De acordo com os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a presidenta da República Dilma Rousseff
afirmou em nota que as novas evidências de espionagem estadunidense sobre a
empresa Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras) revelam que o motivo dessas
violações não é segurança ou combate ao terrorismo, conforme alegado pelas
autoridades estadunidenses, mas econômico e estratégico. Segundo a nota, essas
“tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis
com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestadamente
ilegítimas” e o governo está empenhado em obter esclarecimentos sobre as
denúncias, bem como em “exigir medidas concretas que afastem em definitivo a
possibilidade de espionagem ofensiva aos direitos humanos, à nossa soberania e
aos nossos interesses econômicos”. O ministro das Relações Exteriores, Luiz
Alberto Figueiredo, se encontrou em Washington com a conselheira de Segurança
Nacional dos Estados Unidos da América (EUA), Susan Rice, no dia 11/09/13 para
cobrar explicações sobre os episódios. Em comunicado após o encontro, o governo
estadunidense declarou que a presidência considera legítimas as acusações do
Brasil em relação ao país e prometeu trabalhar com o governo brasileiro para
resolver as tensões geradas pela situação e revisar seu sistema de espionagem.
Apesar da declaração, Figueiredo julgou como insatisfatória a reunião, tendo
permanecido em Washington para encontros com outras autoridades estadunidenses.
Segundo a Folha, Rousseff espera uma
resposta satisfatória até sua viagem à cidade de Nova Iorque, em 23/09/13, para
a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, o que influenciará
diretamente a decisão sobre manter ou não a visita de Estado aos EUA marcada
para o dia 23/10/13. Segundo o Correio,
técnicos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teriam advertido que a
Petrobras, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outras
empresas estratégicas relacionadas ao programa espacial brasileiro e à
construção do submarino nuclear seriam alvos permanentes de espionagem
internacional. A Petrobras afirmou que possui sistemas de proteção para sua
rede interna de computadores, que são qualificados e atualizados, mas confirmou
que pode haver “algum tipo de acesso a dados”. De acordo com o Correio do dia 11/09/13, a Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem e a Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE) do Senado Federal decidiram, em assembleia no dia 10/09/13,
convidar autoridades brasileiras para participar de audiências públicas para discutir
o assunto. Devem ser convidados por ambas as comissões a presidente da
Petrobras, Graça Foster, a presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP),
Magda Chambriand, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República, general-de-exército José Elito Carvalho Siqueira, e
os ministros da Defesa, Celso Amorim, e das Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo. Já a CPI da Espionagem deve ouvir os ministros da Justiça, José
Eduardo Cardozo, e das Comunicações, Paulo Bernardo, bem como o jornalista e
ativista estadunidense Glenn Greenwald, que foi autor das primeiras reportagens
sobre a espionagem por parte do governo dos EUA. No dia 11/09/13, a Comissão de
Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou o pedido de envio de uma
missão oficial à Rússia, solicitada pelo líder do Partido Socialismo e
Liberdade (PSOL), Ivan Valente. O objetivo da viagem é ouvir o ex-técnico de
Inteligência dos EUA, Edward Snowden, visando obter mais informações sobre o
esquema de espionagem estadunidense. De acordo com o Correio, na assembleia foram apresentadas pelo relator da CPI da
Espionagem, senador federal Ricardo Ferraço, as linhas gerais a serem seguidas,
através de um esboço do plano de trabalho do colegiado. Os
senadores buscam compreender a dimensão da ação de agentes de inteligência
estrangeiros em território brasileiro, bem como a capacidade do Brasil de se
proteger de ataques cibernéticos e suas vulnerabilidades, que permitiram que o
serviço secreto estadunidense atuasse. Segundo a Folha, Rousseff pediu urgência para que o Congresso Nacional vote a
proposta do Marco Civil da internet, tendo em vista fixar regras para as
atividades virtuais, como a proteção de dados pessoais. O governo espera que o
Marco Civil seja uma resposta às ações de espionagem praticadas pelos EUA em
relação à Petrobras e à presidenta. Uma das medidas esperadas pelo governo em
relação ao Marco Civil é que o armazenamento e processamento de dados virtuais
permaneçam no país. (Correio Braziliense – 10/09/13; Correio Braziliense –
11/09/13; Folha de S. Paulo – Mundo – 10/09/13; Folha de S. Paulo – Mundo –
12/09/13; O Estado de S. Paulo – Política – 10/09/13; O Estado de S. Paulo –
Política – 12/09/13)
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