Nos
últimos anos, as Forças Armadas brasileiras passaram a considerar em seu
preparo um adversário não tradicional: a guerra cibernética. Conforme publicado
pelo jornal Correio Braziliense, em
pesquisa realizada pela empresa norte-americana Norton, o Brasil figura entre
os maiores propagadores de virus e spam na rede mundial de computadores,
perdendo, em 2011, apenas para China, África do Sul e México, e se expondo a
uma vulnerabilidade virtual que causa prejuízos estimados em aproximadamente
U$15 bilhões. Tendo em vista o intenso fluxo de dados na rede em razão dos
eventos internacionais de grande porte que o país sediará nos próximos quatro anos
– a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo
em 2014, e as Olimpíadas em 2016 –, o governo federal deverá investir
cerca de R$400 milhões no setor de defesa cibernética; deste montante, 41% será
destinado ao planejamento da segurança. De acordo com o jornal, o país até hoje
não sofreu ataques militares cibernéticos – que envolvem desde a invasão de um site oficial de um órgão do governo até a
tomada do controle de uma central energética por meio da rede de computadores –
mas casos como o do ataque sofrido pelo Irã, em 2010, servem de alerta ao
Brasil. O Irã foi considerado vítima do primeiro ataque militar cibernético
(atribuído pelo país a inimigos como os Estados Unidos e o Iraque), quando, em
2010, o vírus Stuxnet infectou os sistemas de operação de uma usina de
enriquecimento de urânio, atrasando o programa nuclear do país. Conforme
explicou o tenente-coronel Márcio Ricardo Fava, comandante do Centro de
Instrução de Guerra Eletrônica do Exército (Cige), “Indivíduos e países
deixaram de ver a internet apenas como instrumento de cultura, comércio e
informação, mas [passaram a vê-la] como uma arma para afetar possíveis
adversários”. Assim, a fim de combater adequadamente em caso de eventual
guerra cibernética, o Exército adotou um programa de computador que permite
treinar os militares para reagir em caso de ataques a redes eletrônicas
brasileiras. O Simulador Nacional de Operações Cibernéticas (Simoc), que foi
apresentado pelo Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica (CCGE) do Exército
no dia 23/01/13, custou R$5 milhões e foi produzido com tecnologia brasileira
pela empresa nacional Decatron. O programa cria cenários fictícios de ataques
que requerem dos militares soluções, desenvolvendo meios de conter uma eventual
ofensiva real. De acordo com o diretor de negócios da Decatron, Bruno Melo, os
crimes cibernéticos atualmente movimentam mais dinheiro do que o tráfico de
drogas. Como citou o jornal, este inimigo faz parte de um novo tipo de
conflito, sem armas letais, mas com potencial nocivo a países da mesma forma
que os conflitos tradicionais e “com o crescimento do
Brasil, tornando-se uma potência, acabamos virando possíveis alvos”, como
ressaltou o comandante do CCGE, general Antonino dos Santos Guerra Neto.
(Correio Braziliense – 23/01/12).
Nenhum comentário:
Postar um comentário