Segundo
o jornal Folha de S. Paulo, o governo federal tem restringido o acesso a
inúmeros documentos produzidos por ministros de Estado durante o regime militar
(1964-1985). Dentre eles estão avisos, memorandos, ofícios, exposições de
motivos e telegramas produzidos por altas autoridades do regime, como os
ministros das três Forças Armadas, da Fazenda e da Justiça. Estes documentos
deveriam estar sob tutela do Arquivo Nacional ou da Comissão Nacional da
Verdade (CNV), entretanto, estão distribuídos entre, pelo menos, nove órgãos federais,
em Brasília. A razão para a falta de acesso, segundo o jornal, ocorre porque
alguns ministérios oferecem apenas alguns dias por mês para pesquisa, ou por
não terem locais adequados para leitura, enquanto outros restringem os pedidos
a determinados períodos, inviabilizando uma pesquisa mais ampla nos arquivos.
Algumas recusas de liberação de documentos se deram por motivos de segurança,
como alegou o Comando do Exército, que
impediu a visita do jornal aos seus arquivos, argumentando se tratar de uma
“área de segurança”. Já a Casa Civil da Presidência da República alegou falta
de pessoal e tempo para realizar a análise de documentos e verificar se havia
“informações pessoais” impedidas de serem divulgadas. A Folha apurou que a
maioria destes documentos não está catalogada, seus conteúdos não foram
descritos e estão, assim, inacessíveis ao público. Por isso, o jornal recorreu
á Controladoria Geral da União (CGU) para que esta analisasse a situação.
Durante o processo, o jornal descobriu uma coleção de papéis sobre os índios
uaimiris-atroaris, do Amazonas, que teriam sido mortos pelo Exército durante a
década de 70. Com o objetivo de
esclarecer o fato, o jornal buscou junto aos ministérios mais documentos sobre
o tema e encontrou alguns no subsolo do Ministério da Justiça. Um editorial
publicado pelo jornal no dia 05/03/13 voltou a apontar o caso. No entanto, a
Folha publicou, no dia 04/03/13, que a Casa Civil e o Ministério da Justiça
informaram, no dia 03/03/13, a decisão de enviar os documentos produzidos
durante o regime militar que estão em seu poder ao Arquivo Nacional. A
assessoria da Casa Civil declarou que o órgão "determinou que os
documentos citados sejam preparados e organizados para envio ao Arquivo
Nacional, onde ficarão disponíveis para consulta pública". No dia
05/03/13, o jornal reafirmou que o governo federal deverá reunir e enviar ao
Arquivo Nacional os papéis. A ação será coordenada pelo Ministério da Justiça,
ao qual está subordinado o Arquivo, que determinará aos outros ministérios o envio
de seus acervos para catalogação e abertura à consulta. Entretanto, a mudança
de posição por parte da Casa Civil, com relação abertura dos documentos que
estão sob sua posse, não foi justificada. A Comissão Nacional da Verdade não se
pronunciou sobre o assunto. (Folha de S. Paulo – Poder – 03/03/13; Folha de S.
Paulo – Poder – 04/03/13; Folha de S. Paulo – Poder – 05/03/13; Folha de S.
Paulo – Opinião – 05/03/13)
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