quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ministro da Defesa abordou, em entrevista, a política de Defesa do Brasil

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o ministro da Defesa, Celso Amorim, tratou da política de Defesa no Brasil, sobretudo no que se refere à defesa cibernética, em razão dos recentes casos de espionagem estadunidense no país. Em relação ao papel do Ministério da Defesa (MD) na segurança da informações, Amorim afirmou que não há definição no Brasil, isto é, não há um órgão específico para efetuar a proteção, mas que, se houver a iminência de um ataque aéreo ou cibernético, a competência é do MD. Por isso, a defesa cibernética do Brasil está em nível inicial, sendo capaz de agir de forma muito pontual. O ministro declarou, porém, que, na Estratégia de Defesa Nacional (END), a defesa cibernética é considerada área estratégica e, em virtude disso, um núcleo foi criado no Exército, em 2010, dando origem ao Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), em 2012. Segundo Amorim, o CDCiber foi empregado na proteção cibernética de eventos como a Conferência Rio+20, a visita do papa Francisco e a Copa das Confederações. Nessas ações pontuais, Amorim considerou que o CDCiber “foi um pouco além da defesa militar, coordenando a ação de um conjunto de órgãos”. Além disso, o ministro destacou a necessidade de evoluir nessa área por meio de formação de capacidades mediante uma escola de defesa cibernética, por exemplo, pois a utilização de softwares importados não garantirá a segurança cibernética do Brasil, sendo necessário o desenvolvimento de tecnologia nacional. No que se refere ao caso de atuação dos serviços de inteligência estadunidenses no Brasil, Amorim classificou o caso como “uma intrusão em nossa soberania”, mas, apesar disso, destacou que “espionagem sempre houve, mas com discrição. Não foi surpresa absoluta, mas chocou”. Em matéria de segurança, o ministro considerou a defesa aérea nacional como o ponto de maior vulnerabilidade em função dos entraves na aquisição de novos aviões de caça para a Força Aérea Brasileira (FAB), mas afirmou que outros projetos estratégicos estão em andamento na pasta, como o desenvolvimento do submarino nuclear da Marinha e o do avião cargueiro a jato pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), KC-390, com o objetivo de substituir o C-130 Hércules. Com relação à política de defesa das fronteiras, Amorim declarou que, para proteger 17 mil quilômetros de fronteira, é necessário “combinar a presença física com a proteção tecnológica”, envolvendo satélites, equipamentos e comunicações coordenados pelo Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), do Exército. Para esse fim, realiza-se frequentemente a Operação Ágata, a qual emprega grandes efetivos nas regiões de fronteira, além de aviões de detecção com radares importados. Apesar disso, de acordo com Amorim, radares nacionais estão sendo desenvolvidos. Em relação à parceria em defesa cibernética proposta à Argentina, o ministro declarou que uma equipe argentina será enviada ao Brasil, ainda em 2013, para verificar o que tem sido feito no país nesse quesito e destacou que “a Argentina é mais próxima e mais avançada nisso, o que permite uma cooperação mais imediata”. (Correio Braziliense – 22/09/13)


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