segunda-feira, 27 de maio de 2013

Documentos de Zuzu Angel denunciam o assassinato de seu filho


De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, documentos da época do regime militar brasileiro (1964-1985) revelam os esforços da desenhista de modas, Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, para denunciar o assassinato do filho, Stuart Edgar Angel Jones. Participante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR8), Jones teria sido morto sob tortura no Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), na Base Aérea do Galeão, na cidade do Rio de Janeiro. Zuzu Angel aproveitou a dupla nacionalidade do filho, nascido nos Estados Unidos, para pedir auxílio a personalidades estadunidenses e divulgar o crime em um país onde a censura imposta pelos militares brasileiros não funcionaria. Em setembro de 1971, Zuzu Angel organizou um desfile de moda em Nova York e aproveitou a ocasião para denunciar o caso de seu filho. O ato teve ampla repercussão e a história foi publicada em jornais de diversos países, mas não no Brasil. Por volta de outubro daquele ano, no entanto, militares brasileiros espalharam cartazes com a foto de Stuart como procurado. Naquela época, segundo carta escrita pelo preso político Alex Polari de Alverga, Stuart já não estava mais vivo. Zuzu Angel sabia que corria riscos e chegou a deixar uma mensagem ao compositor Chico Buarque de Hollanda afirmando “se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”. Em 14/04/1976, Zuleika Angel Jones morreu em um acidente de carro que, em 1998, seria julgado como assassinato pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos. Os documentos que revelam a luta de Zuzu Angel estão atualmente disponíveis no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. (O Estado de S. Paulo – Aliás – 12/05/13)

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