sexta-feira, 3 de maio de 2013

Jornal publica relato de vítima do regime militar


O jornal Folha de S. Paulo publicou o depoimento de um cidadão chinês que veio para o Brasil quando tinha 1 ano e 11 meses de idade, naturalizou-se, estudou engenharia química na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, por conta de sua militância política em favor da democracia, durante o regime militar (1964-1985), teve seus documentos “apagados” pelo governo. Foi sequestrado e torturado por 60 dias no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) e passou mais 60 dias no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Rio de Janeiro, no ano de 1971, sem nenhuma acusação formal. Em 1973 foi novamente sequestrado, seus documentos foram todos tomados e lhe foi dada uma carteira modelo 19, utilizada por estrangeiros. Os órgãos da repressão o caracterizaram como “chinês” e “apátrida” e tinham a intenção de expulsá-lo do país. Foi quando optou por morar nos Estados Unidos da América até que a Lei da Anistia (1979) possibilitou o retorno dos brasileiros ao país.  Entretanto, sem os documentos da naturalização, conseguiu voltar ao Brasil definitivamente apenas em 2004, quando começou a reivindicar sua cidadania. Contatou então o ativista Jair Krischke e juntos iniciaram um processo através da Comissão da Anistia para reaver os documentos que haviam sido apagados. Em abril de 2012, a Comissão decretou que lhe deveriam ser concedidos todos os direitos de um brasileiro. Contudo, devido às dificuldades legais, demorou um ano para conseguir uma nova carteira de identidade.  (Folha de S. Paulo – Poder – 21/04/13)

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