De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o
estudo “Camponeses mortos e desaparecidos: excluídos da justiça de transição”,
coordenado pelo ex-preso político e um dos fundadores do Partido dos
Trabalhadores, Gilney Viana, mostra que a política de indenizações por mortes e
torturas cometidas durante o regime militar (1964-1985) exclui participantes de
resistência sem vínculos partidários. Segundo o estudo, a Comissão de Mortos e
Desaparecidos deferiu apenas pedidos de indenização de famílias que provaram
“militância político-partidária” do parente, excluindo 602 camponeses. Dentre
os pedidos de anistia julgados, apenas 5% são da área rural, onde há menos
militância partidária. Segundo Viana, “boa parte dos camponeses excluídos das
indenizações foi vítima da repressão ‘terceirizada’”. Viana afirmou ainda que o
regime militar delegou poderes para milícias privadas e policias, colocando-os
para realizar funções de agentes do Centro de Inteligência do Exército (CIE). O
jornal apontou o caso de Chico Mendes e Raimundo Ferreira Lima, ambos
sindicalistas, como exemplo de discrepância. A Comissão de Anistia concedeu
benefício para a família de Chico Mendes, filiado ao PT, enquanto o caso de
Lima está parado há mais de oito anos. Segundo o jornal, apesar de
representantes das Comissões de Mortos e Desaparecidos e de Anistia alegarem
que a política de reparação prioriza vítimas de agentes das Forças Armadas, não
há registro de envolvimento de militares na morte de Chico Mendes. O jornal
ressaltou que não foram apresentados no relatório parcial da Comissão Nacional
da Verdade resultados do grupo de trabalho que investiga violência no campo. (O
Estado de S. Paulo – Política – 02/06/13)
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