De acordo com o jornal Folha de S. Paulo,
quase cem Comissões da Verdade foram criadas no Brasil nos âmbitos local e
estadual, incluindo assembleias, câmaras municipais e entidades civis, com a
finalidade de apurar denúncias de violações dos direitos humanos ocorridas no
período do regime militar (1964-1985). No entanto, os baixos orçamentos, a
falta de dedicação exclusiva de seus membros e as limitações do trabalho
impedem que tais comissões alcancem seus objetivos. Em muitos casos, o objetivo
dos grupos é ganhar a atenção pública e, segundo o vereador Gilberto Natalini,
presidente da comissão municipal de São Paulo, “existe também o debate
educativo sobre a ditadura, especialmente para as novas gerações”. Para o
coordenador do projeto Direito à Memória e à Verdade da Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República, Gilney Viana, há um déficit de informações sobre o
regime militar e as comissões muitas vezes apenas debatem o tema. O historiador
e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carlos Fico, criticou a
falta de fatos novos e elogiou o surgimento de comitês locais com foco
delimitado. Enquanto Wadih Damous, presidente da comissão estadual do Rio de
Janeiro, afirmou ser importante sistematizar aquilo que já se sabe. O jornal
destacou o esvaziamento dos comitês da Assembleia Legislativa e da Câmara
Municipal em funcionamento na cidade de São Paulo. De acordo com o periódico, é
raro ter a presença de autoridades que não integram os comitês em audiências, e
seus respectivos presidentes trabalham cada vez mais sozinhos. O novo
coordenador da Comissão Nacional da Verdade, José Carlos Dias, reafirmou a
importância dos comitês para a elaboração do relatório final e prometeu firmar
parcerias para fortalecer comitês municipais e estaduais, tomando depoimentos
conjuntos, uma vez que as convocações para depoimentos em grupos locais não tem
caráter obrigatório. (Folha de S. Paulo – Poder – 09/09/13)
Nenhum comentário:
Postar um comentário