sexta-feira, 22 de março de 2013

Regime Militar III: estudante morto recebe homenagens e pedido de desculpas oficiais na USP

De acordo com os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça realizou um ato público, na cidade de São Paulo, no dia 15/03/13, que reconheceu o estudante morto durante o regime militar (1964-1985), Alexandre Vannucchi Leme, como anistiado político. Leme era estudante de geologia da Universidade de São Paulo (USP) e militante da Aliança Nacional Libertadora (ANL), quando foi preso e morto nas dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na cidade de São Paulo, no dia 17/03/73, aos 22 anos de idade. Conforme noticiou o Estado, a versão oficial sobre a morte dada pelas autoridades é de que Leme foi atropelado por um carro durante uma tentativa de fuga, embora outros presos tenham relatado que o estudante foi torturado até chegar a óbito. Segundo o Estado, o corpo foi enterrado sem qualquer aviso à família em uma cova rasa forrada com cal, para acelerar o processo de decomposição. A solenidade, que ocorreu no Instituto de Geociências da USP, contou com um julgamento simbólico do caso do estudante e, em seguida, o Estado brasileiro reconheceu o erro e pediu desculpas oficiais a pedido da família. O tio de Leme, Aldo Vannucchi, afirmou que declarar Leme como anistiado político “acaba com o estigma de terrorista e subversivo que o regime lhe impôs". Já o presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, declarou que "ao reconhecer seus erros o Estado reconhece o direito de resistência de quem lutou contra a opressão". Segundo o Estado, os familiares e autoridades presentes na cerimônia puderam conhecer o “Monumento em Homenagem às Vitimas da Repressão Política Promovida pela Ditadura Militar (1964-1985)”, localizado na Praça do Relógio, o coração da USP. O monumento foi aberto ao público durante o período de férias, sem nenhuma cerimônia. Nele está gravado o nome de 38 mortos e desaparecidos ligados à universidade; o primeiro nome gravado é o de Leme. A obra foi financiada pela Petrobrás, executada pelo Fundo de Apoio à USP e é de responsabilidade do Núcleo de Estudos da Violência da universidade. Em 2011, houve uma polêmica envolvendo o reitor da USP, João Grandino Rodas, familiares dos homenageados, ex-presos políticos, estudantes e ativistas de direitos humanos, por causa da inscrição “revolução de 1964” feita em um tapume que cobria a obra, que foi associada ao reitor devido aos seus posicionamentos junto à comunidade universitária. Rodas mandou refazer o tapume e afirmou que tudo era culpa da “desinformação do redator”. Na mesma cerimônia, Rosa Cardoso, membro da Comissão Nacional da Verdade, entregou o novo atestado de óbito à família do jornalista preso, torturado e morto nas dependências do DOI-Codi em 1975, Vladimir Herzog. (Folha de S. Paulo – Poder - 12/03/13; O Estado de S. Paulo – Nacional – 10/03/13)

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