Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o ministro da Defesa, Celso Amorim, tratou da
política de Defesa no Brasil, sobretudo no que se refere à defesa cibernética,
em razão dos recentes casos de espionagem estadunidense no país. Em relação ao
papel do Ministério da Defesa (MD) na segurança da informações, Amorim afirmou
que não há definição no Brasil, isto é, não há um órgão específico para efetuar
a proteção, mas que, se houver a iminência de um ataque aéreo ou cibernético, a
competência é do MD. Por isso, a defesa cibernética do Brasil está em nível
inicial, sendo capaz de agir de forma muito pontual. O ministro declarou,
porém, que, na Estratégia de Defesa Nacional (END), a defesa cibernética é
considerada área estratégica e, em virtude disso, um núcleo foi criado no
Exército, em 2010, dando origem ao Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), em
2012. Segundo Amorim, o CDCiber foi empregado na proteção cibernética de
eventos como a Conferência Rio+20, a visita do papa Francisco e a Copa das
Confederações. Nessas ações pontuais, Amorim considerou que o CDCiber “foi um
pouco além da defesa militar, coordenando a ação de um conjunto de órgãos”.
Além disso, o ministro destacou a necessidade de evoluir nessa área por meio de
formação de capacidades mediante uma escola de defesa cibernética, por exemplo,
pois a utilização de softwares importados não garantirá a segurança cibernética
do Brasil, sendo necessário o desenvolvimento de tecnologia nacional. No que se
refere ao caso de atuação dos serviços de inteligência estadunidenses no
Brasil, Amorim classificou o caso como “uma intrusão em nossa soberania”, mas,
apesar disso, destacou que “espionagem sempre houve, mas com discrição. Não foi
surpresa absoluta, mas chocou”. Em matéria de segurança, o ministro considerou
a defesa aérea nacional como o ponto de maior vulnerabilidade em função dos
entraves na aquisição de novos aviões de caça para a Força Aérea Brasileira
(FAB), mas afirmou que outros projetos estratégicos estão em andamento na
pasta, como o desenvolvimento do submarino nuclear da Marinha e o do avião
cargueiro a jato pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), KC-390, com
o objetivo de substituir o C-130 Hércules. Com relação à política de defesa das
fronteiras, Amorim declarou que, para proteger 17 mil quilômetros de fronteira,
é necessário “combinar a presença física com a proteção tecnológica”, envolvendo
satélites, equipamentos e comunicações coordenados pelo Sistema Integrado de
Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Exército. Para esse fim, realiza-se frequentemente
a Operação Ágata, a qual emprega grandes efetivos nas regiões de fronteira, além
de aviões de detecção com radares importados. Apesar disso, de acordo com
Amorim, radares nacionais estão sendo desenvolvidos. Em relação à parceria em
defesa cibernética proposta à Argentina, o ministro declarou que uma equipe
argentina será enviada ao Brasil, ainda em 2013, para verificar o que tem sido
feito no país nesse quesito e destacou que “a Argentina é mais próxima e mais
avançada nisso, o que permite uma cooperação mais imediata”. (Correio
Braziliense – 22/09/13)
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