De acordo com o
jornal Folha de S. Paulo, durante o
regime militar (1964-1985), o Ministério da Justiça teria se empenhado em uma “guerra
psicológica” contra o que considerou uma “infiltração comunista” na imprensa.
Em um documento datado de janeiro de 1970, escrito pelo ministro Alfredo Buzaid
para o então presidente da República, general Emílio Garrastazu Medici, Buzaid
afirmou que estaria preparando jornalistas que se identificassem com o regime
para que estes escrevessem artigos de doutrina,
notas e outras publicações a serem distribuídas aos meios de comunicação.
Além disso, segundo Buzaid, outros intelectuais se ocupariam de elaborar peças
teatrais de fundo moral e patriótico, competindo diretamente com aquilo que se
opunha a opinião do regime. A remuneração destes profissionais seria efetuada
por organizações particulares, contudo, o documento encontrado não trouxe mais
detalhes sobre estas organizações e nem sobre os profissionais que teriam sido
contratados. Outros documentos encontrados no Ministério da Justiça revelaram
que o governo, através do ministro, cassou os direitos políticos de inúmeros
brasileiros que se recusaram a servir as Forças Armadas por motivo de convicção
religiosa. Para isso, o governo se baseava em uma emenda constitucional, criada
pela junta militar logo após assumir o poder, em 1969. Também foi encontrada
uma carta endereçada ao então bispo-auxiliar de São Paulo, dom Paulo Evaristo
Arns, na qual o ministro se queixava de uma mensagem de Arns a respeito da
morte de José Carlos Fidalgo, morto a tiros em janeiro de 1970, após procurar
proteção policial na Corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, pois
estava jurado de morte. Em outra carta, Buzaid ainda cobrou do arcebispo da
cidade de Diamantina, estado de Minas Gerais, Geraldo Sigaud, maior vigilância
dos membros do episcopado a padres e leigos. (Folha de S. Paulo – Poder –
03/03/13)
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