quinta-feira, 28 de março de 2013

Comissões da Verdade promovem painel sobre o regime militar brasileiro e a Operação Condor


Segundo os periódicos Correio Braziliense e O Estado de S. Paulo, a Comissão Nacional da Verdade e a Comissão Estadual da Verdade do Rio Grande do Sul levaram ao conhecimento público, no dia 18/03/13, informações sobre a onda de repressão que ocorreu na cidade de Porto Alegre entre os anos de 1970 e 1973, além de um debate sobre a Operação Condor, um sistema de colaboração entre regimes militares do Cone Sul para prender opositores. Segundo o defensor público e coordenador da Comissão Estadual, Carlos Frederico Barcellos Guazzelli, dados levantados desde o final de 2012 apontam que ao menos 300 pessoas foram presas na capital gaúcha entre 1970 e 1973, sendo que 70 eram membros de grupos de oposição ao regime militar. O painel “Graves Violações de Direitos Humanos” contou com depoimento de 12 pessoas, entre elas presos ou familiares de desaparecidos, como o ex-preso político, Paulo de Tarso Carneiro, e a então militante do Partido Operário Comunista, Ignez Maria Serpa Ramminger. Sobre a Operação Condor, o presidente do conselho diretivo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Kirschke, sustentou que a origem da aliança no Cone Sul foi o Brasil, baseando suas declarações em documentos e informações obtidas pelo Movimento. De acordo com o Correio e o Estado, Carlos Araújo, advogado e ex-marido da presidenta da República, Dilma Rousseff, também compareceu ao evento. Araújo foi preso político do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, onde foi torturado. Durante seu depoimento, pediu que a Comissão Nacional da Verdade investigue empresários brasileiros que financiaram o regime militar (1964-1985) e as atividades repressivas, o que Paulo Sergio Pinheiro, coordenador da Comissão Nacional da Verdade,  admitiu ser uma questão “delicadíssima”. Araújo apontou que a Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), não somente financiou, mas assistiu e estimulou a tortura, e citou o nome de Nestor Figueiredo “que até hoje está na cúpula” da federação. Em nota, a Fiesp publicou que "a atuação da entidade tem se pautado pela defesa da democracia e do Estado de Direito, e pelo desenvolvimento do Brasil" e que "eventos do passado que contrariem esses princípios podem e devem ser apurados". A Fiesp também informou que o nome citado por Araújo não consta em seus arquivos. (Correio Braziliense - 19/03/13; O Estado de S. Paulo – Nacional - 17/03/13; O Estado de S. Paulo – Nacional -19/03/13)

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