De acordo
com o periódico O Estado de S. Paulo, o
diplomata americano Claris Halliwell que, segundo documentos do antigo
Departamento de Ordem Política e Social (Dops), realizava frequentes visitas à
instituição, atuava no Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo como
adido político durante o regime militar (1964-1985). Apesar da alegação dos
representantes do consulado de não guardar registros de seus funcionários da
época, os “rastros” de Halliwell foram encontrados em documentos oficiais do
Arquivo Nacional dos Estados Unidos. Conforme um telegrama enviado pela
embaixada americana em 1973 ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, o
diplomata foi identificado como adido político e respondia ao cônsul-geral
Frederic Chapin, que serviu no Brasil entre 1972 e 1980. No telegrama, são
reportadas ameaças à Halliwell recebidas por telefone no dia 26/10/73. A
ligação teria sido de um "homem não identificado, falando bom português e
com sotaque "paulista"”, que dizia "se você não parar de nos
atacar, nós vamos tomar medidas contra você". Ao fim do telegrama, a
embaixada observou uma possível ligação entre este fato e um
incêndio ocorrido na residência de outro funcionário do consulado, James
Lawler, em decorrência de uma bomba caseira em maio de 1973. Além dessa, o
diplomata americano havia recebido outras duas ligações na mesma época. O nome
de Halliwell aparece cinco vezes no banco de dados privado sobre a comunidade
de informações americana, o Namebase. Um
dos registros é uma lista de 1983, com nomes de integrantes da Associação de
Ex-Agentes da Inteligência. Segundo o Estado,
outros representantes diplomáticos também frequentavam o Dops, uma vez que a delegacia
especializada em assuntos estrangeiros se localizava em seu interior, porém não
há, nos arquivos liberados, citações sobre detenção de cidadãos americanos no local,
fato que poderia explicar as visitas de Halliwell na época. De acordo com o
jornal, o presidente da Comissão da Verdade do estado de São Paulo, deputado Adriano
Diogo, apresentou no dia 25/02/13, via Comissão Nacional da Verdade (CNV), em
Brasília, um pedido formal ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) para que
este solicite informações sobre Halliwell. A Comissão estadual investiga
possíveis ligações entre o Consulado Geral americano e o Dops. O ex-preso
político e assessor da comissão paulista, Ivan Seixas, julgou ser necessária a
investigação da possibilidade de Halliwell ter sido um integrante do serviço de
inteligência dos Estados Unidos que assessorava o Dops. Segundo Diogo, a
solicitação de informações aos Estados Unidos não pode ser feita diretamente
pela comissão paulista por se tratar de um assunto entre Estados, tendo a CNV a
competência para pedir ao MRE que faça tal solicitação. No dia 26/02/13, o Estado afirmou que a CNV pretende
buscar a colaboração do governo estadunidense nas investigações sobre o papel
de Halliwell no período do regime militar, sendo o Itamaraty acionado para
encaminhar um pedido de informações. (O Estado de S. Paulo – Nacional –
25/02/13; O Estado de S. Paulo – Nacional – 26/02/13)
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