quarta-feira, 13 de março de 2013

Regime Militar II: Jornal critica que cargos públicos sejam ocupados por antigos repressores


Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, diversos atores participaram da morte do jornalista Vladimir Herzog no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do II Exército, em 1975. Dentre os participantes, como Sérgio Paranhos Fleury, Harry Shibata, Ednardo D’Avila Mello, Fausto Rocha e Cláudio Marques, houve outros com papel secundário, como José Maria Marin, que atualmente ocupa o cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O nome de Marin ganhou destaque recentemente, depois de uma reportagem do jornalista britânico Andrew Jennings, na qual expôs a atuação de Marin no regime militar brasileiro (1964-1985). Concomitantemente, o filho de Herzog, Ivo Herzog, iniciou uma campanha contra a presença de Marin na presidência da CBF. Durante o regime militar, Marin fora deputado estadual pelo partido Arena e, juntamente com outros políticos fazia discursos que incitavam e justificavam a caçada e prisão de jornalistas acusados de promover uma infiltração comunista na imprensa paulista. Assim, em setembro de 1975, o diretor de jornalismo da TV Cultura, Herzog, fora acusado de ser líder da dominação comunista, tornando-se alvo do governo militar. Como defendeu o jornalista Juca Kfouri, que recentemente compartilhou trechos das antigas declarações de Marin ao Diário Oficial, as falas seriam indícios de sua colaboração junto ao alto escalão do serviço militar. Após investigações sobre o caso Herzog, quinze dias antes da sua prisão, o deputado Wadih Helu publicamente acusara a TV Cultura de estar dominada por subversivos, abrindo  espaço para as afirmativas do então companheiro de partido, Marin. Outros jornalistas, como Cláudio Marques e Fausto Rocha, também teriam incitado os militares contra os demais profissionais do ramo, principalmente aqueles que eram considerados comunistas. Com a ofensiva dos militares contra os jornalistas, consolidou-se forte disputa entre o sindicato desses profissionais e os militares do regime.  O Estado, portanto, considerou como inadmissível que pessoas, como José Maria Marin, com um passado ligado à repressão da democracia, podem, atualmente, ocupar um cargo de autoridade, representando o Brasil da Copa do Mundo. Para o antigo presidente do sindicato de jornalistas, Audálio Dantas, o fato seria consequência da leniência do Brasil em relação aos que contribuíram direta ou indiretamente com o regime militar, confirmado com a presença dessas pessoas no atual cenário político, ocupando cargos públicos. Assim, o jornal defendeu a resistência contra a aceitação passiva dos acontecimentos, através do trabalho da Comissão da Verdade, Memória e Justiça dos Jornalistas Brasileiros, juntamente com a Comissão Nacional da Verdade. (O Estado de S. Paulo – Alias – 03/03/13)

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