correio
e o Estado, Carlos Araújo, advogado e
ex-marido da presidenta da República, Dilma Rousseff, também compareceu ao
evento. Araújo foi preso político do Departamento de Ordem Política e Social
(Dops) de São Paulo, onde foi torturado. Durante seu depoimento, pediu que a
Comissão Nacional da Verdade investigue empresários brasileiros que financiaram
o regime militar (1964-1985) e as atividades repressivas, o que Paulo Sergio
Pinheiro, coordenador da Comissão Nacional da Verdade, admitiu ser uma questão “delicadíssima”. Araújo
apontou que a Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), não
somente financiou, mas assistiu e estimulou a tortura, e citou o nome de Nestor
Figueiredo “que até hoje está na cúpula” da federação. Em nota, a Fiesp
publicou que "a atuação da entidade tem se pautado pela defesa da
democracia e do Estado de Direito, e pelo desenvolvimento do Brasil" e que
"eventos do passado que contrariem esses princípios podem e devem ser
apurados". A Fiesp também informou que o nome citado por Araújo não consta
em seus arquivos. (Correio Braziliense - 19/03/13; O Estado de S. Paulo – Nacional - 17/03/13; O Estado de S.
Paulo – Nacional -19/03/13)
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