De acordo com o jornal
O Estado de S. Paulo, o grupo da
Comissão Nacional da Verdade (CNV) que analisa a questão indígena no regime
militar (1964-1985) recuperou documentos que apontam irregularidades na
ocupação de terras pertencentes aos índios. Os documentos indicam focos de
tensão fundiária nos estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul e apontam que as
irregularidades tinham início nos serviços públicos, envolvendo frequentemente
funcionários do Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Um dos documentos, assinado
pelo chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), o general de brigada
Emilio Garrastazu Médici, comprova a “grilagem de terras pertencentes aos
indígenas”. Em 1968, uma comissão organizada pelo Ministério do Interior
concluiu um documento, conhecido como Relatório Figueiredo, que analisou o
esbulho de terras indígenas com apoio de servidores públicos e relatou, em um
de seus anexos, o desvio de terras indígenas a produtores rurais. Segundo o
colaborador do grupo dedicado à questão indígena que descobriu o Relatório
Figueiredo no Museu do Índio, Marcelo Zelic, “o governo não pode ignorar quem
comprou terras de boa-fé, criando meios para indenizá-los, mas também não pode
virar as costas para os índios”. O antropólogo e ex-presidente da Fundação
Nacional do Índio (Funai), Mércio Gomes, afirmou que parte dos militares planejou
integrar os índios à sociedade nacional através da aculturação. Para isso,
exploraram os escândalos do SPI através dos documentos militares, a fim de
extinguir o Serviço de Proteção ao Índio. (O Estado de S. Paulo – Política – 16/06/13)
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