Segundo
o jornal O Estado de S. Paulo, no dia 07/03/13 um artefato explodiu na sede
estadual da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), mas
ninguém ficou ferido. Uma denúncia anônima informada pelo Corpo de Bombeiros ao
presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, dizia que o ataque consistia na
explosão três artefatos, sendo dois explosivos e um de efeito moral, que tinha
por objetivo intimidar o advogado, ex-presidente da instituição e atual
presidente da Comissão da Verdade do Rio, Wadih Damous. A Comissão tem por
função investigar, no âmbito estadual, ações cometidas pelos órgãos de
repressão durante o regime militar (1964-1985). Damous considerou o atentado
uma provocação e informou que o primeiro caso a ser investigado será o da morte
da secretária Lydia Monteiro, na sede da OAB-RJ, em 1980, por uma carta bomba
que havia sido enviada ao então presidente do Conselho Federal da OAB, Eduardo
Saebra Fagundes. A autoria desse atentado nunca foi esclarecida, contudo foi
atribuída aos grupos militares de extrema direita que combatiam o processo de
redemocratização do país, defendido pela OAB. Em 2010, o atentado completou 30
anos e Damous defendeu a reabertura do inquérito policial que apurou o caso na
época. Ele disse acreditar na possibilidade de que o atual atentado seja uma
medida extremada dos autores do atentado de 1980. Já para Felipe Santa Cruz, “a
OAB lamenta profundamente que sombras do passado, contra a qual a Ordem sempre
lutou, reapareçam em tempos de democracia”. O presidente da OAB-RJ foi uma das
vítimas do regime militar, ao ter seu pai, Fernando Santa Cruz – funcionário
público do Estado de São Paulo e militante da Ação Popular Marxista-Leninista
(APML) –, preso por agentes do Destacamento de Operações de Informações -
Centro de Operações de Defesa Interna (DOI – Codi) de São Paulo e, desde então,
passou a integrar a lista de desaparecidos políticos. Santa Cruz afirmou que
pretende investigar o que aconteceu durante o período militar sem transformar a
entidade em uma trincheira revanchista, ele também deve cobrar a apuração da
participação do que chama de “lideranças civis e econômicas” no regime.
Diferentemente da OAB nacional, Santa Cruz não defendeu a revisão da Lei de
Anistia e declarou que os crimes da ditadura prescreveram e que o importante é
“a compreensão histórica do que aconteceu naquele período para preservar a
democracia e a memória viva da ditadura”.
(O Estado de S. Paulo – Nacional – 08/03/13)
Nenhum comentário:
Postar um comentário