De
acordo com os periódicos Folha de S.
Paulo e O Estado de S. Paulo, a
Comissão de Anistia do Ministério da Justiça realizou um ato público, na cidade
de São Paulo, no dia 15/03/13, que reconheceu o estudante morto durante o
regime militar (1964-1985), Alexandre Vannucchi Leme, como anistiado político.
Leme era estudante de geologia da Universidade de São Paulo (USP) e militante
da Aliança Nacional Libertadora (ANL), quando foi preso e morto nas
dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações
de Defesa Interna (DOI-Codi), na cidade de São Paulo, no dia 17/03/73, aos 22
anos de idade. Conforme noticiou o Estado,
a versão oficial sobre a morte dada pelas autoridades é de que Leme foi
atropelado por um carro durante uma tentativa de fuga, embora outros presos
tenham relatado que o estudante foi torturado até chegar a óbito. Segundo o Estado, o corpo foi enterrado sem
qualquer aviso à família em uma cova rasa forrada com cal, para acelerar o
processo de decomposição. A solenidade, que ocorreu no Instituto de Geociências
da USP, contou com um julgamento simbólico do caso do estudante e, em seguida,
o Estado brasileiro reconheceu o erro e pediu desculpas oficiais a pedido da
família. O tio de Leme, Aldo Vannucchi, afirmou que declarar Leme como anistiado
político “acaba com o estigma de terrorista e subversivo que o regime lhe
impôs". Já o presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e
secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, declarou que "ao reconhecer
seus erros o Estado reconhece o direito de resistência de quem lutou contra a
opressão". Segundo o Estado, os
familiares e autoridades presentes na cerimônia puderam conhecer o “Monumento
em Homenagem às Vitimas da Repressão Política Promovida pela Ditadura Militar
(1964-1985)”, localizado na Praça do Relógio, o coração da USP. O monumento foi
aberto ao público durante o período de férias, sem nenhuma cerimônia. Nele está
gravado o nome de 38 mortos e desaparecidos ligados à universidade; o primeiro
nome gravado é o de Leme. A obra foi financiada pela Petrobrás, executada pelo
Fundo de Apoio à USP e é de responsabilidade do Núcleo de Estudos da Violência
da universidade. Em 2011, houve uma polêmica envolvendo o reitor da USP, João
Grandino Rodas, familiares dos homenageados, ex-presos políticos, estudantes e
ativistas de direitos humanos, por causa da inscrição “revolução de 1964” feita
em um tapume que cobria a obra, que foi associada ao reitor devido aos seus
posicionamentos junto à comunidade universitária. Rodas mandou refazer o tapume
e afirmou que tudo era culpa da “desinformação do redator”. Na mesma cerimônia,
Rosa Cardoso, membro da Comissão Nacional da Verdade, entregou o novo atestado
de óbito à família do jornalista preso, torturado e morto nas dependências do
DOI-Codi em 1975, Vladimir Herzog. (Folha de S. Paulo – Poder - 12/03/13; O
Estado de S. Paulo – Nacional – 10/03/13)
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