Conforme publicado no
periódico Folha de S. Paulo, o
engenheiro argentino, Carlos Alfredo Claret, relatou seu encarceramento por
militares brasileiros em 1978, em uma possível ação da Operação Condor, na
cidade de Passo Fundo, no estado do Rio Grande do Sul (RS). Claret, que era
dirigente da Universidad Nacional de Río Cuarto, na cidade de Córdoba,
Argentina, mudou-se para o Brasil em 1976 após ver seu colega ser preso e
aparecer enforcado no dia seguinte. Em Passo Fundo, o engenheiro trabalhava em
uma fábrica e em 1978 um amigo o avisou que a polícia estava na fábrica
procurando por documentos estrangeiros e pouco tempo depois os militares o
apanharam enquanto dirigia perto de uma praça e o levaram a um regimento do
Exército Brasileiro em Passo Fundo. Claret declarou que os militares não lhes
disseram quais eram as acusações para que fosse encarcerado; apenas afirmavam que
tinham sua esposa e filhos, além de ameaçá-lo de morte constantemente. O
engenheiro afirmou que o obrigaram a escrever toda sua história e relatar sobre
todas as pessoas que conhecia na Argentina, havendo até uma pessoa que dizia
ser padre pedindo para Claret confiar na igreja e relatar seus “contatos”. Em
seu último interrogatório, havia argentinos que “estavam vestidos como civis,
mas dava para ver que eles eram militares”, afirmou Claret. Segundo ele, os
interrogatórios e torturas cessaram repentinamente e o chefe de polícia o
informou que o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados iria
visitá-lo. O funcionário do Alto Comissariado, Guy Prim, o visitou e alertou
que poderiam enviar Claret de volta para a Argentina a qualquer momento.
Sugeriu então solicitar autorização para morar na Suécia ou Holanda, pois esses
países responderiam de forma mais rápida. Desse modo, após solicitar
autorização à Suécia, lhe foi concedida a permissão em 24 horas. Após um mês
preso, Claret foi enviado para a Suécia, onde vive até os dias atuais. (Folha
de S. Paulo – Poder – 07/01/2013)
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