O jornal Folha de S. Paulo publicou o depoimento
de um cidadão chinês que veio para o Brasil quando tinha 1 ano e 11 meses de
idade, naturalizou-se, estudou engenharia química na Universidade Federal do
Rio Grande do Sul e, por conta de sua militância política em favor da
democracia, durante o regime militar (1964-1985), teve seus documentos
“apagados” pelo governo. Foi sequestrado e torturado por 60 dias no Destacamento
de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) e
passou mais 60 dias no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Rio de
Janeiro, no ano de 1971, sem nenhuma acusação formal. Em 1973 foi novamente
sequestrado, seus documentos foram todos tomados e lhe foi dada uma carteira
modelo 19, utilizada por estrangeiros. Os órgãos da repressão o caracterizaram
como “chinês” e “apátrida” e tinham a intenção de expulsá-lo do país. Foi
quando optou por morar nos Estados Unidos da América até que a Lei da Anistia
(1979) possibilitou o retorno dos brasileiros ao país. Entretanto, sem os documentos da
naturalização, conseguiu voltar ao Brasil definitivamente apenas em 2004,
quando começou a reivindicar sua cidadania. Contatou então o ativista Jair
Krischke e juntos iniciaram um processo através da Comissão da Anistia para
reaver os documentos que haviam sido apagados. Em abril de 2012, a Comissão decretou
que lhe deveriam ser concedidos todos os direitos de um brasileiro. Contudo,
devido às dificuldades legais, demorou um ano para conseguir uma nova carteira
de identidade. (Folha de S. Paulo –
Poder – 21/04/13)
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