Suspeitos de tortura serão convocados logo a depor. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 26 fev. 2013.
De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo
e O Estado de S. Paulo, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) realizou uma
reunião no dia 25/02/13 para avaliar os trabalhos desenvolvidos até o momento e
reunir outros colegiados de Comissões estaduais da Verdade, além de
instituições públicas e organizações de classe. O Correio evidenciou que a CNV
foi instalada em maio de 2012 e tem como dever a investigação de violações dos
direitos humanos ocorridas durante o regime militar (1964-1985) e de outros
governos ditatoriais em diferentes períodos. Na exposição parcial dos
resultados foram abordados temas como o golpe de 1964, as violações de direitos
humanos no campo e em terras indígenas, e a discussão de crimes graves contra
os direitos humanos. Os jornais destacaram que a CNV levantou que ao menos 50
mil pessoas sofreram tortura nas ações repressivas do regime militar. Os
periódicos reportaram que a CNV identificou diversos agentes da repressão e que
estes serão convocados para depoimento, informação que, segundo a Folha, foi
divulgada por um dos assessores do grupo, Guaracy Mingardi. O Estado afirmou
que entre tais agentes estão militares, policiais militares e civis, além de
empresários que forneceram imóveis para prisão e torturas ou participaram
ativamente das ações. O Estado ainda mencionou que, entre os convocados a depor
nas próximas sessões, estão os supostos autores do assassinato do ex-deputado
Rubens Paiva, desaparecido em 1971. O Correio afirmou que cerca de 40 pessoas
já foram ouvidas pela CNV, incluindo agentes públicos que atuaram no regime
militar e torturadores. A Folha ressaltou que, devido à Lei da Anistia (1979),
o colegiado não possui poder para punir os envolvidos com os crimes. Além
disso, na reunião de 25/02/13, o professor e ex-secretário de Direitos Humanos
no governo Fernando Henrique Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiro, foi apresentado
como novo coordenador da CNV. O Correio e o Estado afirmaram que Pinheiro
deverá tornar a Comissão mais discreta, pois é avesso a entrevistas e aparições
públicas, sendo crítico do “’exibicionismo’ e ‘busca de notoriedade’ de alguns
membros da comissão”. De acordo com o Correio, Pinheiro discursou sobre o papel
das igrejas durante o regime militar e destacou que uma das metas da Comissão
será a questão dos mortos e desaparecidos durante o período. O Estado
evidenciou que foi anunciada a criação de subcomissões temáticas da CNV, como a
de mulheres vítimas da repressão, sendo ainda discutida a metodologia de
trabalho. Dessa forma, o colegiado deseja elaborar o relatório parcial, até
dezembro de 2013, contendo todos os depoimentos tomados, o que exige a análise
de 30 milhões de páginas de documentos. Por fim, o Correio destacou que a CNV
tem priorizado as questões da Guerrilha do Araguaia, da localização dos
chamados porões da ditadura, e da Operação Condor. No dia 24/02/13, a Folha
publicou que a CNV fez um novo acordo para coletar informações, desta vez com o
auxílio da Comissão da Memória, Justiça e Verdade dos Jornalistas Brasileiros,
formado pela Federação Nacional dos Jornalistas. O grupo investiga a censura
aos meios de comunicação e violações aos direitos humanos contra jornalistas
ocorridas durante o regime militar, e a partir de agora irá compartilhar seus
materiais com a CNV. (Correio Braziliense – 26/02/13; Folha de S. Paulo – Poder
– 26/02/13; Folha de S. Paulo – Poder – 27/02/13; O Estado de S. Paulo –
Nacional – 26/02/13)
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