De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a
Procuradoria Geral da República pretende entrar na Justiça com novas ações
contra militares na tentativa de responsabilizá-los por crimes cometidos
durante o regime militar (1964-1985). Segundo o jornal, pelo menos dez ações
deverão ser iniciadas até o final do semestre, entre elas, uma pelo
desaparecimento do deputado Rubens Paiva, no ano de 1971, quando foi preso.
Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha reafirmado em 2010 a validade da
Lei da Anistia (1979), que concedeu perdão para crimes cometidos por agentes do
regime e também pelos militantes que lutaram contra ele, os procuradores
defendem que alguns crimes, ao exemplo de sequestro e ocultação de provas e
cadáveres, são permanentes, e, portanto, estão fora do escopo da Lei da
Anistia. O jornal destacou que, em 2010, a Corte Interamericana de Direitos
Humanos sugeriu que o Estado brasileiro deveria buscar punição para os crimes
cometidos por seus agentes no combate à Guerrilha do Araguaia (1972-1975). Apesar
de não ter o poder para interferir nas leis de cada país, a decisão da Corte
influenciou os procuradores a organizarem um grupo de estudos com a finalidade
de encontrar alternativas jurídicas para os crimes cometidos na época. A tese
foi apresentada nos últimos anos em processos abertos em instâncias inferiores
da Justiça, mas ainda não foi examinada pelo STF. De acordo com a Folha, a tese
do crime permanente gerou quatro denúncias contra militares que combateram
opositores ao regime. Destas, três foram aceitas e culminaram em ações penais,
porém nenhuma chegou ao STF. A Justiça em Marabá, no estado do Pará, ordenou a
abertura de ação penal contra o coronel da reserva, Sebastião Curió, e contra o
tenente-coronel da reserva, Lício Maciel, ambos militares presentes na
Guerrilha do Araguaia e acusados do sequestro de militantes do Partido
Comunista do Brasil (PC do B). Outra ação, contra o ex-chefe do Destacamento de
Informações e Centro de Operações de Defesa Interna, Carlos Alberto Brilhante
Ustra, foi aceita na 9ª Vara Criminal de São Paulo. De acordo com a Folha do
dia 20/03/13, uma denúncia contra Ustra e o delegado Dirceu Gravina pelo
desaparecimento do sindicalista Aluízio Palhano em 1971 teve seu recebimento
adiado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Segundo o jornal, o
adiamento ocorreu depois do pedido de vista do desembargador Cotrim Guimarães,
e dois desembargadores já votaram contra o recebimento da denúncia. (Folha de
S. Paulo – Poder - 19/03/13; Folha de S. Paulo – Poder – 20/03/13)
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