sexta-feira, 22 de março de 2013

Exército inicia preparação para combater eventuais ataques cibernéticos


Nos últimos anos, as Forças Armadas brasileiras passaram a considerar em seu preparo um adversário não tradicional: a guerra cibernética. Conforme publicado pelo jornal Correio Braziliense, em pesquisa realizada pela empresa norte-americana Norton, o Brasil figura entre os maiores propagadores de virus e spam na rede mundial de computadores, perdendo, em 2011, apenas para China, África do Sul e México, e se expondo a uma vulnerabilidade virtual que causa prejuízos estimados em aproximadamente U$15 bilhões. Tendo em vista o intenso fluxo de dados na rede em razão dos eventos internacionais de grande porte que o país sediará nos próximos quatro anos – a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014, e as Olimpíadas em 2016 –, o governo federal deverá investir cerca de R$400 milhões no setor de defesa cibernética; deste montante, 41% será destinado ao planejamento da segurança. De acordo com o jornal, o país até hoje não sofreu ataques militares cibernéticos – que envolvem desde a invasão de um site oficial de um órgão do governo até a tomada do controle de uma central energética por meio da rede de computadores – mas casos como o do ataque sofrido pelo Irã, em 2010, servem de alerta ao Brasil. O Irã foi considerado vítima do primeiro ataque militar cibernético (atribuído pelo país a inimigos como os Estados Unidos e o Iraque), quando, em 2010, o vírus Stuxnet infectou os sistemas de operação de uma usina de enriquecimento de urânio, atrasando o programa nuclear do país. Conforme explicou o tenente-coronel Márcio Ricardo Fava, comandante do Centro de Instrução de Guerra Eletrônica do Exército (Cige), “Indivíduos e países deixaram de ver a internet apenas como instrumento de cultura, comércio e informação, mas [passaram a vê-la] como uma arma para afetar possíveis adversários”. Assim, a fim de combater adequadamente em caso de eventual guerra cibernética, o Exército adotou um programa de computador que permite treinar os militares para reagir em caso de ataques a redes eletrônicas brasileiras. O Simulador Nacional de Operações Cibernéticas (Simoc), que foi apresentado pelo Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica (CCGE) do Exército no dia 23/01/13, custou R$5 milhões e foi produzido com tecnologia brasileira pela empresa nacional Decatron. O programa cria cenários fictícios de ataques que requerem dos militares soluções, desenvolvendo meios de conter uma eventual ofensiva real. De acordo com o diretor de negócios da Decatron, Bruno Melo, os crimes cibernéticos atualmente movimentam mais dinheiro do que o tráfico de drogas. Como citou o jornal, este inimigo faz parte de um novo tipo de conflito, sem armas letais, mas com potencial nocivo a países da mesma forma que os conflitos tradicionais e “com o crescimento do Brasil, tornando-se uma potência, acabamos virando possíveis alvos”, como ressaltou o comandante do CCGE, general Antonino dos Santos Guerra Neto. (Correio Braziliense – 23/01/12).

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